quarta-feira, março 21, 2007

Jogador Atacante da Semana: Luca Toni


PERFIL DO JOGADOR



Nome: Luca Toni Varchetta

Data de Nascimento: 26/05/1977 (29 anos)

Clube: Fiorentina

Nº da Camisola: 30

Posição: Ponta-de-Lança

Altura: 1,94 metros

Peso: 78 kg

Naturalidade: Pavullo nel Frignano – Itália

Palmarés:



• 1 Série B (2004)

• Melhor Marcador da Série A (2006)

• 1 Bota de Ouro (2006)

• 1 Campeonato do Mundo (2006)





AVALIAÇÃO DO JOGADOR


Hoje trago-vos um jogador que surgiu muito tarde para a alta-roda do futebol mas que, actualmente, se assume como um dos melhores jogadores do mundo na sua posição, a de ponta-de-lança. Luca Toni é o típico avançado fixo, daqueles cujo habitat natural é, sem dúvida, a grande área. Antes de tudo, o italiano é extremamente forte fisicamente, não fosse ele ter 1,94m. Só pela sua altura, consegue ganhar inúmeras bolas de cabeça e fazer muitos golos aproveitando as suas características anatómicas. Na verdade, o jogo aéreo é determinante no seu futebol, visto que este passa, sem sombra de dúvida, pela facilidade de cabecear que possui. Desengane-se, porém, o leitor, se pensa que Toni é um jogador sem técnica, trapalhão e pouco habilidoso com o esférico nos pés. Não o é. De todo. Para um jogador com a sua dimensão corporal, a sua técnica é bastante apreciável e tem um perfeito controlo da bola quando esta vem rasteira. A sua força, o seu enorme porte atlético e a capacidade de impulsão/cabeceamento ajudam-no a conseguir aquilo que de melhor faz na vida – golos. A qualidade mais saliente de “Tonigol” é mesmo a eficácia. Os seus dados de concretização são, nos últimos tempos (quando surgiu para os grandes palcos do futebol internacional) altamente impressionantes. Tem um remate fácil, chuta muitas vezes de primeira e não raras vezes o vemos a fazer combinações com companheiros para abrir brechas na defensiva adversária e, impiedosamente, fuzilar o guarda-redes. Apesar do físico que tem deixar transparecer uma imobilidade pouco positiva, Luca Toni já demonstrou que é capaz de vir buscar jogo, de colocar-se nas alas e de ir à linha, ainda que o seu instinto felino o obrigue a passar a maior parte dos jogos nas imediações da área adversária à espera de uma oportunidade para marcar golo. Com 29 anos, a margem de progressão é muito pequena, mas Luca Toni espera ainda encontrar espaço numa potência europeia para terminar em beleza uma carreira que, a sério, começou tarde.

A experiência já pesa na tomada rápida de decisões e, acima de tudo, no que ao posicionamento, desmarcações e jogo sem bola diz respeito. A sua nacionalidade não engana: é italiano e, por isso, forte tacticamente. Podemos, portanto, concluir que este futebolista é extremamente completo. A compleição física de Toni é invulgarmente útil a um ponta-de-lança; as suas características técnicas que nada deixam a desejar; os predicados que possui no capítulo da finalização como o remate espontâneo, a aptidão para o jogo aéreo e os movimentos instintivos rumo ao golo são soberbos; a qualidade táctica que se conhece quando se observam os seus movimentos com e sem bola e as suas movimentações inteligentes deixam qualquer apreciador da modalidade estupefacto; e o seu lado psicológico bem trabalhado, designadamente quanto à sua capacidade de concentração, ao espírito de sacrifício que tem e à bravura e determinação quase bélicas que mostra em campo, deixando de lado individualismos para trabalhar em prol da equipa; transparecem toda a qualidade deste italiano que amadureceu depois da Primavera, mas que ainda foi e vai a tempo de dar ao desporto-rei aquilo que ele tem de melhor: os golos.





BIOGRAFIA DO JOGADOR



Modena, a sua primeira casa…



Luca Toni Varchetta nasceu em Pavullo nel Frignano, uma pequena terra junto de Modena – segunda maior cidade da indústria automóvel italiana (digo isto por estarem lá sedeada marcas como a Maserati e, claro, a Ferrari) a seguir à capital deste ramo, Turim, onde se situam as sedes de marcas como a Iveco, a Alfa Romeo, a Lancia e acima de tudo, a Fiat. Mas voltemos ao futebol. Assim, foi sem surpresa que o Modena FC tenha sido o primeiro clube a acolher profissionalmente o pequeno Toni, em 1994/95, quando este tinha apenas 17 anos. Na sua primeira época, jogou 7 jogos e marcou 2 golos, sendo que o Modena se posicionou na 16ª posição da Série C/1. No ano seguinte, o Modena ficou melhor posicionado, no 11º posto, e Toni mostrou que a Série C/1 era fraca demais para tamanho talento. Em 25 jogos marcou 5 golos.



De clube em clube, à procura do seu espaço…



Em 1996/97, ia jogar pela primeira vez numa equipa da Série B. E logo uma das mais fortes dessa Liga: o Empoli. Porém, e apesar da boa classificação – 2º e consequente subida à Série A –, Toni actuou somente por 3 vezes, o que foi o bastante para facturar. Teve muito tempo de jogo e, entendendo que necessitava de jogar mais tempo para evoluir enquanto jogador, não recusou voltar a descer de divisão para representar a pequena Fiorenzuola, onde finalmente encontrou alguma margem para progredir e actuar frequentemente. Contudo, marcou somente 2 tentos na passagem por este modesto clube, mesmo actuando em 26 partidas. Pior, ou talvez não, foi o facto de a Fiorenzuola ter ficado em último na Série C1 em 1998/99. Em 1999/00 mudou para a capital, Roma, para representar a Cisco Cálcio Roma, na altura denominada Lodigiana. Nos “bianco rossi” começou a dar cartas ao marcar 15 golos em 31 jogos.
Agora sim, os números eram significativos para dar o salto para a Série B. E voltou para lá, desta feita para representar o Treviso. Impôs-se imediatamente e voltou a facturar por 15 ocasiões, assim como na temporada anterior, quando jogou 35 jogos. O Treviso ficou no 8º lugar e as portas abriram-se, finalmente, para o escalão principal, a Série A. Quem o acolheu foi o Vicenza, onde jogou regularmente e se pode exibir numa Liga primodivisionária. Marcou 9 golos em 31 jogos, o que acabou por ser um bom registo pessoal na primeira época de Série A. Colectivamente é que as coisas não correram de feição, longe disso, visto que o Vicenza foi despromovido. Abandonou o Romeo Menti para jogar no Brescia e assim manteve-se no campeonato principal de Itália. Como se pode constatar, Luca Toni era, há 5 anos, um jogador banalíssimo, que oscilava entre a Série A e B e jogava em equipas sem nome algum a nível europeu. No Mário Rigamonti, as coisas decorreram relativamente bem tanto a Toni como ao clube. O 13º lugar é razoável tendo em conta as dimensões históricas, financeiras e de massa associativa do clube e um registo de 13 golos em 28 jogos é bastante razoável. No ano seguinte, marcou apenas 2 golos em 16 jogos, apesar do 9º lugar no campeonato. Aí, deu-se o seu retorno à Série B. Em 2003/04 mudou-se para o Palermo, num ano em que os rosas saíram vitoriosos na Série B, com a conquista do 1º lugar. Para isso, muito contribuiu Toni que marcou uns impressionantes 30 golos em 45 jogos. Parecia ser esta época que iria mudar o rumo dos acontecimentos e da carreira do ponta-de-lança italiano.






Explosão de Toni: Palermo, Fiorentina e Itália…



Falando francamente, podemos dizer que o real interesse desta rubrica (se é que o tem), começa aqui e agora. Até agora, retratei a história de um futebolista mediano com o sonho de vir a ser bom. Agora, vou retratar a história de um futebolista que queria ser bom e conseguiu ser muito bom. Será que agora quererá ser excelente? Ou será que já o é e eu estou a minimizar os feitos do pobre Luca? Para sintetizar, Luca Toni marcou 20 golos em 35 jogos na Série A e ajudou o Palermo a ficar num brilhante 6º lugar em 2004/05. E ainda para mais a sua época brilhante levou-o à selecção nacional italiana. O rasto de classe começava a ser espalhado e já todos os adeptos de futebol em Itália se tinham rendido à categoria evidenciada pelo avançado. Os “Aquile” perderam, porém, o seu melhor jogador no fim dessa época. Voltando agora as atenções para a “azzurri”… Mal terminou o Europeu, Marcelo Lippi assumiu as rédeas da equipa e prontamente convocou Luca Toni para um particular frente à Islândia em Agosto de 2004. Em 2005/06, isto é, na época transacta, Luca Toni fez a sua melhor época, de longe! Foi um dos jogadores da época passada em melhor forma! Primeiro, esteve sempre presente na caminhada de Itália rumo ao Mundial e foi crucial no apuramento dos azuis para a maior competição de selecções do mundo assim como para o título neste torneio. Depois, na Fiorentina, “apenas” conseguiu ser o melhor marcador da Série A e ganhar uma Bota de Ouro. Nada mau. Aliás, muito bom. Realizou 38 jogos e marcou 31 golos, marca verdadeiramente notável. Toni foi, de facto, fundamental na época passada para a Fiorentina. Toni só não marcou em 14 jogos da Série A 2005/06. Apesar de Neemlo, da Estónia, ter sido o melhor marcador da Europa com 14 golos e de jogadores como Huntelaar e Kris Boyd terem marcado mais golos, a qualidade da liga italiana fez com que fosse atribuída ao “30” viola a Bota de Ouro, prémio mais do que merecido pelo impressionante número de golos marcados. Há quase 50 anos que não se passava a barreira dos 30 e nem mesmo Batistuta, o recordista mor do clube de Florença, tinha obtido alguma vez um registo tão fantástico. Faço ideia como teria sido a sua campanha europeia na Liga dos Campeões… pena a Fiorentina ter surgido no maior processo judicial sobre a corrupção na Europa do actual milénio. Seguiu-se, entretanto, o Mundial, onde foi… campeão mundial. Mas que época de sonho! Antes do Mundial, teve tempo de ser titular, de ser capitão e até de fazer um hat-trick. Chegado à Alemanha, foi imediatamente titular frente ao Gana, onde Pirlo e Iaquinta facturaram os dois únicos golos do jogo. Seguiu-se o jogo diante dos Estados Unidos, onde voltou a assumir a titularidade e onde o empate aconteceu, fruto de golos de Gilardino para o seu lado e Zaccardo (auto-golo) para o adversário. No último jogo do grupo, que não contou com a presença de Toni, Materazzi e Inzaghi encarregaram-se de fazer os dois golos do 2-0 frente à República Checa. A Itália começou realmente a acreditar quando ganharam à Austrália com um golo de Totti aos 95 minutos num penalty inexistente. Aí, Barzagli rendeu Toni aos 56 minutos. Nos quartos-de-final, o adversário era a Ucrânia e o resultado foi contundente: 3-0. Zambrotta inaugurou o marcador aos 6 minutos e Toni marcou os seus dois únicos golos do Mundial logo de seguida. Nas meias-finais, ganharam aos da casa, Alemanha, com dois golos no fim do prolongamento – um autêntico balde de água fria para os germânicos que, como todos, contavam com as grandes penalidades. Toni saiu aos 74 para deixar entrar Gilardino. Na final, contra a França, Materazzi e Zidane foram os marcadores, um para cada lado, tendo sido posteriormente expulsos pelas razões que já todos conhecem. O jogo arrastou-se até aos penalties e aí os transalpinos foram mais felizes. Toni jogou o jogo todo. Pelos feitos individuais e colectivos, Toni foi eleito para a equipa do Mundial, fazendo companhia no ataque a Klose, Henry e Crespo. Esta temporada, as agulhas custaram um pouco a acertar com Adrian Mutu no ataque, mas Toni tem vindo a facturar, tanto que já leva 15 golos marcados e está a 3 do líder Totti. Além disso, tem permanecido nos planos da selecção. Vamos ver se Luca Toni consegue manter o ritmo, tanto a nível exibicional, como de golos. Se o conseguisse, seria fabuloso. Pena que tenha explodido tão tarde, porque hoje é unânime o reconhecimento às suas capacidades.



VÍDEO DO JOGADOR







QUESTÕES SOBRE O JOGADOR



Não concordam que, se Luca Toni tivesse menos oito ou nove anos, seria uma das maiores promessas do mundo?




O que terá faltado para que Luca Toni não tivesse despontado mais cedo – sorte, falta de qualidade ou más decisões?



Irá o italiano a tempo de se tornar uma lenda do futebol no seu país ou de, pelo menos, ingressar num “colosso” europeu?


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