A referência estrangeira desta semana foi um treinador que marcou uma época no futebol português, nomeadamente ao serviço do Benfica. Era inglês, e Jimmy Hagan era o seu nome.
Filho de um dos primeiros profissionais de futebol em Inglaterra, Hagan cedo mostrou interesse e capacidade de se impor no desporto rei. Foi um dos melhores jogadores da sua geração, que se notabilizou no Sheffield United, onde ainda hoje é considerado o melhor jogador de sempre daquela equipa, e representou por 48 vezes a selecção inglesa, uma delas, em 1947, no Jamor, quando a equipa de todos nós foi goleada pelos anglo-saxónicos por 10-0! Foi, igualmente, soldado na 2ªguerra mundial e, findos os seus serviços no exército, em 1951, Hagan, com 33 anos, tinha uma proposta tentadora de um clube londrino, mas, por amor à camisola, jurou acabar a carreira no Sheffield United. E só parou aos 40 …
Mal acabou a sua brilhante carreira como jogador, começou outra, desta feita como treinador. Começou no Peterborough United, onde este durante 4 épocas e conquistou a League 2. Mudou-se, posteriormente, para o West Browinch Albion, conquistando uma Taça da Liga Inglesa.
Em 1970, recebeu o convite para vir treinar o Benfica; uma proposta que, segundo Hagan, era irrecusável. Chegou à luz e, de acordo com crónicas da época, deu logo nas vistas pelo seu sorriso fechado e pelo seu cabelo cor de canela-granitado.
Chegou, viu e venceu. Três anos, três vezes campeão e uma Taça de Portugal. Treinador duríssimo, de espírito indomável, de rosto fechado, que tinha por hábito realizar treinos no dia dos jogos.
No dia de um jogo de homenagem a Eusébio, Hagan castigou Toni e Humberto Coelho por estes terem cometido uma pequena “irregularidade”, durante uma corrida pelo relvado, e afastou-os do jogo que oponha o Benfica a uma selecção europeia. Os dois jogadores, suspensos, foram, com as lágrimas nos olhos, falar com Borges Coutinho, o então Presidente do Benfica, uma espécie de anjo na terra, que os mandou equipar. Mais tarde, Coutinho comunicou o sucedido a Hagan, explicando que aquele era um jogo de festa. O inglês, agreste, bateu com a porta da cabine, e nem orientou a equipa nesse amigável. O óbvio aconteceu no dia seguinte, isto é, Hagan rescindiu o contrato que o ligava aos encarnados.
Da Luz foi para o Estoril, onde conduziu canarinhos à I Divisão. Esteve uns anos no Kuwait, para encher a sua contra bancária de petro-dólares, e passou pelo Sporting de João Rocha, mas em Alvalade não foi além do 3ºlugar. Andou pelo Bessa, para ganhar uma Taça Portugal, e depois de uma experiência em Belém deixou, subitamente, o futebol, para descansar! Nunca esqueceu o amor que sentia pelo nosso país, vindo cá frequentemente.
Faleceu a 28 de Fevereiro de 1998…
Em 2001, Eusébio deslocou-se a Sheffield a fim de homenagear o seu antigo treinador e amigo, junto da sua estátua de bronze na sede do Sheffield United.
Jimmy Hagan era descrito, por quem o conheceu, como duro, frio, intratável, tirano e sisudo. Ficou famoso por uma expressão anglo-saxónica com que retorquiu muitas vezes aos jornalistas: no comments
«Sempre que a minha equipa entrava em campo eu ficava com os jogadores no coração. Nunca deixei de ser jogador e jogava com eles. Nos treinos não era duro, apenas exigia que fizessem aquilo que eu faria se estivesse no lugar deles. E se os multava era porque eles mereciam. A minha justiça foi sempre salomónica, porque foi assim que me ensinaram a viver.»
Jimmy Hagan
Ficha Técnica:
Nome: Jimmy Hagan
Data de nascimento: 21/01/1918 a 28/02/1998
Naturalidade: Washington
Nacionalidade: Inglesa
Clubes que representou como jogador: Derby County e Sheffied United
Clubes que representou como treinador: Peterborough United, West Browinch Albion, Benfica, Estoril, Sporting, Boavista, Belenenses
Internacionalizações: 48 (1 golo)
Palmarés:
Três campeonatos nacionais
Duas Taças de Portugal
Uma Taça da Liga Inglesa
Uma League 2
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