quarta-feira, abril 27, 2005

Modelos Competitivos

Hoje vou divagar um pouco sobre um assunto que me parece de capital importância para o desenvolvimento do espectáculo desportivo que é o futebol. O modelo competitivo a adoptar em Portugal.

Para começar, parece-me que o actual modelo competitivo está completamente ultrapassado, e só mesmo nós, os Europeus, é que não entendemos isso.
Um campeonato que corre o risco de 1 mês antes do fim já estar completamente resolvido, é na minha opinião um erro de organização.

Os play offs seriam uma alternativa, apesar de esta medida deixar um pouco a desejar quanto à justiça do vencedor, pois uma época bastante boa pode ser colocada em causa por um azar num jogo de um play off. Eu não estou muito de acordo, o vencedor do titulo mais importante de clubes em todo o mundo, é encontrado após uma fase de eliminatórias directas, e ninguém se queixa... É claro que no futebol não é possível realizar um play off à melhor de 7 jogos (em 7 jogos muito dificilmente não é a melhor equipa que se apura para a fase seguinte) e dificilmente seria possível algo mais que um play off à melhor de 3 jogos. Perdia o campeonato em justiça desportiva, mas ganhava em emoção. E afinal o que é que cativa as pessoas para ir ao estádios, e para seguirem uma competição com atenção? É a justiça ou é a emoção? Se o campeão for encontrado a 1 mês do fim, será que os clubes ganham alguma coisa com isso?? Mesmo o clube campeão nacional, se o interesse das pessoas pela competição começar a descer, que vai ganhar o campeão nacional com isso numa perspectiva de longo prazo? Por mais títulos que um clube ganhe, se as pessoas não se interessarem pela competição, de que vale a esse clube os títulos conquistados?? Vejam o exemplo da formula 1, que com a falta de competitividade dos últimos anos está a perder cada vez mais fans, e obrigou os responsáveis a tomar medidas algo ridículas para garantir alguma competitividade...

Haveria outras hipóteses, na Escócia já se chegou a experimentar um modelo que consistia no seguinte, os clubes jogavam entre si a 4 voltas, e na 5.ª e última volta jogava em casa o clube que levasse vantagem no confronto directo nas 4 primeiras voltas, isto com 10 clubes. É uma ideia, mas de qualquer forma não vai garantir o equilíbrio do campeonato até ao fim, apenas garante que todos os jogos sejam encarados como decisivos, pois todos eles decidem qualquer coisa...

Outra hipótese, era os 4 ou 6 primeiros jogarem entre si a 2 voltas no fim, para decidir o titulo, esta hipótese iria garantir a toda a gente um conjunto de derbys decisivos no fim do campeonato, seria uma hipótese a pensar...

Para termos uma pequena noção do que seriam estes cenários na actual temporada da superliga (caso a época regular terminasse agora), vejam os seguintes quadros:


Hipótese do Play Off:



Hipótese da liguilha para decidir campeão:



Hipótese de uma 3.ª volta em que jogaria em casa a equipa com vantagem no confronto directo (considerei apenas os 8 primeiros da superliga nos confrontos directos com os actuais candidatos ao titulo):



* falta o jogo da 2.ª volta

Mas, para nós Portugueses, a principal medida, seria a redução do número de clubes no principal escalão, e porquê?
Porque somos um país com 10 milhões de habitantes, e o nosso futebol tem um mercado que deve andar na ordem das 10/15 milhões de pessoas (contando com os emigrantes e com todas as pessoas que assistem aos jogos da superliga em todo o mundo)
Ou seja, comparando com países como a França, Espanha, Itália, Alemanha, Inglaterra, as receitas de TV e de publicidade dos clubes Portugueses são bem mais reduzidas.
A única forma de as aumentar, seria reduzir o número de clubes que comem do mesmo bolo, uma vez que não se pode aumentar o bolo, temos de diminuir aqueles que se alimentam do bolo...

Outra questão que para nós Europeus é bem mais complicado, é a questão das descidas de divisão, um dos motivos que garante alguma segurança de investimento a uma empresa que invista num clube de uma liga profissional Norte Americana, é que esse clube no ano seguinte, aconteça o que acontecer, vai continuar a competir na Liga, porque não existem descidas de divisão. É claro que isto na Europa é quase impossível de existir, criou-se uma mentalidade em que toda a terrinha tem de ter um clube, e esses clubes é que são os responsáveis pela formação dos desportistas (e não as escolas e universidades como deveria ser), logo dificilmente desaparecem, e é natural que esses clubes necessitem de competição, e exigam justiça desportiva no que diz respeito aos seus resultados e às subidas de divisão. Mas desta forma, perde o estado, que tem de gastar rios de dinheiro em subsídios a clubes de bairro que muitas vezes nem sequer têm técnicos especializados a treinar os miudos, em vez de canalizar essas verbas nas escolas públicas e no desenvolvimento das instalações desportivas proporcionadas ao desporto escolar...
Por isso eu não estou muito de acordo com a existência de tanto clube em Portugal, querem existir, muito bem, que sobrevivam sozinhos, e que não sejam uma despesa para nós contribuintes!

Já me alonguei por outros assuntos que não os inicialmente propostos, mas espero que contribuam para esta discussão com as vossas opiniões, e contra ataquem a minha opinião com as vossas...
Logicamente que não sou o dono da verdade, é apenas a minha forma de ver as coisas.

Grande Abraço e Bons Ataques

* Só de pensar na possibilidade de nos deixares, vêm-me as lagrimas aos olhos, mas tu vais ficar, eu sei, nós sabemos, tu vais ficar!!!!!!

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