quarta-feira, maio 02, 2007

Jogador Atacante da Semana: Arjen Robben


PERFIL DO JOGADOR

Nome: Arjen Robben
Data de Nascimento: 22/01/1984 (23 anos)
Clube: Chelsea FC
Nº da Camisola: 16
Posição: Extremo
Altura: 1,80 metros
Peso: 80 kg
Naturalidade: Bedum – Holanda
Palmarés:

• 1 Campeonato Holandês (2003)
• 2 Campeonatos Ingleses (2005 e 2006)
• 2 Taças da Liga Inglesa (2005 e 2007)
• 1 Community Shield (2005)
• 1 SuperTaça Holandesa (2003)
• Melhor Jogador do mês de Novembro na Liga Inglesa (2005)
• Melhor Jogador do Ano do FC Groningen (2001)
• Melhor Jogador do Ano do PSV (2003)
• Jogador Mais Talentoso do Campeonato Holandês (2003)


AVALIAÇÃO DO JOGADOR

O nº16 do Chelsea é, muito simplesmente, parte integrante de um lote de jogadores que, ainda jovens, podem vir a ficar para a história do desporto-rei. É maduro e ninguém diz que ele tem pouco mais de 23 anos. Assim, tendo em conta a enorme margem de progressão que ainda possui e a qualidade que já evidencia, só se poderá afirmar que tem em vista o estrelato. Poderá vir a fazer parte do conjunto onde Van Basten, Cruyff, Frank Rijkaard, Ruud Gullit, Ronald Koeman, Bergkamp ou Van Nistelrooy se incluem – o grupo dos melhores jogadores holandeses de sempre. O potencial está lá. Resta saber se Robben terá capacidade para o levar ao expoente máximo. Robben é extremamente tecnicista, e deste ponto de vista é dos melhores jogadores do campeonato inglês. Canhoto, rápido como uma flecha a correr pelas alas, com arrancadas estonteantes e diagonais finalizadas com mortíferos remates, este é o prato do dia para Robben. Finta muito bem, é um verdadeiro desequilibrador. Não é, porém, do mesmo estilo que Quaresma ou Ronaldo. É um ala vistoso, é certo, mas com um sentido colectivo muito mais acentuado e com fintas mais simples, mais rápidas e provavelmente mais incisivas (fazendo-me lembrar, por vezes, Ryan Giggs). A percentagem de passes acertados, sejam eles curtos ou longos, a visão de jogo e a capacidade de cruzar provam que o holandês não descura situações de envolvimento colectivo. Raramente percorre o corredor central, mas tem alguma tendência para flectir sobre o meio, de onde tenta por diversas vezes o golo, efectuando chutos cheios de classe. É que, além dos portentosos remates de meia e longa distância, Robben aparece não raras vezes na área adversária a tentar a sua sorte. E os seus dotes de finalizador são tudo menos maus! Peca pelo jogo aéreo, onde é fraco. Além disso, e apesar de andar a ser corrigido por Mourinho, não defende por aí além o que, no futebol moderno, é algo negativo. Mesmo assim é aguerrido e concentrado, além de que, sem bola, se movimenta muito bem, com desmarcações rápidas e inteligentes. Basicamente, Robben consegue conjugar os adjectivos “virtuoso” e “cerebral”. Rápido, explosivo, tecnicamente fantástico, com capacidade de desequilibrar no um para um, com diagonais fortes, com movimentações interessantes, inteligente, concentrado, bom passador, bom cruzador e portador de uma boa visão de jogo. Esta é a descrição mais curta e genuína de Robben, jogador que admiro muito e cujo talento, acredito, irá fazer cumprir os mais positivos prognósticos.

BIOGRAFIA DO JOGADOR

Holanda, berço do futebol moderno, berço de Robben…


A Holanda foi o local onde nasceu o “Futebol Total”, a “Laranja Mecânica” e génios como Van Basten, Cruyff ou Gullit. A Holanda foi também, pois claro, o local onde nasceu o Jogador Atacante de hoje, Arjen Robben de seu nome. A Holanda é muito vago. A Holanda é grande. Bedum talvez não seja. Esta pequena cidade de dimensões idênticas à minha cidade (Seia) – com cerca de uma dezena de milhar de habitantes –, localiza-se na província de Groningen, no Norte do país das tulipas e dos moinhos. Depois de ter jogado em pequenos clubes locais como o C.V.V.B. ou o V.V. Bedum e depois de se ter tornado adepto do Método de Coerver (que, segundo investiguei, é um método criado por um treinador holandês, Coerver, que visa aperfeiçoar as capacidades técnicas do jogador [muito interessante, mas motivo para outro post, fica desde já o convite aos entendidos no futebol jovem]), o jovem rapaz transferiu-se para o já mais conceituado FC Groningen. Foi lá que jogou durante três temporadas. Durante a primeira época, jogou ainda nas camadas jovens do “Boeren”, marcando uns impressionantes 50 golos. Impressionou e o seu treinador começou a apostar nele na época 2000/01, quando jogou 18 jogos e marcou 2 golos. Foi o bastante para ser considerado o melhor jogador da equipa nessa época. O clube (primodivisionário, como se sabe) ficou na 14ª posição da tabela classificativa. Em 2001/02, foi contratado pelo PSV. Chamou demasiado à atenção para permanecer num clube cujas aspirações não passavam por lutar pela manutenção. Robben merecia mais. Com isto, surgiu o interesse do grande PSV, que aceitou emprestá-lo por uma época ao FC Groningen. Jogou a última temporada com este emblema, actuando em 28 ocasiões, com a possibilidade de fazer 6 golos. A equipa, essa, ficou no 15º posto. A mudança consumou-se: Robben trocou o Groningen pelo PSV no Verão de 2002, por cerca de 4 milhões de euros. Chegado a Eindhoven, fez 33 jogos e 12 golos no campeonato de 2002/03, contribuindo decisivamente para o título (à tangente) do PSV. A grande dupla ofensiva que criou com o sérvio Mateja Kezman, fez com que partilhassem o prémio de melhores jogadores do PSV nesse ano. Aparte isso, foi também considerado o jogador mais talentoso do campeonato holandês. 2003/04 foi a derradeira época, a última no seu país-natal. Ganhou a SuperTaça, na qual marcou um golo. O PSV não foi além do 2º lugar e Robben, durante algum tempo lesionado, não jogou tão bem como na primeira temporada no actual campeão holandês. Mesmo assim… muito bom. 23 jogos, 5 golos e uma transferência para o Chelsea garantida. O Manchester United ofereceu 8 milhões pelo jogador, pelo que o presidente do PSV disse que só vendia uma camisola autografada por esse preço. Os “blues” ainda comandados por Ranieri, acenaram com uma proposta de 18 milhões de euros, que foi prontamente aceite pelos responsáveis do clube do País Baixo. Importa falar da selecção nacional holandesa. Começou a jogar durante esta época e foi chamado ao Euro 2004 por Dick Advocaat. O torneio correu relativamente bem, visto que seguiram até às meias-finais, perdendo somente com a nossa selecção. A Holanda ficou em 2º lugar na Fase de Grupos, ficando no grupo D com a República Checa, a Alemanha e a Letónia. O primeiro jogo foi contra a Alemanha e o resultado final fixou-se em 1-1, sendo que Robben não pôs os pés no relvado. O mesmo não se pode dizer do segundo jogo, diante da República Checa, pois foi titular. Contudo, saiu do campo para dar lugar a Bosvelt, numa altura em que a Holanda ganhava por 2-1. Dois golos por parte dos checos inverteram o marcador e o seleccionador holandês foi bastante criticado por tirar o jovem prodígio. No último jogo, a Letónia sofreu uma derrota mais ou menos pesada, e a Holanda garantiu um lugar nos quartos-de-final da prova. Em Braga, 3-0 foi o resultado, com Robben a jogar os 90 minutos e a Holanda a superiorizar-se ao adversário em todos os aspectos do jogo. Nos quartos-de-final, a Suécia afigurava-se como adversário da Holanda. O jogo foi renhido, que terminou empatado 0-0 até ao fim dos 120 minutos, com Robben a ter nos pés o lance mais perigoso do encontro. Nas grandes penalidades, os neerlandeses levaram a melhor e Robben marcou o último e decisivo penalty para a Holanda, que permitiu à sua equipa chegar às meias-finais. Nesta fase do Euro, foi Portugal que lhes surgiu pela frente. Como bem se devem lembrar, o jogo foi espectacular, vivo e emocionante, com a vitória a sorrir à nossa selecção. Depois de um golo de Ronaldo aos 28 minutos e de um verdadeiro golaço de Maniche aos 58, o mais que a Holanda conseguiu fazer foi marcar por intermédio de Jorge Andrade, infeliz. Robben foi substituído por Van Hoijdoonk aos 81 minutos, numa tentativa desesperada de ainda chegar ao golo por parte do treinador. Quando Anders Frisk deu por terminada a partida, Robben e os seus companheiros fizeram as malas; os portugueses prepararam a final da Luz. Foi uma prestação positiva, não só a nível colectivo, como a nível individual para Arjen Robben.

Conquistas pelo Chelsea manchadas pelas lesões…

Chegou ao Chelsea FC ao mesmo tempo que Mourinho e toda a comitiva portuguesa que trouxe com ele. Foi com o treinador lusitano que o Chelsea conheceu os seus melhores dias, com um bi-campeonato nunca antes conquistado pelos “blues”. Há que salientar a importância do Jogador Atacante de hoje para todos os troféus recentemente vencidos pelo emblema londrino. E se Robben já se havia lesionado anteriormente, nada se pode comparar à onde de lesões que viveu em Stamford Bridge. Em 2004 e 2005 sofreu lesões no metatarso, na panturilha e no tornozelo. Suspeitou-se, inclusivamente, que teria cancro nos testículos. Quanto a isso, tudo ficou bem quando fez uma operação. Mesmo assim, nunca deixou de demonstrar o talento imenso e inato de que é possuidor, espalhando classe pelos relvados ingleses e europeus sempre que possível. Venceu os dois últimos campeonatos ingleses, o de 2004/05 e o de 2005/06. Se na primeira época em Inglaterra jogou apenas 18 jogos (7 golos marcados) para o campeonato, na segunda (a época passada) jogou 28 jogos (6 golos marcados). Teve ainda tempo para ganhar duas Taças da Liga Inglesa, em 2005 e em 2007 e para arrecadar uma Community Shield em 2005. Na Liga dos Campeões, tudo o que se pode dizer é que tanto em 2004/05 (eliminado pelo Liverpool) como em 2006/07, o Chelsea atingiu as meias-finais da competição (em 2005/06 foi eliminado pelo Barcelona nos oitavos-de-final). Este ano, não concretizou a possibilidade de ir a Atenas disputar a final e de se vingar dos “Reds”. Ontem, entrou no jogo já no prolongamento e foi o primeiro batedor de penalties. Falhou... e o Chelsea saiu da "Champions". Individualmente, ganhou o prémio de melhor jogador do mês de Novembro na Premier League na época de 2004/05, depois de ter marcado consecutivamente contra Everton, Newcastle e Fulham, mal chegou à equipa. Esta época, as coisas têm corrido pior, não só para Robben, como para o Chelsea. Para o campeonato, o extremo jogou 21 jogos esta época, marcando 2 golos, ambos contra o Wigan. Na Liga dos Campeões, marcou um precioso golo contra o FC Porto, em Stamford Bridge, crucial para carimbar o passaporte dos “blues” para os quartos-de-final da competição. Simplificando, Robben tem tido uma carreira com relativo sucesso e já demonstrou que tem imenso talento. Só não tem tido ainda mais destaque devido às constantes lesões que o assolaram desde que chegou ao Chelsea.

Selecção: Mundial 2006 e Euro 2008…

Para concluir, o Mundial 2006, onde participou. Inserida no grupo C, o “grupo da morte”, a Holanda ficou com a mítica Argentina, a surpreendente Sévia e a melhor selecção africana da actualidade: Costa do Marfim. A estreia sucedeu contra a Sérvia e Montenegro e o resultado foi 0-1 para a Holanda. O golo? Foi marcado por Robben. Com a missão de, a par de van Persie, servir van Nistelrooij, Robben actuou na ala esquerda. Aos 18 minutos, apontou o golo solitário que deu os 3 pontos à “Laranja a Mecanizar-se”. Novo jogo, nova vitória. Desta feita, foi a Costa do Marfim s vítima do rejuvenescido futebol holandês. Novamente titular, Robben não voltou a ter a felicidade de marcar. Foram precisamente os seus dois companheiros de ataque, os já referidos van Persie e van Nistelrooij, que facturaram no 2-1 diante do conjunto africano. Com a qualificação garantida, van Basten decidiu retirar Robben do onze inicial contra a Argentina, para que Kuijt jogasse. Esperava-se um encontro fantástico entre estas duas formações, que estavam a ser das melhores da prova, mas nenhuma quis arriscar, nenhuma se quis cansar muito e aquilo a que se assistiu foi a um espectáculo pobre e pachorrento que resultou num 0-0 final. Em Nuremberga, Portugal e Holanda mediram forças nos oitavos-de-final do Campeonato do Mundo da Alemanha. Num jogo marcado pelas duas expulsões (duas para cada lado), Portugal dominou na 1ª parte e a Holanda dominou claramente na 2ª parte. Robben foi titular, mas foi mesmo van Persie que se destacou, passando por diversas vezes por Nuno Valente. No final, a vitória sorriu aos portugueses, cujo golo foi marcado pelo inevitável Maniche, um dos melhores jogadores do Mundial e aquele que começa a ser o “carrasco” da Holanda nas grandes competições. Depois do golo no Euro 2004, o golo no Mundial 2006. Foi o adeus da Holanda, num jogo frenético. No apuramento para o Euro 2008, já lideram o grupo G, à frente da Roménia, da Bulgária e da Bielo-Rússia (com mais um jogo do que estas três). Se as lesões acabarem para Robben, é de esperar que o jogador holandês se afirme definitivamente como um dos melhores do mundo, pois tem qualidades que poucos têm e a possibilidade de singrar no Chelsea, na selecção nacional ou noutro lado qualquer. Boa sorte para ti, Arjen Robben!


VÍDEO DO JOGADOR




QUESTÕES SOBRE O JOGADOR

É ou será Robben, num futuro próximo, o grande símbolo da selecção holandesa?

Sem as lesões, Robben teria tido ainda mais evidência ao longo do seu percurso no Chelsea?

Mourinho tem alterado ligeiramente o esquema táctico e não dá muito espaço para os extremos. Será o Chelsea e o futebol inglês em geral aquele que mais poderá espremer o futebol de Robben?

Sem comentários: