José Mourinho auto-intitula-se o "Special One" e ninguém duvida que ele tem algo de especial.
Infelizmente (para ele) os últimos tempos não lhe têm corrido bem.
Talvez haja alguma relação entre os resultados do Chelsea e as suas declarações infelizes, talvez a (recente) ausência de sucesso leve o treinador dos "blues" a ser ainda mais polémico nas suas palavras...
Difícil de entender é a sucessão de palavras pouco simpáticas para com Cristiano Ronaldo.
No entanto, vejo alguma injustiça, quer na visão de Mourinho, quer nas críticas que lhe são feitas.
José Mourinho falou recentemente nas origens humildes do 7 dos "Red Devils" mas com palavras menos abonatórias, algo como "fraca educação".
Infeliz, é um facto.
Mas igualmente infeliz é quem o critíca.
Mourinho tem toda a razão.
Só que Mourinho não se pode esquecer que, tal como Ronaldo, a maior parte dos futebolistas troca bem cedo os livros pelas chuteiras.
A cultura geral de um futebolista, na grande generalidade dos casos (e, atenção que estou a generalizar) , é muito baixa. A própria escolha lexical é, por vezes, miserável.
O mesmo acontece com a sua educação, quer escolar quer caseira.
Somos algumas vezes enganados quando vemos e ouvimos as declarações de algum jogador e não conseguimos detectar nenhuma "calinada" e até nos parece que estamos perante alguma sensatez e eloquência...
Mas basta reparar que as declarações de futebolistas, treinadores e dirigentes são tiradas a papel químico.
"Jogámos bem, a equipa está bem, estamos a atravessar um bom momento de forma e esta vitória foi muito boa a nível anímico"; "Prefiro não comentar o trabalho do árbitro mas julgo que teve influência no resultado".
Frases feitas, daquelas que saem automaticamente da boca dos futebolistas de tantas vezes que as ouviram.
E, pior, é quando temos Jaime Pacheco, Carlos Brito, Jorge Jesus (medo...muitoooo medo!) ou mesmo Manuel Machado (que ostenta o título de professor) em conferência de imprensa. São ataques constantes aos ouvidos e à gramática.
Mas não são os únicos.
Paulo Sousa, Secretário, por exemplo, são comentadores desportivos!
Deus Meu!
Mas vão comentar o quê?
"ah, sim, o 4-4-2 montado pelo professor Neca pode ser a solução para este jogo porque encaixa na estratégia de 5-4-1 do Leiria".
Ena...sabem contar!
O mundo do futebol é um mundo de homens que foram crianças com um sonho, um sonho de jogarem à bola, de serem famosos e de serem ricos, um mundo de putos que trocaram a educação pelo relvado.
Uns chegam a um período da vida em que, por eles, acabam por evoluir e adquirir outros conhecimentos, outros, a grande maioria, estagna e acabam por chegar aos 40 e tal anos como dois elementos da escola de laterais direitos do FC Porto: João Pinto e Secretário são atentados autênticos a quem tem um mínimo de exigência intelectual.
São o espelho do mundo da bola, em que se pensa com os pés e se usa a cabeça para acertar na bola...
Mas desengane-se quem pensa que este tipo de discurso é um discurso elitista.
Pior mesmo é acompanhar as palavras de Joaquim Rita ou Rui Santos, de Miguel Sousa Tavares ou Leonor Pinhão.
Esses, com uma formação diferente, têm uma responsabilidade acrescida e fazem questão de serem irresponsavelmente parciais e até ignorantes.
Pior que não saber é saber e não usar o que se sabe.
Não há nada pior que ser inteligente e depois mostrar o oposto.
Sinceramente estou cansado (e julgo que não sou o único) de ouvir comentários que só dão para rir (e por vezes para chorar) ou de ler crónicas que parecem ter sido escritas sob o efeito de umas 20 cervejas e muita clubite.
Estas são palavras complicadas mas alguém tem de pôr o dedo na ferida.
Mais complicadas ainda são as opções dos "media" que insistem em publicar ou colocar no ar quem tem provado incessantemente que não possuiu qualidade.
Talvez seja mais que complicado, talvez seja perigoso...talvez sejam...Entradas Perigosas.
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