terça-feira, outubro 31, 2006

Olivais e Moscavide x Varzim


ESTÁDIO: Alfredo Marques Augusto, Moscavide
ESPECTADORES: 2000
ÁRBITRO: Paulo Paraty (Porto)
TEMPO: Quente
RELVADO: próprio para consumo

excerto da crónica de pfgfr (blog Preto No Branco http://varzinistas.blogspot.com)

O jogo começou incaracterístico, com muita luta a meio-campo (mas nem por isso demasiadamente faltoso), a fazer lembrar um jogo da 2ª Divisão B, de onde os locais provêm e através do qual já tinham conseguido vencer o Guimarães. Aliás, a única derrota clara que tinham averbado no seu reduto fora precisamente com o Trofense, praticante do mesmo tipo de futebol e também recém-promovido daquele. Perante um meio-campo muito povoado e uma dupla de centrais que rubricou uma belíssima exibição, tivemos pois um Varzim que não conseguia o seu objectivo de pegar no jogo e tentar servir Pedrinho e Mendonça nas costas dos laterais adversários, sabendo-se que esse tem sido o ponto fraco da formação do Olivais e Moscavide. Contudo, a equipa da casa, arrumada, agressiva no meio-campo e coesa, não o permitiu. Nessa primeira parte assistimos assim a um jogo dividido, embora os locais, conseguindo impor o jogo que queriam, começassem com o tempo a criar cada vez mais perigo, sempre pelo lado esquerdo, onde pontificou Filipe Falardo (a justificar o porquê de ter estado nos planos de Domingos Paciência para o União de Leiria no início desta época), com a preciosa ajuda do criativo Celestino (jovem de 19 anos emprestado pelo Sporting).


Foi assim que os locais deixaram os alvi-negros com o credo na boca aos 17 e 23 minutos, primeiro numa jogada de envolvência e depois numa atrapalhação da defesa poveira, destacando-se nessas alturas Rui Barbosa, com duas defesas de luxo. Sentia-se que o Varzim teria de fazer mais do que os remates de meia-distância (destaque para um de Mendonça, perigosíssimo, aos 25 minutos) com que até aí vinha tentando furar a muralha dos de azul e grená. Faltava-lhe acutilância e, no miolo, Nuno Rocha revelava-se muitos furos abaixo daquilo que se esperava.

Perante este cenário, não foi com total injustiça que os locais inauguraram o marcador aos 27 minutos, pelo já referido Filipe Falardo, aproveitando uma falha de marcação ao segundo poste na sequência de um canto. Procuraram responder os forasteiros, mas apenas lograram criar perigo real num remate de Denilson, já à beira do intervalo.

Chegou o descanso e Horácio Gonçalves optou por deixar Nuno Rocha nas cabinas, entrando para o lugar deste o argentino Diego. E que bem começou o Varzim! Acutilante, rápido, com Mendonça mais apoiado e a revelar-se mais lesto a soltar a bola, enquanto Diego fazia também ele soar o alerta vermelho nas hostes adversárias, nomeadamente aos 50 minutos quando, após excelente jogada, falhou clamorosamente só com o guardião adversário pela frente. E esse lance acabaria por ser decisivo pois, logo a seguir, uma intervenção azarada de Tito colocou a bola nos pés de Laurindo, que fuzilou Rui Barbosa para o 2-0. Terão pensado muitos dos presentes que o jogo estava sentenciado. Puro engano: na Póvoa do Mar mora uma equipa de grande qualidade e com uma força anímica admirável, que vende cara qualquer derrota e só atira a toalha para o chão quando o jogo acaba. Foi pois sem surpresa que o Varzim encostou o Olivais e Moscavide positivamente às cordas e que Denilson facturou o 1-2 aos 63 minutos. Tremiam os da casa e, perante o jogo dos poveiros, esperava-se a reviravolta.
Mas, mais uma vez, o destino fez das suas e, após Denilson falhar de baliza aberta quando já todos os varzinistas gritavam golo (68 minutos), a equipa quebrou ligeiramente. Aproveitou o treinador da casa, Rui Dias (dando mais uma vez mostras de uma boa leitura do jogo) para substituir o construtor Celestino pelo lutador Serginho, mais um elemento para destruir o jogo do adversário no meio-campo. O Varzim lá ia tentando, mas sem a mesma acutilância do início da segunda parte. Mais próximo do final, seriam mesmo os locais a ter uma boa oportunidade, valendo nessa altura aos poveiros o guarda-redes Rui Barbosa, uma vez mais em bom plano. O Varzim carregava como podia, mas sem materializar o seu domínio (para o qual contribuíram também as entradas de Nuno Gomes e Marco Cláudio).
Há algo, contudo, que fica por explicar: nos muitos cantos ganhos pelos varzinistas, não aparecia ninguém à entrada da área adversária para ganhar o pontapé de ressaca ou matar à nascença os contra-ataques dos lisboetas (posicionamento de Emanuel demasiado recuado?). Essa situação chegou a ser exasperante para os adeptos alvi-negros e poderia mesmo ter valido o 3-1 aos da casa.

+PONTOS POSITIVOS+

Fidelidade. Apesar dos 300 Km. de distância, registo para a presença de alguns adeptos poveiros nas bancadas.
Barbosa. Na ausência do titular Ricardo, o #24 alvi-negro tem as redes bem guardadas. Não tem responsabilidades no golo.
Entrega. Nos momentos difíceis se vêem as equipas. O Varzim em desvantagem de dois golos, massacrou o adversário e por manifesto azar não empatou a contenda. Se tal tivesse acontecido, os poveiros teriam ganho... sem espinhas!
Inteligência. Rui Dias, técnico do Olivais e Moscavide leu bem nas entrelinhas do jogo. Aproveitou a quebra anímica dos poveiros nos últimos 20 minutos para gerir a vantagem.
Equipa sensação. Belo arranque de prova da equipa lisboeta. Vinda da II Divisão Nacional, assume com naturalidade os lugares cimeiros. Surpresa ou não, este Olivais e Moscavide não escapa aos olhares mais atentos.

-PONTOS NEGATIVOS-

Lento. Horácio tardou em mexer na equipa. Esperou até estar a perder por 2-0 para introduzir um cérebro na equipa: Marco Cláudio.
Perdulário. Foi por ter perdido golos numa fase em que massacrava os lisboetas que a turma poveira quebrou animicamente e deixou fugir, pelo menos, o empate.
Calor. Bela tarde... melhor para a praia do que para o futebol. Pior para quem esteve à torreira nas bancadas descobertas do Alfredo Marques Augusto.
Liderança. Foi à vida! Com esta derrota, o Varzim abandona o primeiro posto por troca com o Feirense.
Arruaça. É triste quando há adeptos que não sabem ganhar. Meia dúzia de adeptos da equipa da casa provocaram os visitantes poveiros com gestos obscenos aquando dos golos. A coisa ia acabando mal, não fosse a Polícia intervir prontamente.

ARBITRAGEM

- Tarde calma para Paulo Paraty... jogo sem casos. Os atletas também ajudaram.

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