domingo, setembro 10, 2006
Varzim SC x Vitória SC
Estádio: Varzim Sport Clube
Assistência: 7 000 pessoas
Árbitro: Olegário Benquerença
Por tudo o que antecedeu a sua realização, o jogo Varzim x Vitória era muito aguardado por ambas as partes envolvidas. A juntar à já antiga rivalidade entre as duas formações, havia a troca de palavras entre treinadores e a prometida "Marcha Branca" por parte dos apaixonados adeptos vitorianos.
E no que dependeu deles, mais um jogo foi ganho. Além do desfile arrepiante pela principal rua da Póvoa, estiveram presentes em larga maioria nas bancadas mostrando uma vez mais o porque de se considerarem um povo diferente.
Mas como o que interessa não são os golos marcados nas bancadas, mas sim no relvado, vamos ao que se passou nele.
Com a lição muito bem estudada, o Varzim entrou em campo decidido a não deixar o Vitória sair a jogar e exerceu grande pressão no meio-campo adversário conseguindo ganhar quase todas as bolas e conseguindo até contruir alguns bons lances de ataque.
O jogo por esta altura era de encaixamento das equipas uma na outra, mas mesmo assim, o Varzim conseguia ser a equipa que atacava mais e que chegava mais vezes à área adversária com o Vitória, inexplicavelmente, a tentar apenas equilibrar o jogo, o que raras vezes conseguiu na primeira parte. Os passes errados por parte da equipa de Guimarães eram uma constante, as perdas de bola a meio-campo também e os laterais vitorianos pareciam não conseguir chegar para tudo.
A partida encontrava-se sem grandes motivos de interesse, o Varzim atacava mais, o Vitória tentava responder e apesar de alguns bons pormenores individuais, dava a imagem de uma equipa adormecida e sem capacidade de reacção.
Essa imagem tornou-se ainda mais nítida no lance do golo. Na sequência de um livre marcado por Nuno Rocha e sem qualquer tipo de oposição (?!) por parte dos centrais vitorianos, Bruno Miguel cabeceia com sucesso para o fundo das redes de Nilson. 1-0 para a equipa da casa. Resultado justo pelo caudal ofensivo que os poveiros vinham a apresentar, e apesar de ter surgido no momento em que o Vitória parecia finalmente querer mudar o rumo dos acontecimentos, por uma questão de justiça, este golo aconteceu na baliza certa.
Depois do golo, o Vitória tentou sair mais para o ataque e num desses lances, já nos ultimos minutos da primeira parte (43') Ghilas partiu isolado e foi carregado por Bruno Miguel. O homem que já tinha assumido o protagonismo da primeira parte por ter sido o autor do golo, via agora esse mesmo protagonismo reforçado com o cartão vermelho que viu.
Deste lance resultou um livre executado por Brasília, mas sem grande perigo para a baliza do Varzim. Norton de Matos já devia a esta altura suspirar pelo intervalo para tentar acordar os seus jogadores e o árbitro fez-lhe a vontade poucos minutos depois ao apitar para o final da primeira metade do encontro.
Na segunda parte, as palavras de Norton de Matos parecem ter surtido efeito nos homens da Cidade-Berço pelo menos nos primeiros instantes dos segundos 45' de jogo. O treinador vitoriano tirou Flávio e fez entrar Henrique talvez com o objectivo de dar mais actividade ao sector mais adiantado da sua equipa. E pelo menos nos primeiros 20 minutos conseguiu, pois o jogador com a camisola 17 do Vitória entrou cheio de vontade de dar um novo rumo à partida.
Por esta altura o Vitória dominava o jogo, mas a jogar contra 10 pedia-se um dominio mais avassalador e uma vontade maior de alterar o marcador. Mesmo com alguma dificuldade, o golo vitoriano lá apareceu. Um minuto depois de ter feito um bom trabalho a recuperar uma bola, rodar e rematar, Fábio marcou mesmo. Assistência de cabeça de Henrique e finalização também ela de cabeça por parte do número nove vitoriano. 1-1 no marcador. Empate restabelecido e justiça também ela neste golo.
A partir daqui, a atitude de querer ainda mais ganhar o jogo que se esperava surgir do lado do Vitória, não apareceu e foi o Varzim que conseguiu fazer esquecer que estava a jogar apenas com 10 jogadores e continuou a dominar a partida.
Quando os adeptos vitorianos já se mostravam contentes (?!) por levar um empate para casa, aconteceu um final de partida verdadeiramente inacreditável. Ao minuto 89', Vítor Moreno decide, com o auxilio das mãos, impedir a progressão do jogador do Varzim, dentro da grande área. Expulsão do lateral-direito vitoriano e penalty concretizado por Denilson, repunha de novo a justiça no resultado.
Mas, se 2-1 já era suficientemente humilhante para os mais de 4 000 adeptos vitorianos que se deslocaram à Póvoa, a possibilidade de ver essa humilhação aumentada pairou no ar graças a Moreno. O capitão vitoriano carrega sobre o colega poveiro dentro da área e é expulso. Segundo penalty em 3 minutos para o Varzim, que desta vez Nilson defendeu com todo o mérito. Pelo menos ele para manter ainda alguma dignidade neste final de partida. Poucos segundos depois, Olegário Benquerença dava como terminado o jogo e os adeptos do Varzim festejavam com toda a justiça o triunfo sobre uma equipa que não soube ter a humildade, capacidade de entrega e de luta suficientes para um jogo desta dificuldade. Os jogadores vitorianos, não souberam tirar partido das mais de 4 000 pessoas que se deslocaram à Póvoa para os apoiar, e mostraram ser uma equipa sem os objectivos a que se propuseram desde o ínicio da prova.
Alguma coisa vai ter de mudar nesta equipa, especialmente a atitude. Para estar no Vitória é preciso ter estofo e quem não aguenta a pressão simplesmente não tem lugar neste clube.
MELHOR JOGADOR
Brasília. Por minha vontade, não atribuía este "estatuto" a nenhum jogador que participou no jogo de hoje, porque realmente nenhum esteve bem. Escolhi o menos mau, por alguns lances individuais, cruzamentos e livres bem executados.
ARBITRAGEM
Tentou controlar o jogo da melhor maneira, mas houve alturas em que não conseguiu. Podia ter evitado alguns cartões amarelos de ambos os lados. Esteve bem nos lances dos penalty's e das expulsões, embora no lance da expulsão de Bruno Miguel, a falta sobre Ghilas não seja totalmente clara. Nota positiva, apesar de tudo.
PONTOS POSITIVOS
- Uma vez mais, o ambiente de primeira divisão vivido nas bancadas, muito graças aos adeptos vitorianos. A "Marcha Branca" foi mais uma iniciativa única no panorama nacional e a presença em grande maioria no estádio conferiu mais uma vez um aspecto mais interessante ao jogo. Pena que a equipa de Guimarães não tenha sabido cumprir a sua parte em campo.
- A equipa do Varzim. Pela lição bem estudada por parte dos seus jogadores e principalmente do seu técnico, pela humildade, capacidade de luta e vontade de ganhar demonstrada. Vitória plenamente justa de uma equipa que mesmo com 10 jogadores nunca soube perder o Norte.
PONTOS NEGATIVOS
- A atitude da equipa do Vitória. Precisamente o oposto do seu adversário. Falta de vontade de ganhar, falta de humildade, falta de capacidade de luta. Uma equipa que se bate pelos objectivos que apregoa desde o ínicio da competição não pode nunca encarar um jogo da forma que os jogadores vitorianos encararam jogo. Ainda por cima, com a moldura humana que tinham a suporta-los...
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