terça-feira, julho 04, 2006

Quartos de Final: Brasil Vs França

Em Frankfurt, o Mundo de olhos postos para ver um jogo marcado por algum sentimento de “vendetta” Brasileira, após terem perdido uma final do Campeonato do Mundo para os franceses.

Brasil, eterno favorito a vencer a Copa, a contar com todas as suas estrelas mais cintilantes, e com uma confiança enorme, depois de termos vistos jogadores e adeptos a desvalorizarem a selecção portuguesa e a prognosticarem já a meia final com a Inglaterra.
Parreira cedeu e acedeu ao desmantelamento do quadrado mágico, retirando o “imperador” Adriano, lançando mais um homem de meio campo-Juninho, como forma de garantir mais pressing e um bloco mais consistente em termos defensivos. Emerson, por lesão, ficava de fora dando lugar ao experiente Gilberto Silva.
Tínhamos assim uma espécie de 4x2x3x1, para atacar os franceses

Do outro lado, a selecção a quem eu chamo o “Joker” do Mundial.
Selecção com alguns problemas internos e talvez com excesso de veterania, partiu para este Mundial valorizada por uns e subvalorizada por outros (eu incluído). A verdade é que a fase de grupos foi sofrida, e denotava uma equipa com pouca chama e sobretudo mal orientada.
Mas costuma-se dizer que os campeões do Mundo, fazem a competição em crescendo e a França depois de um jogo mais conseguido contra a Espanha, procurava contra o Brasil, a sua plena afirmação como candidata ao título.
Apareceu também ela baseada num 4x2x3x1, e mais uma vez Domenech deixou Trezeguet no banco, obrigando Henry a jogar numa posição “contra natura”.

O Jogo

O jogo começou e notou-se logo nos primeiros 10 minutos, uma equipa francesa calculista e a controlar muito bem os espaços, apoiada num “super” Vieira, que tem feito um Mundial de enorme nível.
E se é verdade que os primeiros 20 minutos ficam marcados por remates sucessivos e algum perigo brasileiro, também é verdade que a dupla Vieira e Zidane, começaram a controlar as operações do jogo a partir dos 25 minutos da primeira parte, passando a França a controlar o jogo a seu belo prazer.
O Brasil sem “posse de bola” tornou-se ansioso, e procurou a bola da forma errada, demasiado precipitados partiam para o pressing quebrando o bloco, não actuando em equipa, o que lhes veio a causar grandes problemas.
E é já no ultimo minuto da primeira parte, que Zizou, tem um trabalho individual fantástico…libertando Vieira (fortíssimo nas movimentações em profundidade ofensiva) que se isola e é castigado em falta por Juan. O lance é duvidoso, mas fica a clara sensação de ter ficado um cartão vermelho por mostrar.


Na 2ª parte foi mais do mesmo, a França muito coesa e compacta, o Brasil apostando em algum individualismo, onde apenas Juninho se mostrava realmente em noite sim.
Aos 57 minutos, Henry (que já tinha visto um golo seu ser bem anulado), aparece solto ao 2º poste após um livre de Zidane e fuzila Dida. Golo merecido da França, e os adeptos brasileiros ficavam escandalizados. Como foi possível deixar o ponta de lança francês isolado na pequena área?

Os erros pagam-se caro, e o Brasil partiu para o ataque, lançando Adriano, para o lugar do apagado Káká.
No entanto, a frieza dos Franceses e a sua lucidez táctica fez-se sentir, encurtando o bloco…procurando atacar com jogo directo para a velocidade dos seus homens da frente chegarando até a causar enormes problemas á defensiva brasileiro, que foi tremendo durante o jogo. Ribery na cara de Dida não conseguiu atirar para o golo.
Até final do jogo, pressing do Brasil, Parreira guardou Robinho no banco até muito tarde (possivelmente por ainda estar lesionado), e apesar de algum perigo do Brasil, a França conseguiu sobreviver, vencendo mais uma vez o Brasil em Campeonatos do Mundo, atirando para casa o grande favorito á vitória final.

Ficam alguns dados estatísticos para comprovar a supremacia Francesa:
9 remates para os gauleses e 7 para os brasileiros. 7 cantos para os franceses e apenas 5 para os brasileiros.
Por outro lado, 55% da posse de bola para os brasileiros e 45% para os franceses .

Conclusão


Na Europa vencem Europeus.

O seleccionador português Scolari disse que as equipas que “jogavam bonito” já não estavam no Mundial, e a verdade é que tem mesmo razão.
O Futebol mais baseado na técnica e nos rasgos individuais saiu perdedor, mas será que o jogar bonito não passa também pela coesão colectiva, pela lucidez táctica e sobretudo pelo espírito guerreiro dos jogadores? Pois é, o Brasil nunca foi uma verdadeira selecção.
Foram desiludindo jogo atrás de jogo, e quando tiveram o seu primeiro grande teste falharam.
A França e a sua veterana equipa continua a surpreender, e agora segue-se Portugal, num jogo certamente muito emotivo para todos nós e para todos os nossos emigrantes. Seria bonito depois de ver a exaltação patriótica dos nossos emigrantes na Alemanha, pudermos assistir a uma exaltação semelhante por parte dos milhões de emigrantes portugueses em França.
Vamos acreditar!


Zizou!!! Dado como reformado e acabado, o jogador com mais classe que alguma vez vi jogar, mesmo algo lento em campo e sempre sem grandes correrias, foi um verdadeiro general dentro de campo. Um Napoleão na forma como leu o jogo, organizou a equipa e depois fez a bola circular sempre optando pela melhor linha de passe. Estrategicamente foi brilhante.
Ver Zidane jogar, é ver pura arte.
Fabuloso!!!


Penso que o árbitro espanhol esteve sempre senhor do jogo, e julgou bem a maioria dos lances.
No entanto, se partirmos do rigor que a FIFA pediu aos árbitros e a forma como têm sido mostrados amarelos na competição, Juan teria que ser expulso. No melhor pano cai a nódoa, e o árbitro acabou por errar apenas e só nesse lance.


A tremenda força colectiva da França, especialmente no seu meio campo.
Makelele liberta Vieira, que tem feito movimentações em profundidade simplesmente geniais.

Zizou, que classe!

Ribery, um nome para decorar



O futebol colectivo do Brasil. Os canarinhos são uma selecção pouco coesa e muito dependente de rasgos individuais. Vão para casa sem glória.

Ronaldinho e Káká. Pela ascensão galáctica que conseguiram através dos seus clubes, esperava-se mais e melhor destes 2 génios. Passaram, por este Mundial da Alemanha, algo despercebidos, e Parreira talvez tenha alguma responsabilidade nesse aspecto.

Juan deveria ter visto o cartão vermelho.



Ludmila Veronese, adepta brasileira, fala-nos de como sentiu esta triste eliminação do Brasil do Campeonato do Mundo.

Durante a Copa do Mundo, o Brasil fica em festa: os trabalhadores param, o comércio fecha, não se vê uma alma nas ruas enfeitadas de verde e amarelo. Quem não consegue chegar em casa procura uma televisão ligada em algum bar ou restaurante. Tudo pára quando o Brasil joga. Assim, pode-se imaginar a decepção de um país inteiro ao presenciar a infeliz partida entre Brasil e França, no sábado passado. Se pelo menos uma das várias estrelas de marketing em campo brilhasse... mas só brilhou a estrela de Zidane. O único gênio em campo.
A maioria de nossos jogadores são pop stars, trabalham na Europa, fazem propagandas, vendem produtos e se enchem de mimos e vaidades. Quase todos são muito feios, mas o dinheiro e a fama os faz bonitos, com namoradas lindas, coleções de carros e de relógios... aí, se esquecem de jogar bola, a única razão para que eles tenham chegado onde chegaram. Os brasileiros errarram quase todos os passes, perderam a bola o tempo todo, não chegavam nem perto do gol, ninguém corria ... e ganham fortunas para jogar assim! Para um desempenho como este, não é preciso estrelas. Qualquer garoto de campo de várzea joga com mais fome de bola do que eles jogaram. Se, na minha profissão, eu ganhasse um décimo do que eles ganham e causasse um fiasco desses para minha equipe, seria demitida sumariamente. Por que eles continuam? Sempre os mesmos...
É preciso que os jogadores entendam uma coisa: nós não amamos vocês. Amamos o futebol, amamos o Brasil, amamos o prazer da vitória. Se vocês não jogarem direito, estão fora. Não importa o que a Nike pense. Vocês feriram nosso amarelo de morte. Nosso coração agora é verde e vermelho. Dá-lhe, Felipão!

Sem comentários: