quarta-feira, setembro 27, 2006

Jogador Atacante da Semana: Juninho Pernambucano

Nome: António Augusto Ribeiro Reis Júnior “Juninho”
Data de Nascimento: 30/01/1975 (31 anos)
Clube: Lyon
Nº da Camisola: 8
Posição: Médio Ofensivo
Altura: 1,79 metros
Peso: 74 kg
Naturalidade: Recife (Pernambuco) - Brasil
Palmarés:

1 Campeonato Pernambucano (1994)
1 Copa do Nordeste (1994)
2 Campeonatos Brasileiros (1997 e 2000)
1 Campeonato Carioca (1998)
1 Copa Libertadores (1998)
1 Torneio Rio-São Paulo (1999)
1 Copa Mercosul (2000)
5 Campeonatos Franceses (2002, 2003, 2004, 2005 e 2006)
4 Taças de França (2002, 2003, 2004 e 2005)
1 Taça das Confederações (2005)


Quando se pensa em Juninho pensa-se necessariamente em livres directos. Está-lhe no sangue a capacidade magistral para bater livres, sejam eles a 20, 30 ou 40 metros da baliza. É possivelmente o melhor marcador de livres da actualidade. Além da supremacia nas bolas paradas, Juninho Pernambucano é dono e senhor de uma técnica apuradíssima e de uma capacidade organizadora de jogo altamente assinalável. É dos nº10 mais completos que existem e é pena ter encontrado nomes como Ronaldinho e Kaká na selecção nacional brasileira, o que terá empalidecido a sua carreira ao serviço do “tricolor”, mas nem por isso deixa de ter valor e mediatismo meritório. Este fantasista não só bate bem livres como todo o tipo de bolas paradas e execuções técnicas que exijam precisão milimétrica, desde livres a cantos, cruzamentos a soberbos passes em profundidade, tudo o que englobe pezinhos perfeitos, Juninho é perito. Criatividade e uma gama de recursos técnicos vastíssima são outras características que constam no dicionário do médio. De salientar ainda a sua enorme visão de jogo a que se alia uma extrema qualidade de passe (longo e curto), quase sem igual. Não sendo um jogador lento, pode considerar-se a dificuldade de explosão e velocidade o seu maior “handicap”. Não é homem de sprints nem nada do género e isso poderá fazer-lhe falta em algumas ocasiões em que o poder de arranque lhe seria útil mas nem por isso deixa de ser um fantástico executante do futebol espectáculo e tecnicamente é um prodígio. Muitos futebolistas da sua posição têm tendência em ignorar as tarefas mais recuadas ou pelo menos não lhes dar grande importância e tornam-se inoperantes no plano defensivo, o que não é o caso. Juninho, com o tempo e a adaptação ao mais exigente futebol europeu, começou a não deixar de parte esse tipo de missões. Pernambucano defende e ataca e qualificá-lo poderia resumir-se a duas palavras: grande jogador!

António Augusto Ribeiro Reis Júnior é o verdadeiro nome do vulgarmente conhecido no mundo do desporto-rei por Juninho Pernambucano. Juninho é o diminutivo de Júnior e Pernambucano é referente à zona do Brasil donde é, assim como Ronaldinho Gaúcho (da zona gaúcha) ou Dudu Cearense, por exemplo. A sua primeira equipa foi formada pelo próprio Juninho, que decidiu criar uma formação de Futsal com os seus amigos do Condomínio (mudara-se recentemente). O pai de Juninho registou o clube na Federação e conseguiram arranjar um técnico que os treinou durante a existência do ALBATROZ F.C, do qual Juninho era capitão, fundador e figura de proa. Nesta altura, o jovem já dormia com uma bola (!), tal era a sua obsessão pelo futebol. Por entre várias equipas de Futsal, Juninho foi encantado toda a gente com o seu estilo franzino mas espectacular e inclusivamente com 14/15 anos já jogava entre os adultos. A sua primeira experiência no futebol de 11 surgiu já aos 17 anos, quando ingressou nos juniores do Sport Recife, onde se tornou, logo no primeiro ano, a grande estrela e o melhor marcador. Assim sendo, foi imediatamente chamado aos seniores na temporada seguinte, aos 18. O seu percurso escolar era óptimo, algo que nem sempre acontece entre os jogadores de futebol, e foi mesmo a nova profissão que levou o brasileiro a desistir do curso de gestão de emprensas que chegou a iniciar. Em 1994 consegue a sua primeira conquista, um título regional, de campeão pernambucano. No ano seguinte participou no Torneio de Toulon, em França, onde se tornou uma das maiores revelações e os responsáveis do Vasco da Gama tratarm imediatamente de o transferir para o clube. Foi neste clube que se tornou campeão do seu país por duas ocasiões, em 1997 e 2000. Além disso conquistou também a Copa Libertadores (1998), equivalente à Liga dos Campeões na Europa. Um campeonato carioca, um Torneio Rio-São Paulo e uma Copa Mercosul são outras das conquistas que conseguiu obter. Foram seis anos espectaculares para o clube que alcançou dois Brasileirões, metade dos do seu historial, pois só havia ganho dois anteriormente, em 1974 e 1989, apesar dos dois segundos lugares e de um terceiro, nos últimos 25 anos. Chegou a ser colega de nomes como Romário, Edmundo, Juninho Paulista, Amaral (ex-Benfica), César Prates (ex-Sporting), Helton (FCPorto), Jardel (Beira-Mar, ex-SCP e ex-FCP), Alessandro (ex-FCPorto), Detinho (Imortal), Carlos Germano (ex-Penafiel), entre outros. Foram anos fantásticos para este clube que além do sucesso interno conseguiu duas prestigiadíssimas Taças, a Copa Mercosul, substituída posteriormente pela Copa Sul-americana e uma ainda mais importante, a Copa Libertadores, que venceram unicamente em 1998. A final a duas mãos acabou por ser favorável aos brasileiros que cilindraram os equatorianos do Barcelona por 4-1 (2-0 em casa e 1-2 fora). Nesse ano eliminaram formações como o River Plate, o Grémio ou o Cruzeiro. O Lyon acabaria por descobrir este talento canarinho e faze-lo concretizar o sonho de qualquer brasileiro, jogar no Velho Continente. Não que descobrir seja a palavra certa, porque Juninho Pernambucano já era internacional brasileiro, mas ainda não tinha metade do mediatismo que actualmente aufere. Apesar de ter participado em alguns jogos de apuramento para o Mundial 2002, acabou por não ser eleito para os convocados de Luiz Felipe Scolari. Mas o Lyon, clube francês que não contava com nenhuma “Ligue 1” no seu currículo, começava a demonstrar a sua força e era o início da hegemonia que se vive hoje no campeonato francófono. Muito graças ao genial nº10, que cedo se tornou vedeta, o Lyon iniciava a sua senda do sucesso com o primeiro título da sua história, no ano de 2002. Em 2000/01 ameaçaram com um segundo lugar e em 2001/02 chegaram mesmo ao primeiro. A fama de Juninho crescia por toda a Europa e era idolatrado por todos os adeptos do Olympique. Na selecção começava a ser uma presença cada vez mais habitual, muito embora jogadores como Ronaldinho, Kaká, Juninho Paulista ou Vampeta (estes dois últimos foram convocados para o Mundial 2002 ao invés do nosso Jogador Atacante da Semana, por exemplo) lhe tenham tapado o lugar de médio ofensivo titular. Nunca deixou, no entanto, de ser chamado e foi ainda bastantes vezes titular, ainda que nunca tenha alcançado o estatuto de indiscutível, como sucedera no clube francês. O Lyon somava títulos, títulos e mais títulos e com isso alcançava prestações europeias muito razoáveis. Campeões e vencedores da Taça em 2002, 2003, 2004 e 2005. Sempre, consecutivamente. Um feito. Além disso chegaram aos oitavos de final da Liga dos Campeões em 2003/04 (eliminados pelo poderoso FCPorto) e aos quartos de final da mesma prova nas duas últimas temporadas. Este ano já lidera o grupo E com 6 pontos, 3 a mais do que o Real Madrid e o Steaua de Bucareste. Todos estes feitos têm um toque muito particular de Juninho Pernambucano que já ultrapassou os 50 tentos, só na Ligue 1, tendo participado em mais de 160 jogos. É uma marca incrível para um médio e é de salientar que uns terços dos golos que marcou são obtidos através da cobrança de livres directos. A dobradinha tem sido constantemente alcançada pelos do norte de França e só neste último ano, o PSG de Pauleta conseguiu conquistar a Taça Francesa que estava nas mãos dos companheiros de Juninho e Tiago há 4 anos. Em 2005 alcançou a Taça das Confederações pelo seu país, um “aquecimento” para o ponto alto da sua carreira como internacional, este ano, em 2006, na Alemanha, onde disputou o Campeonato do Mundo. Começou o Mundial no banco, na vitória de 1-0 do Brasil diante da Croácia e na de 2-0 contra a Austrália, mas foi titular no último jogo da fase de grupos contra o Japão, em que marcou um dos 4 golos de língua portuguesa contra um tento solitário dos nipónicos, num jogo em que o bis de Ronaldo o colocou no topo da lista dos melhores marcadores em Mundiais. Juninho foi um dos melhores do jogo. Na vitória frente aos africanos do Gana, nos oitavos de final, por 3-0, voltou a começar no banco mas desta vez ainda jogou meia hora em lugar de Adriano. O Brasil foi eliminado pelos vice-campeões, a França. 1-0 foi o resultado final e a classe de Juninho não foi suficiente para bater o país do clube que representa. Saiu aos 63 minutos para ceder o lugar a Adriano. O jogador abandonou a selecção no fim do torneio. Enfim, não há muito mais a dizer… A supremacia do Olypique Lyonnais deve muito à extrema qualidade futebolística deste brasileiro e não só conseguiu o primeiro título da história do clube como é hoje pentacampeão francês e vai destacadamente no primeiro posto esta época. É ídolo de todos os adeptos, até pela sua simplicidade, humildade e grande simpatia, e é o símbolo do clube, pois é inevitável pensar em Pernambucano quando pensamos em Lyon. Não vai jogar mais pela selecção mas promete levar os campeões franceses a bater todos os recordes e a tentar atingir o hexacampeonato. Mesmo com jogadores como Djorkaeff, Giuly, Essien, Sonny Anderson ou Domenech, Manuel Amoros ou Nestor Combain a terem já passado pelo emblema, eu arriscar-me-ia a dizer que Juninho Pernambucano é o melhor jogador da história deste fantástico clube, quanto mais não seja pela preponderância que tem tido ao longo do período mais dourado da história do mesmo. Um fantástico jogador que, aos 31 anos, espelha ainda toda a sua genialidade e com os seus pés mágicos vai maravilhando os adeptos pelos palcos franceses. Figura de proa no auge do Lyon, será capaz de levar a equipa às costas até ao sexto campeonato consecutivo? O melhor marcador de livres de todo o mundo e um dos melhores passadores e rematadores da actualidade, Juninho Pernambucano é um nome que todos conhecemos e certamente iremos continuar a ouvir. Esplêndido!

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