quinta-feira, setembro 28, 2006

Referências estrangeiras do nosso futebol: Josef Szabo


A referência estrangeira desta semana jogou, é certo, nos relvados português, mas foi como treinador que se notabilizou no nosso país. Falo-vos de Josef Szabo, ou se preferirem José Sezabo, um treinador com métodos algo revolucionários para as décadas de 30/40/50.
Nasceu no final do século XIX, em 1896, numa aldeia de pescadores chamada Gonyo, à beira do Danúbio. Quando tinha quatro anos, a sua família mudou-se para Gyor, que, contudo, não ficava muito longe de Gonyo, mas era uma cidade industrializada e deveras desenvolvida. Acabou por ser num bairro pobre dessa cidade que Szabo descobriu o futebol.
Aos 14 anos, começou a trabalhar no ofício de torneiro mecânico, porém todo o seu tempo livre era dedicado ao............futebol. Uma vez que jeito não lhe faltava , integrou a equipa do Gyor, onde acabou por dar nas vistas e aos 20 anos mudou-se para o Ferencravos, a troco de um emprego numa fábrica de munições. Pouco depois acabou, mesmo, por representar a mítica selecção da Hungria, actuando a médio-centro.
Em 1926, a famosa equipa do Szombetely planeou uma digressão pelo nosso país e para se reforçar melhor pediu Szabo emprestado ao Ferencravos. No entanto, a escala na Madeira acabou por ser decisiva para o futuro do jovem Szabo. Na altura, um dirigente do C.D.Nacional convidou Szabo a ficar no Funchal, a fim de representar o seu clube. O húngaro, ansioso por um novo desafio, aceitou o convite e ficou na Pérola do Atlântico. No ano seguinte, acabou por troucar o Nacional pelo arqui-rival Marítimo, que havia sido campeão de Portugal um ano antes.
Em 1929, aquando de uma deslocação de uma selecção do Porto à Madeira, Szabo acabaria por despertar o interesse do F.C. Porto: a selecção de jogadores que jogavam na Madeira bateu de forma inequívoca os nortenhos por 5-1, e o principal desiquilibrador foi …… Szabo. Depois, Miguel Siska, guarda-redes do F.C. Porto, convenceu-o, através de uma carta, a mudar para a cidade invicta, o que acabou por acontecer em 1930, onde foi para jogar e, curiosamente, treinar, trazendo consigo Pinga e, o meu tio-avô, Carlos Pereira.

Foi chegar, ver e vencer: o F.C. Porto foi campeão de Portugal em 1931/1932, sob o seu comando. Todavia, começaram a surgir rumores de que a sua magia já era conhecida em Lisboa, o que levava os dirigentes portistas a deixá-lo no Porto cada vez que a equipa descia a Sul.
Esteve no F.C. Porto até 1937, ano em que acabou por ser despedido do comando dos dragões, vítima dos seus impulsos. Mais tarde, o F.C. Porto tentou com que ele voltassse, numa altura em que o húngaro treinava o Sporting de Braga, mas Szabo já tinha um acordo com o Sporting de ............ Lisboa
Foi, sem sombra de dúvida, nos leões onde atingiu o ponto mais alto da sua carreira. Apesar de tudo ter ganho ao serviço da equipa leonina, foi despedido em 1944, muito por causa do seu carácter, que pouco, ou nada, agradava aos dirigentes, não só do Sporting, como aos restantes dirigentes nacionais.

De seguida, iniciou, aquilo a que podemos chamar, uma autêntica volta a Portugal. Voltou ao Porto e a Braga, mas sem o sucesso de outrora, e depois passou por Faro, Olhão, Espinho, Famalicão, Marvila, Alcântra, Caldas da Rainha, entre outras.
Voltou para o “seu” Sporting, em 53/54 para ganhar mais dois títulos, um campeonato e mais uma taça de Portugal, respectivamente. No entanto, a partir daí, a sorte parecia tê-lo abandonado, quer na vida profissional, quer na vida familiar.
Em 1955, por gratidão ao país que o acolheu, naturalizou-se português, trocando, inclusive, o seu nome para José Sezabo.
Passou os seus últimos anos no centro de estágio leonino, e foi curiosamente onde acabou por morrer. Pelos vistos, a vida tem coisas engraçadas, e Szabo não poderia encontrar melhor local para a sua morte do que um estádio de futebol.
Szabo tinha métodos de treino muito peculiares: nos seus primeiros tempos como treinador, orientava os treinos sentado junto à linha lateral numa cadeira talismã, tirava apontamentos, fumava o seu charuto havano e usava um chapéu de coco. Ganhou a má fama de insultar os jogadores – por vezes até os maltratava -, dirigentes e de ser o general irascível. Não obstante, ninguém pode deixar de reconhecer o seu contributo significativo para a evolução do futebol português.


Ficha Técnica:
Nome: Josef Szabo
Data de Nascimento: 11/5/1896
Data da sua morte: 17/3/1973
Naturalidade: Gyor
Nacionalidade: Húngara
Posição: Médio
Clubes que representou como: Gyor, Ferencravos, Szombately, Nacional, Marítimo e F.C. Porto
Clubes como treinador: F.C.Porto, Sp. Braga, Sporting, Farense, Olhanenses, Caldas......
Internacionalizações: 12

Palmarés como jogador:
1 Campeonato de Portugal

Palmarés como treinador:
1 Campeonato de Portugal
1 Campeonato da Liga
5 Campeonatos nacionais
2 Taças de Portugal

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