quinta-feira, julho 13, 2006

Testemunho de uma adepta campeã

Decorria 1982, quando eu tinha seis anos, e a única coisa que me consigo lembrar é ter visto toda a gente a correr para fora de casa aos berros e eu a correr atrás do meu pai, com medo de ficar sozinha... Desde esse momento eu, tal como toda a gente da minha geração, só conhecemos amarga desilusão: em 1990, perdemos a penalties com a Argentina nos quartos de final a jogar em casa, o fim dos “notti magiche”; em 1994 eliminados por penalties pelo Brasil na final; em 1998 eliminados por penalties com a França nos quartos de final; Euro 2000 eliminados na final com um golden goal do Trezeguet. Desta vez, fomos para a Alemanha com menos que nenhuma esperança: com algo que se parecia com a vergonha pelo estado do nosso futebol nacional, após os match fixings e a corrupção terem sido finalmente desmascaradas. A nossa equipa não tinha muitos “galácticos” e o Seleccionador, bem, ninguém gostava lá muito dele...

Uma abertura energética com o Ghana foi seguida por perfomances indiferentes contra equipas menores, e ainda ninguém realmente acreditava em nós: a Imprensa internacional ignorava-nos constantemente. E depois chegámos às semi-finais com a Alemanha e fomos GENIAIS, GENIAIS, GENIAIS... a correr, a atacar, a acreditar, com fome de vitória que, quando chegou, foi quase tão doce como a final... mas não, esperem, ainda tínhamos uma final para jogar! Enquanto toda a gente insistia que Portugal seria mais fácil (desculpem lá...), eu queria mesmo a França pois queria saborear o prazer de os derrotar, e o prazer da vingança pelo que se passou em 98 e especialmente em 2000. Eu sabia que íamos conseguir.


O jogo, bem, o jogo durou duas horas e meia de puro sofrimento... Especialmente na segunda parte quando já estávamos cansados e a França estava a jogar melhor, mas Buffon, Cannavaro e Materazzi conseguiram garantir que chegássemos aos penalties. Os penalties foram pura agonia, mas obviamente que estes tipos queriam tanto tanto (a vitória) que remataram na perfeição. E o Trezeguet... bem, cá se fazem ca se pagam! E desta vez fomos NOS NOS NOS! CAMPIOES DO MUNDO! Tenho que gritar em silêncio porque tenho a Clara (a minha filha de 4 meses) a dormir nos meus braços e nem consigo acreditar. Não há mais grandes perdedores, desta vez somos os magnificos vencedores!

E o melhor de tudo é ler as reacções da imprensa international, verde de inveja e amargura, ainda cheia de criticismo, e pensar... que é que importa? Perdedores, porque quem ganhou fomos nós!

PS – não há desculpas para o que Zidane fez... a única diferença no tratamento entre Totti, que após ser provocado, cospe na cara de alguém e é imediatamente crucificado pela imprensa mundial, e o ZIdane, que, sem dúvida após ter sido provocado dá uma cabeçada no jogador adversário é... ganhar o prémio de melhor jogador da Campeonato do Mundo! O QUE É QUE INTERESSA: NÓS GANHÁMOS!

[Maria Giovanna Pugliese]

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