quarta-feira, setembro 20, 2006

Jogador Atacante da Semana: Ricardo Carvalho


Nome: Ricardo Alberto Silveira Carvalho
Data de Nascimento: 18/05/1978 (28 anos)
Clube: Chelsea FC
Nº da Camisola: 6
Posição: Defesa Central
Altura: 1,83 metros
Peso: 79 kg
Naturalidade: Amarante – Portugal
Palmarés:
  • 2 Campeonatos Portugueses (2003 e 2004)
  • 2 Campeonatos Ingleses (2005 e 2006)
  • 1 Taça de Portugal (2003)
  • 1 Taça da Liga Inglesa (2005)
  • 1 Community Shield (2005)
  • 1 Liga dos Campeões (2004)
  • 1 Taça UEFA (2003)
  • 1 Vice-Campeonato da Europa (2004)
  • 1 Quarto Lugar no Mundial (2006)
  • Melhor Defesa da Europa (2004)
Ricardo Carvalho é, nos dias que correm, um dos melhores e mais conceituados defesas centrais de toda a Europa. Portugal tem a sorte de contar com ele e Jorge Andrade, defesas de classe mundial, para o eixo defensivo da selecção nacional. É um defesa muito, muito completo. Além de uma grande capacidade de desarme e antecipação, o defesa do Chelsea é um atleta tecnicamente bastante evoluído se tivermos em conta a posição em que joga, porque não é comum ver num central tantas qualidades técnicas que inclusivamente lhe permitem subir várias vezes no terreno criando superioridade numérica em zonas invulgarmente ocupadas por jogadores da sua posição. É forte na marcação, como aliás em tudo o que faz. Reúne todas as qualidades e características que são necessárias num defesa de topo e por isso o português é mesmo um fora de série. Inconfundível pela sua postura e elegância em campo e fora dele. É uma pessoa simples, humilde e parece ter bem os pés assentes no chão. Concluindo, Ricardo Carvalho é um jogador muito completo, quase perfeito em parâmetros como antecipação, desarme, marcação, velocidade, cabeceamento e capacidade de ler o jogo e atacar de quando em vez. Tenho uma franca admiração por este homem do Chelsea e acho que é um jogador absolutamente fantástico, um dos mais fenomenais centrais que as Terras Lusas conheceram e forma duplas fantásticas com Terry e Andrade, no clube e selecção respectivamente.

Carvalho nasceu em Amarante, no norte do país, no dia 18 de Maio de 1978. Quase toda a sua formação foi feita no clube local, o Amarante Futebol Clube. Em 1996, quando já tinha 18 anos, foi-lhe feita uma aliciante proposta: representar o melhor clube português, o FCPorto. Como seria de esperar, o jovem atleta nortenho aceitou o desafio e iniciou a sua dura mas compensadora caminhada rumo a uma brilhante carreira. Jogou ainda nos juniores, antes de passar à equipa principal. Logo que a porta da equipa A se abria, o central foi emprestado à modesta equipa do Leça FC, que militava na altura o principal escalão do nosso futebol. Na temporada seguinte, em 1998/99, mereceu a confiança do então treinador dos dragões, Fernando Santos, e ficou no plantel. Face às poucas oportunidades e a necessidade de rodar, Ricardo Carvalho voltou a ser emprestado, desta feita aos sadinos do Vitória de Setúbal. A qualidade começava a sobressair e Alverca foi a última paragem antes de permanecer definitivamente no clube azul e branco, decorria a época 2000/01. Em 2001/02, Jorge Costa foi emprestado em Dezembro aos ingleses do Charlton e a porta abriu-se para Carvalho que já espreitava por uma verdadeira hipótese de se afirmar no futebol português e europeu. Os seus 25 jogos no campeonato nacional e 10 nas competições europeias trouxeram-lhe imediatamente o estatuto de bom central, que mudou radicalmente para super central no ano seguinte, em que os portistas conseguiram triunfar na Taça UEFA. Na altura, o FCPorto eliminou o Polónia Varsóvia na primeira eliminatória num resultado conjunto de 8-0 (6-0 em casa e 0-2 fora), tendo o Áustria de Viena, recente adversário do Benfica na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, sido alvo da potência do Porto (1-0 e 0-2 foram os resultados). Nos dezasseisavos de final, os franceses do Lens caíram aos pés dos dragões com um convincente 4-0 (3-0 em casa e em França 0-1). Foi nos oitavos de final que os portugueses sofreram o primeiro golo na competição, curiosamente numa goleada impingida aos turcos do Denizlispor, que perderam por 6-1 nas Antas, apesar do empate em terras turcas a duas bolas. Os gregos do Panathinaikos conseguiram derrotar o FCP em casa, pela margem mínima, 1-0, mas Derlei acabaria por fazer cair por terra todas as aspirações gregas, dando ao Porto a passagem às meias finais, marcando o 2-0 final, no terreno do Panathinaikos. A Lazio foi seguinte vítima: a célebre vitória por 4-1 ainda nas Antas, num jogo debaixo de uma chuva torrencial em que, apesar do primeiro golo ter pertencido aos italianos, levaram um banho de chuva mas principalmente de bola. Inesquecível, especialmente para quem, como eu, esteve presente no estádio. Em Roma, o nulo acabou por ser o resultado final, num jogo a que Mourinho assistiu na bancada fruto de uma atitude pouco bonita no Porto em que puxou o argentino Castromán para impedir que executasse um lançamento lateral que podia permitir à Lazio um segundo golo. A final de Sevilha foi o último jogo na competição e a vitória acabou por sorrir aos lusitanos que, apesar da angústia, conseguiram arrecadar mais um caneco. Larsson ainda fez o bis para os escoceses mas, e já na segunda parte do prolongamento, Derlei sentenciou a partida depois de já ter marcado no fim da segunda parte e de Alenichev (único a marcar golos nas duas grandes finais, Taça UEFA e Liga dos Campeões) ter feito o segundo aos 54 minutos. A época de 2002/03 foi espectacular para o jogador, não só em termos colectivos (conquista da SuperLiga, da Taça de Portugal e da Taça UEFA), mas também em termos individuais, pois notabilizou-se no panorama europeu e começaram a nascer-lhe as asas que o levariam para Londres, tempos depois. Ricardo Carvalho formou a dupla de centrais com Jorge Costa que levou o FCPorto a voos ainda mais altos na alta-roda do futebol internacional aquando da conquista da maior competição europeia de clubes, a Liga dos Campeões Europeus. O grupo do FCPorto era constituído por Real Madrid, Marselha e Partizan, além do FCP e nem fomos nós os primeiros classificados. O Real Madrid, com 16 pontos, seguiu com o primeiro lugar e o FCPorto, somente com 11 pontos, passou aos oitavos de final. O Manchester United perdeu no Dragão com uma das melhores noites de McCarthy na sua carreira a marcar os dois golos (espectaculares!) aos ingleses. Em Manchester, quando tudo já previa a passagem dos ingleses aos quartos, eis que Costinha fecha o marcador com um golo nos descontos, aproveitando uma defesa incompleta do guardião do Man Utd. Ficou 1-1. Os quartos de final não foram tão sofridos e o 2-0 alcançado na primeira-mão deu segurança aos portistas a quem o empate a 2 na segunda mão serviu perfeitamente. O Desportivo da Corunha era o adversário das meias-finais e Derlei, já na segunda mão, marcou de penalty o único golo do agregado. A grande final foi contra o AS Mónaco, que deu a vitória ao Porto com relativa facilidade: 3-0 foi o resultado final numa das noites mais históricas do clube, em Gelsenkirshen. Carlos Alberto, ainda no primeiro tempo, abriu a contagem e os nº10 Deco e Alenichev encarregaram-se de fazer o gosto ao pé numa das finais mais desequilibradas dos últimos anos. Se 2002/03 tinha sido um ano desportivo maravilhoso, então 2003/04 foi absolutamente inigualável. Só mesmo a Taça de Portugal fugiu a Mourinho e os seus pupilos, nesse ano, perdida para o Benfica em meados de Maio. De resto, a vitória incontroversa no campeonato e a obtenção da Taça dos Campeões fizeram de 2003/04 uma época mágica das longas páginas do livro do Dragão. Além de todos estes motivos de orgulho e felicidade, o natural de Amarante ganhou o prémio de melhor defesa da Europa pela UEFA e conseguiu concretizar o sonho de qualquer futebolista ao representar o seu país pela primeira vez em 2003, frente à Albânia, único desafio disputado antes de se estrear numa grande competição, o Campeonato da Europa, de quinas ao peito. Nesse Europeu, disputado no nosso país, Portugal foi vice-campeão europeu tendo caído aos pés da Grécia no primeiro e último jogos da competição. E foi precisamente graças à derrota frente aos helénicos no primeiro encontro do torneio que Scolari se viu obrigado a trocar de jogadores e a implementar a estrutura do FCPorto campeão europeu. Ricardo Carvalho entrou assim no onze inicial no segundo jogo frente à Rússia para nunca mais largar o lugar. Levou um amarelo aos 24 minutos, neste jogo que acabou com uma vitória dos anfitriões por 0-2. Os seis pontos seriam alcançados frente a “nuestros hermanos”, numa partida cujo resultado final foi 1-0 a nosso favor (golo de Nuno Gomes, que nasceu em Amarante tal como Ricardo Carvalho). Seguiu-se o mítico embate contra os ingleses em que ganhamos com o penaltie de Ricardo que defendeu sem luvas o anterior. Owen marcou aos 3 minutos e Postiga voltou a restabelecer o empate aos 83 minutos. No prolongamento foi Rui Costa o primeiro a marcar mas seria Lampard aos 115 a obrigar ao desempate por grandes penalidades em que Portugal foi mais feliz. Contra a Holanda a registar o golão de Maniche aos 58 minutos, depois de um de Cristiano Ronaldo aos 36. O parceiro defensivo de Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, ainda teve tempo de fazer um golo mas infelizmente na própria baliza. 2-1 foi o marcador. Na decisiva e derradeira final, os gregos conseguiram dar uma das maiores desilusões desportivas a todos nós, atacantes, ao bater-nos na final por 1-0, golo solitário de Angelos Charisteas, o carrasco português.
Todo este sucesso fez com que acompanhasse José Mourinho, Paulo Ferreira, Rui Faria, Baltemar Brito e André Vilas Boas para o Chelsea FC de Inglaterra. O FCPorto ganhou 25.000.000€ com a transferência. Com dois títulos de campeão na bagagem, Ricardo Carvalho somou outros dois nas últimas duas temporadas. Foi um importante jogador, tanto em 2004/05 como em 2005/06 como está a ser agora em 2006/07 na manobra defensiva do Chelsea. Robert Huth e Gallas (muitas vezes a jogar na lateral esquerda) são concorrentes de peso, mas nem por isso o português conseguiu impor-se e formar com Terry uma das mais coesas duplas de centrais do nosso continente. São mais de 55 jogos (cerca de 25 em cada uma das duas épocas anteriores) ao serviço dos “blues” e mais de 30 ao serviço de Portugal, desde 2004. Tendo em conta que parou 2 meses com um dedo do pé partido (perdeu mais de uma dezena de jogos), isto é a prova provada de que o campeão inglês é um futebolista de renome e qualidade reconhecida. O seu mediatismo cresceu ainda mais com as recentes exibições no último Mundial de futebol na Alemanha em que Portugal arrecadou um brilhante 4º lugar, muito graças à grande segurança defensiva de Ricardo Carvalho, titularíssimo em todos os jogos. Com a lesão do jogador do Desportivo da Corunha, Jorge Andrade, o nosso Jogador Atacante da Semana de hoje teve que fazer dupla com Fernando Meira do Estugarda no eixo da retaguarda portuguesa e chegou mesmo a jogar com o portista Ricardo Costa a seu lado. 1-0 contra Angola, 2-0 contra o Irão e, já com alguns suplentes devido à garantia da passagem à segunda fase, 2-1 diante do México que foi eliminado posteriormente pelos nossos irmãos brasileiros. Ricardo Carvalho, a par de Miguel, destacava-se já como o jogador da defesa mais sólido, seguro, confiante, capaz e em melhor forma. Foi um esteio nestes jogos e nos que se seguiram, como todos sabem: Holanda nos oitavos de final, num jogo cheio de expulsões em que Portugal ganhou 1-0, golo de Maniche aos 23 minutos; Inglaterra nos quartos de final, com um 0-0 que obrigou ambas as equipas a reeditarem os quartos de final do Europeu em que foram também à lotaria das grandes penalidades. Ricardo estabeleceu o recorde de maior número de defesas, 3, sendo o herói da partida como havia sido 2 anos antes. Nas meias-finais acabaríamos por cair diante dos pés da França que marcaram de penaltie por Zinedine Zidane aos 33 minutos. O jogo de 3º e 4º lugar terminou com uma vitória dos da casa, a Alemanha, por 3-1. Enfim, a carreira de Ricardo Carvalho é bastante interessante e achei que merecia ser o primeiro jogador português e/ou a jogar em Portugal desta rubrica. Estou convicto de que continuaremos a ver este central a espalhar classe e magnificência pelos relvados ingleses, ao serviço do Chelsea, e do resto da Europa representando o país de todos nós, Portugal. Grande Homem, Grande Futebolista!

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