sexta-feira, setembro 16, 2005

Vitória Sport Clube 3 - Wisla Cracóvia 0


Vou contar este jogo na 1ª pessoa, acompanhado do meu filho de 10 anos, lá fui com uma fé inabalável, que só os Vitorianos sentem e é indescritível, pese o facto de estarmos mal classificados na Liga Betandwin.com, de estarmos a fazer o pior arranque de sempre, a qualidade de Jaime Pacheco, do plantel Vitoriano e o apoio dos Vitorianos, fazia prever uma enchente que recriasse o INFERNO BRANCO, que sempre assustou as equipas nas noites europeias.

Eram portanto 19h30m, quando me dirigi ás bilheteiras para pagar os 10 € por bilhete de sócio com lugar anual, portanto lá voaram 20 €, mas quem liga a isso, o ambiente começava a compor-se, muita gente a chegar claques e público a afinar gargantas, apoio forte durante o aquecimento e um misto de nervoso, quando nos apercebemos da importância do jogo e das mudanças na equipa.

O Vitória alinhou com Paiva, Mário Sérgio, Geromel, Cléber, Rogério Matias, Svard, Flávio Meireles, Benachour, Neca, Dário e Sagan.

Pacheco mostrava vontade de arriscar numa táctica de contenção a defender num 4x2x2x2, com Benachour Neca a fechar as alas, mas que no ataque se desdobraria num 3x1x4x2 o que se viria a revelar demasiado mortífero para os polacos, com a inclusão de Flávio Meireles a 3º central, Svard a trinco, os 2 laterais Mário Sérgio e Rogério a subirem e Benachour com Neca a serem os municiadores do ataque e os 2ºs avançados, numa táctica deveras arrojada, contra o Tricampeão Polaco e maior fornecedor da Selecção Polaca, que tem quase assegurado o passaporte para o Mundial, tendo sido apenas eliminado na Pré Eliminatória da Champions pelo Panathinaikos, no prolongamento, perante este cartão de visita, esperávamos uma maior réplica, mas foi puro engano.

No começo do jogo a casa compôs-se e estaríamos entre 16000/17000 pessoas, eu sei que os jornais colocaram valores mais baixos e a TSF até afirmou 20000, mas a verdade é que estaríamos uns poucos mais que no jogo do Braga, com um apoio entusiástico do principio ao fim e para espanto meu, sem assobios aos nossos atletas, sempre num apoio vibrante e fervoroso, como só os Vitorianos sabem fazer.

Passando ao jogo propriamente dito, não sendo muito bem jogado em parte, pela fraca réplica do Wisla, cabe dizer que na 1ª grande jogada de perigo Sagan recebe a bola de Neca e ao tentar fazer a rotação é agarrado, penalty convertido por Cléber, que faz o 1-0.

Esperava-se um maior atrevimento do Wisla, mas continuava apático e sereno, como se aquele resultado servisse as suas aspirações, Dário saiu lesionado e entrou o irrequieto Targino que no seu jeito trapalhão, lá ia dando trabalho á defesa polaca.

Ainda existiram alguns lances perigosos, mas sem perigo eminente, mas o jogo estava vivo e animado, nas bancadas continuava a festa.

Na segunda parte assistiu-se a uma toada mais atacante do Wisla, onde por breves momentos causaram um pequeno calafrio a Paiva, tendo Flávio Meireles de cortar in extremis para evitar males maiores e foi aí o canto do cisne do Wisla.

Targino começava a causar mossa e os laterais Vitorianos, fruto da confiança e do trabalho dos centro campistas que ganhavam todas as bolas divididas, começaram a aparecer vezes sem conta na área adversária, numa dessas jogadas perto do minuto 25 da segunda parte Targino faz um bailado perante o lateral do Wisla, cruza para a área onde Sagan segura a bola, espera pela entrada de Mário Sérgio e sem oposição dispara uma bomba rasteira que bate o guardião Majdan, pela 2ª vez, o estádio explodiu de alegria e os gritos de euforia e contentamento, tornaram-se cânticos de Vitória Vitória, ainda estávamos a saborear a boa exibição e o 2º golo, quando numa bola ganha por Benachour no meio campo do Wisla, o Zidane da Tunísia (Grande Jogador), galga terreno até á entrada da grande área e arranque potente remate, fazendo um Golo do outro mundo, posso dizer apenas que chorei, pois já não conseguia gritar, eu bem puxava mas as palavras não saiam, o meu filho pulava, abanava o cachecol, gritava GOLOOO, VITÓRIA, saltava de cadeira em cadeira e irradiava felicidade, o ambiente era igual em todo o estádio e em uníssono os 16000/17000 cantavam a uma só voz o Grito de VITÓRIA, O BERÇO DA NAÇÃO SOMOS NÓS e mais alguns hits, nossos conhecidos.

Tivemos ainda oportunidades de fazer o 4-0, mas Neca e Targino, infelizes não aproveitaram o facto de sozinhos perante o GR, fazerem o gosto ao pé.

Perto dos últimos 10 minutos a ovação da noite, com a saída dos desgastados Sagan e Benachour, por Paulo Sérgio e Moreno, o estádio quase caia e os seus nomes eram entoados pelos Vitorianos.

No final os rostos de satisfação e os cânticos á saída do estádio dizem tudo:

ALLEZ ALLEZ VITÓRIA ALLEZ
ALLEZ ALLEZ VITÓRIA ALLEZ

É COM ORGULHO QIUE VISTO BRANCO
É COM RESPEITO QUE TU ME VÊS
E BATE FORTE CÁ NO MEU PEITO
E É POR TI QUE CANTO ALLEZ

ALLEZ ALLEZ VITÓRIA ALLEZ
ALLEZ ALLEZ VITÓRIA ALLEZ

Para quem quiser ver os golos:

1 - 0 http://www.dcc.fc.up.pt/~pribeiro/vitoria/1-0-Cleber.zip

2 - 0 http://www.dcc.fc.up.pt/~pribeiro/vitoria/2-0-MSergio.zip

3 - 0 http://www.dcc.fc.up.pt/~pribeiro/vitoria/3-0-Benachour.zip

Este 3º golo deve ser guardado religiosamente, por todo aquele que gosta de futebol, é um hino aos golos.

http://ww2.tvp.pl/video/2005/09/15/48544/film.asf
Resumo entre o 2º e 3º golo.

Os mais:

Benachour – Simplesmente fabuloso, faltam adjectivos
Saganowski – Um goleador que não precisa de marcar golos para mostrar o que sabe
Svard – Um poço de energia cheio de talento
Geromel – Um central de futuro, mais um valor descoberto nas divisões inferiores
Cléber – Um capitão não esquece o que sabe, nem o que é o VSC
Neca – Classe que por vezes se esquece de usar
Paiva – Deu a segurança que Nilson não consegue transmitir
Árbitro Croata – Senhores árbitros da Liga Betadine, ponham o olho em como deixar jogar e evitar recitais de apito. Só esteve mal em não dar o amarelo ao jogador que fez o penalty.

Os Menos:

A equipa do Wisla – Para uma equipa de credenciais elevadas, Tricampeão polaco, Treinador Ex-Seleccionador Polaco (levou 4-0 de Portugal no Mundial 2002), principal fornecedor da Selecção polaca e falhou a liga dos Campeões por pouco, deixou uma pálida imagem do seu valor, muito embora acredito que na Polónia vai ser difícil.

Termino, dizendo que muito embora esta vitória seja apenas uma, servirá certamente para agora Jaime Pacheco e os Vitorianos terem a certeza que matéria prima, o VSC tem, o que já sabíamos, basta que Pacheco não invente e que o Manoel continue lesionado, muito e longo tempo.

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