Local: Porto
Estádio: Dragão
Assistência: 45.609 Espectadores
Árbitro: Markus Merck
Numa noite de Inverno, fria e a ameaçar chuva, FC Porto e Arsenal defrontavam-se para a última jornada da fase de grupos da Champions. Esperava-se mais uma noite europeia de grandes emoções e de grande espectaculo, mas este jogo logo á partida estava condicionado, pois um empate permitiria ás duas equipas seguir em frente. Ambos os treinadores prometeram futebol de ataque, no entanto Jesualdo Ferreira lembrou e bem, que tal condicionante teria um grande peso no consciente dos jogadores.
O FC Porto entrou com a equipa habitual, com Fucile mais uma vez a ocupar a lateral esquerda em detrimento de Cech.
No Arsenal, as ausências de Henry,Gallas e Rosicky obrigaram a algumas mexidas, com Wenger a apresentar uma grande surpresa. Adebayor aparecia sozinho no ataque, com o técnico Francês a apostar em Flamini para povoar o meio campo (quase um 4-5-1). Será que o Arsenal vinha, afinal de contas, defender o empate?
Assim, num Estádio do Dragão empolgado, mas ansioso, o Árbitro apitava para o início da partida.
Desde logo se notou um Arsenal claramente cauteloso, procurando povoar bastante o meio campo e aplicando até marcações individuais para não deixar o Porto sair em ataque organizado. A verdade é que toda a qualidade do Arsenal veio ao de cima, pois os Dragões apesar de procurarem assumir o jogo, não conseguiam furar o meio campo londrino, ficando bem patente toda a qualidade e organização dos semi-finalistas europeus da epoca passada.
Foram precisos 23' para o público do Dragão fazer o primeiro “Bruahh”, num remate de Helder Postiga que espevitou os azuis e brancos. Seguiram-se lances de perigo de Quaresma, Lisandro e mais tarde um remate venenoso de Paulo Assunção.
De qualquer forma, o jogo chegava ao intervalo, sem ocasiões flagrantes de golo.
O FC Porto a demonstrava claras dificuldades para furar o meio campo arsenalista, patenteando também um claro receio de arriscar, pois sofrer um golo poderia ser fatal.
Por seu turno, o Arsenal foi para o intervalo sem qualquer remate efectuado, mas certamente com o pensamento de missão cumprida, pois o londrinos a cada minuto que passava demonstravam que não tinham vindo ao Dragão tentar fazer golos, mas sim evitar sofrê-los.
O Dragão era agora um Estádio silencioso, fruto de um jogo chato e demasiadamente calculista.
Com o apito do árbitro para o início do segundo tempo, esperavam-se 45' no mesmo tom, conspirando-se na bancada sobre a possibilidade de haver um acordo de cavalheiros entre azuis e vermelhos para o jogo terminar empatado.
A verdade é que o Dragão acordou e a sua chama fez-se sentir.
O FC Porto entrou veloz e decidido.
É nesta altura que pareceu soar uma voz dizendo: “Unleash the animal”, e a verdade é que o animal (leia-se Ricardo Quaresma) soltou-se.
Logo aos 4 minutos, Lucho serve Lisandro na ala, este foge á sua marcação e serve Quaresma na área , que vindo de trás atira para o canto inferior esquerdo da baliza de Lehmann, com a bola, caprichosamente, a bater no poste.
O sinal estava dado, o público animava-se.
O colete de forças imposto pelo Arsenal no seu meio campo desmoronava-se, muito por obra da arte e maestria de Quaresma, que foi um verdadeiro mustang á solta, na 2ª parte.
Aos 57', o “animal soltava-se” uma vez mais mostrando toda a sua raça, recuperando em força uma bola no ataque portista, iludindo um adversário com um artístico toque de calcanhar e desferindo um violento pontapé, que mais uma vez.... acertou no poste direito. Azar...muito azar!!
Este foi o mote para 10' de pura classe azul e branca, com o Estádio a entoar a uma só voz o nome de Ricardo Quaresma.
A verdade é que justificava-se a vantagem para os azuis e brancos, mas a sorte não quis nada com a equipa da invicta.
Depois destes sustos, o Arsenal re-organizou-se, ajustou marcações e procurou adormecer o jogo.
A faltar 10' para o fim do jogo, os jogadores do FC Porto sentiram que mais valia um “pássara na mão do que dois a voar” entrando na mesma toada dos londrinos, abdicando de pressionar, e assistindo de braços cruzados aos passes curtos entre os defesas londrinos.
O jogo estava definitivamente decidido, e apesar da insatisfação e assobios de alguns adeptos do FC Porto, que exigiam luta pela vitória até ao fim, o jogo não mais se alterou.
Arsenal e FC Porto faziam a festa!
Conclusão:
Assistiu-se a um jogo muito calculista e amorfo, onde apenas a genialidade de Quaresma e os pormenores de Bosingwa conseguiam empolgar um “ensonado” publico azul e branco.
O Porto tentou vencer, mas depois de a sorte nada querer com os azuis e brancos, foi tempo de aplicar a racionalidade e assegurar aquilo que mais interessava, a passagem á ronda seguinte.
Arséne Wenger tem sido um dos críticos ao futebol de Mourinho, acusando-o de defensivo e pouco espectacular, mas fica a pergunta: qual é a moral de uma afirmação desse género, quando vimos um Arsenal a defender com 11, sem ter efectuado um unico remate, digno de registo, á baliza do Porto?
MELHOR EM CAMPO
É difícil distinguir apenas um jogador, pois Quaresma e Bosingwa estiveram a um nível altíssimo. De qualquer forma, distingo José Bosingwa.
Foram 90' de grande segurança defensiva, de maturidade, qualidade técnica e também de pormenores brilhantes que deliciaram o público do Dragão. Pinto da Costa, no defeso que antecedeu esta temporada, havia dito que Bosingwa virÍa a ser um dos melhores laterais da Europa, causando a gargalhada geral do comum adepto de futebol. A verdade é que José Bosingwa, de jogo para jogo, tem subido exponencialmente de rendimento. Agilidade, velocidade, pulmão, qualidade técnica, todas estas caracteristicas já lhe eram reconhecidas, mas a vertente táctica e inteligência a pensar jogo.. são dois aspectos que este jovem lateral tem melhorado imenso. Pode vir a surpreender muita gente...
ARBITRAGEM
Markus Merk teve uma noite tranquila, beneficiando do jogo lento e amorfo realizado por ambas as equipas. Cumpriu.
POSITIVO DO JOGO
* O FC Porto qualificou-se para a 2ª fase.
* A jovem equipa do FC Porto acaba por dar uma resposta inequívoca de maturidade, qualidade, espírito de união e vontade de triunfar.
* Pepe esteve imperial e mais uma vez demonstrou potencial para se afirmar ,no futuro, como um dos melhores centrais do Mundo. Tal como com Deco, o Brasil arrisca-se a perder mais um talento.
* Quaresma é genial. Quando coloca a sua genialidade em prol do colectivo é quase imparável. Fica a pergunta: Quantos extremos no Mundo apresentam a fantasia e criatividade do Mustang azul e branco?
NEGATIVO DO JOGO
* O Arsenal, a tal equipa do bom e ofensivo futebol, veio ao Dragão defender com 11 elementos, abdicando completamente de atacar. Os ingleses apregoam que jogam sempre ao ataque, mas só me apetece dizer: afinal os “bifes” também defendem.
* Nos ultimos 10', o FC Porto entrou no “jogo” do Arsenal e abdicou de lutar por outro resultado. A racionalidade e a segurança imperou. Para muitos não será uma nota negativa, mas como o FC Porto se guia sempre por uma filosofia de vitória, muitos adeptos sairam desagradados.
Agora que venha o Manchester United!
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