
Ontem disputou-se um jogo muito importante para o futebol português. Não que fosse jogar a nossa selecção, mas porque, em caso de vitória frente à Holanda (que sucedeu), sairia daqui o adversário luso nos quartos-de-final. Se o Equador já tinha superado todas as expectativas ao qualificar-se para os oitavos de final conseguindo superiorizar-se à Polónia no seu primeiro jogo deste Mundial e ganhando facilmente à Costa Rica, a verdade é que a Inglaterra continua a ser uma das mais fortes candidatas ao título e tinha a obrigação de vencer os sul americanos.
Sven-Goran Eriksson mexeu na equipa em relação aos jogos da fase de grupos, efectuando mudanças tácticas e a nível de jogadores. Num 4-5-1, Inglaterra jogou Owen Hargreaves jogou a defesa direito, passando a estar a função de trinco a cargo de Michael Carrick, que fazia companhia a Lampard e Gerrard no miolo. A dupla de centrais mantinha-se e Ashley Cole continuava como lateral esquerdo. Beckham e Joe Cole apareciam a preencher as alas e a tentar fazer a bola chegar aos pés de Rooney, que hoje surgia sozinho na frente (Owen está lesionado). No lado do Equador não houve grandes surpresas, tendo Luis Suarez apostado num 4-1-4-1.

A primeira parte, assim como todo o jogo, não teve grande história. A melhor (e única) oportunidade da primeira parte foi alcançada por Carlos Tenório, jogador do Equador, que rematou à barra da baliza de Paul Robinson após um mau alívio de John Terry. O esférico ainda tocou no defesa Ashley Cole, que fez a bola subir até embater no travessão. As equipas estavam muito encaixadas, a Inglaterra não dominava nem convencia, como já tem vindo a ser hábito, mas também não permitia ao Equador chegar junto da sua baliza com grande perigo, fora o tal remate do avançado equatoriano. O Equador estava bem fechado na sua defesa, conseguindo reduzir ao máximo os espaços e demonstrando uma grande entrega e raça e uma boa forma física. O meio-campo ia sendo controlado alternadamente pelas duas equipas e o futebol praticado no Gottlieb-Daimler-Stadion não era da melhor qualidade.
O intervalo veio e esperava-se que finalmente os anglo-saxónicos fossem pegar no jogo, fossem assumir as despesas e procurassem, ao menos na segunda metade, marcar um golo com o intuito de adquirir o passaporte para a fase seguinte. Nada disso. O jogo veio igual, mal jogado, com o equilíbrio a reinar, o Equador na esperança de fazer um gracinha e conseguir um feito histórico e a Inglaterra, apenas esboçando uma tentativa de hegemonia, adivinhando um golo que acreditavam aparecer mais tarde ou mais cedo. E num jogo tão renhido e com tantas dificuldades para as duas equipas em assumi-lo e causar perigo, não era de estranhar que o golo aparecesse somente na sequência de uma bola parada. Cada vez mais no futebol moderno estas assumem imensa preponderância e foi mesmo através de um livre directo que o único golo da partida foi alcançado. David Beckham, aos 60 minutos de jogo, cobra um livre na meia esquerda e, em jeito, coloca a bola junto do poste direito de Mora. Estava feito o primeiro e último golo da partida e aos ingleses restava agradecerem à estrelinha da sorte pelo favor. Aos 65 minutos Valência assusta os britânicos obrigando o guardião Paul Robinson a uma boa defesa. O jogo continuava sem grandes oportunidades, Gerrard e Lampard, tal como nos outros jogos, fizeram alguns remates de longe mas desta feita nenhum dos dois box-to-box conseguiu o tento. Os Tenorios, Edwin e Carlos, cederam o lugar a Lara e Kaviedes, para procurar ainda um milagroso golo, mas nem eles nem os seus companheiros pareceram ter arte e engenho para conseguirem cumprir tão árdua tarefa. Aos 77 minutos, Carragher entra para o lugar de Joe Cole, hoje não tanto inspirado. Os ingleses pareciam querer defender a vantagem mínima. Ainda houve tempo para Downing e Lennon entrarem para queimar tempo, substituindo Beckham e Gerrard respectivamente.
A posse de bola no fim do jogo (Inglaterra 49% vs Equador 51%) ilustra bem o que se viveu em Estugarda, um jogo muito equilibrado, com ambas as equipas a encaixarem nos seus sistemas tácticos. E se os representantes da Grã-Bretanha não jogam deliberadamente ao ataque nem revelam grande apetência para jogar bonito e de modo ofensivo, a verdade é que a consistência defensiva dos pupilos de Erikson os faz poderem gabar-se de só terem sofrido dois golos neste Mundial. A Inglaterra continua sem deslumbrar, continua a parecer que tem muito mais valor do que o que apresenta, continua a não dominar inteiramente os jogos mesmo quando assim lhes compete mas continua… a ganhar. E resta-nos esperar que isso acabe e que nos quartos-de-final Portugal vença os britânicos e traga para terras lusas a alegria de alcançar as meias-finais de uma competição como o Mundial.



Frank De Bleeckere e os seus assistentes estiveram, ao que parece, bem. Apesar de não ter visto o jogo, também não li nem ouvi nada em contrário e parece-me que o homem do apito se apresentou a bom nível para este terceiro jogo dos oitavos de final.

• A determinação e coragem que o Equador demonstrou, batendo-se praticamente de igual para igual frente a uma das mais temíveis e das mais temidas selecções do Velho Continente;
• Boa arbitragem;
• Público animado.

• Jogo enfadonho, sem grandes oportunidades, pouco emotivo e com um futebol fraquinho;
• Inglaterra, apesar das vitórias, continua sem convencer.

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