domingo, novembro 13, 2005

Vítor Baía, o MELHOR


«A propósito de autobiografia onde está a classe do homem. A outra, a do guarda-redes, é vítima de tremenda injustiça! Que também muito injustamente tem acabado por atingir Ricardo.
VÍTOR BAÍA é o melhor dos guarda-redes portugueses que vi jogar (não vi Carlos Gomes e Barrigana, por exemplo, mas lembro- me de Costa Pereira e Américo e tenho bem presente a muito alta qualidade de Vítor Damas — que superpotencial inato, quiçá como nenhum outro! — e de Manuel Bento—que intensidade de trabalho, levando-o a excelente e muito longa carreira!). Mas Vítor Baía a todos supera — na minha opinião e no seu impressionante palmarés que soma, salvo erro, 27 títulos em Portugal, em Espanha e também na Europa... pois, pelo Barcelona e pelo FC Porto, conquistou todas as provas de clubes da UEFA. Lamentavelmente, falta-lhe o título de campeão do Mundo de sub-19 que foi a rampa de lançamento internacional da chamada geração dourada: João Pinto, Jorge Costa, Paulo Sousa, Fernando Couto, Peixe, Rui Costa, Figo... e não só. Mas é conveniente lembrar que Vítor Baía teria sido titularíssimo na odisseia de Riade — o FC Porto é que não o deixou integrar essa Selecção Nacional. Dir-se-á que o FC Porto fez então o mal por boas razões...: precisava do miúdo Baía para o lançar na equipa principal.
Em cheio! Só de três guarda-redes portugueses me lembro que, meninos de 19 anos, logo agarram a sério a titularidade num grande clube, o que, num posto tão específico e superdelicado, é teste de fogo a categoria com base em muito forte personalidade: Vítor Baía, Vítor Damas e Moreira.
Vítor Baía tem mesmo superclasse. Como futebolista e como pessoa. Por isso o valor financeiro da sua transferência para o Barcelona foi recorde mundial de guarda-redes. Por isso o homem Vítor Baía se impôs a momentos muito difíceis na carreira do jogador— e não estou a pensar fundamentalmente nas graves lesões... Uma das coisas que ele agora conta na sua autobiografia — ter sido benfiquista até aos 14 anos — não passa de fait-divers e até pode ter bom efeito comercial. Bem mais importante, como demonstração de firmeza quanto a personalidade e carácter, é não fugir à história da sua inesperada desavença com José Mourinho e, sobretudo, a esse tempo em que ficou convicto de que Pinto da Costa se preparava para pô-lo longe das Antas. Vítor Baía continua em grande na baliza do FC Porto (apesar da forte concorrência de Helton que levou Co Adriaanse a alguma indecisão...— mas o treinador, no momento de decidir, não fez o mesmo que Ronald Koeman face a Moreira e Quim, não se justificou com diferença de idades... ainda que em versão radicalmente oposta e quiçá mais fácil: Baía é mais velho, logo, mais experiente...).
Vítor Baía poderia (deveria) continuar em grande na baliza da Selecção Nacional. É ele a única (mas enorme!) vítima da era Felipe Scolari. Perante a revoltante ausência de qualquer explicação (revoltante porque indigna da magnífica carreira de Baía, mesmo que a explicação fosse muito má para ele), fica esta ideia: Scolari, para não haver ponta de dúvida sobre a sua capacidade de imposição — e quiçá sobretudo por Mourinho e Pinto da Costa se terem precipitado em duríssimas reacções antes de tempo... —, fez de Vítor Baía um caso exemplar antipressões, repetindo o que se lhe vira no Brasil quando todo o país lhe exigia convocação do ídolo Romário. Só que Vítor Baía não é Romário; nem na indisciplina nem no agonizante rendimento em fim de carreira. Vítor Baía ausente da Selecção Nacional, falhando um Campeonato da Europa e um Campeonato do Mundo quando mantém rendimento de melhor guarda-redes português, é, sim, flagrantíssimo exemplo de... tremenda injustiça! Mais, e sem ponta de paradoxo: também Ricardo, natural sucessor na baliza da nossa Selecção, desta injustiça tem acabado por ser vítima. E também Ricardo isso não merece! »

Santos Neves em "ABOLA" de 11, Novembro 2005

Gostava apenas de acrescentar uma ou outra coisa a este excelente artigo de opinião.
Baía nada tema a ver com Ricardo dentro e, mais ainda fora dos relvados! Se é bem verdade que esta injustiça que se tem praticado com Baía tem levado a que se pratique igualmente com o Guarda-Redes do Sporting, não menos verdade é que a forma de lidar com isso e, sobretudo a postura de ambos sempre foi bem diferente. Baía é sem dúvida o Maior e o Melhor!
PS - Sr Scolari, tenha vergonha em falar de Lobbies, muito menos no que a esta questão diz respeito. Afinal de contas o Lobby é aquele do qual você e o Gilberto Madaíl fazem parte e que consequentemente, tem-nos tirado a nós PORTUGUESES a oportunidade de termos na baliza da NOSSA SELECÇÃO NACIONAL o melhor Guarda-Redes português. TENHA VERGONHA!

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