quinta-feira, abril 14, 2005

Xano ...o filho pródigo perdido.


Idálio Alexandre Santos, completa 22 anos de idade no próximo dia 20 deste mês e ficou conhecido para o futebol como Xano. Apesar de ser natural de Lisboa, Xano é um produto das escolas da Académica. Desde cedo ligado a Coimbra e à Briosa, Xano foi acarinhado pelo clube e dirigentes desde as camadas jovens onde começou a dar nas vistas e onde se tornou num jogador com um potencial imenso e uma técnica evoluída para aquela idade. Tornou-se num extremo direito rapidíssimo e com uma enorme capacidade técnica e de desequilíbrio em jogadas de um contra um às quais acrescentou com o tempo uma boa capacidade de cruzar para a área. Apesar de jogar na faixa lateral do terreno de jogo, Xano marcava bastantes golos, o que despertou o olhar das selecções nacionais e Xano vestiu a camisola sub-19 apontando um golo no primeiro jogo que disputou. Esse marco fez com que oferecesse a camisola nacional com que fez o golo ao presidente do clube na altura, Campos Coroa, no intervalo do jogo da equipa da Académica, numa cerimónia simples mas carregada de significado de um jovem jogador que demonstrou assim a gratidão a um clube que fez tudo por ele e o apoiou sempre e ainda vincou o seu amor ao clube.Em 2003/2004 já na equipa sénior da Académica era aposta pessoal de João Alves. No jogo inaugural do novo Estádio Sergio Conceição, Xano deslumbrou os adeptos a arrancou um verdadeiro golaço: Xano, no lado direito finta três adversarios flectindo para a grande área e faz pressionado por um defesa em velocidade um chapéu fenomenal a Marco Tábuas, guardião dos sadinos. Este golo de Xano foi considerado pela imprensa internacional como o melhor golo da jornada europeia.

-Afinal porque Xano não vingou na Académica e tem tantos problemas para se afirmar no futebol profissional?

Saiu da Académica por empréstimo ao Salamanca onde não jogava, passou por Salgueiros e presentemente está no quase condenado à descida Alverca onde raramente constitui opção. A resposta aparentemente óbvia a uma primeira vista, torna-se complexa se analisarmos os vários lados da questão. Xano sempre fui muito problemático na sua vida social e pessoal. Enquanto aluno era um elemento da fraca aprendizagem, com bastante insucesso e um elemento desestabilizador. Frequentador assíduo de discotecas e da vida nocturna, Xano tinha um estilo de vida oposto aquele que deve ser o estilo de vida próprio de um profissional de futebol.

Tudo isto se agrava ao falar de um jogador com o talento e o potencial de Xano. Falando de um aspecto psico-social podemos dizer que Xano sempre viveu à sombra do seu talento e do seu potencial, vivendo assim uma vida sem se dedicar ao esforço que um objectivo destes significa. Assim, nunca se esforçou por atingir um objectivo que sempre esperou que atingisse mais dia menos dia. Um dos treinadores mais simbólicos de Xano, e mesmo da formação da Académica é José Viterbo, que admitia que por várias vezes ia buscar o jogador a casa para os treinos e para os jogos e que várias vezes o ia tirar da discoteca. Viterbo confessou-nos que foi como um pai para o jogador, mas que demasiado 'mimo' acabou por estragar o jogador. Já Campos Coroa, presidente do clube na altura da formação e ascensão do jogador admitiu que o clube falhou com o Xano. A Académica é uma instituição... formam-se jogadores, mas acima de tudo homens ...homens com valores, e a Académica falhou na formação de Xano enquanto homem e pessoa. Culpa todos tiveram neste processo, principalmente Xano que desperdiçou o seu enorme talento e passou ao lado de uma fantástica carreira.

Este caso, infelizmente não isolado no futebol português, terá que ficar como um aviso e um exemplo para muitos.Da nossa parte vamos continuar a recordar o Xano com um ídolo, um fantasista como diria Gabriel Alves, um jogador que foi para muitos um dos melhores de sempre a ser formado pla Académica e ainda para muitos um dos melhores que viram jogar, para outros um jogador sem cabeça que desperdiçou tudo aquilo que lhe deram e abdicou de um futuro brilhante. Ficará para sempre no imaginário dos academistas um regresso a Coimbra e um entregar-se de alma e coração à carreira e ao clube que o criou como um filho tão adorado.

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