Estádio: Stamford Bridge, Londres
Espectadores: 39.000
Árbitro: Roberto Rossetti, Itália
O FCP realizou ontem o seu centésimo jogo na liga dos campeões, fruto de 12 participações na competição e, em dia de comemoração, o resultado não poderia ser pior, uma derrota e o consequente afastamento da prova.
Jesualdo Ferreira apenas me surpreendeu com a inserção de Ricardo Costa no onze inicial, lugar que eu próprio tinha idealizado para Mareque. De resto, este esquema de 4x4x2, que se pôde desdobrar num 3x5x2, foi por mim defendido antes do jogo, achando-o apropriado para as características deste adversário, dando combatividade no meio campo, povoando-o e com capacidade de manter o jogo afastado da área defensiva. Pois bem, foi exactamente isso que se passou. O FCP entrou em campo dando a iniciativa do jogo ao adversário, recuperando um enorme número de bolas fruto de compensações constantes, com muita serenidade, com muita concentração e de uma forma muito destemida, sendo este último factor, aquele que mais me surpreendeu, pois andava arredado desta equipa há muitos jogos a esta parte.
Com o jogo a ser controlado a meio campo por parte do FCP, com os centrais do Chelsea sem ponta de lança para exercerem marcação, surge o primeiro momento do jogo, o nosso golo.
Resultado de mais uma recuperação de bola de Pepe sobre Drogba, Lisandro lança Lucho que soberbamente passa a Quaresma, deixando a defesa pregada ao relvado pedindo fora de jogo inexistente, seguindo aquele isolado para a baliza. Pedia-se golo e ele surgiu, e todos os ingleses ficaram a pronunciar: “So…This is a “trivela”?!!”. O público afecto ao FCP que se deslocou ao estádio já se tinha feito ouvir com os cânticos, mas com muita incúria própria da emoção começou a gritar “Olés!” muito cedo, como se ainda não faltassem 75 minutos para jogar…
O Chelsea por seu lado tinha poucos problemas na defesa e os que tinha controlava-os bem, mas só conseguia chegar perto da baliza do FCP através de cantos ou “escorregadelas” da defesa, acabando a primeira parte sem que se visse muitas melhoras.
A segunda parte começou igual, íamos ter mais do mesmo mas surge o segundo momento do jogo, o golo do empate do Chelsea.
Sem nada a justificar a equipa da casa chega ao empate com um remate de muito longe de Robben em que Helton não consegue fazer melhor do que “dar um frango”. Se as coisas estavam a ser equilibradas à custa do rigor e do esforço, e se até estávamos em vantagem, não era justo sofrer um golo desta forma.
A partir daí o FCP nunca mais se encontrou, penso também que Jesualdo arriscou cedo de mais perdendo um homem a meio campo e lançando um no ataque, afinal de contas, a eliminatória estava empatada. Adriano esteve sempre sozinho, Lucho teve de recuar quase desaparecendo do jogo, Quaresma e Lisandro também. Resumidamente, o FCP recuou e a capacidade combativa perdeu-se, fruto do despovoamento do meio campo, que tinha dado resultados na primeira parte e os desequilíbrios começaram a aparecer.
Com mais um erro de marcação, desta feita de Ibson, chegou o futebol de praia à área do FCP, aparecendo Ballack a finalizar, dando vantagem na eliminatória ao Chelsea.
Havia pouco tempo para recuperar e Bruno Moraes nada veio acrescentar, acabando desta forma a ambição dos visitantes.
Na minha opinião o Chelsea é bastante mais forte a nível físico, mas penso que o FCP não passou a eliminatória somente pelos erros que cometeu. Analisando o conjunto dos dois jogos, penso que o FCP foi melhor nas primeiras partes, no Dragão e em Londres, empatou uma das partes, a segunda do Dragão e perdeu uma, a segunda de Londres.
O FCP sai, mas sai com a noção de que pode disputar mais eliminatórias com este Chelsea que não as perde todas, e a verdadeira diferença entre as duas equipas é que o Chelsea no campeonato que disputa tem que estar sempre ao mais alto nível para ganhar, enquento que o FCP, em Portugal, quase sempre ganha mesmo sem jogar muito bem.
Melhor em campo
Houve vários jogadores que apresentaram um nível muito alto, principalmente na primeira parte. Fucile fez esquecer totalmente que Bosingwa é habitualmente o lateral direito, Pepe e Bruno Alves em grande nível anulando completamente o melhor jogador africano do ano e melhor marcador da premiership, Drogba, e o consagradíssimo Shevchenko, Lucho compensou a falta de um ponta de lança preenchendo eficazmente os espaços mais avançados, Quaresma e Lisandro muito interventivos e destemidos, mas para mim, o jogador que apresentou um nível alto e constante durante todo o jogo foi Paulo Assunção.
É certo que posso ser suspeito por gostar das suas qualidades como jogador, mas penso que foi um autêntico combatente em todos os lances, ganhando-os quase todos os que disputou.
Arbitragem
Penso que não teve influência no resultado, errando em algumas faltas para ambos os lados. Sempre perto dos lances, assumindo as decisões com clareza, com uma presença forte.
Positivo do jogo
A atitude dos jogadores do FCP;
O ritmo elevado durante toda a partida;
O poder físico dos jogadores do Chelsea;
A emoção e a incerteza no resultado;
O apoio dos adeptos do FCP até ao 2º golo do Chelsea
Negativo do jogo
O primeiro golo sofrido por Helton, bem como o seu nervosismo;
O nervosismo de Raul Meireles, baixando as prestações a que nos tem habituado;
A mudança táctica no FCP após o golo do empate, que fez partir e desequilibrar o jogo para o Chelsea, de forma definitiva;
O erro de Ibson na marcação a Ballack, surgindo daí o 2º golo;
A derrota do FCPorto.
Até para o ano, Porto!
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