domingo, maio 27, 2007

FCPorto: 20 anos depois...


Faz hoje vinte anos. Sim, vinte anos. Um número redondinho. Faz hoje vinte anos que o Futebol Clube do Porto conquistou o seu primeiro troféu numa competição europeia, a Taça dos Campeões Europeus. Foi no dia 27 de Maio de 1987 que os pupilos de Artur Jorge levaram o nome do Porto até onde nunca tinham levado.

Três anos depois da final da Taça das Taças perdida em Basileia contra a Juventus de Trapattoni, Gentile, Tardelli, Platini, Rossi ou Boniek – só para citar alguns –, o FCPorto conquistou a Europa do futebol.

Para chegar à mítica final de Viena, o FCPorto teve que percorrer um longo e fantástico percurso.

1ª Eliminatória (Rabat Ajax - Malta)
FCPorto 9 – 0 Rabat Ajax (Gomes [4 golos]; Eloi, Madjer, André [2 golos] e Celso)
Rabat Ajax 0 – 1 FCPorto (Sousa).

2ª Eliminatória (TJ Vitkovice Ostrava - Checoslováquia)
TJ Vitkovice Ostrava 1 – 0 FCPorto (Sourek)
FCPorto 3 – 0 TJ Vitkovice Ostrava (André, Celso e Futre).

Quartos-de-Final (Brondby IF – Dinamarca)
FCPorto 1 – 0 Brondby IF (Madjer)
Brondby IF 1 – 1 FCPorto (Steffenson – Juary).

Meias-Finais (Dínamo de Kiev – União Soviética)
FCPorto 2 – 1 Dínamo de Kiev (Futre e André – Yakovenko)
Dínamo de Kiev 1 – 2 FCPorto (Mikhailichenko – Celso e Gomes)

Até que o FCPorto, para surpresa de todos e gáudio de alguns, atingiu a tão esperada final da Taça dos Campeões Europeus. O Bayern de Munique afigurava-se como um adversário temível e complicadíssimo. Os bávaros tinham ultrapassado PSV Eindhoven, Áustria de Viena, RSC Anderlecht e Real Madrid.

Foi então que, no dia 27 de Maio de 1987, o Estádio do Prater (actualmente designado Ernst Happel), na capital austríaca – Viena –, perante 56 mil espectadores, se desenrolou o jogo da final, arbitrado pelo belga Alexis Ponnet.

FC PORTO - Mlynarczyk; João Pinto (C), Eduardo Luís, Celso e Inácio; Jaime Magalhães, André, Sousa e Quim; Futre e Madjer.
Treinador: Artur Jorge.
Substituições: Quim por Juary (45m); Inácio por Frasco (65m).
Suplentes não utilizados: Zé Beto, Festas e Casagrande.


BAYERN MUNIQUE – Pfaff; Eder, Nachtweih e Pfluegler; Winklhofer, Flick, Matthaeus (C) e Brehme; Koegl, Hoeness e Rummenigge.
Treinador: Udo Lattek.
Substituições: Flick por Lunde (81m).
Suplentes não utilizados: Aumann, Willmer, Bayerschmidt e Kutschera.


Golos: 1-0 por Koegl (24m); 1-1 por Madjer (77m); 1-2 por Juary (79m).

Num estádio carregado de adeptos alemães, o Golias perdeu contra o David. O Bayern, na altura um clube com ainda mais poderio do que hoje, era um verdadeiro tubarão. Já o FCPorto, não era nada disso. Apesar da final da Taça das Taças e de algumas presenças na Taça dos Campeões Europeus, não era uma equipa habituada a estas andanças.

Na primeira parte, notou-se claramente a superioridade do Bayern e o golo surgiu com naturalidade da cabeça de Koegl, aos 24 minutos de jogo e aproveitando uma falha defensiva portista após um lançamento de linha lateral. Rummenigge, avançado histórico, ainda esteve quase a fazer o 2-0, mas tal não sucedeu.





Chegou o intervalo e Artur Jorge deve ter feito uma palestra fantástica durante o quarto de hora de pausa, porque os jogadores regressaram ao relvado completamente transfigurados, motivados e decididos a trazer o caneco para terras lusas. Na segunda parte, o FCPorto dominou por completo o Bayern de Munique, mas o golo tardou a aparecer. Pfaff, um dos melhores guarda-redes de sempre, sofreu o primeiro golo aos 77 minutos naquele que é, possivelmente, o golo mais famoso da história do futebol português, o golo de calcanhar de Rabah Madjer! Dois minutos depois, o recinto ficou silenciado com o último golo da partida, obtido por Filho Juary. Madjer lesionou-se nos festejos e saiu. Quando regressou, o nº8 azul e branco protagonizou uma arrancada e um cruzamento fenomenais. O centro foi ter ao segundo poste, onde o brasileiro Juary rematou para o fundo das redes, estava feito o 2-1. Fernando Gomes, o bi-bota, lesionou-se dias antes da partida. Contudo, o jogador entrado ao intervalo (Juary) conseguiu fazê-lo esquecer com um golo memorável e inesquecível para todos os adeptos do FCPorto e do futebol. Falta também referir o jogo assombroso que Paulo Futre fez. Segundo rezam as crónicas (ainda não era nascido, na altura), fez um jogo verdadeiramente fantástico, ao nível do topo mundial. Mas não foi só ele. Toda a equipa jogou muito bem, toda a equipa mereceu esta conquista, toda a equipa tinha uma qualidade enorme e este foi um prémio justíssimo para o FCPorto e para o futebol português.



O FCPorto viria, pouco tempo depois, a arrecadar mais dois importantíssimos títulos - a SuperTaça Europeia, contra o Ajax (0-1 em Amesterdão e 1-0 no Porto) e a Taça Intercontinental, contra o Peñarol (2-1 em Tóquio).

Este foi o primeiro grande momento de glória europeia para o FCPorto. Outro vieram, como ainda há bem pouco tempo – 2004 – e eu, como todos os portistas, tenho esperança que episódios como estes venham a acontecer novamente. São momentos como a final de Viena, há precisamente 20 anos, que mantêm a chama de Dragão acesa em muitos de nós. São momentos como a final de Viena que nos dão orgulho e honra de sermos adeptos do maravilhoso e grandioso FCPorto. Fica a homenagem a todos os intervenientes nesta final e a certeza de que foi há 20 anos que o FCPorto começou a ser olhado de forma diferente por todos os adversários nas competições europeias. Afinal, foi há 20 anos, rigorosamente, que o Futebol Clube do Porto se sagrou Campeão Europeu! Arrepiante!

Sem comentários: