sexta-feira, setembro 21, 2007

Referências estrangeiras no futebol luso: Elpídio Silva



O jogador que hoje vos trago é conhecido de todos vós – não só porque foi, durante um determinado período, um dos máximos goleadores a jogar em Portugal mas também porque esse período faz parte de um passado recente. Elpídio Pereira da Silva Filho, ou apenas Silva, é a Referência Estrangeira de hoje.

Nascido no Brasil, mais precisamente em Campina Grande, Silva começou a jogar no Atlético Mineiro. Contudo, a permanência no seu país de origem foi muito curta e cedo, com 22 anos, se aventurou em terras asiáticas. O Japão foi o destino e o Kashima Reysol o clube que o acolheu. Depois de jogar duas épocas no outro lado do planeta, veio para o nosso país, onde se tornou relativamente conhecido internacionalmente. Foram os responsáveis do Sporting de Braga que se interessaram pelos seus golos marcados com a camisola do conjunto nipónico e decidiram avançar para a sua contratação.

No Braga, rapidamente se integrou. Pegou de estaca, como costuma dizer-se. Os 16 golos marcados na primeira temporada no nosso campeonato fizeram logo mudar o olhar dos adeptos que olhavam agora para Silva como um avançado temível. Corpulento e letal, Silva alcançou uma média de 0,5 golos por jogo – 32 jogos, 16 golos. Na segunda época só apontou 5 golos em 25 jogos mas continuou a ser uma pedra importante para a manobra arsenalista.

O que é certo é que, mesmo contando apenas com meia dezena de golos, o Boavista decidiu ir buscá-lo. A equipa do Bessa alcançara um soberbo 2º lugar no campeonato português em 1998/99 e quedara-se pela 4ª posição em 1999/00. Assim sendo, com vista a retomar o pódio, em 2000/01 avançou para a compra do brasileiro. Resultado: campeões nacionais. Silva tornou-se a principal referência no ataque boavisteiro e com 21 jogos e 11 golos caiu nas graças dos adeptos do Boavista. Em 2001/02 não chegou a um número de golos com dois dígitos – ficou-se pelos 8 golos – mas a sua importância manteve-se. Prova disso são os 27 jogos disputados. Além disso, o Boavista jogou nessa época na Liga dos Campeões – histórico. Silva vai ficar eternamente marcado na história do clube por ter sido o artilheiro de serviço numa época de glória europeia. Se o campeonato e consequente qualificação para a Liga Milionária eram, desde já, um dado surpreendente, o facto de o Boavista ter garantido o apuramento para a 2ª Fase de Grupos é ainda mais. Desde dois empates, 1-1, diante do Liverpool, passando por vitórias sobre Dínamo de Kiev e Borussia de Dortmund, o Boavista fez o que ninguém esperava. Na 2ª Fase de Grupos ainda conseguiram bater o Nantes e ficar à sua frente no grupo. Mesmo assim, Manchester United e Bayern de Munique foram demasiado poderosos para serem ultrapassados.

Em 2002/03 fez a sua última época pelo Boavista. 30 jogos e 10 golos no campeonato é o seu registo. Além disso, a destacar a mítica meia-final a que o Boavista, com glória, chegou. Foi um percurso notável. Deixando para trás clubes como Maccabi Tel Aviv, Anorthosis Famagusta, Paris Saint-Germain, Hertha de Berlim ou Málaga, o Boavista só foi travado pelos escoceses do Celtic de Glasgow, que viriam a perder a final para os arqui-rivais do Boavista, o FCPorto.

Estava na altura de dar o salto. É claro que os anos em que Silva andou de xadrez ao peito foram os anos mais fantásticos da história do Boavista. No entanto, o Sporting ainda conservava um estatuto superior e acabou por se mudar do Porto para Lisboa, do Bessa para Alvalade, dos Pumas para os Leões. A experiência é que não foi muito positiva e aqui se iniciou o processo de declínio da carreira do jogador.

Após uma época menos conseguida no Sporting acabou por jogar uma época emprestado ao Vitória de Guimarães, sempre longe da forma que havia exibido no Braga e especialmente no Boavista.

A ida para o estrangeiro, para representar equipas como o Derby County (Inglaterra) ou o Corinthians Alagoano (Brasil) não foi muito bem sucedida. Ainda tentou voltar a jogar no Oriente, desta vez na Coreia, pelo FC Bluewings mas parece que definitivamente Silva deixou de ter o sucesso de outrora. Esta época chegou a ser falado para reforçar algumas equipas da Liga Bwin, em Portugal, algo que nunca chegou a ser consumado. Assim, e depois de ter ficado cerca de um mês no Iraklis da Grécia, mudou-se definitivamente para o Chipre a fim de jogar ao serviço do Alki Larnaca.

Hoje, aos 32 anos, Silva é recordado como o “Pistoleiro” e um dos grandes nomes do momento de maior destaque do Boavista a nível nacional e europeu. Depois de duas épocas de bom nível no Braga, onde colheu a simpatia de muitos, fez três temporadas de grande categoria no Bessa e é por essas três temporadas que figura na lista das Referências Estrangeiras do Futebol Luso. Quem não se lembra dos seus golos, da sua “raça à Pacheco”, do seu futebol físico e eficaz? Quem não se lembra do seu modo de festejar os golos, como que a dar tiros na cabeça e a atirar-se para o chão? Elpídio Silva, um nome que nunca os portugueses, em particular os boavisteiros, deverão deixar de recordar.

Ficha Técnica:

Nome: Elpídio Pereira da Silva Filho
Data de nascimento: 19/07/1975
Naturalidade: Campina Grande
Nacionalidade: Brasil
Posição: Avançado
Clubes que representou como jogador: Atlético Mineiro, Kashiwa, Sp. Braga, Boavista, SportingCP, Vitória de Guimarães, Derby County, Corinthians, FCBluewings, Iraklis e Alki.
Internacionalizações: -

Palmarés:
1 Campeonato Português (2001)

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