A referência estrangeira desta semana tem como nome próprio Jerrel. Imagino que se este texto não tivesse título vocês estariam a perguntar: mas quem é esse Jerrel? Jerrel, na verdade, é o nome próprio de um jogador conhecido no futebol como Jimmy Floyd Hasselbaink, que representou o Campomaiorense e Boavista. Este jogador nasceu em Paramaribo, capital do Suriname, antiga colónia holandesa.
O jogador formou-se nas escolas do FC Zwolle, mas nunca teve uma oportunidade de se estrear na primeira equipa. Depois, seguiram-se passagens, sem grande sucesso, diga-se, pelo Telstar, onde se estreou a profissional, e pelo AZ Alkmaar. Em três épocas marcou apenas três golos e, portanto, caiu no esquecimento e acabou por ingressar nos amadores do Neederlandia, equipa dos arredores de Amesterdão.
No verão de 2005,Jerrel estava, subitamente, sem clube. Do nada, surgiu uma oportunidade para treinar à experiência num pequeno rectângulo chamado Portugal, lá para uma terreola denominada como Alentejo, mais exactamente na vila de Campo Maior. Vestindo o equipamento de treino do Campomaiorense, só precisou de dois dias para convencer o treinador Manuel Fernandes a inclui-lo no plantel. A sua aquisição, aliás, foi bastante mediatizada na altura, sendo que João Nabeiro, Presidente do Campomaiorense, anunciou em plena RTP: "contratamos o holandês Xime". É com a chegada Portugal que começa a ser apelidado de Jimmy, uma vez que os dirigentes do clube de Campo Maior não conseguiam pronunciar o seu verdadeiro nome.
Na época em que Jimmy se estreou no escalão maior do futebol português, marcou 12 golos, que porém não foram suficientes para livrar o Campomaiorense da descida. Começava a despontar um goleador e, no entanto, os ditos grandes do futebol português não quiserem arriscar a sua contratação. O Boavista, contudo, não teve medo de arriscar e o Bessa acabou por ser o destino que se seguiu para Jimmy. Para os lados do Bessa marcou 20 golos e, todavia, não foi o melhor marcador na época 96/97, porque nessa altura um tal de Mário Jardel estava no auge da carreira. Fez uma dupla mortífera com Nuno Gomes, que rendeu 35 golos.
Essa época, porém, foi algo atribulada; passaram pelo Bessa quatro treinadores e a equipa acabou por terminar a época em 7º lugar. Mas parecia que estava destinado que o primeiro título da carreira de Jimmy seria em Portugal. Contra todas as expectativas o Boavista derrotou o Benfica na final da Taça de Portugal. Também contra todas as expectativas, Jimmy não foi titular, embora tivesse actuado na partida.
No final da época, choveram propostas. O Boavista acabou por vender o seu passe aos Leeds United por 2 milhões de libras. Em Inglaterra, Jimmy ganhou reconhecimento internacional e passou a ser chamado à sua selecção. Na primeira época marcou 23 golos e ajudou a sua equipa a conseguir um lugar na taça Uefa.
Em 1998, teve o seu primeiro grande momento da sua carreira, ao estar no presente no Mundial, que se realizou em França. Durante a competição não teve muitas oportunidades, estando na sombra de Dennis Bergkamp e Patrick Kluivert.
Na época seguinte, Jimmy voltou a Portugal, mas para um jogo da Taça Uefa contra o Marítimo. Infelizmente, o avançado holandês foi o carrasco da equipa portuguesa, marcando o golo da vitória a inglesa na primeira-mão. Na segunda mão, no Funchal, à qual assisti, foi muito bem anulado pelo ex-capitão maritimista Carlos Jorge, e por isso teve uma actuação discreta. Nessa mesma época, Jimmy foi o melhor marcador da Liga Inglesa e figurava-se cada vez mais como estrela mais cintilante do Leeds United.
Foi sem muita surpresa que o seu passe acabou por ser vendido ao Atlético de Madrid, onde foi colega de Hugo Leal. Contudo, essa foi uma das piores épocas da história do clube madrileno. Jimmy marcou 24 golos insuficientes, todavia, para que a equipa se mantivesse na divisão maior do futebol espanhol.
Com a descida do Atlético de Madrid, voltou para Inglaterra para representar o Chelsea. O seu regresso às terras de sua majestade não podia ser melhor, visto que foi o melhor marcador da Liga inglesa em 2000/2001. Esteve no clube londrino quatro épocas, onde marcou um total de 70 golos.
Em 2004/2005, dado que não fazia parte dos planos de José Mourinho, mudou-se para o Middlesbrough. Nesta cidade a norte de Inglaterra, Jimmy continuou, embora mais discretamente, a revelar a sua veia goleadora. Foi um dos grandes responsáveis pela ida à final da taça Uefa, em 2006. Todavia, e apesar de ser muito querido pelos adeptos, não fez parte dos planos de Gareth Southgate para a época 2006/2007, o que fez com que Jimmy, com 34 anos, tivesse que se mudar para o Chartlon Atletic. A sua passagem pelo Chartlon já teve um momento, curioso, aquando do jogo que o Chartlon derrotou o Chelsea, de José Mourinho, com um golo da sua autoria.
Jimmy teve uma carreira com altos e baixos. A sua passagem por Portugal foi, em minha opinião, um ponto alto da sua carreira, numa altura em que muitos diziam que não valia um tostão. Aliás, é preciso referir que o futebol luso serviu para o catapultar para os grandes palcos internacionais.
Ficha Técninca.
Nome: Jerrel Floyd Hasselbaink
Data de Nascimento: 27 de Março de 1972
Naturalidade: Paramaribo, Suriname
Nacionalidade: Holandesa
Clubes por onde passou: Telstar, AZ Alkmaar, Neederlandia, Campomaiorense, Boavista, Leeds United, Atlético de Madrid, Chelsea, Middlesbrough e Chartlon Atletic
Internacionalizações: 23 (9 golos)
Palmarés:
1 Taça de Portugal
1 Taça da Liga Inglesa
1 Charity Shield
Bola de Prata em Portugal na época 96/97
Duas vezes melhor marcador da liga inglesa
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