terça-feira, outubro 17, 2006

Até já, CAPITÃO!

Um dia teria de ser! O “Bicho” terminou a sua carreira de futebolista. Foi no dia 16 de Outubro de 2006 e vai ficar na memória de todos os portistas.
O Museu da Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, foi o lugar escolhido para a viragem na vida de Jorge Costa. Chamou os jornalistas e deu uma conferência de impressa. Com o carácter que sempre o caracterizou, o Capitão falou de muitos temas e houve uma frase que me ficou na cabeça, “A ida para o Charlton doeu-me mais do que as lesões”, cada vez que leio esta frase arrepio-me todo, porque será? Acho que os portistas me entendem.

Este é dos post’s que me mais que custa escrever, estou arrepiado, à memória só me vêm aqueles jogos fabulosos do Capitão, foram muitos jogos, muitos títulos mas há um que me fica na memória, a conquista da Taça Uefa, nessa noite chorei de alegria, gritei tanto que fiquei sem voz e o meu carro ficou sem buzina, finalmente o “Bicho” e Baía realizavam o seu sonho, conquistar um troféu internacional pelo clube do coração! São memórias que como adepto jamais esquecerei.As palavras começam-me a fugir, queria continuar a falar daquele que aprendi a admirar, daquela pessoa que sempre defendeu o meu clube, pondo-o muitas vezes acima da sua vida, mas muito sinceramente, por muitos adjectivos que encontre, todos são insuficientes para mostrar a grandeza deste homem.
O “Bicho” merece tudo de bom e que aqui se ponha um post completo, como tal, vou publicar alguns excertos da notícia de o jornal O’Jogo escrito pelo jornalista Ricardo Nuno Fidalgo.
Da minha parte deixo só mais duas palavras... OBRIGADO CAPITÃO!!!
Vinte dois títulos depois, o antigo capitão do FC Porto anunciou oficialmente que não voltará a jogar. O "Bicho" prometeu voltar qualquer dia, como treinador ou até, mais tarde, como presidente dos dragões, a quem dará sempre preferência. Podia ter continuado a jogar, mas agora é o tempo da família.Não é costume, porque o povo aprecia mais o estilo oposto, mas também há filmes felizes que terminam com certa amargura. O da carreira futebolística de Jorge Costa é um desses. O protagonista tinha um final escolhido, um "happy end", mas foram outros a determinar o real desenlace. O já mítico capitão do FC Porto, que ergueu alguns dos mais importantes títulos da história do clube, rascunhou ontem um ponto e vírgula na sua ligação ao futebol. Não volta aos relvados, mas não se vê afastado das grandes emoções. Partiu com regresso marcado para daqui a qualquer dia.

Exuberante em campo, discreto ao máximo fora dele - Jorge Costa sempre foi assim. Também na despedida oficial, ontem ao fim da manhã, em Leça da Palmeira. O "Bicho" agradeceu a todos quantos contribuíram para um percurso recheado de êxitos, lembrou os momentos negativos, mas enalteceu os positivos. Muitos. Conquistou 21 troféus com a camisola azul e branca, mais um, de Campeão do Mundo, pela Selecção Nacional de Sub-20.

Jorge Costa parece tender para os finais trágicos. Fez uma excelente carreira por Portugal, mas retirou-se após um Mundial (o de 2002) sem glória; tornou-se referência no FC Porto, mas saiu para a Bélgica em choque com o treinador dos dragões, Co Adriaanse. Queria jogar mas não o convocavam e esse não era, nem de longe, o epílogo previsto pelo capitão.

O central fez o último jogo aos 34 anos, pelo Standard de Liège. Tinham passado 15 épocas desde a estreia, nas Antas, pelo... Penafiel! Exactamente, Penafiel. O jeito para a bola despertou no FC Foz, mas nos juvenis já Jorge Costa representava o FC Porto. Internacional desde cedo, foi cedido aos penafidelenses na primeira temporada como sénior, a mesma em que conseguiria o único título pela Selecção Nacional, o Mundial de Sub-20.Depois de mais um ano de empréstimo, agora ao Marítimo, estreou-se na Selecção A e fixou-se no plantel portista. Começou logo aí a coleccionar conquistas. Foi, pela primeira de oito vezes, campeão nacional, na época seguinte veio a Taça de Portugal, depois a Supertaça Cândido de Oliveira, mais tarde a Taça UEFA, a Liga dos Campeões, a Taça Intercontinental... Herdou a braçadeira e a camisola 2 de João Pinto, a oportunidade ideal para ser sempre o primeiro a tocar nas (muitas) taças ganhas durante a sua era.

Houve igualmente espaço para episódios negros, que o levaram mesmo a deixar o FC Porto. O primeiro, com Octávio Machado, fê-lo atirar a braçadeira de capitão ao ser substituído durante um jogo com o Setúbal. Foi para o Charlton, de Inglaterra. O segundo, sob o comando de Co Adriaanse, levou-o a sair para o Standard de Liège, da Bélgica.

"A melhor opção para mim"Amargurado mas de consciência tranquila, sem problemas com Pinto da Costa e vocacionado para ser dirigente. Jorge Costa ponderou bem e decidiu que o melhor para todos, especialmente para a família, seria terminar a carreira
"Continuo a pensar que será mais benéfico para a minha carreira tornar-me dirigente, mas amanhã tudo pode mudar. Tenho prazer em ir aos estádios, continuo a gostar de futebol e do FC Porto"

Despedida intimista, sem folclores. O propósito não era fazer uma festa de final de carreira, Jorge Costa pretendia simplesmente anunciá-lo oficialmente aos muitos fãs que cultivou durante os anos no FC Porto e na Selecção Nacional. Nem sequer sente falta de uma homenagem formal do clube; a que lhe fez o Colectivo 95 no jogo com o Marítimo emocionou-o. Daí o cachecol da claque portista sobre a mesa.

"Fica alguma amargura pela forma como saí, porque tinha dito que a época passada seria a minha última, mas no FC Porto. Tive de sair e essa é uma mágoa que ficará para sempre", desabafou o agora ex-jogador, sem deixar de fazer uma ressalva: "Estou de consciência tranquila e ando na rua de cabeça erguida." Em relação a Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, Jorge Costa garantiu tudo estar bem, como... sempre. "Nunca tive problemas com Pinto da Costa, ele sabe perfeitamente por que tive de sair do FC Porto. Não era uma pessoa feliz, não queria sentir que estava no grupo por favor", lembrou, completando: "Se calhar fui um bocado egoísta, mas queria sentir-me útil. O Vítor Baía também não está a jogar, mas é convocado, ainda deve fazer alguns jogos, enquanto eu nem sequer era convocado, nem ouvia as palestras!"

A decisão de se retirar em definitivo dos relvados "não foi tomada da noite para o dia", explicou o antigo capitão azul e branco. "Mantive sempre a esperança de voltar a jogar, mas por motivos pessoais, nomeadamente relacionados com a minha família, esta era a melhor opção para mim", justificou. O último convite surgiu de Itália, mas Jorge Costa pensou nos filhos: "Foi nessa altura que decidi que era melhor parar do que andar a enganar-me. Dei o meu contributo ao futebol, mas agora tenho dois filhos, mais um que vem a caminho, e essa será a minha prioridade. Foi uma decisão muito pensada e extremamente difícil", vincou.Terminar a carreira de forma digna foi o ponto de honra para Jorge Costa. Sentia-se com condições para prosseguir, mas optou por não cumprir o segundo ano de contrato na Bélgica. Indirectamente, aliás, quando agradecia aos treinadores que o marcaram, nomeadamente a José Mourinho e Carlos Queiroz, o "Bicho" frisou o desconforto pela saída do FC Porto: "Vocês sabem quem foram os treinadores negativos para a minha carreira. Joguei cerca de 20 anos no FC Porto de alma e coração e nunca pensei fazê-lo noutro lado. A ida para o Charlton doeu-me mais do que as lesões", confessou.
Do passado para o futuro, Jorge Costa manifestou a intenção de aprender para ser treinador, ainda que o dirigismo o atraia mais: "Continuo a pensar que será mais benéfico para a minha carreira tornar-me dirigente, mas amanhã tudo pode mudar. Tenho prazer em ir aos estádios, continuo a gostar de futebol e do FC Porto", realçou, abrindo a porta para, no futuro, liderar os destinos dos dragões: "A breve prazo não, mas no futuro nunca se sabe. Se achar que tenho condições, por que não?", deixou no ar, tal como o nome de Vítor Baía como um potencial parceiro de direcção.

"Avançados devem lembrar-se de mim"
O tempo é de planear o que fazer, mas principalmente de recordar o que foi feito. Jorge Costa não se arrepende de nada, "voltaria a fazer tudo da mesma maneira". "Houve vários momentos marcantes, como o primeiro jogo pelo FC Porto, todos os títulos pelo clube (não foram poucos) e, enfim, a vida excelente que o futebol me proporcionou", disse.Na hora de fazer escolhas e elogios, começou por lembrar os treinadores. "José Mourinho e Carlos Queiroz foram os que mais me marcaram. Tive uma carreira longa e aprendi com todos os treinadores, mesmo coisas que não serão para repetir", frisou. Quanto a adversários difíceis, foram "muitos e bons", mas o "Bicho" destacou Romário e Henry. "Alguns também se devem lembrar de mim", gracejou.

Como parceiro de centro de defesa, há um especial. "Por ter sido a primeira, pela amizade e também por termos utilizado essa dupla na selecção, tenho que dizer que foi com o Fernando Couto a melhor parelha que formei. Mas tive a meu lado outros grandes jogadores, como o Ricardo Carvalho, o Jorge Andrade ou o Aloísio", lembrou.

Jejum por uma só época

Sempre a somar pelo FC Porto!

Apenas em 2000/01 Jorge Costa ficou longe dos títulos pelos portistas. Todas as restantes temporadas tiveram conquistas.
Chegou à equipa sénior em 1992/93 e logo aí foi campeão nacional. Voltaria a consegui-lo em 1994/95, 1995/96, 1996/97, 1997/98, 1998/99, 2002/03 e 2003/04, marcando presença decisiva no inédito pentacampeonato alcançado com Bobby Robson, António Oliveira e Fernando Santos. Os intervalos entre títulos, contudo, não foram passados em seco. Excepto um, 2000/01, o ano em que o Boavista venceu a Liga.

Em 1993/94, Jorge Costa compensou o campeonato perdido com a Taça de Portugal, repetindo o êxito noutros dois anos sem a Liga (1999/2000 e 2001/02) e registando duas dobradinhas (1997/98 e 2002/03). Ergueu, ainda, a Supertaça Cândido de Oliveira em cinco ocasiões - 1995/96, 1997/98, 1998/99, 1999/2000 e 2001/02.

Os grande êxitos internacionais vieram já com o defesa trintão, na era Mourinho, um dos treinadores que mais o marcaram. Taça UEFA em 2002/03, Liga dos Campeões em 2003/04 e Taça Intercontinental no ano seguinte, já com Fernández no banco. Falta ao currículo apenas a Supertaça Europeia, que acabou por lhe passar ao lado em duas finais.

Muitos anos antes, em 1990, Joaquim Teixeira lançava-o no Penafiel para o primeiro jogo na I Divisão, frente ao FC Porto. O golo de estreia aconteceu em Penafiel, frente ao Sporting, mas não evitou a goleada (2-5). Jorge Costa conheceu as competições europeias já no FC Porto, em 1992, na vitória frente ao Union Luxembourg para a Liga dos Campeões. Meses depois estreou-se pela Selecção principal, ante a Bulgária. A 5 de Maio deste ano, em Liège, jogou pela última vez, perdendo com o Gent.

Os números
22: Os títulos ganhos por Jorge Costa ao longo da carreira. 21 no FC Porto, um pela Selecção

466: Jogos oficiais realizados durante a carreira, ao longo de 16 temporadas

41: Os encontros em que participou ao serviço de equipas estrangeiras (Charlton e Standard de Liège)

29: Golos ao longo da carreira clubística, quatro deles em competições europeias

50: Meia centena de internacionalizações A e um golo apontado, frente a Israel

35: É a idade actual do "Bicho", aquela em que decidiu que não voltaria a jogar futebol



Obrigado Capitão!

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