sexta-feira, outubro 13, 2006

Referências estrangeiras do nosso futebol: Carlos Gamarra


Bem, andei aqui às voltas para escolher a referência estrangeira desta semana e, depois de ponderar falar de Osvaldo Silva ou Jorge Gomes, decidi que o jogador ideal para passar em revista seria Carlos Gamarra, uma vez que este defesa-central, que teve uma fugaz passagem pelo Benfica, retirou-se no passado dia 6 de Outubro do futebol internacional. Deixou a sua selecção, apenas, mas não abandonou a carreira como referi, erradamente, a um dos fundadores deste blog.
Começou a carreira no Cerro Porteño, do Paraguay, em 1990, onde conquistou dois campeonatos paraguaios. Deu nas vistas e em 1992 teve a sua primeira experiência no estrangeiro no Independiente, da Argentina. Não foi bem sucedido e, por isso, voltou ao Cerro Porteño.
A 27 de Março de 1993, Carlos Gamarra estreou-se pela selecção do seu país, que sofreu uma derrota contra a Bolívia por 2-1. Esta foi a primeira de 110 internacionalizações.

Continuou a evoluir e em 1995 voltou a apostar em mais uma experiência no estrangeiro, desta feita no Internacional, do Brasil. Chegou ao futebol canarinho sem muito alarido, entrando para o restrito grupo de jogadores estrangeiros naquele país. Cedo convenceu e encantou os exigentes adeptos brasileiros e conquistou inclusivamente o campeonato gaúcho, em 1997.
A sua excelente época no Brasil chamou a atenção do Benfica, que não hesitou em contratá-lo. Gamarra tinha, assim, a sua primeira experiência no futebol europeu e uma grande oportunidade de chamar atenção de colossos europeus. Contudo, a sua passagem pelo Benfica, apesar de economicamente rentável, de ter feito bons jogos e ter ganho o respeito dos adeptos, não foi tão bem sucedida como era esperado e não serviu para o catapultar para um grande campeonato europeu. Este jogador paraguaio esteve no clube da luz numa das alturas mais conturbadas da sua história, em que o Benfica estava num jejum de títulos.
Regressa ao Brasil já em Dezembro de 1997, para representar o Corithians, então treinado por Wanderley Luxemburgo. Entrou pela porta do fundo do clube, sem as pompas e circunstâncias que merecia. Mal sabia, Gamarra, que ia estar nos melhores momentos do clube paulista.
Em 1998, esteve presente no campeonato do mundo, em França. Foi um dos pilares duma selecção que chegou ao oitavos-de-final, e que deixou pelo caminho grandes selecções, como a Bulgária e Espanha, só caindo aos pés da selecção da casa e futura campeã do mundo, a França, na segunda parte do prolongamento. É preciso referir que Carlos Gamarra foi escolhido para o onze ideal do torneio.
Ao voltar ao Corithians, o jogador foi escolhido para capitão de uma equipa que conquistou o campeonato brasileiro naquele ano e o campeonato paulista no ano seguinte. Foi a consagração de uma carreira, convencendo adeptos e críticos.
Em 1999, voltou a ter mais uma oportunidade de conquistar a Europa, agora na Liga espanhola, representando o Atlético de Madrid. Nada deu certo: o Atlético de Madrid, um histórico do futebol espanhol, foi relegado para a segunda divisão, e Gamarra teve alguns desentendimentos com o treinador.
As terras de Vera Cruz voltaram a acolhê-lo, depois de mais um fracasso no velho continente. Foi recebido de braços abertos no histórico Flamengo. Mas, no clube mais popular do Brasil, não teve o sucesso de outrora, o que levou muitos críticos a questionarem o seu talento. Porém, a conquista da Copa dos Campeões, onde teve uma acção decisiva, voltou a pôr o paraguaio na ribalta.
Em 2001, transferiu-se para o AEK de Atenas, da Grécia, de modo a tentar mais uma vez a sua sorte em terras europeias. E à terceira.......foi de vez. Gamarra fez uma época que foi considerada por muitos como a melhor da sua carreira.
Escusado será dizer que no final da época esteve presente no Mundial de 2002, que se realizou no Japão e na Coreia do Sul. Mais uma vez o jogador, que representou o Benfica, esteve em grande nível.
As suas grandes exibições durante época chamaram a atenção do Inter de Milão, que o contratou na época 2002/2003. Gamarra via então realizado o desejo de jogar num grande europeu. No entanto, acabou por não ser muitas vezes utilizado, mas sempre que era chamado a intervir demonstrava um grande talento e que seria uma hipótese viável para o treinador.
Voltou à Grécia no verão de 2004, mas para capitanear a selecção olímpica paraguaia, que conquistou a prata no torneio.
Em 2005, farto de ser segunda opção, voltou para o país onde sempre foi admirado: Brasil. Assinou pelo Palmeiras, o grande rival da sua ex-equipa, o Corithians. Muitos defendiam que o tempo de Gamarra já tinha acabado e que o jogador não seria tão influente como no auge da sua carreira. O Paraguaio, todavia, calou os críticos, demonstrando que quem sabe nunca esquece.
Voltou a estar presente, este ano, numa fase final de um campeonato do mundo. A selecção de Paruguai, porém, ficou um pouco aquém das expectativos, e o torneio para Gamarra ficou marcado pelo auto-golo que marcou contra a Inglaterra.
Após o Mundial, o jogador foi dispensado do Palmeiras, porque decidiu tirar umas férias e não reintegrou a equipa. Esta inesperada dispensa fez com que o experiente jogador paraguaio, de 35 anos, volta-se ao futebol europeu e curiosamente à ....... Grécia. Agora representa o Ethnikos Pireaus, que está na segunda divisão.
A 6 de Outubro de 2006, registou a 110º e última internacionalização pelo seu país, abandonando, portanto, o futebol internacional.
Carlos Gamarra foi um jogador que aliava raça e técnica. Era dono de um futebol exuberante, e era de uma classe espantosa no roubo de bola. Realmente foi pena que a sua passagem pelo futebol português fosse breve……….


Ficha Técnica:
Nome: Carlos Alberto Gamarra Pavón
Data de Nascimento: 17/02/1971
Naturalidade: Ypacarai, Paraguay
Nacionalidade: Paraguaia
Posição: Defesa-Central
Clubes que representou: Cerro Porteño, Independiente, Internacional, SL Benfica, Corinthians, Atlético de Madrid, Flamengo, AEK Atenas, Inter de Milão, Palmeiras e Ethnikos
Internacionalizações: 110 (12 golos)

Palmarés:
2 Campeonatos Paraguaios
1 Torneio de qualificação para os jogos olímpicos de 1992
1 Campeonato Gaúcho
1 Campeonato Brasileiro
1 Campeonato Paulista
1 Copa dos Campeões
1 Campeonato Carioca
1 Taça da Grécia
Medalha de prata nos jogos olímpicos de Atenas, em 2004
1 Taça de Itália

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