A selecção chegou hoje a casa, recebida por uma enorme e emocionada multidão, que fez questão de demonstrar a sua gratidão a este grupo que tão brilhantemente representou as cores lusitanas.
Depois de mais de 1 mês de preparação e trabalho, os jogadores finalmente regressam á pátria, e depois da euforia que marcou o Mundial, estaremos todos de acordo ao dizer que este grupo de jogadores, técnicos e dirigentes estarão para sempre nas nossas memórias e corações.
É sem dúvida agradável fazer um balanço, do que foi a prestação portuguesa no Mundial 2006 na Alemanha.
Começou de forma polémica.
Scolari, sempre foi um treinador algo polémico e nem sempre consensual.
E o início da caminhada para a Alemanha começou logo num clima de polémica face a determinadas palavras menos felizes do Seleccionador e por outro lado, devido á ausência de alguns jogadores da convocatória.
Os críticos foram duros, seleccionador e Presidente da Federação deselegantes e o caldo entornou.
De qualquer forma, sentiu-se sempre um grupo unido e coeso, e o “clube selecção” e a “família Scolari”, partiu para a Alemanha convicta de uma boa prestação.
Nos adeptos não havia consenso.
Uns acreditavam nos quartos de final, outros previam um fracasso. Alguns não se esqueciam das ausências de jogadores como Quaresma, outros davam o benefício da dúvida ao seleccionador.
A verdade é que Portugal superou as expectativas.
E nesta primeira nota de balanço, penso que temos que congratular a nossa selecção e seu seleccionador, por um fantástico quarto lugar, que só estaria na mente dos mais sonhadores.
Dizia-se antes do Mundial, que obrigatório eram os oitavos de final e que depois logo se veria. No entanto, creio que a meta quartos de final seria a mais realista, tendo em conta o passado recente desta selecção e a qualidade dos nossos jogadores.
Conseguimos uma meia final e caímos de pé perante a selecção gaulesa.
É de louvar!
O Seleccionador
O Seleccionador foi um elemento chave do sucesso.
Criticado por uns, elogiado por outros, apostou nos jogadores que lhe garantiam confiança e foi á luta.
Colocou a fasquia nos quartos de final, chegou ás meias e fez-nos sonhar com a glória.
Só por isso, já lhe devemos gratidão e reconhecimento do seu trabalho.
A equipa
Portugal não foi a selecção do futebol bonito ou do espectáculo. Mostramos pragmatismo e realismo em todas as ocasiões, e procuramos sempre os golos necessários para alcançar os objectivos, e não qualquer tipo de “show off”.
A fase de grupos acabou por ser tranquila mas sem grande brilhantismo, no entanto, contra a Holanda fomos brindados por um grupo forte, unido e galvanizado, conseguindo uma vitória épica.
Contra a Inglaterra, o jogo não nos correu da melhor forma, mas Ricardo ,mais uma vez, atirou os Ingleses para fora da competição.
E na meia final, acabamos por sair derrotados por um detalhe defensivo.
Assim sendo, também neste aspecto a selecção de Portugal está de parabéns, pois cumpriu inteiramente os objectivos, e embora abdicando um pouco do tradicional “sexy football” portugues, mostrou sempre uma grande vontade de vencer, e quando é assim, como adeptos não podemos pedir muito mais, num tipo de competição com a envergadura e dificuldade de um Mundial.
Os destaques
Os destaques começam logo na baliza.
Ricardo foi herói, e mesmo não tendo feito um Mundial fora de série, conseguiu ganhar uma notabilidade fantástica pelos 3 penalties defendidos frente aos Ingleses.
Acabou mais uma vez por ser um talismã.
Miguel. A par de Zambrotta, foi o que mais brilhou na lateral direita.
Muita audácia ofensiva, um pulmão invejável e segurança defensiva quanto baste. Sai do Mundial valorizado.
Os centrais.
Muito se falou na ausência de Jorge Andrade.
Meira estava sob brasas e caminhava para uma longa e difícil caminhada. No entanto, acabou por se impor e nos jogos com maior grau de dificuldade esteve exemplar.
Ao seu lado, esteve um dos 3 melhores centrais do Mundial. Ricardo Carvalho, bem ao seu estilo, foi segurança, inteligência, liderança e tenacidade.
Maniche.
Foi uma das grandes figuras do Mundial e a grande figura da selecção nacional, no que toca a exibições.
Viu a sua convocação algo contestada e a sua titularidade diversas vezes criticada, por pretensamente não estar em forma.
Mas Maniche, que segue o leme, antes quebrar que torcer, mostrou mais uma vez a alma e paixão com que joga Futebol e a garra e determinação que marcam os campeões.
Foi fantástico, decisivo e é candidato a melhor jogador do Mundial.
Por fim outros jogadores se destacaram mas com menor relevo.
Figo, pelo seu simbolismo, foi aclamado e venerado. A verdade é que fez um bom Mundial, no entanto, creio que para ser justo não o posso colocar no patamar dos destaques anteriormente citados.
Ronaldo, produziu um Mundial em crescendo, e mais uma vez se afirmou como um dos mais promissores jogadores do Mundo.
Os menos do Mundial
Em primeiro lugar, as palavras proferidas por Scolari e Madaíl, quando se decidiram a entrar em “insultos” de índole pessoal, a críticos da selecção.
Vivemos em Democracia, onde a liberdade de expressão e de opinião felizmente prevalece. Presidente da Federação e seleccionador, pelo cargo mediático que ocupam e pela responsabilidade que têm perante a sociedade portuguesa, deveriam ser os primeiros a saber respeitar isso.
Pauleta. O melhor marcador de sempre da selecção nacional, volta a não convencer numa grande competição internacional, e sai do Mundial sem glória.
Muito se falou em futebol desapoiado que prejudicaria Pauleta, mas a verdade é que nunca soube procurar a bola, ou esconde-la dos adversários para tabelar com os companheiros.
Despede-se da selecção, o povo portugues esta-lhe grato pelos muitos golos que marcou na selecção, mas acaba por sair sem glória.
Os tablóidos britânicos. Os Ingleses, ao seu velho estilo, quiseram passar a imagem de Portugal ser uma equipa de violentos e batoteiros.
Portugal respondeu em campo com imenso fair-play, e a verdade é que foram os Ingleses a mostrar a sua violência e o seu espírito de mau perder ao tentar exorcizar Ronaldo por uma expulsão mais do que justa a Rooney.
Deco passou um pouco ao lado do Mundial, fruto da época desgastante que teve e também fruto de uma lesão que o debilitou.
Tal como Deco, Nuno Valente também se mostrou inconstante.
A “exibição” de Scolari na meia final.
Fomos eliminados frente á França, sem termos arriscado o tudo ou nada.
Momentos marcantes
O golo de Pauleta.
Um trabalho fabuloso de Figo e Pauleta finaliza com tranquilidade, o 1º passo para um Mundial fantástico de Portugal.
A expulsão de Costinha.
Numa altura, em que o jogo frente á Holanda parecia correr de feição para Portugal, Costinha é expulso e lançou na mente de todos os portugueses, a dúvida se seríamos capazes de aguentar a “avalhanche” Holandesa.
Vitória histórica da raça e do querer.
Ricardo defende o seu 3º penalty.
Mais 1 vez, Ricardo foi talismã e brilhou intensamente na decisão por grandes penalidades.
Figo, em frente a Barthez, cabeceia por cima.
Portugal acabava de desperdiçar a mais forte hipótese de empatar o jogo frente á França e sonhar com a Final.
O Povo
Em 2004, Portugal mostrou ao Mundo a união e crença que movem a nossa gente.
Maravilhamos milhares de visitantes com a nossa hospitalidade e alegria.
Em 2006, mais uma vez demonstramos união, crença, apoio e fé.
Em Portugal e na Alemanha, na França e no Brasil, na Suiça e no Luxemburgo, enfim..um pouco por todo o Mundo, sentiu-se a força do nosso povo e as cores da nossa bandeira.
Somos Fantásticos!!
Figo
Pelo comportamento exemplar que teve como atleta. Pela fantástica carreira e pela forma brilhante como a soube gerir.
Pelos imensos títulos colectivos e individuais que fazem dele um vencedor.
Por ser um dos símbolos da geração de Ouro que chega ao fim.
Pela forma como sempre defendeu Portugal e a sua cultura.
Pela forma como contribui em causas de solidariedade.
Enfim, por tudo!
Obrigado Figo!! És um símbolo dos Portugueses e de Portugal!
Futuro
Figo e Pauleta, duas figuras marcantes da selecção dizem Adeus á selecção.
É o fim de um ciclo, e caberá ao futuro seleccionador (deverá ser Scolari), renovar a equipa sempre com o objectivo de preparar o próximo Mundial da melhor forma.
Jovens como Moutinho,Quaresma ou Manuel Fernandes deverão passar a integrar a selecção principal.
O Futuro está assegurado.
Conclusão
O Futebol é um fenómeno por vezes criticado.
Mas é com o Futebol, que por vezes me lembro do orgulho que tenho em ser Português.
E quando somos representados, por gente como os 23 bravos que defenderam as nossas cores na Alemanha, então o orgulho e sentimento patriótico ainda é maior.
Obrigado Jogadores, Obrigado Selecção.
PORTUGAL SEMPRE!
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