quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Jogador Atacante da Semana: Joaquín Sánchez


PERFIL DO JOGADOR



Nome: Joaquín Sánchez Rodríguez

Data de Nascimento: 21/07/1981 (25 anos)

Clube: Valência CF

Nº da Camisola: 15

Posição: Extremo Direito

Altura: 1,79 metros

Peso: 75 kg

Naturalidade: El Puerto de Santa María Cádiz – Espanha

Palmarés:
  • 1 Taça de Espanha [Copa del Rey] (2005)


AVALIAÇÃO DO JOGADOR



Joaquín é um dos bons extremos que Espanha criou nos últimos anos, a exemplo de Luque ou do seu companheiro Vicente, por exemplo. É um extremo direito que pode, muito ocasionalmente, ocupar o vértice direito de um esquema em losango, mas cujas características são muito melhor aproveitadas como extremo. É claramente destro, porém, e como qualquer jogador tecnicamente evoluído, consegue algumas proezas com o pé esquerdo. Acima de tudo, é na técnica apuradíssima que encontra a sua grande virtude e todos os gestos que exijam um fino recorte e classe são executados perto da perfeição pelo número 15 do Valência. É excelente a fintar e explodir na cara do adversário e consta que tem vários processos em tribunal por danos morais aos defesas, que, desnorteados, dificilmente param este furacão. É rapidíssimo e tem na aceleração uma das suas grandes armas, pois, após um drible fenomenal, é necessário dar-lhe seguimento com um sprint, curto ou longo, que necessita de um grande poder de arranque. De facto, são estas jogadas típicas dos grandes extremos (veja-se os exemplos nacionais de Quaresma ou Ronaldo) que fazem Joaquín um perigo constante para os adversários. Como não podia deixar de ser, e como os o lugar que ocupa no terreno de jogo obriga, sabe cruzar como poucos no campeonato espanhol. A precisão milimétrica com que mete a bola é impressionante, mas esta qualidade está também saliente na qualidade de passe do nosso Jogador Atacante de hoje. Já tem 25 anos, é certo, e já não é nenhum miúdo. Contudo, desde cedo evidenciou uma maturidade e um carisma notáveis o que lhe trouxe, bem cedo, a responsabilidade de ser o “porta-estandarte” do Bétis de Sevilha. Essa personalidade nota-se bem na sua postura em campo, na forma como joga, nas decisões que toma, na ausência de medo de rematar, de assumir o jogo, de se destacar. No entanto, o estatuto que alcançou faz com que, muitas vezes, não se esforce tanto quanto devia e não seja imprima tanta determinação quanto devia. No fundo, Joaquín é um talento inato, um futebolista cheio de capacidades técnicas, que finta, corre, explode, passa e cruza como muito poucos no futebol mundial. Fantástico.



BIOGRAFIA DO JOGADOR



Real Bétis B, o começo…



Joaquín Sánchez Rodríguez nasceu em El Puerto de Santa María, uma cidade com cerca de 80.000 habitantes localizada na província espanhola de Cádiz. Começou, muito jovem, no Gafa de San Luís, mas o seu tio conseguiu que o seu sobrinho ficasse à experiência no Bétis de Sevilha e logo viram o seu talento e ficaram com ele. O seu ídolo era Michael Laudrup e foi a força de poder alcançar o patamar do dinamarquês que, eventualmente, deu forças ao pequeno Joaquín e lhe possibilitou chegar ao início do seu sonho: ser jogador profissional de futebol. O Real Bétis de Sevilha era o seu clube, mas a primeira equipa não era ainda passiva de ser alcançada pelo jovem de apenas 18 anos. Assim, foi na equipa de reservas, no Bétis B, que a sua carreira desabrochou. Na única época que fez pela equipa B, actuou em 26 partidas, fazendo dois golos e chegando, inclusivamente a integrar em algumas ocasiões, os trabalhos da equipa principal, daí “só” 26 jogos. Era o começo de uma maravilhosa carreira.



De promessa a estrela…



Pelo talento que deu a conhecer na equipa B, foi a primeira contratação do Real Bétis em 2000/01, que foram buscar às reservas um miúdo de 19 anos com uma categoria assinalável. Em 1999/00, ambas as equipas de Sevilha, o Sevilha Fútbol Club (que, a esta altura, é segundo classificado da Liga Espanhola) e o Real Bétis Balompié, tiveram o azar (ou falta de qualidade) de descer de divisão e o segundo escalão do futebol espanhol era agora uma realidade para o Bétis. Todavia, julgo que esse foi um dos factores que contribuiu para a rápida evolução do Joaquín que, mais livre de pressão e sem adversários de classe mundial, teve a oportunidade de comprovar todas as suas capacidades muito mais facilmente e o processo de adaptação foi mais gradual e saudável para o jogador. O extremo em ascensão ajudou sobremaneira o Real Bétis a atingir o objectivo primordial da época: subir. Para isso, actuou em 36 jogos, marcando 3 golos. As estatísticas falam por si e era já notória a preponderância do jovem na equipa. Em 2001/02 começou a destacar-se na imprensa e já todo o mundo do futebol falava da sua habilidade técnica em tão tenra idade. Era um prodígio. A dupla de extremos que formava com o brasileiro Denilson era muito boa e, na sua primeira temporada no principal escalão do futebol espanhol, jogou por 34 vezes e marcou em 4 ocasiões. Mas mais do que os golos, as assistências. Joaquín assistia, assistia e assistia os seus companheiros. O Bétis, desta vez, fugiu muito aos lugares de despromoção e ficou no 6º lugar.



A selecção, lugar natural para um craque...



José António Camacho rendeu-se às evidências e, enquanto seleccionador espanhol, integrou a nova coqueluche do Bétis na convocatória para o amigável, curiosamente com Portugal. A partir de então, não mais o nome de Joaquín Sanchéz desapareceu no lote de convocados para a selecção nacional de Espanha. De resto, “nuestros hermanos” tiveram uma boa prestação no Mundial 2002 no qual Joaquín esteve presente. Integrados no grupo B, os espanhóis marcaram 3 golos nos 3 jogos: 3-1 contra Eslovénia e Paraguai, 3-2 contra África do Sul. Se nos dois primeiros jogos o extremo do Bétis não pisou o relvado a não ser para aquecer, contra os africanos – e já com a qualificação garantida – foi titular e jogou os 90 minutos. Nos oitavos-de-final, a República da Irlanda foi um osso duro de roer mas, no fim, a vitória nos penalties foi mais saborosa, apesar de Joaquín ter ficado todo o tempo no banco. O Jogador Atacante de hoje voltou a merecer a confiança do treinador espanhol e voltou a ser titular contra a Coreia do Sul, anfitriã, num desafio em que a arbitragem pendeu claramente para os da casa e, após os 120 minutos, nulo persistia e tinha que se recorrer ao desempate por grandes penalidades. Joaquín acabou por ter a infelicidade de falhar o único penaltie para o lado de Espanha e a equipa nacional arredou pé da competição.



Bétis e Euro, depois do Mundial…



Em 2002/03, as coisas correram bem ao Bétis e a Joaquín, época em que se posicionaram no 8º lugar de La Liga. Joaquín bateu o seu recorde de jogos até então, 37, e o recorde de golos de sempre, 9. Além disso, a 6ª posição no campeonato anterior deu a possibilidade ao Bétis de disputar a Taça UEFA. O FC Zimbru Chişinău, da Roménia, foi o primeiro a ser eliminado, com um 1-4 esclarecedor (0-2 e 1-2), tendo-se seguido os checos do FK Viktoria Žižkov, que perderam por 4-0 (1-0 e 3-0). O sonho terminou diante dos franceses do Auxerre que, mesmo perdendo por 1-0 na primeira-mão, foram ganhar no segundo jogo por 0-2. Joaquín só falhou um dos jogos nesta competição, tendo marcado um golo. A selecção continuava a fazer parte da vida futebolística de Joaquín, que foi para 2003/04 com a responsabilidade de continuar a assumir o papel de vedeta da equipa. Nessa temporada, findaram com um 9º lugar e um registo de golos e jogos bastante bom: 8 golos em 36 jogos. Contudo, reforço, as assistências continuavam a ser a variável estatística em destaque no futebol mágico de Joaquín. Terminado o campeonato, era tempo de recarregar baterias para o Europeu de futebol que se avizinhava (não só em termos temporais como geográficos). No Euro 2004 já todos sabemos como correram as coisas, especialmente porque estávamos no mesmo grupo que Espanha. No primeiro jogo, Valerón, que entrara há um minuto, atirou à baliza e deu os 3 pontos à Espanha frente à Rússia sem que Joaquín jogasse. Contra a Grécia, Joaquín substituiu Extebarría ao intervalo e esteve presente no empate a um golo frente aos campeões europeus. Diante dos lusos, nós, Joaquín foi titular (apesar de ter saído aos 71 minutos para dar lugar a Albert Luque) mas impotente para nos fazer frente. 1-0 para Portugal e a consequente eliminação espanhola.



As últimas temporadas no Bétis...



Chegou 2004/05 e o Bétis conseguiu uma temporada muito positiva. Além do 4º posto na Liga (que deu acesso à Liga dos Campeões), saíram vencedores da “Copa del Rey”, a Taça Espanhola. Joaquín bateu o seu recorde de sempre no campeonato, foi totalista: 38 jogos e fez o gosto ao pé numa mão cheia de vezes. Em Madrid, o Bétis conquistou a segunda “Copa del Rey” de toda a sua história, igualando o feito de 1977. A final foi contra o Osasuna e foi necessário recorrer a prolongamento para que se ditasse o vencedor. A sorte acabou por sorrir aos sevilhanos que, num 2-1, levaram o troféu. Esta foi, de resto, a melhor temporada a todos os níveis para Joaquín. No seu último ano ao serviço do Bétis, o médio direito vestiu a camisola por 35 vezes e foi autor de 3 golos da equipa no total de 34 golos marcados pelo Bétis. A classificação não foi famosa, 14º, mas a presença na Liga dos Campeões foi enriquecedora do ponto de vista financeiro e de experiência para a maior parte dos jogadores. O acesso não foi directo e tiveram que disputar a 3ª Fase de Qualificação. O adversário – o Mónaco – não era propriamente fácil, mas ainda assim os espanhóis saíram vitoriosos. A vitória por 1-0 na primeira-mão foi o bastante para conseguir a passagem à Fase de Grupos da Liga Milionária visto que a segunda-mão terminou empatada, 2-2.
Convenhamos que, no seu grupo, devido ao plantel não ser tão forte assim e à falta de experiência, o Bétis tinha poucas hipóteses de passar e o 3º lugar foi positivo: Liverpool e Chelsea não deram hipóteses e acabou por ser o Anderlecht a ficar de fora. Destaque-se a vitória dos sevilhanos diante do Chelsea por 1-0, um feito. Apesar de não ter facturado, Joaquín jogou todos os jogos da “Champions”. Com efeito, o 3º lugar na Fase de Grupos relegou o Bétis para a Taça UEFA. Ainda eliminaram o AZ Alkmaar, uma equipa sempre difícil, com um 2-3 (2-0 e 1-2 após prolongamento), mas não foram além dos oitavos-de-final, pois o finalista de Bucareste, o Steua, de Carlos, cilindrou. O 0-0 na primeira-mão deixou tudo em aberto mas os romenos marcaram 3 golos sem resposta na segunda-mão e não deram a hipóteses. Por esta altura, já Joaquín revelava a sua intenção de abandonar o clube e tentar voar mais alto.



Mundial 2006 e Valência…



Acabou por acontecer isso mesmo. O Valência pagou 25 milhões de euros e comprou o melhor extremo espanhol da actualidade. Mais de 180 jogos, 29 golos e para cima de 50 assistências depois, o “bebé” que o Bétis viu nascer tornou-se um homem demasiado grande para o berço e rumou a paragens mais apetecíveis. Contudo, isso só sucedeu após o Mundial 2006, onde acompanhou a comitiva espanhola. Nesta competição, continuou a surpreender o mundo inteiro com um perfume de bom futebol raramente visto. Espanha ficou no grupo H, juntamente com a Ucrânia, a Tunísia e a Arábia Saudita. Os espanhóis acabaram por confirmar o favoritismo que lhes era atribuído e passaram aos oitavos-de-final com o registo limpo: 3 jogos, 3 vitórias. A abrir, e ainda sem Joaquín, um estrondoso 4-0 contra os outros europeus do grupo, Ucrânia. Contra a Tunísia, e aqui com Joaquín a entrar aos 57 minutos, o resultado fixou-se em 3-1. Curiosamente, foi a equipa mais fraca que aparentemente mas dificuldades causou: à Arábia Saudita venceram apenas por 1-0, com Joaquín a jogar os 90 minutos. O último jogo foi contra os franceses, nos oitavos-de-final. Aqui, Joaquín entrou aos 54 minutos, numa altura em que o jogo estava 1-1, mas, já em campo, viu Vieira e Zidane arrumarem com Espanha e deixarem “nuestros hermanos” de fora de prova. Esta época, o Valência tem feito um bom campeonato, ocupando actualmente o 3º lugar a 3 pontos do líder Barcelona. A luta está renhida, e do 1º ao 6º vão apenas 7 pontos. O Valência tem um óptimo plantel e mantém-se na Liga dos Campeões, onde ganharam a Fase de Grupos, num grupo em que figuravam, além do Valência, a Roma, o Shakhtar e o Olympiakos e onde Joaquín jogou em 4 dos 6 jogos. O Inter de Milão vai medir forças com a equipa de Joaquín nos oitavos-de-final, num autêntico duelo de titãs. Mas voltando ao campeonato, é de salientar o facto de, mesmo estando no primeiro ano de clube, ainda não ter falhado um único jogo: já lá vão 18 em 18 possíveis, se bem que nos últimos 7 tem entrado, e não jogado de início.



Este é um futebolista formidável que terá, por certo, um futuro ainda mais risonho do que o já sorridente passado. A sua técnica evoluída, comparável à de craques mundiais (e portugueses) como Ronaldo ou Quaresma, já faz dele um dos mais temidos extremos de todo o mundo do futebol. O Valência é uma equipa de topo e a pirâmide está quase a ser escalada. Faltam, a esta já interessante carreira, os títulos que espera encontrar ao serviço da turma “che”. Um interessante jogador, a seguir nos próximos anos.



VÍDEO DO JOGADOR






QUESTÕES SOBRE O JOGADOR


Consideram Joaquín um jogador superior aos nossos Quaresma e Ronaldo?

Será o seu futebol apropriado para um futebol mais táctico e/ou físico, como o inglês ou o alemão?

Qual a vossa opinião acerca deste extremo?

Sem comentários: