A referência estrangeira desta semana, outra autêntica referência atacante, é um jogador que jamais será esquecido pelos adeptos do Vitória de Setúbal. Rashidi Yekini, um dos melhores avançados africanos que passou por Portugal, representou os sadinos num total de 4 épocas e meia.
Nasceu na cidade nigeriana de Kaduna e começou a carreira no modesto United Nigerian Textiles Limited. Cedo começou a dar nas vistas, e o Shooting Stars, um dos clubes mais emblemáticos da Nigéria, não hesitou em contratá-lo. Porém, o jogador, embora já fosse dotado de grande técnica, não conseguiu impor-se no clube.
Em 1984, foi convocado para CAN e estreou-se pela sua selecção a 5 de Março de 1985, ainda ao serviço do Shooting Stars.
Depois mudou-se para o Abiola Babes, em 1985, onde progrediu substancialmente e continuou a ser chamado à selecção principal do seu país, marcando o primeiro golo ao serviço dos “Super-Águias” a 6 de Abril de 1985, em jogo a contar para a fase de qualificação para o Campeonato do Mundo de 1986, frente ao Quénia.
Em 1988, com 24 anos, parte para a sua primeira aventura no estrangeiro: transfere-se para o Africa Sports, da Costa do Marfim. Não teve dificuldades em adaptar-se, apesar de o futebol marfinense naquela altura ser algo diferente do futebol nigeriano.
Permaneceu no futebol marfinense durante três épocas e despertou o interesse do Vitória de Setúbal. O facto de estar referenciado como um avançado possante, um verdadeiro homem de área, com provas dadas, tanto no seu clube anterior como na selecção, fez com o clube de Setúbal apostasse na sua contratação.
Na primeira época ao serviço dos sadinos, foi o melhor marcador da equipa. Marcou 13 golos, que, todavia, não foram suficientes para evitar a descida de divisão do Vitória de Setúbal.
Não obstante a sua equipa ter sido relegada, Yekini continuou ao serviço dos sadinos. E, em minha opinião, e para contentamento dos adeptos sadinos, tomou a decisão correcta, uma vez que nas duas épocas seguintes foi o goleador mor da então II Divisão de Honra, com 22 e 34 golos, respectivamente. Inclusivamente, a marca de golos que atingiu na época 92/93 permanece ainda como um recorde naquele escalão.
Se na época 91/92, os golos de Rashidi não foram suficientes para que o Vitória de Setúbal conseguisse a subida, já não se pode dizer o mesmo em relação à época 92/93, onde os golos do nigeriano foram fulcrais para que a sua equipa regressasse ao escalão máximo do nosso futebol. Ainda nesse ano, e muito graças aos golos marcados no segundo escalão do nosso futebol, foi eleito o melhor jogador africano.
Na época 93/94, Yekini e o moçambicano Chiquinho Conde formaram uma dupla no ataque sadino, que deu a volta à cabeça de muitos defesas do nosso campeonato (futebol africano no seu melhor). Aliás, o ano de 1994 foi inesquecível para o já experiente Yekini, de 30 anos. No princípio do ano, tornou-se campeão africano de futebol e foi pela segunda vez o melhor marcador da CAN. No nosso campeonato, conseguiu repetir aquilo que tinha feito na II Divisão de Honra, ou seja, foi o melhor marcador com 21 golos, e o “seu “Vitória conseguiu um sensacional 6ºlugar. Para época terminar em beleza nada melhor que uma presença numa fase final de um campeonato do mundo.
No Mundial de 1994, nos Estados Unidos, na estreia dos “Super-Águias” na fase final daquela competição, liderou uma equipa, onde perfilavam grandes jogadores, como Amunike, Finidi, Amokachi. Oliseh, Okocha, entre outros: provavelmente a melhor geração de jogadores nigerianos.
Rashidi fez história ao marcar o primeiro golo daquela selecção africana num campeonato do mundo. A geração de ouro do futebol nigeriano acabou, porém, por ser travada pelos italianos, que viriam a ser finalistas naquele torneio.
Depois do Mundial, Yekini era uma estrela, mundialmente conhecida, o que o levou a trocar o Vitória de Setúbal pelo Oliampiakos. Era, supostamente, o ponto mais alto da sua carreira. Pela primeira vez, desde que chegara à Europa, estava num clube com ambições internas e com algumas ambições a nível internacional. Só que nem tudo foram rosas, aliás, houve até muitos espinhos, e a sua estada na Grécia não foi para recordar: não se adaptou de todo ao futebol grego e não criou um bom entendimento com os colegas de equipa. Portanto, a sua saída no final da época foi inevitável. A verdade é que a seguir ao Mundial de 94, a sua carreira não teve o mesmo fulgor.
Tentou a sua sorte no futebol espanhol, mais especificamente no Sp. Gijon, onde, novamente, não foi bem sucedido.
Em Dezembro de 1996, voltou aos palcos portugueses e para o.......Vitória de Setúbal. Voltou a fazer dupla com o seu velho amigo Chiquinho Conde, mas, longe do brilhantismo do princípio dos anos 90, apenas marcou 3 golos, em 14 jogos.
Na época seguinte partiu para o futebol suíço, para representar o Zurich. Foi, digamos, um renascer das cinzas, visto que marcou 14 golos e ajudou o que clube que representava a alcançar as competições europeias. No final da época esteve presente no Mundial de 94, em França, onde os “Super-Águias” voltaram a cair nos Oitavos-de-final, desta feita aos pés da Dinamarca.
Com 34 anos, Yekini decidiu dar um novo rumo à sua carreira: voltou para o futebol africano para representar o Bizertin, da Tunísia, e não muito tempo depois, como fazem muito jogador quando atingem uma certa idade, aceitou um contrato milionário para representar o Al Shabad, da Arábia Saudita.
No final da época, regressou ao futebol marfinense e voltou a vestir as cores do Africa Sports, onde esteve mais três épocas até voltar em definitivo ao seu país, o que aconteceu em 2003 para representar Julies Berger FC. Depois, com 41 anos, mudou-se para o Gateway FC, onde continua a dar pontapés na bola.
“Deus Negro”, “Fenómeno” e “Pérola Negra”, foram apenas alguns dos nomes com que foi apelidado. Yekini caracterizou-se como um jogador muito rápido e com faro para o golo. No entanto, tinha um defeito: era fraco no jogo de cabeça. Se tivesse a mesma eficácia com a cabeça como tinha com os pés, provavelmente seria imparável. No nosso país, marcou um total 93 golos em jogos oficiais. Pela selecção nigeriana, marcou 37 golos, em 58 jogos, e é o melhor marcador de sempre dos “Super-Águias”.
“É incrível que eu, aos 41 anos, esteja em melhor condição física que alguns jogadores de 18 anos. (…) Alguns estão disposto a aprender, mas outros não. Aos que sim, que respeitam o que logrei, faço por aconselhá-los….”
Rashidi Yekini
Ficha Técnica:
Nome: Rashidi Yekini
Data de Nascimento: 23/10/1964
Naturalidade: Kaduna
Nacionalidade: Nigeriana
Posição: Avançado
Clubes que representou: United Nigerian Textiles Limited, Shooting Stars, Abiolo Babes, Africa Sports, Vitória Futebol Clube, Olympiakos, Sporting Gijon, Zurich, Bizertin, Al Shabad, Julies Berger FC e Gateway FC.
Internacionalizações: 58 (37 golos)
Palmarés:
2 Campeonatos Nigeriano
1 Taça da Nigéria
3 Campeonatos Marfinenses
2 Taças da Costa do Marfim
1 Taça das Taças Africana
1 Liga dos Campeões Árabes
1 Taças das Nações Africanas
2 vezes melhor marcador da CAN, em 1992 e 1994
2º melhor marcador da CAN, em 1990
2 vezes melhor marcador da II Divisão de Honra, em 91/92 e 92/93
Recordista de golos numa época na II Divisão de Honra (34 golos, em 92/93)
Melhor marcador do campeonato português, em 93/94
Melhor jogador africano em 1993
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