quinta-feira, abril 12, 2007

Jogador Atacante da Semana: Fernando Torres


PERFIL DO JOGADOR

Nome: Fernando José Torres Sanz
Data de Nascimento: 20/03/1984 (23 anos)
Clube: Atlético de Madrid
Nº da Camisola: 9
Posição: Avançado
Altura: 1,83 metros
Peso: 78 kg
Naturalidade: Fuenlabrada – Espanha
Palmarés:

• Melhor Jogador Juvenil da Europa (1999)
• 1 Campeonato Europeu de sub-17 (2001)
• Melhor Marcador do Campeonato Europeu de sub-17 (2001)
• Melhor Jogador do Campeonato Europeu de sub-17 (2001)
• 1 Campeonato Europeu de sub-19 (2002)
• Melhor Marcador do Campeonato Europeu de sub-19 (2002)
• Melhor Jogador do Campeonato Europeu de sub-19 (2002)


Antes de tudo, vejo-me na obrigação de pedir sinceras desculpas pelo atraso da publicação desta rubrica semanal e assumo a responsabilidade do erro. O post deveria ter sido colocado "no ar" ontem, mas algumas falhas de comunicação com outros intervenientes resultaram neste pequeno lapso que espero não tornar a suceder. Posto isto, falemos de Torres.

AVALIAÇÃO DO JOGADOR

Quem nunca ouviu falar de Fernando Torres, “El Niño”? É, neste momento, dos jogadores mais populares do mundo e estranho era se nunca lhe tivesse chegado aos ouvidos este nome. É um avançado móvel, moderno, com capacidade para fazer tudo aquilo que se pede aos homens da sua posição. Tecnicamente fortíssimo, o espanhol cria espaços e brechas durante as partidas e marca muitos golos, explodindo como o furacão “El Niño”. O que ele realmente gosta é de ter o esférico em seu poder e “trata a bola por tu”, não se acanhando perante prestigiados e experientes defesas, nem temendo seja quem for. Com a bola controlada, este futebolista acredita nas suas capacidades e executa na perfeição quase todas as suas acções. Rápido como o vento e com um poder de arranque altamente assinalável, Torres assume-se como um dos melhores avançados do mundo há já algum tempo, mesmo tendo 23 anos. Assusta pensar que já é figura de proa do Atlético de Madrid, que tem a grandeza que tem, capitão de equipa e porta-estandarte da bandeira madrilena. Grande atirador de longe, de perto, com a cabeça e com os dois pés, é um jogador que tem o olhar e instinto felinos constantemente focados na baliza mas é inteligente na procura do golo. É exímio nas tabelas e passes curtos, fantástico na ocupação de espaços e percepção táctica do jogo, possuidor de uma leitura rápida e movimentações mortíferas, senhor de uma classe sem limites e de uma elegância fenomenal e um grande profissional. O seu amor ao clube é público e notório e o profissionalismo é revelado todas as semanas, em todas as conversas com a imprensa e nos gestos que tem para com os seus adeptos e para com o próprio Atlético. Fidelidade é palavra de ordem na cabeça e no coração do jovem avançado e nunca voltou as costas à formação “colchonera”, mesmo quando a forma e os resultados estavam longe do ideal. É já um exemplo dentro do balneário e é respeitado por todos, tendo um sentido de liderança incomum. A bravura com que se debate dentro do terreno de jogo, a determinação e a “relva que come” deixam transparecer o seu carácter humilde. A inteligência com que se move na procura da bola, com trocas sucessivas de flanco e jogo de costas para a baliza; a inata apetência para o futebol técnico e bonito; a qualidade ao nível da finalização; a aceleração e velocidade; o jogo aéreo; a disponibilidade táctica e física e os índices de ambição, coragem, liderança, trabalho, concentração e profissionalismo constituem os principais ingredientes para que Torres se continue a classificar como um jogador espantoso e refinado.


BIOGRAFIA DO JOGADOR

O pequeno Torres…


Nascido em Fuenlabrada, cidade próxima da capital espanhola, Torres entrou em contacto com o futebol desde muito cedo. Aos dois anos começou a brincar com a bola do seu irmão e aos cinco já fazia parte de uma pequena equipa de bairro. Saltou de clubezinho em clubezinho, sempre com o sonho de se tornar profissional, sonho esse alimentado fortemente pela série televisiva “Oliver e Benji”, como o próprio admite. Só em 1995, quando tinha 11 anos, é que ingressou definitivamente no clube que, até agora, nunca mais abandonou e que é o do seu coração: o Club Atlético de Madrid, fundado em 1903. O seu amor incondicional pelo emblema do Atlético surgiu das longas conversas que tinha com o seu avô, que lhe transmitiu todo os valores relacionados com “Atleti” a Fernando, criando-lhe uma imensa afeição e fascínio pelos “rojiblancos”. Todos esses sentimentos cresceram quando, aos 9 anos, o pai o levou à sala de troféus dos “Indios”. Curiosamente, gostava de ser guarda-redes quando era pequeno, mas rapidamente mudou para avançado. Antes de ir para o Atlético de Madrid, passou por uma equipa de futsal onde jogou durante três épocas e onde se apercebeu do espírito da equipa e da importância do colectivo. Foi aí que começou a moldar a sua personalidade ganhadora e ambiciosa e, claro, as suas qualidades futebolísticas que actualmente todos lhe reconhecem. Mas no ano anterior à ida para o Atlético, com 10 anos, jogou numa equipa – Rayo 13 – onde marcou 55 golos numa temporada, o que lhe valeu a possibilidade de tentar entrar no conjunto “colchonero”. E conseguiu. A sua família foi importantíssima no processo de formação de Fernando Torres, não só porque sempre o encaminharam da melhor maneira e lhe deram os conselhos certos, como abdicaram de muita coisa e fizeram muitos esforços para poder conferir-lhe a possibilidade de tornar o seu sonho realidade. Desde viagens de autocarro e comboio que faziam só para acompanhar o pequeno nos treinos, a deixaram de trabalhar para o irem por ao campo de treinos, até os irmãos estudarem nas bancadas enquanto Torres se divertia. O passatempo começou a tornar-se mais sério e a qualidade era demasiada para ser só isso, um passatempo. Quando aos 14 anos foi considerado o melhor da Europa na sua faixa etária, percebeu realmente que poderia vir a tornar-se profissional. E isso não tardou muito. Com 15 anos (!) assinou um contrato profissional e finalmente o sonho de se tornar jogador do Atlético de Madrid estava concretizado. Esteve lesionado, mas regressou em pleno, no Europeu de sub-17 onde, não só se sagrou o melhor marcador, como foi eleito o melhor jogador do torneio. Um ano depois já estava nos sub-19 e repetiu a proeza de se tornar o melhor jogador e o melhor marcador da competição.


Equipa principal do Atlético, a concretização de um sonho…

Foi-lhe dada a notícia, em 2001, que iria incluir os quadros da equipa principal do Atlético de Madrid. Foi chegar, ver e vencer. De imediato conquistou o carinho de todos os adeptos e a admiração do treinador e companheiros de equipa. E penso que o facto de o Atlético estar na segunda divisão aquando da estreia desta jovem promessa (hoje certeza), ajudou a retirar alguma pressão do capote e permitiu a Torres começar a ter um papel muito activo na equipa. Ao mesmo tempo que era a “mascote” por ser tão novinho, era um jogador cada vez mais influente e a sua estreia no escalão principal ocorreu em 2002/03, quando o Atlético garantiu o 12º lugar e Torres se começou a mostrar ao mundo e a encantar todos os olheiros e amantes do futebol em geral. Os 13 golos em 29 jogos na primeira época enquanto primodivisionário são o resultado de uma personalidade forte e sem medos e, claro, de todas as suas apetências físicas, técnicas e tácticas. É nesta época e na época 2003/04 que todos acabam por se render ao talento do espanhol. Tanto, que vai mesmo à selecção logo no ano de 2003, com uns míseros 19 anos, curiosamente contra a selecção nacional portuguesa. Em 2003/04, o Atlético pareceu esboçar um regresso à alta-roda do futebol hispânico com um 7º lugar e Torres começou a tornar-se o grande ícone da formação madrilena. Na verdade, tornou-se o terceiro melhor marcador do campeonato com 19 golos em 35 partidas, só batido pelos 24 golos de Ronaldo e pelos 20 tentos de Júlio Baptista. O Atlético fez uma boa temporada e estive em lugares ainda mais cimeiros durante o decorrer do campeonato, acabando, depois, por cair ligeiramente na classificação e se estabelecer no 7º posto, ainda que a 1 ponto do 6º (e consequente possibilidade de ir à Taça UEFA). Torres, como já disse, e é importante que se sublinhe, passou a ser conhecido em todo o mundo e despontou completamente para futebol de topo nesta época.

Euro, Atlético, Mundial, Atlético...

No Verão de 2004, deslocou-se a terras lusitanas para disputar o Campeonato Europeu. Um desastre. Com 20 anos e já com demonstrações da sua veia goleadora com as cores nacionais, Torres veio a Portugal para ajudar a Espanha a obter uma boa classificação. Impunha-se, no mínimo, ultrapassar a fase de grupos. Infelizmente para eles, felizmente para nós (que estávamos no mesmo grupo), tal não veio a suceder. No primeiro jogo, contra a Rússia, no Estádio do Algarve, deixou para Iñaki Saez, seleccionador espanhol, deixou a missão de marcar aos mais experientes Raul e Morientes. Isso não invalidou que Torres entrasse alguns minutos para substituir o capitão Raul. O golo da vitória por 1-0 foi obtido por Valerón, recém entrado na partida. Um pouco mais a Norte, no Bessa, Espanha e Grécia mediram forças. Torres voltou a só entrar nos minutos finais, insuficientes para que se desse a volta ao empate que teimou em ficar até ao final: 1-1. A oportunidade de jogar no onze inicial surgiu finalmente no último jogo da fase de grupos, jogo contra Portugal. Jogou os noventa minutos, mas o golo de Nuno Gomes aos 57 minutos concedeu-nos a possibilidade de jogar nos quartos-de-final. De realçar o embate entre Torres e Ronaldo, duas estrelas emergentes no futebol ibérico e as duas pérolas mais preciosas de então de parte a parte. Enfim, a vida continuou para Torres, ainda que com algum amargo na boca pelo fracasso na selecção. Em 2004/05, o Atlético voltou a acusar alguma pressão e não foi além do medíocre 11º no campeonato. Torres foi preponderante como sempre, mas os 16 golos em 38 jogos não foram capazes de ajudar o clube a ir mais longe.

A direcção teimava em contratar vários jogadores e em fazer remodelações constantes no balneário, o que causou alguma instabilidade e não deixou hipóteses ao departamento técnico e aos próprios futebolistas de criar um entrosamento digno desse nome. Começou também a ter a missão de receber os novos colegas por ser já o emblema vivo do clube e por ser um homem com capacidade de liderança e humildade ao mesmo tempo. Aos poucos, foi ganhando o seu espaço na “Fúria Roja”, e destronando, juntamente com Villa, Morientes e Raul. Na época passada, 2005/06, quando já era um dos mais mediáticos jogadores do mundo (mesmo a nível de publicidade), jogou 36 jogos e marcou 13 golos. O Atlético de Madrid ficou em 10º e voltou a não chegar aos lugares europeus. Torres, claramente o melhor do conjunto “rojiblanco”, até destoava nesta equipa. E se no Euro 2004, esteve presente na condição de suplente, no Mundial 2006 assumiu o estatuto de titular. Logo no primeiro jogo, jogou os 90 minutos e marcou um dos quatro golos da sua equipa na expressiva e contundente vitória da Espanha sobre a Ucrânia por 4-0. O apuramento foi logo garantido no segundo jogo, contra a Tunísia, quando voltou a cumprir os 90 minutos e marcou 2 golos (um deles de penalty) na vitória diante dos tunisinos por 3-1. No terceiro jogo, para cumprir calendário, um empate chegava para assegurar o primeiro lugar. David Villa e Torres foram preteridos pela dupla Reyes/Raul. Mesmo assim, Torres entrou aos 70 quando o único golo do desafio já tinha sido apontado, aos 36, por Juanito. A Espanha quedou-se pelos oitavos-de-final pois a veterana turma gaulesa, que viria a chegar à final, eliminou “nuestros hermanos”. Villa marcou e deu esperanças aos espanhóis, mas três tentos franceses deitaram por terra as aspirações de Torres e seus companheiros, que, impotentes, viram a areia a fugir-lhes das mãos. Nem o facto de jogarem com três avançados – Villa, Torres e Raul – lhes valeu mais golos e em 90 minutos, Torres não conseguiu facturar. Foi a primeira experiência num Mundial e certamente ainda irá jogar mais 2 ou 3. Passamos agora para esta época. Já com a companhia dos portugueses Zé Castro, Costinha e Maniche, Torres e companhia têm feito uma campanha interessante. Depois de rejeitar inúmeras propostas dos melhores clubes da Europa por amor e fidelidade e de inclusivamente ter renovado até 2009, Torres partiu para mais uma época com o propósito de ajudar o “Atleti” a alcançar a Europa. Até agora, parece um alvo possível de atingir e estão em 6º a 3 escassos pontos do 4º, que já dá acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Barcelona e Sevilha estão em grande na luta pelo título, mas Saragoça, Real Madrid e Valência não se podem esquecer, assim como, claro, o Atlético da capital. Para já conta com 28 presenças, todas elas como titular, e 9 golos. A equipa está a tornar-se mais coesa e capaz de seguir para voos mais altos. Na selecção, que joga com dois avançados, tem dividido com Morientes a titularidade, já

que Villa parece certíssimo na outra vaga. Fernando Torres tem 23 anos, mas a idade engana bastante, pois já há cerca de 7 épocas que treina com a equipa principal do Atlético de Madrid e já há 4 que trás aos ombros a responsabilidade de ser o principal destaque nesta equipa de grande inconstância nos últimos anos, mas de uma grandeza muito grande mesmo a nível europeu. O facto de querer manter-se fiel ao seu clube, de dizer que ainda tem que evoluir para dar um novo passo, de ser o líder natural da equipa, só revela muita cabecinha no lugar por parte do espanhol. É simples, humilde e consciente e ao mesmo tempo ambicioso e líder. Quando o juízo existe a personalidade é forte, só faltam as capacidades futebolísticas, e essas estão lá. Assim, é de prever que Torres seja, dentro em breve, um jogador de eleição, se é que já não o é. O Atlético parece parecer cada vez mais pequeno para um jogador tão grande, não só técnica e tacticamente como a nível de carácter. A classe dentro e fora dos relvados acaba por deixar pouca margem para dúvidas quanto ao sucesso deste jovem espanhol e penso que não há ninguém capaz de refutar a sua enorme qualidade. Estendam a passadeira, que vai passar o rei.


VÍDEO DO JOGADOR



QUESTÕES SOBRE O JOGADOR

É complicado ser-se a estrela de um bom clube europeu aos 23 anos. Torres conseguiu-o. Será benéfica uma saída para um clube maior com a consequente perda de estatuto?


Qual dos campeonatos ou dos clubes se ajustaria mais ao perfil de Torres?

É justo apontá-lo como o melhor avançado espanhol da actualidade?

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