Em dia de inicio de jornada, a segunda, desta Bwin Liga queria deixar-vos algumas reflexões e manifestar o meu desagrado face a forma como o mau dirigismo continua a degolar o futebol português.
Por deliberação do Conselho Superior de Desporto foi reduzido o número de clubes nas ligas profissionais. O motivo foi a alegada falta de competitividade das competições profissionais.
Esta decisão tem o condão de ser executada precisamente após em Portugal termos testemunhado as ultimas 4 épocas mais competitivas de sempre e onde a capacidade das equipas nacionais em provas extra-muros se mostrou das melhores de sempre, com conquistas de vários títulos, presenças em finais ou em estados avançados das competições.
Frequentemente, críticos, jornalistas, dirigentes e analistas desportivos vinham a público opinar sobre o excesso de carga competitiva (e física) a que os clubes (especialmente os grandes) estavam sujeitos. Taça de Portugal, Liga, Supertaça, e provas europeias parecem ser um excesso competitivo e de calendarização insuportável para os clubes. Na opinião destes senhores, este facto, aliado ao facto da Liga ter 18 emblemas tornava a prova pouco competitiva. Então como explicam as boas prestações europeias e a crescente competitividade das últimas edições da Liga?
Executou-se, então a redução de clubes nas provas profissionais sem estar isenta de polémica. Quem perdeu? Perde a competição, a descida apenas de dois clubes poderá fazer com que a meio da época, como é habitual um clube já se encontre em situação aflitiva, sobrando apenas outro para o final da época, onde duvido que essa luta seja feita entre muitos clubes; Perdemos nós, os adeptos pois há 5 meses de paragem ao longo da prova. E 5 meses sem competição é muito tempo. Repare-se na calendarização no natal onde a paragem agora ascende a perto de um mês. Altura em que os clubes, certamente iram ter de recorrer a jogos de treino ou particulares para não perderem ritmo competitivo. Não seria mais fácil termos, simplesmente jogos da competição a decorrer?
Tomando por exemplo o paradigmático caso inglês, lá disputam-se 4 competições (premiership, comunity shield, FAcup e league cup) para alem das provas europeias, isto não esquecendo que se trata de um campeonato a 20 equipas.
Parece-me, portanto incompreensível esta decisão de redução dos clubes numa altura em que o futebol português cresce em todos os âmbitos. Este facto vai contribuir para aligeirar a Liga e a forma como estes a encaram. Vai reduzir os níveis competitivos, de forma, psicológicos e físicos dos jogadores que se vão naturalmente acomodar a um calendário menos exigente. Uma época com apenas 7 meses de competição é manifestamente insuficiente. 5 meses sem provas é algo de incompreensível.
Já iniciou mal a Liga. Na primeira jornada nenhum dos jogos se realizou na hora do dia agendado. Ou seja o típico domingo a tarde onde os adeptos de encontram ligados à radio a saber os resultados vai tornar-se, pelo menos à luz do exemplo da ronda inaugural, uma nostálgica recordação. O mau exemplo já está dado. Ainda nem se cumpriu a primeira jornada e tivemos já uma paragem com os compromissos das selecções. Parece-me que os mais viciados em futebol vão ter alguma dificuldade ao longo desta época.
Tudo isto vai fazer decrescer o nível de competitividade na Liga, superficializar a preparação das equipas, que se vai reflectir essencialmente nas provas europeias.
A seu tempo veremos as consequências da redução de clubes nas várias provas e competições.
Tomando como exemplo da época passada, uma boa solução pode ser o alargamento de novo para 18 clubes, mas descendo 4 e subindo 4. Penso que seria um bom incentivo à competição. Aumentaria a luta pela não despromoção e faria crescer o investimento dos clubes da segunda liga para tentar a subida de divisão.
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