quarta-feira, dezembro 13, 2006

Jogador Atacante da Semana: Diego Forlán


Nome: Diego Martin Forlán Corazo.
Data de Nascimento: 19/05/1979 (27 anos)
Clube: Villareal
Nº da Camisola: 5
Posição: Ponta de Lança
Altura: 1,72 metros
Peso: 75 kg
Naturalidade: Montevideo – Uruguai
Palmarés:
  • 1 Liga Inglesa (2003)
  • 1 Taça de Inglaterra (2004)
  • Melhor Marcador da Liga Espanhola (2005)
  • 1 Bola de Ouro (2005) [partilhada com Henry]

Diego Forlán era uma eterna promessa aquando da passagem por Inglaterra. Hoje, porém, afirma-se como uma certeza e como um dos mais temíveis goleadores do futebol espanhol. Golo e baliza são as palavras mais utilizadas por este avançado uruguaio e é para estes objectivos que trabalha diariamente. Pago para fazer “gols”, tem feito jus ao ordenado que aufere em Villareal, pois introduzir esféricos nas balizas adversárias é coisa que o ponta-de-lança não se cansa de fazer. Basicamente, a sua missão é muito bem cumprida dado que é na finalização e no instinto que se encontram as maiores qualidades deste atleta. É um avançado bastante completo pois joga muito bem com os dois pés, é ambidestro, uma característica muito pouco comum e extremamente útil; possui um jogo aéreo excelente (apesar ser baixo) e é capaz de fazer remates de todas as zonas do terreno, não só dentro da área como fora desta. É, realmente, muito forte nos tiros de longe. Além de todos os predicados necessários para fazer dele um rematador e um goleador, traz consigo conhecimentos técnicos ao nível dos melhores. É na finta e na capacidade de receber as bolas que Forlán encontra as suas grandes virtudes técnicas. Na verdade, o uruguaio tem uma enorme gama de recursos desta natureza à sua disposição. Para completar o quadro, é imprescindível referir as suas propriedades físicas, das quais se destacam a inegável resistência ao choque, a força e, acima de tudo, uma velocidade estonteante bem como um poder de arranque quase inalcançável; e as suas propriedades psicológicas: tem uma grande força de vontade dentro do campo e, à imagem de quase todos os seus compatriotas, é “raçudo”. Se repararem, quase todos os naturais do Uruguai possuem esta característica de nunca virar a cara à luta, de disputar cada lance como se fosse último, de correr até não poder mais (veja-se o caso próximo de Jorge Fucile, aqui em Portugal). O futebol uruguaio é, até, muitas vezes apelidado de agressivo e viril muito devido a este factor. Resumindo, quando a força mental e física se agregam a uma enorme capacidade técnica e a qualidades goleadoras soberbas, o resultado final só pode ser positivo e o Jogador Atacante da Semana de hoje é um dos mais vivos exemplos disso.

Diego é filho de Pablo Forlán que jogou nos Campeonatos do Mundo de 1966 e 1974 pelo Uruguai, além de vários títulos no Uruguai e no Brasil. Diego era, de resto, proveniente de uma família de futebolistas. Todavia, descobriu a sua aptidão para o futebol e deixou o ténis do qual era já uma grande promessa. Assim, a carreira profissional deste avançado iniciou-se, não no seu país de origem (Uruguai), mas sim na Argentina, ao serviço do Independiente, depois de, nas camadas jovens, ter vestido a camisola do Peñarol (derrotados em 1987 pelo FCPorto na Taça Intercontinental) e Danúbio, estes sim uruguaios. Chegou ao país das Pampas em 1998, com 19 anos, e jogou somente 2 jogos. Tinha na sua equipa talentos emergentes como Gabriel Milito ou Esteban Cambiasso, ambos com menos um ano que Forlán. Hanuch, ex-Sporting, também lá jogava. Bruno Gimenez, também ex-jogador do Sporting, fez-lhe companhia em 1999/00. A concorrência podia assustar o jovem uruguaio, mas afirmou-se definitivamente, tendo realizado 24 partidas e 7 golos, apesar de jogar como extremo esquerdo ou segundo avançado. Era o início de uma promissora caminhada. Mais um ano. Emanuel Rivas, actual jogador do Vitória de Guimarães, um jogador muito jovem, também fez parte do plantel atacante do Independiente da época 2000/01. Neste ano mudou definitivamente para ponta-de-lança e os 18 golos em 36 partidas obtidos por Forlán deixaram o jogador debaixo de olho pelos maiores clubes da Europa. As provas definitivas foram dadas quando, em metade de uma época, conseguiu a impressionante marca de 12 golos em 18 jogos, o que convenceu os responsáveis do Manchester United a fazer um esforço financeiro para contratar o jogador.

Andy Cole e Teddy Sheringham tinham abandonado os “red devils” e os britânicos tiveram que se lançar no mercado, adquirindo em simultâneo Diego Forlán e o holandês ainda meio lesionado, Van Nistelrooy. Apesar da poderosíssima concorrência em Inglaterra onde estavam, além do já referido Nistelrooy, Dwight Yorke e Solskjaer, Forlán conseguiu ir arranjando o seu espaço: apesar do nulo a nível de golos, 13 jogos disputados numa época em que o perdeu o seu tri-campeonato (3º lugar, após 3 títulos consecutivos) não foi mau. Na Liga dos Campeões também não marcou nenhum golo, apesar das 5 presenças. Na selecção, foi convocado para o Campeonato do Mundo de 2002, disputado na Coreia e no Japão. O Uruguai ficou no grupo de França, Senegal e Dinamarca e a passagem aos quartos-de-final só estava disponível para duas equipas. Acabaram por ser as duas equipas teoricamente mais fortes a ficar de fora, França e Uruguai. No jogo de estreia, 1-2 para a Dinamarca, Forlán nem saiu do banco. Contra a França, o nulo foi o resultado e aí ambas as equipas pontuaram pela primeira vez. O nosso avançado voltou a sentar-se no banco e não jogou. O Senegal, surpresa da prova, entrou a ganhar por 0-3 ao intervalo. No entanto, face aos 5 pontos perdidos nos dois primeiros jogos e à derrota por 0-3 que estava a sofrer, Victor Pua, treinador dos sul-americanos, viu-se obrigado a mexer e foi aí que Forlán jogou os seus 45 minutos de Mundial em toda a sua carreira, entrando para ajudar a equipa a uma grande reviravolta, acabando o jogo empatado a 3. Diego conseguiu marcar um golo aos 69 minutos, o segundo da equipa nesta partida. E assim o Uruguai abandonou a competição, no 3º lugar.

Em 2002/03, embalado pelo Mundial, Forlán teve a sua melhor época em solo inglês, conseguindo 6 golos em 25 jogos, ajudando a equipa a regressar ao título e conseguindo o primeiro (e único, até ver) campeonato da sua carreira desportiva. Foram necessários 27 jogos para que Forlán marcasse, finalmente. Também a nível europeu esta foi a melhor época do Jogador Atacante da Semana em questão: 1 golo em 13 jogos, quando o United foi eliminado pelos espanhóis do Real Madrid nos quartos-de-final. Chegou 2003/04. Apesar da chegada dos franceses Saha e Bellion e da compra também de jovens como Cristiano Ronaldo, Fangzhou, Cooper ou Johnson para reforçar o ataque, Forlán permaneceu com um lugar quase garantido no onze inicial e só fez menos um jogo do que na época seguinte, 24, apesar do número de golos cair para 4, 3º posto para o United. Na Europa, o Manchester foi eliminado pelo Porto, novamente nos quartos-de-final, quando os portistas ganharam a competição. Forlán marcou 2 golos em 4 jogos na “Champions” desse ano. Ganharam ainda a FA Cup, 3-0 frente ao modesto Millwall. Na final, Ronaldo inaugurou o marcador e Nistelrooy encarregou-se de bisar. Em 2004/05 só fez um jogo, porque o seu lugar estava demasiado ameaçado por Van Nistelrooy, Rooney, Saha, Bellion, Ronaldo, Alan Smith e Solskjaer e desejou a saída. Foi, por isso, vendido ao Villareal, onde procurava maior número de oportunidades e um papel mais preponderante numa equipa. Forlán queria tornar-se uma pedra basilar, queria jogar, queria afirmar-se definitivamente perante o mundo do futebol que o seu talento era muito grande. A equipa do “submarino amarelo” foi a escolha, e a escolha certa, pois conseguiu exactamente isso. Logo na primeira época em Espanha… 38 jogos e… 25 golos. Fantástico!

Conseguiu, pela primeira vez, ser o melhor marcador de uma Liga e logo da Liga Espanhola, tão competitiva e afamada. O “Pichichi” é um título que distingue os melhores e Forlán queria e quer ser dos melhores. Marcar 25 golos é mesmo “muita fruta”. Pena não ter podido jogar na Taça UEFA, pois, com a sua forma, teria sido muito útil ao Villareal, que chegou aos quartos-de-final batido pelo AZ num total de 2-3 favorável aos holandeses. Em 2005/06, com o 3º lugar conseguido na temporada anterior, qualificaram-se pela primeira vez para a Liga dos Campeões. E que campanha fizeram!!! Apesar do “fraquinho” 7º lugar no campeonato onde Diego conseguiu uma dezena de golos em 32 jogos, na Europa, o Villareal foi além das expectativas mais optimistas e nem os adeptos mais crentes podiam acreditar que os estreantes na prova alcançariam as meias-finais e por um triz não chegariam à tão especial final. Nas competições europeias, o ponta-de-lança marcou 3 golos em 13 jogos. É imperativo descrever a caminhada do Villareal na maior competição de clubes da UEFA. Os espanhóis estavam no grupo do Lille, Manchester United (antiga equipa do uruguaio) e os lusos do Benfica. Conseguiram o primeiro lugar com 10 pontos, e passaram em conjunto com o “nosso” Benfica, que relegou o histórico United para a última posição, permitindo aos franceses do Lille ir à Taça UEFA, pois, apesar da igualdade pontual entre estes dois, o Lille possuía vantagem no confronto directo (uma vitória e um empate). Seguiram-se os oitavos-de-final contra outra surpresa, o Rangers, que tinha eliminado o Porto, passando com o Inter. Na Escócia verificou-se um empate a duas bolas e no estádio dos espanhóis, El Madrigal, o 1-1 foi suficiente para garantir a passagem dos amarelinhos que estavam a surpreender toda a gente. Voltaram a encontrar uma equipa do grupo H, desta feita o Internazionale de Milão. A primeira-mão disputou-se no San Siro, com um 2-1 favorável aos italianos. Contudo, uma derrota por 1-0 dos milaneses permitiu ao Villareal fazer ainda mais história e qualificar-se para as meias-finais. O Arsenal, que ainda há uma semana empatou com o Porto no Dragão, era o adversário! E que adversário! Ambas as equipas estavam a ter uma brilhante carreira europeia apesar dos maus resultados internos e esta era a derradeira hipótese de uma delas seguir para a mítica final. O primeiro jogo terminou com uma vitória para os “gunners” por 1-0. Na segunda mão, o 0-0 foi o resultado final, mas um resultado tremendamente enganador pois foram 90 minutos de puro massacre em que muito raras vezes o Arsenal passou para o meio campo do Villareal.

Acabou injusta e imerecida o sonho para os espanhóis, que escreveram nesta temporada, a página mais dourada de um livro amarelo de história.
O Uruguai
, 5º classificado na qualificação da CONMEBOL, não se qualificou para o Mundial 2006 porque perdeu no jogo contra a Austrália, 1ª classificada da OFC, que decidia quem se apurava para a maior competição futebolística do mundo. O primeiro jogo foi no Uruguai e foi vencido pelos da casa por 1-0. A segunda mão foi jogada na Austrália e vencida também por 1-0 pelos da casa. Os penalties deram primazia à antiga colónia inglesa que se qualificou pela primeira vez para uma fase final de um Mundial. Esta época as coisas têm corrido relativamente bem ao Villareal, que apesar do 7º lugar está a 3 pontos do 4º e a 9 do líder. Forlán tem estado em evidência, mais uma vez, e está disposto a revalidar o seu Pichichi. Contudo, Kanouté com 11 golos, Ronaldinho com 10 ou Milito com 9 têm estado muito fortes e os “pequenos” 5 golos de Forlán no Campeonato até agora em 13 jogos parecem insuficientes para que esse objectivo seja alcançado. Esperemos que o Villareal se volte a qualificar para a Liga dos Campeões para vermos em acção o melhor jogador da sua equipa e da sua selecção nos dias que correm!

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