
Decidiu-se em 1964, que existiria alternância nos campeonatos do Mundo, repartindo-se as organizações entre a Europa e a América. Dessa forma, decidiu-se que em 1970 o Mundial se disputaria no México, um país que oferecia garatias de estabilidade e depois da organização dos Jogos Olímpicos em 1968, o México estaria perfeitamente preparado para uma organização desta importância.
Inscreveram-se 71 países, e desta vez decidiu-se que África teria certamente uma selecção apurada para a fase final. Começava-se a expandir o fenómeno do futebol pelos 4 cantos do mundo.
Na Europa, várias surpresas na fase de apuramento. Começou logo pela eliminação da grande equipa de 1966, a selecção portuguesa. Ainda por cima Portugal ficaria em último lugar nesta fase preliminar, atrás de Roménia, Suiça e Grécia. Mau demais para ser verdade.
Além do desaire português, também as fortes selecções da Hungria, da França, da Espanha e da Argentina ficaram pelo caminho e não atingiram a fase final.
Novidades, os apuramentos das selecções de El Salvador, Israel e Marrocos. A selecção marroquina tornar-se-ia na primeira selecção africana apurada para uma fase final de um Mundial.
A caminho da Final
No Grupo I jogava a selecção anfitriã, que conseguiria obter o 2º lugar com vitórias sobre El Salvador (4-0) e Bélgica (1-0), e um empate frente à URSS sem golos. Esta URSS obteria depois vitórias frente a Bélgica (4-1) e El Salvador (2-0), permitindo-lhe assegurar o 1º lugar no grupo.

No Grupo II, assistiu-se ao mais equilibrado de todos os grupos iniciais nesta fase final. A selecção italiana acabaria por se qualificar em 1º lugar com 1 vitória (1-0 à Suécia) e 2 empates (0-0 com Uruguai e Israel). Na 2ª posição a selecção do Uruguai que além do empate com a selecção transalpina, venceu Israel por 2-0 e perdeu com a Suécia por 1-0. Destaque para a selecção estreante israelita que ainda conseguiu um empate frente à Suécia a 1 bola, afastando os nórdicos dos quartos de final.
No Grupo III, a poderosíssima selecção do BRasil, aquela que muitos consideram a melhor selecção de sempre a jogar futebol, venceu todos os seus encontros (4-1 à Checoslováquia, 1-0 à Inglaterra e 3-2 à Roménia). Na 2ª posição os ingleses conseguiram duas vitórias frente à Roménia e à Checoslováquia por igual resultado: 1-0.

No Grupo IV, a poderosa selecção da RFA de Beckenbauer acabaria por apurar-se sem dificuldades, após vitórias sobre Marrocos (2-1), Bulgária (5-2) e Peru (3-1). Na 2ª posição qualificar-se-ia o Peru, do mítico jogador do Futebol Clube do Porto, Cubillas, vencendo a Bulgária (3-2) e Marrocos (3-0).
Nos quartos de final da prova, a selecção da casa defrontava a Itália e o seu catennacio, e apesar da loucura do público do Estádio Azteca, os transalpinos acabariam por "arrumar" os mexicanos com um esclarecedor 4-1.
Os brasileiros defrontavam a surpreendente selecção do Peru que na primeira fase tinha impressionado pelo seu fantástico futebol, mas a máquina canarinha acabaria por não dar hipóteses, vencendo por 4-2.

Outro encontro de particular interesse disputava-se entre o campeão e vice-campeão mundial da época, precisamente Alemanha e Inglaterra. E os germânicos acabariam por se desforrar da derrota de 66, batendo os britânicos por 3-2, após prolongamento.
No outro jogo dos quartos de final o Uruguai venceria a URSS por 1-0 após prolongamento, naquele que foi o mundial de ressurgimento da selecção uruguaia.
Nas meias finais um facto curioso: defrontar-se-iam num dos jogos duas selecções europeias e no outro duas selecções sul-americanas.
Num dos jogos mais emocionantes deste Mundial, os italianos venceriam os alemães por 4-3, após prolongamento, surpreendendo os analistas que davam favoritismo aos germânicos.
Na outra meia-final, o Brasil continuava imparável e bateria o Uruguai por 3-1, apurando-se para a final.
A Final

Era a primeira de uma série de jogos empolgantes entre Brasil e Itália em campeonatos do mundo a que todo o mundo já teve o prazer de assistir. Esta final opunha o futebol espectáculo brasileiro, comandado por Rivelino, Pelé e Jairzinho, e o futebol mais defensivo italiano, assente numa excelente defensiva, com Faccheti à cabeça.
A selecção canarinha iniciou o jogo algo temerosa, até pela forma como actuavam os italianos. No entanto, logo aos 19 minutos, numa bela jogada de envolvimento, Pelé concluiria o primeiro golo de uma tarde mágica dos brasileiros. No entanto, os nossos irmãos brasileiros, querendo complicar um pouco as coisas e para dar um pouco mais de sal à partida "ofereceram" um golo aos transalpinos, eram decorridos 37 minutos, num atraso ridículo do defesa Clodoaldo. Terminava a 1ª parte com uma igualdade a uma bola, muito pela excelente marcação defensiva italiana, sempre a cometer faltas e a parar o jogo adversário.

Porém na 2ª parte, aquilo a que se assitiu no estádio Azteca foi um verdadeiro hino ao futebol. Os brasileiros "caíram" sobre a selecção italiana e depois de Rivelino enviar uma bola à trave aos 60 minutos, o fantástico Gerson marcaria o segundo golo aos 66 minutos para logo aos 71 Jairzinho ampliar para 3-1. A contagem terminaria aos 4-1, com um golaço do capitão Carlos Alberto.
O Brasil vencia com todo o mérito o terceiro título mundial, em 4 campeonatos mundiais consecutivos, e conquistava definitivamente a Taça Jules Rimet.

Melhor Jogador

Pelé só marcou 4 golos no mundial, ficando longe dos 10 de Gerd Müller, que foi o artilheiro maior do torneio. Mas os golos de Pelé e os famosos “quase golo” fizeram as delicias de quem assistiu ao torneio.
Pelé tinha jurado em 1966 nunca voltar a jogar um mundial, mas viria a reconsiderar, para fazer o seu 4º mundial e recuperar o título de melhor jogador, que lhe havia escapado no Chile 62 por lesão e no mundial de 66, pelo precoce afastamento da selecção brasileira.
Mas no México, comandado por Zagallo, o Brasil maravilhou e sobre a batuta de Pelé, assistiu-se a momentos de pura magia, que só voltariam a ser repetidos 16 anos mais tarde, pelos pés de um outro grande artista. Mas isso são histórias, para capítulos futuros...
Melhor Marcador

Em Julho de 1964, foi contratado pelo Bayern de Munique. Estreou-se na equipa bávara em 18 de outubro do mesmo ano. Porém, o melhor ainda estava por vir. Em 1970 foi o artilheiro do Campeonato do Mundo, ganhou a Bola de Ouro e recebeu o título de jogador europeu do ano. Quatro anos mais tarde foi campeão mundial com a Alemanha e ainda hoje é o atleta que mais vezes marcou em Copas do Mundo, com 14 golos.
No dia 23 de fevereiro de 1979 deixou o Bayern de Munique e foi contratado pelo Lauderdale Strickers, dos Estados Unidos. Depois de permanecer alguns anos nos EUA, Müller regressou à Alemanha para assumir o cargo de treinador do Bayern, em 1995. Marcou 68 golos pela selecção germância, em 62 jogos, e no campeonato alemão marcou por 427 vezes em 365 partidas.
A Equipa Ideal
Naturalmente a equipa ideal era na sua maioria composta pelos grandes jogadores brasileiros deste Mundial e era a seguinte: Banks (Inglaterra), Carlos Alberto (Brasil), Beckenbauer (Alemanha), Piazza (Brasil), Facchetti (Itália), B. Charlton (Inglaterra), Gerson (Brasil), Rivera (Itália), Jairzinho (Brasil), Müller (Alemanha) e Pelé (Brasil)..
Curiosidades:
- O Brasil venceu todos os seus jogos, não foi a um único porlongamento, e nos 6 jogos marcou 19 golos. Uma verdadeira máquina esta selecção.
- A selecção brasileira jogava habitualmente com 7(!) jogadores atacantes, restando apenas o guarda redes e três defesas para defender mais afincadamente. Era um estilo de jogo que apenas tinha por objectivo marcar mais golos do que o adversário, qualquer que fosse o número de golos sofridos...
- O Mundial mexicano foi o primeiro completamente televisionado a cores.
- Este foi o primeiro mundial onde foram permitidas substituições!...
- Foi também no México que passaram a exibir-se cartões amarelos e vermelhos. Há mesmo quem diga que há um futebol antes México-70 e outro pós-México-70.
Pelé, na sua autobiografia, admitiu que na véspera de todos os jogos os jogadores da selecção se reuniam e rezavam em conjunto para pedir a vitória para o dia seguinte. Será que foi aqui que surgiu o mito de que Deus é brasileiro?...

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