domingo, março 18, 2007

Dragões do Norte 0 - Leões do Sul 1


Local: Estádio do Dragão, Porto
Árbitro: Pedro Henriques, Lisboa

Espectadores: 49.428


VISÃO PORTISTA



Estádio praticamente cheio, coreografias e emoção nas bancadas criaram um ambiente propício para assistir-se a mais um clássico do futebol português.
Com o aparecimento das equipas no relvado para os respectivos aquecimentos, as dúvidas iam sendo tiradas quanto aos jogadores que iam alinhar por uma e outra equipa, conjecturando-se sobre a adaptabilidade dos mesmos.
O jogo inicia-se e dava imediatamente sinais de que iríamos ter espectáculo, ou não estivessem as equipas muito perto de marcar volvidos escassos minutos, mas Ricardo e Helton mostraram serviço.




Depois disto o jogo acalmou e pôde assistir-se à “guerra” táctica das duas equipas. Pôde assistir-se, essencialmente, que o Sporting foi imensamente superior no meio campo. A jogar com mais um homem nesse sector do terreno, a organização e qualidade dos seus jogadores foi preponderante para dominar o jogo, com imensa calma sem ser lento, com imensa objectividade sem ser precipitado. Foi uma constante ver desequilíbrios de dois jogadores do Sporting para um do Porto. Deu pena ver Paulo Assunção, Raul Meireles e Lucho andarem completamente desorientados à procura de quem marcar, de quem compensar, e mais, de quem devia fazê-lo em cada situação que aparecia. Tudo isto com um Quaresma indisciplinado tacticamente e com um Alan claramente desajustado às pretensões de uma equipa como o Porto. Nestes dois jogadores cai, no meu ponto de vista, a culpa da luta do meio campo ter sido ganha pelo Sporting.




A par disto, saltam 3 jogadores do banco, sensivelmente à meia hora de jogo, para aí ficarem até ao intervalo. Pode parecer que foi um jogo tenebroso, mas essa não é a verdade. Foi um jogo tenebroso para a táctica e empenho de alguns jogadores do Porto, mas houve variadas oportunidades claras para que o marcador se abrisse. Como escrevi no inicio, a abrir o jogo duas claras oportunidades, lembro-me de um falhanço escandaloso de Alan só com Ricardo pela frente, lembro-me de dois grandes remates do Sporting, se não estou em erro de Alecsandro e Tello.

O jogo ia para o intervalo a zeros, mas um resultado de 1-1, 0-1, 1-0 era o que mais se ajustava.

Inicia-se a segunda parte com a saída de Alan para a entrada de Postiga. O Porto aí encontrou-se mais, partiu mais para o ataque e conseguiu não só equilibrar as coisas, como chegar mais vezes perto da baliza adversária. Melhorou bastante, pressionando o primeiro homem que tinha a bola, preenchendo mais os espaços e defendendo muito mais à frente. Sinal disso é que, até ao golo, o Sporting não tinha rematado uma única vez à baliza de Helton.

É nesta superioridade, que não foi avassaladora, é certo, mas que virou o jogo ao contrário, ou seja, passou o Porto a dominar o jogo e o meio campo, que surge o golo do Sporting, claramente contra a corrente. Num livre superiormente marcado por Tello, Helton bem se estirou, mas não podia fazer nada. O remate do pé mais pequeno da liga (n.º 38) foi indefensável.




A partir daí o Porto nunca mais se encontrou, esmoreceu, mas mesmo assim teve duas bolas a passar paralelamente à linha de baliza sem que ninguém a encostasse para dentro dela, já com Jorginho em campo.
Até final, destaque para uma clara ocasião de golo para o Sporting em que Helton consegue defender para a barra a bola rematada por Djaló e, para Ricardo que, a remate de Quaresma e Raul Meireles, defendeu por instinto no primeiro e estirou-se para defender o segundo.

Resumidamente e analisando mais friamente o jogo de ontem, penso que a sorte do jogo sorriu à equipa visitante, pois marcou numa altura em que o domínio era do Porto. Penso também que, pelo domínio que consentiu e pelos erros que cometeu tacticamente, o Porto da primeira parte não merecia vencer o jogo. No final, penso que as ocasiões para golo foram divididas e que o resultado mais certo seria o empate.



Melhor em campo

Não consigo dizer peremptoriamente quem foi o melhor do Porto.

Poderia pensar em qualquer elemento da defesa à excepção de Fucile, poderia pensar em Helton que, estando nervoso em várias situações, conseguiu anular lances perigosos, poderia pensar também em Adriano que esteve bastante lutador mas desapoiado, mas a minha escolha vai recair sobre Postiga, pois a partir da entrada dele para jogar atrás da linha de avançados e não substituindo o que Alan vinha fazendo, o Porto equilibrou não só o meio campo como passou a dominar o jogo, chegando mais vezes perto da baliza.



Arbitragem

À imagem do que nos tem habituado, o critério deste árbitro é bastante alargado e mais uma vez foi isso que me pareceu acontecer.

Não foi por causa dele que o Porto perdeu ou que o Sporting ganhou, como quiserem, não teve lances de indisciplina ou muito duros para julgar, penso também que não teve lances polémicos. O único senão que lhe aponto, é que depois do golo verde e branco, errou três vezes para o mesmo lado, o lado visitado. Aliás, o último lance da partida, dentro da área do Sporting, é o maior exemplo disso.



Positivo do jogo

O ambiente que se viveu nos estádio, antes do inicio do jogo

A assistência elevada

A organização do meio campo sportinguista

A exibição de Miguel Veloso

A entrada na segunda parte da equipa do Porto

O golo de Tello

Relançamento da luta pelo título



Negativo do jogo

Indisciplina táctica de Quaresma

Falta de qualidade de Alan para este plantel do Porto

Mudança tardia do esquema táctico por parte de Jesualdo

Desacerto na hora de finalização, devia ter sido um jogo com mais golos, e houve oportunidades para isso.







Visão Sportinguista




A magia do futebol é isto mesmo. Num jogo em se pensou que a tragédia leonina podia estar eminente, acabou por ser afinal de contas o melhor jogo do ano dos Leões.

Face à ausência de Tonel e Liedson da equipa inicial, a tarefa de Paulo Bento antevia-se muito difícil, mas o jovem treinador mostrou que está à altura dos acontecimentos, ou tem pelo menos bons adjuntos.




O Sporting entrou com Caneira a central e Alecsandro como ponta de lança. Foi uma óptima opção, pois o brasileiro foi um elemento de desgaste na defensiva portista, combinando na perfeição com a velocidade de Djaló.

A permanência de Miguel Veloso foi também decisiva para o controlo do meio-campo.
Mas, curiosamente o Porto entrou melhor e causou alguns problemas aos de Alvalade para acertarem as marcações. Quaresma e Meireles tentaram de longe, mas sem perigo.
O primeiro remate do Sporting podia ter dado golo, mas o forte remate de Alecsandro foi bem defendido por Helton.

De qualquer forma, o Sporting ganhava confiança e comandou totalmente a primeira parte. A superioridade numérica no meio campo (4 para 3) ajudou e muito a isso.
Nani esteve uns furos acima dos últimos jogos e “massacrou” um desinspirado Fucile. Numa jogada brilhante, Nani e Romagnoli inventaram espaço mas o argentino atirou à figura de Helton. Os leõezinhos ganhavam cada vez mais confiança…

O Porto estava irreconhecível e Lucho uma sombra do jogador da época transacta! O Sporting carregava e ganhava cantos sucessivos embora sem acerto final. Num ressalto já perto do intervalo, Tello atirou uma “bomba” mas o n.º 1 portista fez a defesa da noite.

O intervalo chega com um injusto 0-0 e com uma superioridade táctica de Paulo Bento.
A segunda parte foi totalmente diferente, pois Jesualdo Ferreira viu o erro de ter colocado Alan e assim de enfraquecer o meio campo e corrigiu fazendo entrar Postiga. O Porto entrou mandão e o Sporting limitava-se a despejar bolas…

Mas o fulgor físico do Porto já não é o que era e nesse aspecto o Sporting está bem melhor. Lucho deixa mesmo de existir e Quaresma desaparece progressivamente.

O Sporting aparece timidamente e num livre directo soberbo, o chileno Tello marca o golo da vitória.



A partir daqui, quando se previa um Porto mandão, foi o Sporting que recuou mas não em demasia e controlou bem o adversário já fatigado.

Notícia ainda para um remate traiçoeiro de Nani, defesa por instinto de Helton e recarga de Djaló para excelente defesa do GR da canarinha.

O Porto ainda podia empatar por Jorginho e Postiga, mas foi tudo em esforço. O Sporting fechou o meio campo e o Porto estava rendido.

Mesmo no final ainda houve tempo para um lance de dúvida, com Polga e Pepe na área sportinguista, com um lance de risco mas sem lugar a grande penalidade.

Dez anos depois e pela primeira vez no Dragão o Sporting vencia o Porto!



Arbitro: Regular e sem influencia no resultado.



Melhor em campo: Anderson Polga. Foi intransponível, sereno e o pêndulo na defesa leonina. Podíamos acrescentar Nani e Tello, mas o brasileiro fez uma exibição suberba.




Positivo do jogo:

A vitória numa altura em que poucos acreditavam nela (eu não acreditava), mostrando uma qualidade invejável.

A frescura física do Sporting que ditou parcialmente o resultado.

A certeza e qualidade de passe dos jovens leões. O Sporting trocou a bola a seu belo prazer mercê de uma qualidade fora do normal.



Negativo do Jogo:



Pouco há a assinalar num jogo que foi o melhor deste ano de 2007, apenas a falta de soluções no banco leonino, mas até isso foi brilhantemente colmatado.



Grande, grande Sporting!


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