Não me apetece falar hoje de competições europeias. Farei a minha análise à jornada europeia que se avizinha no meu artigo de amanhã, até porque é o dia em que a primeira equipa portuguesa entra em acção.
Hoje apetece-me falar da nova geração de treinadores portugueses que vai surgindo na nossa Superliga. Desde já um facto indesmentível: esta está a ser a mais competitiva Superliga dos últimos anos. Como é referido hoje no Jornal Record, “Numa análise comparativa com os considerados cinco melhores campeonatos da Europa, o português está à frente no que diz respeito ao equilíbrio entre as equipas de topo. O nivelamento que se verifica ao fim de 11 jornadas não é por baixo, como os eternos velhos do Restelo anunciam, mas à custa de bom futebol, de muitos golos e emoção.(…) Mesmo considerando que em Portugal se jogaram 11 jornadas, a SuperLiga assume-se como uma prova com muitos golos. Em Portugal os sete primeiros já marcaram 118 golos, enquanto em Espanha, com mais uma jornada, os sete primeiros só marcaram 112 golos.”
É significativo do campeonato que temos. A meu ver há um factor essencial para este sucesso: a nova mentalidade incutida pelos treinadores portugueses. Jovens, ambiciosos, com um discurso cativante, por vezes mais idealista do que realista, treinadores como José Couceiro, Mariano Barreto, José Carlos Pereira, Carvalhal, Vítor Pontes, Litos, Carlos Brito ou Luís Castro têm uma grande quota-parte de responsabilidade nesta competitividade. Quer por um lado pelo seu discurso “olhos nos olhos” como dizia Carlos Brito antes de fazer uma gracinha em pleno Estádio da Luz, como pela mentalidade incutida nos seus jogadores, conseguindo mentalizá-los que tudo é possível atingir. Este tipo de discurso pode ser considerado um pouco a cópia de José Mourinho, mas, se é uma fórmula de sucesso, porque não se deve utilizar a mesma??... O lendário Johan Cruiff quando era treinador do Barcelona dizia que preferia jogar e empatar 4-4 do que jogar e empatar 0-0. É um pouco esta a mentalidade que hoje em dia muitos tentam incutir. É claro que há sempre a tentação de jogar em casa do adversário a pensar no pontinho. Mas não deixa de ser verdade que é mais fácil jogar “olhos nos olhos” e conseguir empatar ou ganhar do que jogar com “o autocarro à frente da área” e conseguir o mesmo resultado. É óbvio que muitos dirão que estes Srs. são neste momento românticos do futebol. Mas para mim eles são visionários. A meu ver será este o futuro do desporto-rei. Se pensarmos no que era o futebol há 10 anos atrás, os clubes não tinham as infra-estruturas que têm hoje, os seus jogadores não tinham a preparação física que têm hoje, e também não tinham a cultura desportiva que têm hoje. Cada vez mais os jogos decidem-se pelo talento dos seus jogadores e pela mentalidade que lhes é incutida. E é aí que estes jovens que começam a despontar ganham pontos no panorama futebolístico.
E não se admirem que depois do êxodo maciço de jogadores de futebol portugueses, comecemos a assistir à aquisição de treinadores portugueses jovens para os grandes do futebol europeu… Para mim José Mourinho é apenas o primeiro…
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