segunda-feira, maio 29, 2006

Nos Amadores Também se Faz a Festa

As datas de 30/06/1993 e 13/05/2006, ficarão para sempre ligadas umbilicalmente, a primeira diz respeito á data de fundação do Atlético Clube de Guimarães, a segunda diz respeito á meta mais ambiciosa a que o Atlético se propunha todos estes anos, ser Campeão da sua divisão ou conseguir a subida. Não conseguimos ser campeões, mas conseguimos o segundo objectivo, por isso podemos dizer que foram cumpridos os nossos planos. No entanto a época foi tudo menos tranquila e muito menos típica do que o habitual e para isso convêm explicar o que é o Atlético e como se conseguiu este facto histórico na vida desta pequena colectividade a que presido de à 9 anos para cá.

O Atlético Clube de Guimarães é uma pequena colectividade amadora, originária da Freguesia de Oliveira do Castelo, para terem uma ideia, abrange 80% do Centro Histórico, como a zona da Oliveira, Praça de S. Tiago, Castelo de Guimarães, Paço dos Duques, Câmara Municipal, etc. Perante este facto e sendo impossível a obtenção de um campo de futebol próprio, por esta freguesia ser citadina, andamos com a casa ás costas, o que faz no nosso caso, mais um enorme obstáculo á obtenção de qualquer objectivo. Devido ao elevado numero de colectividades, em 70 freguesias mais de 200 colectividades, implicam que a Câmara Municipal, não possa apoiar todas convenientemente, pelo que os nossos orçamentos são onerados em mais de 50% no aluguer do recinto de jogos, mas mesmo isso não nos impede de continuar e prova disso é a nossa existência ininterrupta desde 1993.

Participamos num campeonato organizado pela Associação de Futebol Popular de Guimarães, com 2 divisões, I Divisão com 12 equipas e II Divisão com 11, por desistência de uma equipa antes de começar o campeonato, além de um campeonato de Juniores, que começa em meados de Janeiro. Além deste Campeonato, a AFPG está ligada á Federação de Futebol Popular do Norte, sedeada na Povoa de Varzim e que abrange mais 10 Associações, entre elas fazem mais 3 provas, Taça dos Campeões, Taça das Taças e Taça Federação, nos mesmos moldes das Provas da Uefa, por grupos e eliminatórias, onde todos os classificados para essas provas jogam entre si, pelo que estes são os objectivos máximos porque todos lutam, para dar o exemplo, a final da Taça Federação foi entre 2 equipas de Guimarães, no estádio do Aves.

O Atlético a exemplo de anos anteriores e como praticamente todas as equipas amadoras, renova em mais de 50% o seu plantel, fruto da saída das suas mais valias para as equipas da AFBraga, que pagam ao contrário do nosso clube, onde dirigentes e jogadores são o suporte e garante financeiro da colectividade, além dos amigos que nos apoiam e patrocinam. Para dar o exemplo todos os atletas, são associados do clube.

No entanto e porque neste campeonato, todos partimos com as mesmas armas, geralmente todos os jogos são difíceis, pelo que resultados atípicos aparecem todas as jornadas, mesmo assim e porque mantínhamos a espinha dorsal da época passada, mesma equipa técnica de à 2 anos para cá, as esperanças eram enormes, estes os resultados até á reviravolta da época:

Cano x Atlético 2-3
Atlético x Polvoreira B 1-2
Calvos x Atlético 2-0
Atlético x Unidos a S. Paio 6-2
Infantas x Atlético 1-1
Atlético x Salgueiral 5-3
Santiago Candoso x Atlético 2-0
Atlético x Aldão 1-1
Castelões x Atlético 1-2
Atlético x Gémeos 0-1
Atlético x Cano 1-1
Polvoreira B x Atlético 1-1
Os Mesmos x Atlético 3-1 (Taça Cidade Berço) eliminados

Atlético x Calvos 3-4
Este foi o jogo da mudança, por vários motivos, se o tivéssemos ganho ficaríamos a 8 pontos do 3º classificado e com chances de discutir a subida de divisão, a 8 minutos do final do jogo estávamos a ganhar por 3-2, sofremos o 3-3 num fora do jogo escandaloso a 2 minutos do final e o 3-4 a 1 minuto do fim dos 4 suplementares, numa perdida infantil numa altura em que os jogadores estavam de cabeça perdida. No final perdemos o jogo, perdemos 2 jogadores expulsos por atitudes contra a equipa de arbitragem e perdi o balneário, pois a indignação era muita e vi que seria difícil levantar a moral da equipa. Para piorar, o treinador resolveu num artigo de opinião dum jornal digital, afirmar que era o último ano que ficaria no clube e a apontar culpados extras para os maus resultados, pelo que estava a ser o primeiro a atirar a toalha ao chão, foi um duro golpe, reuni de urgência a direcção e por maioria foi demitido o treinador e definidos novos objectivos, o 1º e o 2º lugar estavam agora impossíveis de atingir, o 3º e último lugar que dava direito á subida estava agora a 11 pontos, pelo que a faltar 7 jornadas para o fim do campeonato, restava-nos salvar a honra e fazer a melhor classificação possível, para isso foi encontrado após algumas peripécias do ex–treinador que tentou minar a equipa, o substituto, o lateral esquerdo Rui, que além de ser experiente e ter passado por várias equipas nos Regionais da AFBraga, fazia esta época a sua última época como jogador e assim poderia iniciar uma nova carreira, ele sabia que nada lhe era pedido, aos jogadores foram explicadas as novas directivas e os objectivos resumiam-se a cada jogo.

A verdade é que a química foi imediata, regressaram alguns ex-jogadores que estavam incompatibilizados com o ex-treinador e o balneário tornou-se uma verdadeira família, fruto disso as 6 vitórias e 1 empate que perante a perda de pontos da equipa que seguia em 3º Lugar nos permitiu, mesmo que em igualdade pontual com os Unidos do Cano, subir pela primeira vez á 1ª Divisão da AFPG.

Eis os resultados da reviravolta:

Unidos a S. Paio x Atlético 0-1
Atlético x Infantas 1-0
Salgueiral x Atlético 2-2
Atlético x Santiago Candoso 2-1
Aldão x Atlético 0-1
Atlético x Castelões 3-1
Gémeos x Atlético 3-4

Por isso e para quem anda no futebol fica uma lição, mesmo as coisas impossíveis estão à mão de semear e no futebol tudo é possível, quando todos os factores se conjugam. Cumpridos estes objectivos, outros se avizinham.

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