Jogador Atacante da Semana: Carlos Miguel

Nome: Carlos Miguel Simões de Carvalho e Monteiro da Silva (Carlos Miguel)
Data de Nascimento: 30/07/1985 (21 anos)
Clube: Faculdade de Ciências e Tecnologia de Salvador
Nº da Camisola: -
Posição: Médio Centro
Altura: 1,81 metros
Peso: 75 kg
Naturalidade: Figueira da Foz – Portugal
Palmarés:

• Vice-Campeão Nacional de Juvenis (2002)
• Melhor Marcador da Equipa do Campeonato Nacional de Iniciados [12 golos] (2000)
• Melhor Jogador do Torneio Inter-Associações (sub-14) de Viseu pela selecção distrital de Coimbra (2001)
• Melhor Marcador da equipa no Campeonato Distrital de Juvenis [22 golos] (2001)
• Melhor Atleta/Estudante da Academia do Sporting (2002)

Nunca vi Carlos Miguel em acção mas vou confiar no seu “auto-retrato” e, sendo ele jogador há muitos anos e parecendo-me uma pessoa suficientemente humilde para assumir os seus defeitos e não exagerar nas qualidades, deve ser a melhor pessoa para falar de si próprio pois ninguém o conhece melhor do que ele mesmo. Este futebolista caracteriza-se como um médio box-to-box, daqueles que defendem e atacam. Tem um estilo muito aguerrido, à semelhança de Maniche (com a devida escala de comparação, é claro!), e a facilidade com que remata de longe – inclusivamente em livres - é outro dos factores que o levam a comparar-se com o português do Atlético Madrid. Segundo consta, Carlos Miguel é muito resistente e forte fisicamente, o que lhe possibilita jogar bem de cabeça. Não corre muito depressa mas corre muito, se é que me faço entender. A sua capacidade táctica é um dos seus pontos fortes, pois ocupa com igual rigor as posições de médio defensivo (nº6) e médio ofensivo (nº10), apesar de ser num posto intermédio que se sente mais à vontade (nº8). Zidane foi a sua grande referência enquanto miúdo mas considera Kaká o melhor do momento. Não deixa, porém, de falar em Ronaldinho Gaúcho e Cristiano Ronaldo como sendo grandes ídolos para si. Outro dos parâmetros em que se avalia com sucesso é a forte qualidade de passe e orgulha-se de possuir uma boa aptidão para jogar com ambos os pés. Carlos Miguel julga que a sua visão de jogo é outra das suas qualidades mas assume que a finta e a capacidade de explosão são ingredientes que faltam para melhorar o seu jogo. Podemos concluir que a sua garra, boa visão de jogo, qualidade de passe longo e curto com o pé esquerdo e com o pé direito, o jogo aéreo, a sua potência de remate e gabarito nas bolas paradas constituem as principais virtudes de Carlos Miguel, ao passo que a ausência de velocidade de ponta e de um mortífero 1x1 são os seus maiores defeitos.

Esta semana, trago-vos um jogador praticamente desconhecido para todos vós: Carlos Miguel, que vai ser o primeiro jogador amador de futebol a ser falado na minha rubrica. Escrevi este post para dar a conhecer a história interessante de um jovem que revela muita maturidade e que merece destaque por vários motivos: o seu amor levou-o a deixar a família, levou-o a esforçar-se muito para tirar boas notas, mas conseguiu-as e, mesmo não recebendo a sua recompensa (notei uma grande frustração com o facto de não ter ido a Milão como lhe fora prometido, e é natural que assim seja, queria dar a conhecer este caso, também), continuou a estudar. Além disso é um dos raros futebolistas portugueses a ir para o “país irmão” jogar. Nasceu no dia 30 de Julho de 1985 (21 anos) na Figueira da Foz. Como grande adepto e praticante do desporto-rei, decidiu ingressar na Naval 1º de Maio, clube local. O facto de ter a idade que tem resultou, por exemplo, no facto de actuar ao lado de Hugo Almeida, actualmente emprestado ao Werder Bremen da Alemanha pelo FCPorto.
A meio de 2000/01, o actual internacional português rumava para o Norte e, no fim dessa época, também Carlos Miguel era contactado pelos Dragões… e não só. O Sporting Clube de Portugal estava também interessado e acabou por ganhar a corrida pelo jovem figueirense. Problemas com a chegada da carta de desvinculação da Naval acabaram por permitir praticamente a Carlos Miguel jogar apenas a 2ª Fase do Campeonato Nacional de Juvenis. A motivação e o esforço deste “miúdo” estavam patentes na forma como vivia: deixou família e amigos pelo futebol, para jogar num dos melhores clubes do país, e morava com colegas de equipa numa pensão no centro de Lisboa, sem os pais e gente chegada. Contudo, nunca deixou de estudar muito e de se esforçar para ter alternativas ao desporto a nível profissional.
Praticamente desde o começo da temporada 2001/02 que este juvenil de 2º ano se queixava de dores na virilha esquerda mas continuava a trabalhar arduamente, continuava a treinar e a jogar e a suportar as dores porque, alegadamente, era apenas uma distensão muscular. Este futebolista que alternava o banco com a titularidade viu-se obrigado a parar tais eram as dores e foi-lhe diagnosticada por um especialista uma grave pubalgia que demorou quase meio ano a ser curada. Além do sofrimento natural da ausência dos seus e de não poder jogar quase metade da época por questões burocráticas, Carlos Miguel tinha agora uma séria lesão que punha em risco a sua integridade como jogador mas que os responsáveis médicos da melhor escola de futebol do país não conseguiram determinar. A época findava com um Vice-Campeonato nacional de Juvenis para o Sporting que tinha perdido com o FCPorto na final. Que restava ao pequeno jogador? A escola. Sim, a escola nunca saíra dos seus planos e tinha ganho o prémio de melhor aluno da formação do Sporting com média de 17 no 11º ano. Que regalias traria isso? Acompanhar a equipa principal ao estrangeiro, como acontece desde então. Carlos Miguel tinha direito a ir com a comitiva leonina para Milão, onde os lagartos iriam disputar a Pré-Eliminatória da Liga dos Campeões diante do Internazionale local. Um prémio justo que alegadamente foi prometido pelo Dr. José Manuel Torcato. Até aqui tudo certo. Tratava-se agora da transição para os juniores, o último degrau na escada até à profissionalização.

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Estava, contudo, decidido a sair do clube por uma série de razões: antes de tudo, os estudos estavam em primeiro plano e os treinos matinais não permitiam a Carlos Miguel assistir às aulas e ele queria mesmo fazer o 12º ano. Além disso, com a ida para a Academia de Alcochete, o médio centro teria que ficar a dormir lá e considerava-a “uma autêntica prisão”. Por último, o facto de nos juniores não existir plantel A e B retirava em grande parte as hipóteses de pisar o relvado nos jogos. Deu-se, portanto, a saída do jogador. Devido à saída, Carlos Miguel comunicou com o Dr. José Manuel Torcato no sentido de saber se existiria ou não alguma alteração no que ao prémio dizia respeito, pelo que a resposta foi negativa: segundo o dirigente, a ida a Milão estava confirmada e, apesar de Carlos Miguel abandonar o clube, a viagem ir-se-ia realizar. Todavia, isso não aconteceu. Porque é que, mesmo abandonando o clube, Carlos Miguel não foi com a comitiva do Sporting para Milão como foi Patrício este ano, por exemplo? Este jovem acabou por ficar à espera do telefonema até hoje, telefonema que lhe foi prometido pelo Dr. José Manuel Torcato e pelas duas psicólogas do clube encarregadas do acompanhamento escolar dos pequenos jogadores.

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Carlos Miguel foi depois para Coimbra concluir o Ensino Secundário e iniciar o curso de Engenharia Electrotécnica enquanto militava os juniores da Associação Académica de Coimbra.
Acabou por desistir do curso de Engenharia Electrotécnica para se dedicar ao curso de Educação Física, que continua a tirar hoje no Brasil. A esse respeito, o blog “Simplesmente Briosa” escreveu, a 24 de Outubro do ano passado:

"O ex-jogador da Académica Carlos Miguel, que alinhou por dois anos no emblema do losango negro, que passou igualmente pelos escalões de formação da Naval e do Sporting Clube de Portugal (onde jogou ao lado de Cristiano Ronaldo, João Moutinho, Miguel Veloso entre outros) abraça agora um novo projecto, desta feita em terras de Vera Cruz, no Esporte Clube Bahia, o mais representativo clube do Estado Bahiano. O jovem jogador foi treinado por José Viterbo e Vitor Alves na equipa B da Briosa (onde alinhou), tendo mesmo realizado alguns treinos na equipa principal.
O médio centro organizador de jogo que se destaca pela belíssima visão de jogo, bom jogo aéreo, facilidade de remate de meia distancia, tem agradado sobremaneira ao novo treinador do clube bahiano Lula Pereira. O tricolor está neste momento a disputar a fase final da série C do campeontao brasileiro, tendo fortes hipóteses de conseguir o intento da subida de divisão.
Carlos Miguel nunca descurou a vertente académica da sua carreia estando prestes a terminar o curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade de Coimbra, encontrando-se neste momento em Salvador ao abrigo de um programa de mobilidade de alunos entre as duas universidades.
Mais uma história de sucesso pessoal, de um jovem de 21 anos que luta pelo seu espaço de afirmação tendo como objectivo pessoal o regresso ao futebol português, na próxima época, num nível competitivo elevado. Uma curiosa história de proximidade, a mais de 10.000 Km de distancia..."

Ainda actuou na 2ª Divisão B, no FC Pampilhosa, e nos clubes da III Divisão, Os Marialvas, donde saiu por ordenados em atraso, e Tocha. Decidiu continuar a sua licenciatura do outro lado do Atlântico, no nordeste brasileiro, onde treinou no Bahia, clube com milhares e milhares de adeptos que inclusivamente já venceu o Brasileirão mas que anda agora pelas ruas da amargura devido a questões financeiras. Devido à distância entre a sua faculdade, Universidade Federal, que fica em Salvador da Bahia e Cruz das Almas, recusou uma proposta do Cruzeiro desta cidade. Actualmente prepara-se para iniciar a época na equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Salvador, clube fundado recentemente e que pretende subir escalão atrás de escalão na complicada hierarquia dos campeonatos brasileiros, e concilia o futebol com os estudos.

Eis dois videos que demonstram algumas das capacidades técnicas de Carlos Miguel:

Até para a semana, quando o Jogador Atacante da Semana fizer um ano!