terça-feira, agosto 21, 2007

Fundamentalismo Atacante: A questão de Luís Filipe Vieira


Iniciamos hoje no Futebol de Ataque uma nova rubrica. Esta "coluna de opinião" será publicada sempre que um dos fundadores deste blog sinta que a mesma é oportuna e tem por objectivo a análise crítica da actualidade futebolística. Pretendem-se opiniões fundamentais, mas acima de tudo fundamentadas pelos fundadores deste blog.

Fernando Santos já não é treinador do Sport Lisboa e Benfica. Notícia normal, dir-se-ia... Isso se a mesma tivesse sido notícia há 3 meses atrás...

Desde a primeira hora que olhei, tal como 90% dos benfiquistas, com muita desconfiança para a contratação do Engenheiro. Apenas e só porque sempre senti que Fernando Santos não tem, e dificilmente o terá algum dia, o carisma necessário para comandar um grande clube como o Benfica. Posto isto, é óbvio que era mais do que inevitável que o homem saísse do clube, tivesse sido em Maio, agora, ou daqui a 6 meses. Olhando para uma perspectiva optimista, perdemos dois meses, é certo, mas talvez tenhamos ganho uns quatro... Fernando Santos nestes cerca de 14 meses à frente do meu clube demonstrou que até percebe umas coisas de futebol, mas não tem liderança sobre um grupo de trabalho exigente e além disso, percebe muito pouco de gestão de recursos humanos, algo absolutamente essencial nos dias que correm para se ter sucesso na gestão de uma equipa, quer ela seja de futebol ou de uma empresa. Sendo assim e concluindo o dossier Fernando Santos, adeus, que se mantenha benfiquista como eu, mas a bater palmas na bancada.

Esta decisão é o culminar de uma série de trapalhadas da actual Direcção do Benfica, na pessoa do seu presidente. Sempre fui um confesso apoiante de Luis Filipe Vieira e como benfiquista estou-lhe grato por toda a gestão financeira que nos permite ser um clube com futuro e que não tem credores todos os dias a bater-lhe à porta. Credibilizou o clube, devolveu a auto-estima aos seus adeptos, construiu um estádio e um centro de estágio, infraestruturas essenciais para o futuro da nossa instituição. Mas desportivamente algo continua a falhar, ano após ano... À excepção de um título nacional e uma taça de Portugal, nada mais ganhámos em quase 6 anos. Todos os anos os adeptos são inundados com promessas de grandes equipas competitivas e praticamente todos os anos as expectativas, por uma ou outra razão, saem goradas.

Em Novembro de 2006 deu-se a primeira das recentes trapalhadas de Luís Filipe Vieira. À saída de José Veiga (que eu muito saudei e continuarei a saudar) e contra todas as expectativas, o presidente lembrou-se de assumir a gestão do futebol para si. A partir desse momento, qualquer erro de casting passava a ter um responsável directo que era, nada mais nada menos que, o presidente do clube...

A trapalhada mais importante de todas as que se sucederam ocorreu em Maio. A manutenção de um treinador derrotado, que se refugiou no discurso de fuga pra frente (para o ano vamos ser campeões), sem qualquer tipo de empatia para com os adeptos encarnados, foi o maior erro de Luís Filipe Vieira enquanto presidente do Benfica.

Depois, durante o defeso, quando tudo parecia aparentemente calmo e tranquilo no reino da águia, a confusão total. Peças chaves vendidas (e bem vendidas) mas sem um plano B atempadamente pensado. Reforços importantes que tardam em chegar. E por fim, a tal situação inevitável, a tentativa de remediaro seu grande erro, a saída do técnico.

Luís Filipe Vieira, depois de ter resolvido a questão do técnico (e fez muito bem em contratar Camacho) tem agora que resolver a sua própria questão: Chegou a hora de repensar a sua continuidade? Depois de ter saneado o clube financeiramente, será que é ele que conseguirá fazer o Benfica alcançar o patamar desportivo que é seu por excelência? Muito dependerá do que José António Camacho conseguirá alcançar. Vieira decidiu, penso eu, como verdadeiro jogador de poker, fazer um all-in. Se o espanhol sair vitorioso, Vieira será um herói. Se não conseguir atingir os objectivos, Vieira só terá uma saída, a demissão.

Para mim, pessoalmente, a questão de Vieira resolver-se-ia facilmente, quaisquer que fossem os resultados desportivos: não se candidatar nas próximas eleições, partindo do pressuposto que se consegue manter até lá como presidente do Sport Lisboa e Benfica...

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