quarta-feira, outubro 25, 2006

Jogador Atacante da Semana: Francesco Totti



Nome: Francesco Totti
Data de Nascimento: 27/09/1976 (30 anos)
Clube: AS Roma
Nº da Camisola: 10
Posição: Médio Ofensivo
Altura: 1,80 metros
Peso: 82 kg
Naturalidade: Roma – Itália
Palmarés:

1 Série A (2001)
1 SuperTaça Italiana (2001)
1 Campeonato do Mundo (2006)
1 Vice-Campeonato da Europa (2000)
1 Campeonato da Europa sub-21 (1996)
1 Vice-Campeonato da Europa sub-18 (1995)
2 Vezes o Melhor Jogador Italiano do Ano (2001 e 2003)
Pertence ao FIFA 125 (2004)


Totti é, podemos dizê-lo, uma lenda viva da Roma, um ser superior dentro da formação romana, um deus venerado por qualquer bom adepto da AS local. Não fosse bastante o facto de estar no clube desde que iniciou a sua carreira como profissional, Totti é mesmo um jogador com qualidade muito acima da média. É dos jogadores mais evoluídos tecnicamente que pisam os relvados de hoje. Tem uma técnica prodigiosa, uns pezinhos que fazem inveja a todos os futebolistas por esse mundo fora. Pode jogar como segundo avançado num sistema onde existam dois jogadores na zona mais adiantada ou como organizador de jogo, nº10, cumprindo ambas as funções muito bem. Patenteia uma capacidade de construção e distribuição de jogo de topo. Não é muito alto (1,80m), mas é um jogador com uma grande capacidade de choque e quando desata a correr é muito difícil conseguir travá-lo sem recorrer à falta. É muito forte tacticamente, também, super inteligente, com e sem bola. É importante referir a sua capacidade de executar bolas paradas, cantos, penalties e livres directos primordialmente, parâmetro em que se encontra dentro dos melhores do planeta. É portador de uma genialidade criativa autenticamente fantástica, excelente no passe, longo e curto, com capacidade para levantar um estádio inteiro com a sua excepcional categoria técnica, com arrancadas imparáveis e pormenores soberbos. Não tem um poder de arranque e velocidade por aí além, mas como já disse anteriormente, é complicado impedir um “tractor” daqueles de progredir, galgando metros atrás de metros com a bola completamente controlada e capaz de, quando menos se espera, fintar mais um ou colocar a bola onde quer ou mesmo rematar. Convém explicar que no que toca a remates longínquos e cruzamentos, Totti é magnífico. Tem a frieza italiana, consegue misturar aquele futebol irritante característico dos naturais de Itália com o futebol tipicamente latino, técnico e agradável de se ver: joga bonito e eficaz em simultâneo e isso é uma combinação explosiva, de uma utilidade extrema. Imprime determinação em todos os lances disputados e, quando uma equipa necessita de alguém, não há ninguém melhor que Totti para levantar a cabeça dos seus companheiros e levar a equipa para a frente: Totti é a alma da equipa da AS Roma. No fundo, este deus romano – não só no futebol mas ao que parece também entre o público feminino – é um atleta completíssimo, tecnicamente quase perfeito e com uma relação beleza/eficácia absolutamente espantosa. Tendo em conta que nunca abandonou o barco romano, torna-se natural e lógico que seja a figura maior do clube, um dos melhores jogadores da história da AS Roma e um dos melhores italianos dos últimos anos.

Começou a jogar futebol nalguns clubes de bairro da capital italiana, donde é natural. Depois de dar nas vistas no pequeno Lodigiani, o jovem de 13 anos Francesco (que belo nome!) tinha equipas como o AC Milan, Lazio ou AS Roma com o objectivo de assegurar os seus préstimos. Escolheu, de entre essas três grandes potências, o emblema do seu coração, a AS Roma. Um jogador com tamanho talento não tardou a despoletar e fez a sua estreia com a camisola vermelha com somente 16 anos, em Março de 1993, na vitória por 2-0 diante do Brescia. Nessa mesma temporada cumpriu somente um jogo mais. No entanto, em 1993/94, já jogou oito mesmo sem apontar golo algum. Boskov e Carlo Mazzone, treinadores do italiano nestas duas primeiras épocas, tentaram evitar ao máximo a mediatização do jogador, cujo talento era óbvio. Além da Roma, Totti vinha demonstrando toda a sua classe ao serviço das selecções jovens de Itália. A sua “explosão” surgiu em 1994/95, com 4 golos em 21 jogos disputados, numa época em que a AS Roma terminou na 5ª posição. Em 1995/96 jogou 28 jogos e marcou 2 golos. No Verão de 1996, Totti seria uma pedra basilar no meio-campo da selecção de sub-21 de Itália que se tornou campeã europeia de esperanças. Em 1996/97, apesar da fraca prestação da equipa na Série A onde terminou no 12º posto, Totti jogou 26 partidas e marcou 5 golos no campeonato da Itália. Seguiu-se 1997/98, ano em que a Roma conseguiu uma posição bem mais respeitável, 4º, logo atrás da Udinese. Nesse ano, a já estrela da equipa marcaria 13 golos em 30 jogos, batendo o seu recorde pessoal de golos e de jogos na Série A, num ano em que definitivamente se afirmou como o claro ícone romano, se bem que sempre tivesse sido um jogador importantíssimo para a AS Roma. Logo no início da época 1998/99, foi com naturalidade que chegou à selecção principal em 1998, num jogo para a fase de apuramento, em Outubro, frente à Suiça, num jogo com resultado favorável à “squadra azzurra”. A partir de então começou a ser convocado salvo raras excepções. No decorrer dessa época, Totti participou em 31 jogos pelos romanos, marcando um total de 12 golos. O AS Roma ficou em 5º lugar nesse ano. Em 1999/00, Totti continuava a ser presença assídua na selecção e no clube, onde jogou por 27 ocasiões, com 7 golos marcados, com a equipa de Totti a situar-se no 6º lugar da tabela da Série A. No Verão de 2000 chegou a primeira grande fase final de Totti com a camisola azul de Itália, na Holanda e na Bélgica, onde disputou o Euro 2000. A Itália estava no grupo B, juntamente com a Turquia, a Bélgica e a Suécia. No primeiro jogo ganharam à Turquia por 1-2, golos italianos por Conte e Inzaghi. No segundo jogo, Totti facturou no triunfo frente aos anfitriões da Bélgica, marcando o primeiro golo de dois sem resposta, logo aos 6 minutos. Fiori ainda ampliou a vantagem aos 66. Del Piero e Di Baggio foram os autores dos golos na vitória de 2-0 frente à Suécia. Nos quartos-de-final, a Roménia, vinda do grupo luso, perdeu por 2-0 diante dos transalpinos, com golos de Totti, o nosso homem, e Inzaghi. As meias-finais foram disputadíssimas, tendo ambas ido a prolongamento. O desfecho do França vs Portugal já todos sabemos, mas com a Itália, o 0-0 depois dos 120 minutos levou a que Itália e Holanda disputassem uma ida à final do prestigiado torneio nos penalties: 3-1 nas grandes penalidades, com a de Totti, a 3ª, convertida “à Paneka”. Na final, acabaria por ser o golo de ouro de Trezeguet a dar o “caneco” aos francos. Totti fez um grande jogo na final do Euro 2000. A Série A voltava a ser a preocupação do avançado romano e em 2000/01, na segunda época de Fábio Capello na Roma, o Roma foi campeão de Itália, contando com uma ajuda preciosíssima do seu grande herói, Francesco Totti. As 30 partidas e 13 golos de Totti no ano do título foram de uma grande valia. E além da Séria A, Totti ganhou também a SuperTaça do seu país, onde a Fiorentina, vencedora da Taça, caiu aos pés da Roma. Em 2001/02 a Roma permaneceu na rota do sucesso, com o toque do genial Capello, que conduziu os “giallorossi” a mais uma temporada fantástica. A AS Roma ficou a um ponto apenas do primeiro classificado, Juventus (actualmente na Série B), tendo terminado com o vice-campeão de Itália. 24 jogos e 8 golos para Totti. Veio o Mundial da Coreia e do Japão, que foi ligeiramente decepcionante para os italianos. Passaram a fase de grupos com bastante dificuldade, sempre com Totti a titular: 2-0 contra o Equador com um bis de Vieri, que viria a marcar no jogo seguinte o golo solitário frente à Croácia, no 1-2 favorável aos ex-jugoslavos. No último jogo, México e Itália defrontaram-se e o empate serviu para que ambas passassem aos oitavos de final. 1-1 foi o resultado final com o golo de Itália a ser marcado por Del Piero já aos 85 minutos, Del Piero que tinha rendido precisamente Totti 7 minutos antes de marcar o golo. Nos oitavos de final, Vieri voltou a ser o marcador de serviço, logo aos 18 minutos, mas a Coreia do Sul, aos 88, empatou por Seol Ki-Hyeon. No prolongamento a vitória acabou por sorrir aos asiáticos que marcaram o golo de ouro, por intermédio de Ahn Jung-Hwan. Em 2002/03 Capello já não conseguiu o mesmo sucesso dos anos anteriores com um mísero 8º lugar, apesar dos 14 golos de Totti em 23 desafios jogados. No entanto, o treinador italiano permaneceu no clube e voltou a fazer uma grande época em 2003/04, quando a Roma voltou ao 2º lugar de há duas épocas. Totti marcou uns impressionantes 20 golos em 31 jogos. Era a rampa de lançamento para o Europeu disputado em Portugal, onde a Itália desiludiu por completo, não conseguindo passar a fase de grupos. O torneio foi péssimo para Totti em particular que foi suspenso pela UEFA logo no primeiro jogo por cuspir na cara de um dinamarquês, Poulsen, num empate a 0 frente à Dinamarca. Desde então, o nosso Jogador Atacante da Semana não jogou mais, nem no empate a 1 com a Suécia, golo de Cassano, nem no Itália 2 vs Bulgária 1, golos de Perrotta e Cassano aos 4 minutos dos descontos. Devido ao confronto directo, Itália ficou pelo caminho apesar dos mesmos 5 pontos da Suécia e da Dinamarca. Em 2004/05, já com o ex-FCP, Luigi Del Neri nos comandos, a Roma ficou novamente no 8º lugar, com Totti a fazer 40 (!) partidas e 16 golos. Na época passada, em 2005/06, Totti marcou 22 golos em 22 partidas, um registo absolutamente impressionante de nº de jogos/nº de golos, que ajudou a Roma a voltar ao 2º posto na Série A (devido ao “CalcioCaos”). Nessa época, Totti sofreu uma gravíssima lesão no tornozelo. Esta época, a Roma vai na 3ª posição, com 13 pontos, menos dois do que Palermo e Inter. Falta ainda falar do Mundial 2006, ganho por Itália, que fez crescer e muito o seu mediatismo. Apesar de vir de uma lesão muito grave, Totti exibiu-se em bom plano no Mundial 2006, o que lhe valeu inclusivamente uma entrada para os melhores 23 da competição. Desde 1982 que a Itália não se sagrava campeã do mundo e voltou a consegui-lo no presente ano, num Mundial memorável. Passo a relatar a prestação fenomenal dos “azzurri” no último Mundial da Alemanha: inserida no grupo E, Itália cumpriu as expectativas e, como cabeça de série, ficou na primeira posição, apesar da dificuldade dos jogos desta fase. Itália estreou-se contra o Gana, num jogo vencido pelos europeus por 2-0, golos de Andrea Pirlo e Iaquinta. Totti saiu do jogo aos 56 minutos, substituído por Camoranesi. O segundo jogo foi diante dos Estados Unidos, 1-1 no final. Gillardino marcou primeiro, aos 22, mas Cristian Zaccardo, num auto-golo acabaria por empatar a partida 5 minutos mais tarde. Totti voltou a ser titular mas desta feita saiu ainda mais cedo, aos 35 minutos, entrando para o seu lugar Gattuso. Isto porque Totti tinha amarelo desde os 5 minutos e a expulsão de De Rossi exigia mudanças a nível de meio-campo. Totti foi o sacrificado. No último jogo, República Checa não foi suficientemente forte para levar de vencida os italianos e acabaram por perder por 2-0, com os golos a serem marcados por Materazzi e Inzaghi. Totti jogou, finalmente, um jogo completo no torneio. Nos oitavos-de-final, Totti foi mesmo a figura do jogo ao dar a vitória da Itália por 1-0 contra a Austrália. Aos 90+5 minutos, Totti converteu o penaltie que carimbava o passaporte dos azuis para os quartos-de-final. A Ucrânia, surpresa por chegar até esta fase, foi insuficientemente forte para bater os moralizados italianos. Um 3-0 esclarecedor colocou transalpinos nas meias-finais. Zambrotta marcou logo aos 6 minutos e Toni viria a bisar nos minutos 59 e 69. Totti jogou os 90 minutos Nas meias-finais, a Alemanha, que jogava em casa, adivinhava-se muito complicada, até porque tinha vindo de uma importante vitória frente à Argentina nos penalties. O jogo foi equilibrado e foi mesmo a prolongamento. Aos 119 minutos já todos esperavam os penalties, mas eis que, à italiana, Grosso marca um golo que foi um balde de água gelada para os alemães, que por si só já são frios. E devem ter enregelado quando, 2 minutos mais tarde, com a defesa germânica completamente desorientada com o golo sofrido anteriormente, sofreram novo golo, aos 121, pelo “velhinho” Del Piero. Totti jogou todo o jogo. A França eliminou a equipa mais espectacular do Mundial, Portugal com golo de Zidane na conversão de uma grande penalidade. A final foi então disputada no dia 9 de Julho de 2006, uma data histórica para todo o futebol italiano. Zidane e Materazzi, autores dos golos no tempo regulamentar, tiveram uma cena de pancadaria que levou Zidane a despedir-se do futebol com uma expulsão lamentável. O jogo encaminhou-se para as grandes penalidades e acabou por ser Grosso o herói, marcando a última grande penalidade para a Itália. Na final, Totti foi substituído por De Rossi aos 61 minutos. Uma salva de palmas para o eterno menino da Roma, a eterna figura mítica da Roma, um grande italiano, um grande futebolista e, como referi nas primeiras linhas do post, a lenda viva do clube da capital.

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