quarta-feira, março 28, 2007

Jogador Atacante da Semana: William Gallas


PERFIL DO JOGADOR

Nome: William Gallas

Data de Nascimento: 17/08/1977 (29 anos)
Clube: Arsenal FC
Nº da Camisola: 10
Posição: Defesa Central/Lateral Esquerdo
Altura: 1,81 metros
Peso: 72 kg
Naturalidade: Asnieres-sur-Seine – França
Palmarés:

• 1 Campeonato Europeu de sub-19 (1996)
• 1 Vice-Campeonato Mundial (2006)
• 1 Taça das Confederações (2003)
• 1 Segunda Divisão Francesa (1996)
• 2 Campeonatos de Inglaterra (2005 e 2006)
• 1 Taça da Liga (2005)
• 1 Community Shield (2005)

AVALIAÇÃO DO JOGADOR

William Gallas, defesa francês, é o Jogador Atacante de hoje. Nasceu exactamente no mesmo dia do que o seu compatriota, colega de selecção e colega de equipa, Thierry Henry, e pode dizer-se que um é tão bom a defender como o outro a atacar. Se Thierry Henry é considerado um dos mais temíveis avançados em todo o planeta, Gallas pode considerar-se, talvez sem exagero, um dos mais sólidos defesas à face da Terra. Para começar, Gallas é extremamente adaptável, só que não vê na sua versatilidade uma forma de perder de capacidades. A sua polivalência, de resto, faz com que se torne ainda melhor, pois consegue ser dos melhores do mundo em mais do que uma posição, o que não está ao alcance de todos e transmite a ideia de que possui muitos conhecimentos tácticos. Isso é ainda mais evidente quando observamos a sua capacidade de se posicionar, a grande leitura de jogo que tem e a inteligência do seu jogo. Estas características de um jogador cerebral são extremamente importantes no seu desempenho dentro das quatro linhas. Além disso, é muito rápido, forte e resistente. Os seus elevados índices físicos apresentam-se como predicados essenciais do seu perfil enquanto jogador. A técnica que tem é imensamente invulgar para um central e foi ganha a actuar como lateral, mais do que tudo. A velocidade é muito utilizada nas subidas enquanto lateral e nas dobras enquanto central, além de ser utilizada também para marcar adversários. A marcação é um dos principais atributos de Gallas, pois a sua inteligência aliada à capacidade física fazem com que não largue o adversário e lhe ganhe a maioria das bolas. Falta também referir outra das qualidades, o jogo aéreo. As já referidas capacidades físicas e a grande impulsão que tem, conferem-lhe a possibilidade de ganhar quase todos os lances de cabeça e Mourinho, por exemplo, apreciava muito isso enquanto lateral (lembram-se de Mourinho dizer que não queria laterais baixos?). O desarme, como é obvio; a facilidade com que rouba a bola, com que antevê as jogadas do outro, a capacidade de se antecipar e a destreza com que saca o esférico aos adversários; é, como para todos os defesas, uma das suas imagens de marca. Para finalizar, falar de um dos aspectos mais importantes neste jogador. É um jogador completamente focado no futebol, que leva a sua profissão muito a sério pois sabe que lhe custou chegar onde chegou, que é muitíssimo determinado, muitíssimo concentrado em campo, muitíssimo trabalhador, que se aplica em todos os jogos e treinos, que não desiste e que evidencia, há já muito tempo, uma experiência fora do comum, mesmo para um jogador de 29 anos. Eu penso que este é um jogador que revela tanta qualidade em todos os parâmetros que se pode considerar um dos melhores do mundo por isso, por ser tão bom em tanta coisa, por ser tão completo e tão eficiente. Confesso: Gallas é dos meus jogadores preferidos. Acho-o fantástico, porque é inteligente a jogar, tem uma personalidade interessante, características psicológicas que aprecio, uma classe muito grande, é robusto e tecnicamente muito evoluído para um defesa. Completo, muito forte em tudo o que faz.

BIOGRAFIA DO JOGADOR

Villeneuve-la-Garenne, INF Clairefontaine, SM Caen, esforço e perseverança…


Os pais de William Gallas vieram do Guadalupe e o pequeno William nasceu nos arredores de Paris, numa localidade denominada Asnieres-sur-Seine, também vulgarmente chamada por Asnieres, só. Cresceu em Villeneuve-la-Garenne, onde ingressou no seu primeiro clube de futebol, com o mesmo nome. Quando William tinha 13 anos, os pais tiveram que voltar ao seu país de origem e tinham a pretensão de levar os seus filhos consigo. Contudo, William disse que pretendia apostar numa carreira futebolística e estava decidido a fazer do seu desporto e divertimento favorito – o futebol – a sua profissão. Contra tudo e contra todos, os pais cederam e permitiram que Gallas permanecesse em terras gaulesas. Incrivelmente, a sua carreira começou como atacante. As características técnicas que possuía permitiam-lhe desequilibrar na frente de ataque e no INF Clairefontaine, seu novo clube.

Basicamente, estas são as escolas da elite entre os jovens das grandes zonas metropolitanas e teve a sua origem em Paris, onde continua a existir e em grande escala. Pode dizer-se que o sonho de qualquer criança parisiense que queira ser jogador profissional é jogar no Instituto Clairefontaine. E Gallas conseguiu-o, assim como muitos outros grandes nomes do futebol francês tais sejam, entre muitos outros, Louis Saha, Nicolas Anelka, Hatem Ben Arfa, Jimmy Briand, Philippe Christanval, Jerome Rothen e o grande Thierry Henry, seu actual companheiro de equipa. Enquanto muitos (ou quase todos) dos seus companheiros iam para casa nos fins-de-semana, para irem ter com os pais, William ia apenas para casa do tio. A ausência dos mais queridos e a desconfiança nas suas capacidades futebolísticas por parte de quase todos, fizeram-no concentrar definitivamente no futebol e tornou-se um todo-o-terreno muito bom. Aos 17 anos, foi para o centro de treinos do Caen, onde finalmente encontrou amigos, liberdade e a possibilidade de mostrar valor. Depois de 18 meses de treino intensivo, finalmente convenceu e foi incluído na equipa principal do Caen, que militava, na altura (1995/96), o segundo escalão do futebol francês, a Ligue 2. E a época de estreia foi bastante positiva. Tendo em conta que a posição exige alguma experiência, um jovem de 17/18 realizar 16 jogos e conseguir o título é considerada uma marca positiva. No Verão, foi parte integrante do grupo de franceses que alcançou o título de campeão europeu de sub-19, uma experiência fantástica para si. No ano seguinte, a França viria a revalidar o título. Ganhou ainda em 2000 e em 2005, tendo já um total de 6 competições ganhas. No ano seguinte, em 1996/97, quando era de esperar que Gallas se agarrasse ao eixo defensivo do Caen, o treinador optou por colocar em campo jogadores mais velhos e mais experientes. Ainda assim, Gallas totalizou 18 partidas jogadas nessa temporada, que findou com a descida de divisão do Caen. Gallas, porém, continuou no principal escalão de França, mas ao serviço do mítico OM, o Marselha.

Olympique de Marselha, um “grande” francês…

Na primeira época com a camisola do Olympique, um erro administrativo, que qualificava de amador o francês, fez com que Gallas fosse apenas inscrito em Janeiro. Para agravar o estado mental do jovem, uma lesão no dedo polegar do pé fez com que jogasse apenas 3 jogos. Muito pouco. O Marselha, esse, ficou na 4ª posição do campeonato. Todavia, em 1998/99, o panorama alterou-se para melhor e Gallas conquistou, enfim, a titularidade. Foram 30 os jogos para a Ligue 1 e 9 os jogos para a Taça UEFA. O Marselha ficou a um mísero ponto do 1º classificado, arrecadando o vice-campeonato. Nesta altura, já ninguém duvidava da categoria de William Gallas. Jogar ao lado de Laurent Blanc era um sonho, mas um sonho que terminou com a mudança do lendário central para o Inter de Milão. Em 1999/00, Gallas já não tinha a companhia do “beijador de carecas” mas continuou quase sempre titular, ora no campeonato – 22 jogos – ora na Liga dos Campeões, onde se estreou nesse ano e onde se estreou também a marcar como profissional, num dos 7 jogos por si disputados. No entanto, o Marselha fez uma péssima classificação – 15º – e por pouco não desceu de divisão. A última época que realizou no seu país-natal foi a de 2000/01, novamente com o Marselha, onde jogou 30 jogos e marcou 2 golos para o campeonato. Ainda assim, o posto na tabela classificativa da primeira divisão francesa não se alterou e Gallas procurou um novo rumo para a sua carreira. O Chelsea foi a solução.

Chelsea, primeira aventura estrangeira e início da selecção…

Com a chegada do italiano Cláudio Ranieri aos “Blues”, entraram na equipa Boudewijn Zenden, Frank Lampard, Jesper Gronkjaer, Jimmy Floyd Hasselbaink e Eidur Gudjohnsen e o Chelsea ficou em 6º. No ano seguinte, em 2001/02, ingressou o Jogador Atacante de hoje, numa temporada em que o Chelsea ficou na mesma posição do que na transacta – 6º. Gallas “pegou de estaca” e desde então nunca desceu dos 28 jogos realizados. Em 2001/02, marcou um golo nos seus 30 jogos efectuados e jogou 3 partidas para a Taça UEFA. Escolheu o número 13 e foi com ele que jogou cinco temporadas pelo emblema londrino. Inicialmente fez uma dupla de centrais fortíssima com o concidadão Marcel Desailly. Depois de recolher ensinamentos do “monstro” Blanc, tentava agora beber dos conhecimentos de Desailly para se tornar um defesa completo e cada vez mais experiente. Desailly, nove anos mais velho, era um jogador possante, forte e que exigia a seu lado alguém com mais classe e com um posicionamento e capacidade de marcação altamente elevados; requisitos que Gallas parecia cumprir. “Billy” e “Roc” formaram, assim, uma das mais produtivas duplas de centrais do campeonato inglês. Em 2002/03, com o Chelsea já em 4º, Gallas começou a patentear a enorme polivalência que possui no sector recuado e as laterais eram realidades e desafios que o futebolista tinha agora que enfrentar. E que bem que enfrentou esses desafios! Em 2002/03 participou em 38 (!) jogos, tendo facturado por 4 ocasiões. A sua velocidade, resistência, classe e capacidade de marcação eram armas cada vez mais aperfeiçoadas e usadas em prol do Chelsea. Definitivamente, Gallas tornara-se um defesa de topo, de eleição, de classe mundial. E isso valeu-lhe uma chamada à selecção nacional. A estreia ocorreu em Outubro de 2002, contra a Eslovénia, num jogo de apuramento para o Euro 2004 que terminou com uma goleada francesa: 5-0. Actualmente, já tem mais de meia centena de internacionalizações. Importa ainda referir que venceu a Taça das Confederações, realizada no ano de 2003. A Fraca, que já conquistara o troféu em 2001, superiorizou-se aos Camarões e venceu por 1-0 na final, mesmo após prolongamento. Ganhou a fase de grupos com 3 vitórias em 3 jogos, frente à Colômbia (1-0), Japão (2-1) e Nova Zelândia (5-0), apesar de só ter actuado diante dos nipónicos. Nas meias-finais, jogou os 90 minutos contra a Turquia (3-2) e também a final contra os africanos. Em 2003/04, já mais com Terry a seu lado, Gallas voltou a provar ser o parceiro ideal para jogadores fisicamente mais fortes e menos velozes, como Terry ou Desailly. Assim como o actual capitão do Chelsea, Gallas desenvolveu características assinaláveis de liderança. Retornando à selecção, esteve presente na relativamente fraca prestação francófona no Euro 2004, em que foram eliminados pelos campeões europeus, Grécia. Partiram para o torneio com a missão de defender o título atingido em 2000 e até venceram o grupo B, onde estavam Inglaterra, Suiça e Croácia. Contra a Inglaterra, venceram 2-1 com dois golos nos descontos obtidos por Zidane (um deles de grande penalidade); contra a Croácia empataram a 2 e contra a Suiça ganharam 1-3. Se nos dois primeiros jogos, jogou a titular e não foi substituído, contra os helvéticos, entrou ao intervalo para sair aos 92 minutos. Nos quartos-de-final, foram eliminados pela Grécia, num jogo em que Gallas jogou os 90 minutos e em que Charisteas (quem mais?) marcou aos 65 minutos o golo que deu a vitória aos helénicos e os catapultou para umas inesperadas meias-finais. A participação, a nível individual, de Gallas, acabou por ser positiva, ainda que o colectivo tenha deixado algo a desejar. Regressou ao Chelsea e em 2004/05, com a chegada de José Mourinho e principalmente de Ricardo Carvalho, e com a conquista do primeiro campeonato, o meio deixou de ser seu e passou a jogar essencialmente como lateral esquerdo, mas nunca perdeu o fulgor, a qualidade e a categoria exibicional. Muito pelo contrário. Esta nova etapa futebolística só veio provar que Gallas é muito forte em mais do que uma posição. Mas acima de tudo, há a destacar o facto de o Chelsea se ter sagrado campeão pela primeira vez em 25 anos e de Gallas ter contribuído decisivamente para esse feito com 28 jogos e 2 golos para o campeonato, assim como com 12 jogos para a Liga dos Campeões. Além disso, o Chelsea ganhou a Community Shield e a Taça da Liga Inglesa. Foi uma época em cheio a todos os níveis para o francês. Em 2005/06 voltou a demonstrar grande importância no seio da equipa e realizou 34 jogos para o campeonato, marcando, pela primeira vez, meia dezena de golos. Ajudou, por isso, o Chelsea a revalidar o título e a definir perfeitamente a sua supremacia em relação aos demais. A sua qualidade individual fez com que fosse eleito para a equipa da época na Premiership.

Primeira presença no Mundial…

Marcou o seu primeiro golo com a camisola francesa no dia em que fez 28 anos e estava à espera da maior competição mundial de selecções para chegar mais rapidamente aos 50 jogos pela tricolor. No Verão de 2006 cumpriu o sonho de qualquer futebolista profissional e foi convocado para o Mundial. Gallas foi um dos principais defesas no apuramento para a competição e a sua chamada teve tanto de justo como de esperado. Penso que quase ninguém, nem mesmo ele, acreditava que a França conseguisse chegar tão longe no Campeonato do Mundo. A verdade é que só mesmo a Itália os conseguiu parar na final. Fez dupla de centrais com Thuram, deixando as laterais entregues a Abidal e Sagnol. No primeiro jogo do grupo G, França e Suiça estrearam-se sem golos, num entediante 0-0. Novo empate veio a suceder, desta vez contra a Coreia do Sul, com um 1-1. A qualificação, em 2º lugar, foi obtida com a vitória diante do Togo por 0-2 e a única alteração a nível defensivo foi a entrada de Silvestre para o lugar de Abidal. O quarteto defensivo inicial voltou a tomar conta da selecção francesa nos oitavos-de-final, em que o adversário era Espanha.
Villa ainda marcou primeiro para os espanhóis, mas França, com 3, carimbou a presença nos quartos-de-final. O Brasil, grande favorito, era um adversário complicadíssimo, mas foi superado com sucesso pelos pupilos de Domenech. Os 4 da zona defensiva mantiveram a confiança do treinador e foi com um golo do fantástico Henry que puderam marcar presença nas meias-finais. Adversário? Portugal, claro. Portugal tinha eliminado Inglaterra e estava em jogo a comparência na grande final.
Infelizmente para nós, felizmente para Gallas, a vitória sorriu aos gauleses, graças a um golo de penalty marcado por Zinedine Zidane. Na final, Gallas foi titular, assim como em todos os jogos, sem excepção, da competição, e jogou os 120 minutos. Zidane e Materazzi marcaram, jogadores que viriam a ser expulsos mais tarde. O jogo pautou-se por algum equilíbrio e oportunidades de parte a parte, com a França a fazer quase o triplo dos remates, mas a Itália a segurar mais tempo a bola. O jogo arrastou-se até à lotaria das grandes penalidades e acabaram por ser os transalpinos a arrecadar nova Taça. Gallas, porém, teve uma boa participação, jogando todos os jogos e os jogos todos.

Chelsea e transferência para o rival Arsenal…

Depois do Mundial, Gallas recusou-se a ir para os EUA com o Chelsea por alegado cansaço e os responsáveis do Chelsea consideraram isso uma atitude pouco profissional. E foi, possivelmente a única que teve ao longo da sua carreira. Além disso, não aceitou renovar o contrato por achar que não estava a auferir o que merecia e foi sem surpresa que abandonou os “Blues” para servir como moeda de troca por Ashley Cole e os “Gunners” são agora a sua nova casa. Começou bem, como titular, revelando tudo aquilo que já tinha revelado antes, mas uma lesão afastou-o durante alguns meses, sendo que apenas regressou agora, no jogo para a Liga dos Campeões contra o PSV e já voltou a pegar na titularidade. No total, já jogou 19 jogos, sendo 6 deles para a Liga dos Campeões e os restantes – 13 – para o campeonato. O Arsenal foi eliminado da Champions e o campeonato não está a correr muito bem, pelo que estão no 3º posto, com mais um ponto do que o Liverpool, 4º, e menos 14 do que o Chelsea, 2º. Com o nº10 às costas (Wenger aceitou dar-lho para evitar que um futuro avançado carregasse com a pressão de suceder a Bergkamp), William Gallas parece pronto para deixar a sua marca nos rivais londrinos do Chelsea, o Arsenal. Veremos o que este jogador de 29 anos poderá fazer.

VÍDEO DO JOGADOR



QUESTÕES SOBRE O JOGADOR

Até que ponto a mudança de Stamford Bridge para o Emirates Stadium foi benéfica para o jogador?

Consideram exagerado dizer que Gallas é dos melhores defesas mundiais?

Gallas é melhor central ou lateral?

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