quarta-feira, abril 25, 2007

Jogador Atacante da Semana: Robbie Keane


PERFIL DO JOGADOR

Nome: Robert David “Robbie” Keane
Data de Nascimento: 08/07/1980 (26 anos)
Clube: Tottenham Hotspur FC
Nº da Camisola: 10
Posição: Ponta-de-Lança
Altura: 1,76 metros
Peso: 72 kg
Naturalidade: Tallaght (Dublin) – República da Irlanda
Palmarés:

• 1 Campeonato Europeu de sub-19 (1998)
• Melhor Jogador do Ano do Tottenham (2003 e 2004)


AVALIAÇÃO DO JOGADOR

Com 26 anos, Robbie Keane é já um veterano do futebol britânico e um dos mais respeitados avançados desta região da Europa. Físico apenas o suficiente para se adaptar ao seu próprio habitat, Keane destaca-se dos demais devido à sua técnica prodigiosa e aos seus pés possuidores de um subtil toque latino. É algo frágil e é precisamente no poder de choque e na força que perde alguns lances, ainda que tenha capacidade física, como já disse, para aguentar o futebol corporal tipicamente britânico. O seu instinto goleador é outro dos aspectos característicos do seu futebol, não fosse ele ponta-de-lança. Convém salientar a sua mobilidade no ataque, pois tanto pode surgir mais fixo na área como pode jogar como segundo avançado (é o que acontece actualmente, quando joga ligeiramente mais recuado que o seu companheiro Berbatov). O seu estilo franzino e muito mais técnico do que o da maioria dos que têm a mesma proveniência do que ele adapta-se mais a esta missão de avançado do que propriamente de ponta-de-lança. Pode descair ligeiramente nas alas, pois tem alguma velocidade e aceleração, além do drible que tantas vezes baralha os seus adversários. É forte nas desmarcações e nos movimentos colectivos, defende alto e é um jogador com capacidade de passe superior ao habitual na sua posição, o que inclusivamente lhe permite jogar como médio ofensivo. Claramente destro, desenrasca-se com facilidade com o pé esquerdo, o que é mais um índice revelador da sua técnica apurada. É muito acarinhado pelos adeptos e, com um golo fantástico, um pormenor delicioso ou um passe a rasgar, tem o condão de levantar todo um estádio e deixá-lo rendido ao seu futebol encantado. Nota ainda para a implacabilidade nos lances de grande penalidade onde um falhanço é uma situação esporádica. Simplificando, Keane é um jogador que gosta de arriscar, que é bom nos lances individuais, mas que tem um grande sentido colectivo e procura as tabelas para facilitar a aproximação à baliza. Com uma técnica evoluída e um bom 1x1, é capaz de deleitar o anónimo adepto do desporto-rei e é rapaz para fazer golos atrás de golos num jogo ou numa competição graças ao seu instinto matador. Com a possibilidade de jogar como ponta-de-lança fixo, avançado móvel ou até mesmo nº10, Robbie Keane é um dos símbolos maiores da República da Irlanda e um dos símbolos maiores dos Spurs. Hoje trago-vos um avançado ilustre em Terras de Sua Majestade.

BIOGRAFIA DO JOGADOR

Irlanda, Inglaterra e Itália, o seu Início…

Curiosamente, Robbie Keane, que nasceu no dia 8 de Julho de 1987 em Dublin, capital da República da Irlanda, é um dos melhores amigos do Jogador Atacante da Semana passada, Alan Smith, fruto da passagem comum pelo Leeds United. Começou num clube local, o Crumlin United, onde ganhava uma libra por cada golo marcado. E, passo a hipérbole, deve ter ficado rico só com isso! É que Keane demonstrou desde cedo uma enorme apetência para o futebol, muito especialmente para o golo. Olheiros das mais diversas partes da Grã-Bretanha vinham para observar o rapaz, que acabou por preferir o Wolverhampton, em detrimento de outros clubes como o Liverpool, por entender que poderia explodir na equipa principal mais cedo. E isso aconteceu. No Wolves, com uns escassos 16 anos, começou a jogar com uma frequência inimaginável. Jogou 38 jogos e marcou 11 golos no campeonato. A equipa situou-se no 9º lugar da Nationwide League Division 1. Entretanto, ainda ajudou sobremaneira a equipa sub-19 da República da Irlanda a conquistar o Europeu da categoria, ao mesmo tempo que os mais novos dos sub-17 repetiam a proeza. Ora, coincidência das coincidências, os números individuais mantiveram-se no ano seguinte, no que respeita ao campeonato. Os mesmos 38 jogos e os mesmos 11 golos no campeonato. A posição é que foi ainda melhor: 7º posto na “Liga de Honra” Inglesa. Exibições tão vistosas, tão positivas e tão produtivas, só poderiam resultar no salto para a Premiership. Antes disso, já Keane sabia o que era vestir a camisola da selecção AA. Ainda fez 2 jogos e 2 golos antes de deixar o Wolves, para depois seguir para rival Coventry City. Deixou o Molineux Stadium com um total de 88 jogos e 29 golos em todas as competições. Fantástico para um miúdo de 18 anos. Pelos “Singers” jogou apenas uma época, a de 1999/00, e voltou a mostrar a veia goleadora que já o caracterizava: 12 golos em 31 jogos no campeonato, ajudando o clube a alcançar o objectivo da manutenção. Era uma estrela em ascensão e ascendeu ainda mais quando o Internazionale de Itália desembolsou 13 mil libras para adquirir o passe do jovem irlandês. O Inter, como é costume, tinha uma equipa muito “fraquinha”, com os “coxos” Hakan Sukur, Recoba e Mutu na equipa, além dos “coxíssimos” Ronaldo e Vieri. As oportunidades, como era de esperar, rarearam. Jogou 6 jogos para o campeonato, estreou-se nas competições europeias na Taça UEFA, onde actuou por 3 vezes, mas golos… nem vê-los. Muito por culpa do pouco tempo que teve para mostrar o seu valor. Assim, regressou a Inglaterra, onde se mantém ainda hoje.

Leeds United e Mundial 2002, dois marcos…

Após pouca utilização na Série A, retornou à Premier League, para representar o Leeds United, onde conheceu um dos seus melhores amigos – Alan Smith (Jogador Atacante da Semana passada). Integrou os trabalhos dos “Peacocks” em 2000, por empréstimo pelo Inter, para completar a segunda metade da época. Actuou em 18 ocasiões, obtendo 9 golos, terminando com uma média de 0,5 golos por jogo. Bastante aceitável. Impressionou os adeptos e responsáveis técnicos do Leeds e adquiriram imediatamente o jogador. Seria, provavelmente, importantíssimo frisar a carreira europeia protagonizada pelo Leeds United na época de 2000/01, mas julgo que isso seria algum insultuoso para aqueles que semanalmente lêem a rubrica, pois essa caminhada gloriosa até às meias-finais da Liga dos Campeões foi minuciosamente descrita na última edição do Jogador Atacante da Semana. Além do mais, Alan Smith participou em competições europeias com o Inter e foi impedido de jogar. Ora, voltando a 2001/02, a carreira foi um tanto ou quanto desapontante, pois só facturou por 3 vezes no campeonato em 25 jogos. Mais impressionante foi o seu registo na Taça UEFA, pois marcou o mesmo número de golos com um número de jogos bastante mais reduzido – 6. Ainda assim, o Leeds ficou no 5º lugar do campeonato, o que acabou por ser positivo. Voltando um pouco atrás no tempo para nos concentrarmos na selecção, a República da Irlanda conseguiu qualificar-se para o Mundial de 2002. Ficou no mesmo grupo de Portugal na Fase de Apuramento e até conseguiu o mesmo número de pontos do que os lusitanos, 24, mas o “goal average” ditou que nós passaríamos imediatamente. Até no confronto directo fomos iguais: ambos os jogos disputados entre as duas equipas ficaram 1-1. Para conseguir um lugar na Coreia e no Japão, teve que disputar um Play-Off contra o Irão, que ficou em segundo lugar no grupo da Arábia Saudita e ganhou depois aos Emiratos Árabes Unidos, garantido a presença no Play-Off. A Irlanda ganhou em Dublin por 2-0 e o Irão em Teerão por 1-0. Conclusão: presença garantida pelos europeus. Assim, a Irlanda chegou a terras asiáticas sem nenhum fardo nem nenhuma responsabilidade. A única exigência era darem tudo de si e dignificarem o país. No entanto, o grupo (Alemanha, Camarões e Arábia Saudita) até era acessível e pedir uma chegada aos oitavos-de-final não era demais. A estreia poderia ter sido comprometedora, com 1-1 contra os Camarões. No outro jogo do grupo, a Alemanha goleou os asiáticos por 8-0 (!). Surpreendente foi o empate entre europeus: Alemanha e Irlanda marcaram um golo cada um. Klose, aos 19, fez o primeiro e o nosso Jogador de hoje, Keane, marcou já nos descontos o único golo sofrido pelos germânicos antes da final. O mesmo jogador, “Keano”, inaugurou o marcador aos 7 minutos contra a Arábia Saudita, abrindo caminho para a “meia goleada” por 3-0. E se as responsabilidades da Irlanda até nem eram muitas, a verdade é que por pouco não chegaram aos quartos-de-final. Nos oitavos-de-final, a Espanha foi o grande adversário. Morientes marcou aos 8 minutos e Keane (quem mais?) igualou de penalty aos 90 minutos. Como não houve golos no prolongamento, teve que ser a lotaria das grandes penalidades a decidir o lugar na fase seguinte. A sorte calhou aos hispânicos que conseguiram ganhar por 3-2. Robbie Keane, o primeiro a cobrar, converteu o penalty, mas isso de nada valeu em termos colectivos. Em 2002/03, fez 3 jogos pelo Leeds e marcou por 1 vez. Mesmo antes do fecho das transferências, mudou-se para White Hart Lane.

Tottenham, até chegar a ídolo…

Em 2002/03 chegou e arrasou, marcando 13 golos em 29 jogos pelos Spurs. Foi escolhido pelos adeptos como o Melhor Jogador do Ano e preponderante na chegada até ao 10º lugar do Tottenham. Em 2003/04, fez 34 jogos para o campeonato e marcou 14 golos. Ainda marcou noutras competições. O Tottenham, contudo, desceu em relação ao ano anterior, quedando-se por um desprestigiante 14º lugar. Tal não invalidou que se voltasse a tornar o Melhor Jogador do Ano. Só por aqui, dá para perceber o carinho e admiração que os adeptos já nutriam pelo avançado britânico. Mal chegou, tornou-se um ídolo do clube londrino. Falhou o Euro 2004, pois a Irlanda ficou no 3º lugar do grupo 10 na Fase de Apuramento, imediatamente a seguir à Suiça e à Rússia, superando as modestas selecções da Albânia e da Geórgia. Em 2004/05, já com a companhia de Pedro Mendes, marcou 17 golos no total das competições, 11 no campeonato (em 35 jogos). Ficaram em 9º. Nessa época, teve um comportamento pouco profissional depois de não ter entrado em campo. Pagou uma multa, jogou pelas reservas, sendo severamente castigado. Kanouté e Defoe foram titulares, Mido entrou em jogo e Keane ficou visivelmente aborrecido por ser a 4ª opção naquele jogo. Porém, na época passada Mido e Defoe começaram por ser titulares, mas Keane rapidamente mostrou que também ele pretendia integrar o onze base. E conseguiu. Voltou a ser titularíssimo e fez 36 jogos para o campeonato, marcando 16 golos e situando-se no Top5 dos melhores marcadores da Premier League. Em Novembro do ano passado marcou um hat-trick contra São Marino e consolidou a sua posição de melhor marcador de sempre da história da selecção da República da Irlanda. E só tem 26 anos! Em segundo lugar, vai o actual seleccionador, que é também o jogador com mais internacionalizações – Steve Staunton. Esta época, fruto da 5ª posição alcançada na temporada passada, conseguiram o apuramento para a Taça UEFA. Na Primeira Ronda, ganharam ao Slavia de Praga pela margem mínima na primeira-mão e na segunda-mão: 1-0 e 0-1. Deste modo, apuraram-se para a Fase de Grupos, onde ficaram em 1º. Encontraram o Dínamo de Bucareste e o Bayer Leverkusen que passaram também e deixaram pelo caminho Besiktas e Club Brugges. Nos dezasseisavos-de-final ficaram automaticamente apurados, depois da polémica que se gerou em torno do Feynoord, que iria jogar com os Spurs, por alegada batota no jogo com o Nancy. Nos oitavos-de-final, como sabemos, eliminaram o Braga. Em Braga venceram por 2-3 na primeira-mão mas o Braga, ainda que mantendo sempre uma postura digna e atrevida, voltou a perder, desta vez em Londres por 3-2. Na primeira-mão, Keane marcou dois golos, aos 57 e aos 90 minutos respectivamente. Na segunda-mão, foi a vez de Berbatov bisar. Só o Sevilha, campeão em título, conseguiu parar os ingleses. Na primeira-mão, em Espanha, Keane marcou logo aos 2 minutos e aumentou as esperanças vindas do Reino Unido. Porém, o seu ex-companheiro Kanouté repôs a igualdade aos 19 minutos de penalty e Kerzhakov voltou a marcar ainda na primeira parte, fazendo o resultado final: 2-1 para os da casa. Na segunda-mão, o 2-2 deu a vitória ao Sevilha. Os hispânicos começaram logo a vencer por 0-2, mas 2 golos de rajada por Defoe e Lennon deram falsas aspirações aos ingleses, que foram eliminados. No campeonato, as coisas correm mais ou menos bem: vão em 8º mas a 1 ponto do 7º e a 4 do 5º. Tudo é possível, inclusivamente a Europa. Falando de Keane em particular, leva já 8 golos marcados e tem feito dupla com Berbatov na frente de ataque do Tottenham. Sofreu um pequeno revés na jornada 15, onde se lesionou, mas 7 jogos depois, já estava recuperado. Já jogou 23 vezes, nem sempre os 90 minutos, e portanto 8 golos é uma marca bastante aceitável. Veremos se Robbie Keane consegue explodir a sério, se consegue fazer uma época maravilhosa para dar definitivamente o salto para uma grande equipa europeia, pois tem uma qualidade muito acima da média e poderá vir ainda a surpreender muita gente. Já é o melhor marcador da história da sua selecção, já é vice-capitão do Tottenham e uma das suas maiores figuras, foi a um Mundial e já é dos mais respeitados avançados da sua Liga, a melhor do mundo. Confesso que estou ansioso por saber qual será a sina deste irlandês.

VÍDEO DO JOGADOR




QUESTÕES SOBRE O JOGADOR

É justo deixar Jermaine Defoe no banco para permitir a Keane fazer dupla com Berbatov no ataque do Tottenham?

Possivelmente, Keane nunca mais participará num Mundial. Este é um dos casos em que se tem o azar de nascer num país cuja tradição não corresponde ao valor do jogador?

O que pensam de Keane e das suas capacidades?

Sem comentários: