A referência estrangeira desta semana é um jogador que, ao mesmo tempo, traz boas e más recordações ao futebol português: boas, porque poucos – principalmente os adeptos benfiquista – se esquecerão das suas jogadas geniais; e más, visto que todos temos na memória o golo que ele marcou à selecção portuguesa no Euro 96, que nos eliminou da competição.
Karel Poborsky estreou-se como profissional no Dinamo Ciske Bodojovice, com ainda 19 anos. Nas duas épocas seguintes continuou a evoluir, o que o levou a ser convocado para o primeiro jogo da selecção checa, contra a Turquia, depois do desmembramento da Checoslováquia.
Passou a ser cada vez mais um jogador a ter em atenção, e na época 94/95 mudou-se para Viktoria Zikkov. Continuou a fazer aquilo que sabia melhor, ou seja, jogar bom futebol, e na época seguinte despertou o interesse do gigante Slavia de Praga.
Em 1996, em Inglaterra, esteve presente no Campeonato da Europa. Infelizmente, todos nos lembramos dele, visto que marcou o grande golo que eliminou a nossa selecção da competição. Esse golo, inclusive, foi considerado o melhor da competição. Durante o torneio, Poborsky foi um dos pilares da sua selecção, que foi derrotada na final, através do primeiro golo de ouro marcado numa fase final de um europeu.
O brilhante europeu realizado por Karel Poborsky, entao com 24 anos, valheu-lhe uma transferência para o colosso Manchester United. Em Old Trafford, chegou a brilhar ao lado de Eric Cantona, porém não resistiu à ascensão de David Beckam e passou a ser a sombra deste.
Karel Poborsky, aborrecido por ser segunda opção, mudou-se para Luz, numa das transferências mais polémicas do futebol português: quem não se lembra do suposto cheque carece que João Vale e Azevedo, o então presidente encarnado, utilizou para pagar a transferência? Enfim, deixomo-nos da polémica, e voltemos às quatro linhas, pois é lá onde o futebol se joga.
Karel Poborsky representou o Benfica, podemos dizer, num total de três épocas.
Fez uma excelente dupla com João Pinto, no apoio ao ponta-de-lança, que normalmente era Nuno Gomes. Na luz recebeu o estatuto de herói, sendo, obviamente, um dos jogadores mais queridos dos adeptos.
Em 2000, esteve presente no campeonato da Europa, que se realizou na Holanda e Bélgica, mas, desta vez, a selecção checa, que foi colocada no grupo da morte, juntamente com a França, Holanda e Dinamarca, não passou da primeira fase.
No Natal do mesmo ano, numa altura em que o Benfica já ia no terceiro treinador naquela época, Poborsky foi transferido para a Lazio de Roma, deixando o clube da Luz sem conquistar nenhum título.
Na capital italiana, fez dupla com o compatriota Pavel Nedved. No entanto, a sua experiência no futebol transalpino não foi de todo bem sucedida e assuntos pessoais fizeram-no voltar ao seu país, desta feita para representar o Sparta de Praga.
Em 2004, voltou a Portugal, mas para representar a sua selecção no campeonato europeu. Poborsky, já com 32 anos, foi um dos responsáveis pela brilhante campanha da sua selecção, que foi semi-finalista e, em minha opinião, o país que melhor futebol praticou durante a competição. Poborsky foi, inclusivamente, o rei das assistências do torneio.
No seu país, continou a brilhar e era o jogador mais bem pago do campeonato. Contudo, em 2005 teve uma desavença com o treinador, por afirmar que a equipa estava a ser mal orientada. Como tal, acabou por ser emprestado ao Dinamo Ceske Budejovice, o clube onde nasceu para o futebol, que agora está na II Divisão. No entanto, o facto de actuar numa divisão secundária do seu país não impediu que estivesse presente no Mundial de 2006, na Alemanha, onde os checos tiveram aquém das expectativas. O veterano Poborsky, de 34 anos, não foi tão influente como em outros tempos, mas é preciso realçar que a idade já pesa.
Logo a seguir ao fim da competição, Poborsky disse adeus à selecção checa, dedicando-se por inteiro ao clube que onde começou a carreira, o Dinamo Ceske Budejovice, do qual é, além de jogador, co-poprietário.
Poborsky foi, e ainda o é, um jogador dotado de uma grande visão de jogo e uma extraordinária da capacidade de drible. Podia em momentos desaparecer do jogo, é certo, mas muitas vez era o único jogador a brilhar.
Ficha Técnica
Nome: Karel Poborsky
Data de Nascimento: 30/5/1972
Naturalidade: Trebon
Nacionalidade: Checa
Posição: Médio
Clubes que representou:Ceske Budejovice,Viktoria Zizkov, Slavia de Praga,Manchester United S.L. Benfica, Lazio de Roma, Sparta de Praga
Internacionalizações: 118 (8 golos)
Palmarés:
3 Campeonatos da República Checa (Slavia Praga/1996, Sparta Praga/2003 e 2005)
1 Liga Inglesa (Manchester United/1997)
1 Charity Shield (Manchester United/1997)
1 Taça da República Checa (Sparta Praga/2004)
Vice-Campeão Europeu (Inglaterra EURO 96)
Jogador do Ano na República Checa (1996)
"Euro Cup Top Assister" (2004)
Sem comentários:
Enviar um comentário