A notícia caiu que nem uma bomba no mundo futebolístico: José Mourinho deixou de ser o treinador do Chelsea! Muita gente dirá que o cenário já era previsível, no entanto, a mim não deixou de causar alguma surpresa e até estupefacção. Tinha consciência das divergências notórias entre ele e o patrão Roman Abramovich, é certo que a combinação do futebol pouco atractivo com os recentes maus resultados poderiam fazer aumentar a especulação, mas não esperava de todo um desenlace tão radical, sobretudo numa fase tão prematura da temporada. A decisão, fala-se, surgiu por mútuo acordo, embora se saiba que a iniciativa partiu logicamente de Abramovich.
O que terá estado na base deste 'golpe de teatro'? Ninguém no seu perfeito juízo associará esta ruptura apenas ao empate caseiro com o Rosenborg, embora ele tenha sido pouco menos que escandaloso. Este péssimo resultado na estreia da Liga dos Campeões serviu apenas como óptimo pretexto para o multimilionário russo levar a cabo aquilo que já lhe estaria na cabeça há já algum tempo. O fraco início de época dos 'blues' foram a justificação perfeita para Abramovich pôr termo a uma relação que objectivamente já não funcionava. Os sinais de desencontro de ideias vinham sendo visíveis já desde a temporada transacta, cujas contratações de Shevchenko e Ballack foram o ponto de partida e a recusa de Abramovich, em Janeiro, da compra do central pedido por Mourinho, o seu auge.
Assim de fora, não é complicado traçar possíveis motivações para este choque de personalidades. Abramovich é o dono do clube, injecta milhões e mais milhões na equipa de futebol, e obviamente julga ter o direito de 'baralhar, partir e dar' em todo e qualquer assunto com ela (a equipa) relacionado. Mourinho é, como sabemos, um treinador de fortíssimo carácter, que gosta de impôr a sua forma de pensar e ter autonomia para tomar as decisões que achar necessárias. Não admite interferências no seu trabalho e só se sente à vontade se tiver total domínio sobre o plantel que orienta.
Isso não aconteceu no Chelsea. Depois de duas épocas fantásticas a nível interno, Abramovich achou-se no direito de começar a interferir no domínio técnico. No arranque para a terceira época da era-Mourinho, obcecado com a conquista da Liga dos Campeões e desejoso de um futebol mais espectacular, resolveu contratar as estrelas Shevchenko e Ballack, ao que tudo indica, sem que essa fosse a indicação do técnico português. Mourinho é apologista de recrutar jogadores ainda à procura da fama, sedentos de vitórias e que se encaixem perfeitamente numa lógica grupal, onde o colectivo se sobreponha aos interesses individuais. Especialmente o internacional ucraniano constituiu sempre uma pedra no sapato de Mourinho, que nunca fez dele titular indiscutível, bem pelo contrário (também se o rendimento de 'Sheva' não foi um zero andou lá perto). Esta situação terá gerado um certo descontentamento do 'big boss', que investiu uma astronómica quantia, sem que houvesse a devida rentabilização desse investimento (o facto de Abramovich e Shevchenko serem grandes amigos pessoais é apenas um promenor...). Numa temporada 2006-07 farta em lesões no plantel londrino, Mourinho reclamou, em Janeiro, o reforço do eixo defensivo, obtendo resposta negativa do russo. O ambiente tornou-se ainda mais tenso, eram perceptíveis algumas indirectas lançadas pelo treinador e percebia-se que a ruptura poderia acontecer a qualquer altura. O futebol, por vezes, de facto, pouco atractivo praticado pelos 'blues', aliado à perda da Premier League para o Manchester United e à eliminação da Champions aos pés do Liverpool, começaram a retirar a paciência a Abramovich, sendo que paciência era aquilo que Mourinho já não tinha para aturar os desvarios do patrão.
Por que razão Abramovich não prescindiu de Mourinho logo no defeso, se manifestamente era essa a sua vontade? Medo, muito medo! Mourinho ganhou seis títulos em três temporadas (2 Premier Leagues, 1 Taça de Inglaterra, 2 Taças da Liga e 1 Supertaça Inglesa), devolveu o título máximo inglês ao clube passado meio século, era idolatrado pelos adeptos, amado pelos seus jogadores e respeitado por todos os seus adversários. Foi, de longe, o treinador mais bem sucedido da história do Chelsea e uma decisão tão problemática não poderia nunca ser tomada num momento qualquer. Havia que esperar pela melhor oportunidade estratégica, leia-se maus resultados em série, no sentido de tentar amenizar a reacção crítica.
Todavia, as manifestações de descontentamento dos adeptos londrinos não se fizeram esperar, numa prova inequívoca de que não aprovaram esta decisão de Abramovich e, mais do que isso, que estão contra o rumo tomado pelo seu clube do coração. As suas perplexidades são as da opinião pública em geral. Sem o técnico luso ao leme, mesmo com a reabertura da 'torneira' financeira, continuará o Chelsea a coleccionar sucessos à velocidade destes três anos? Terá capacidade para finalmente derrotar os colossos europeus e conquistar a Champions? Conseguirá aliar o almejado futebol atractivo com os títulos que todos ambicionam? Parece-me que não! Antes de Mourinho chegar a Stamford Bridge, o emblema azul apenas havia conquistado um campeonato nacional ao longo de todo o seu historial. Talvez volte agora a ser o clube sem expressão que sempre foi. O dinheiro vale muito, mas sem alguém que discipline o gasto e perceba o que está a fazer, pode tornar-se um grande problema, até porque comandar um clube de futebol não é bem a mesma coisa que gerir uma empresa. Roman Abramovich?? Frank Arnesen?? Avram Grant??
José Mourinho, esse, continuará a sua carreira de sucesso noutras paragens, talvez agora num clube à medida da sua categoria. Tirando os clubes ingleses que, ao abrigo de uma cláusula acordada com o Chelsea, não poderão ser um destino imediato, vejo apenas cinco clubes nessa elite: Barcelona, Real Madrid, Milan, Juventus e Inter. Mourinho desempregado é um verdadeiro fantasma para qualquer treinador a trabalhar nestes clubes de topo. À primeira porta que se abrir, será o primeiro escolhido, seja qual fôr o clube. Adorava vê-lo treinar um dos gigantes espanhóis, mas parece-me que Itália nunca esteve tão perto para o 'Special One'... É ele, o melhor treinador de futebol do planeta!
O que terá estado na base deste 'golpe de teatro'? Ninguém no seu perfeito juízo associará esta ruptura apenas ao empate caseiro com o Rosenborg, embora ele tenha sido pouco menos que escandaloso. Este péssimo resultado na estreia da Liga dos Campeões serviu apenas como óptimo pretexto para o multimilionário russo levar a cabo aquilo que já lhe estaria na cabeça há já algum tempo. O fraco início de época dos 'blues' foram a justificação perfeita para Abramovich pôr termo a uma relação que objectivamente já não funcionava. Os sinais de desencontro de ideias vinham sendo visíveis já desde a temporada transacta, cujas contratações de Shevchenko e Ballack foram o ponto de partida e a recusa de Abramovich, em Janeiro, da compra do central pedido por Mourinho, o seu auge.
Assim de fora, não é complicado traçar possíveis motivações para este choque de personalidades. Abramovich é o dono do clube, injecta milhões e mais milhões na equipa de futebol, e obviamente julga ter o direito de 'baralhar, partir e dar' em todo e qualquer assunto com ela (a equipa) relacionado. Mourinho é, como sabemos, um treinador de fortíssimo carácter, que gosta de impôr a sua forma de pensar e ter autonomia para tomar as decisões que achar necessárias. Não admite interferências no seu trabalho e só se sente à vontade se tiver total domínio sobre o plantel que orienta.
Isso não aconteceu no Chelsea. Depois de duas épocas fantásticas a nível interno, Abramovich achou-se no direito de começar a interferir no domínio técnico. No arranque para a terceira época da era-Mourinho, obcecado com a conquista da Liga dos Campeões e desejoso de um futebol mais espectacular, resolveu contratar as estrelas Shevchenko e Ballack, ao que tudo indica, sem que essa fosse a indicação do técnico português. Mourinho é apologista de recrutar jogadores ainda à procura da fama, sedentos de vitórias e que se encaixem perfeitamente numa lógica grupal, onde o colectivo se sobreponha aos interesses individuais. Especialmente o internacional ucraniano constituiu sempre uma pedra no sapato de Mourinho, que nunca fez dele titular indiscutível, bem pelo contrário (também se o rendimento de 'Sheva' não foi um zero andou lá perto). Esta situação terá gerado um certo descontentamento do 'big boss', que investiu uma astronómica quantia, sem que houvesse a devida rentabilização desse investimento (o facto de Abramovich e Shevchenko serem grandes amigos pessoais é apenas um promenor...). Numa temporada 2006-07 farta em lesões no plantel londrino, Mourinho reclamou, em Janeiro, o reforço do eixo defensivo, obtendo resposta negativa do russo. O ambiente tornou-se ainda mais tenso, eram perceptíveis algumas indirectas lançadas pelo treinador e percebia-se que a ruptura poderia acontecer a qualquer altura. O futebol, por vezes, de facto, pouco atractivo praticado pelos 'blues', aliado à perda da Premier League para o Manchester United e à eliminação da Champions aos pés do Liverpool, começaram a retirar a paciência a Abramovich, sendo que paciência era aquilo que Mourinho já não tinha para aturar os desvarios do patrão.
Por que razão Abramovich não prescindiu de Mourinho logo no defeso, se manifestamente era essa a sua vontade? Medo, muito medo! Mourinho ganhou seis títulos em três temporadas (2 Premier Leagues, 1 Taça de Inglaterra, 2 Taças da Liga e 1 Supertaça Inglesa), devolveu o título máximo inglês ao clube passado meio século, era idolatrado pelos adeptos, amado pelos seus jogadores e respeitado por todos os seus adversários. Foi, de longe, o treinador mais bem sucedido da história do Chelsea e uma decisão tão problemática não poderia nunca ser tomada num momento qualquer. Havia que esperar pela melhor oportunidade estratégica, leia-se maus resultados em série, no sentido de tentar amenizar a reacção crítica.
Todavia, as manifestações de descontentamento dos adeptos londrinos não se fizeram esperar, numa prova inequívoca de que não aprovaram esta decisão de Abramovich e, mais do que isso, que estão contra o rumo tomado pelo seu clube do coração. As suas perplexidades são as da opinião pública em geral. Sem o técnico luso ao leme, mesmo com a reabertura da 'torneira' financeira, continuará o Chelsea a coleccionar sucessos à velocidade destes três anos? Terá capacidade para finalmente derrotar os colossos europeus e conquistar a Champions? Conseguirá aliar o almejado futebol atractivo com os títulos que todos ambicionam? Parece-me que não! Antes de Mourinho chegar a Stamford Bridge, o emblema azul apenas havia conquistado um campeonato nacional ao longo de todo o seu historial. Talvez volte agora a ser o clube sem expressão que sempre foi. O dinheiro vale muito, mas sem alguém que discipline o gasto e perceba o que está a fazer, pode tornar-se um grande problema, até porque comandar um clube de futebol não é bem a mesma coisa que gerir uma empresa. Roman Abramovich?? Frank Arnesen?? Avram Grant??
José Mourinho, esse, continuará a sua carreira de sucesso noutras paragens, talvez agora num clube à medida da sua categoria. Tirando os clubes ingleses que, ao abrigo de uma cláusula acordada com o Chelsea, não poderão ser um destino imediato, vejo apenas cinco clubes nessa elite: Barcelona, Real Madrid, Milan, Juventus e Inter. Mourinho desempregado é um verdadeiro fantasma para qualquer treinador a trabalhar nestes clubes de topo. À primeira porta que se abrir, será o primeiro escolhido, seja qual fôr o clube. Adorava vê-lo treinar um dos gigantes espanhóis, mas parece-me que Itália nunca esteve tão perto para o 'Special One'... É ele, o melhor treinador de futebol do planeta!
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