quarta-feira, outubro 10, 2007

Entradas Perigosas - As guerrinhas do futebol à portuguesa



Tenho sempre a infeliz ideia de, quando leio a página online do Record, ir espreitar os comentários mas hoje serviu-me de inspiração.

Em causa está uma notícia que falava sobre Sporting e Benfica e que dizia que entre os dois clubes da 2ª Circular não existe uma aliança, que as declarações dos presidentes dos dois clubes antes do Derby apenas mostram uma intenção de haver paz entre SLB e SCP.

Resultado:

Uma cambada de "índios" e "trogloditas" que se apressam a falar em "guerra", em "mais vale sozinho que unidos com esse clube", em ver tudo como uma guerra (mais uma vez) contra o FCP e Pinto da Costa, e nas velhas disputas de ver quem é o maior e quem é o melhor clube.

Aqui há uns tempos manifestei-me completamente contra a rivalidade actualmente injustificada entre Académica e Guimarães.
Esta rivalidade assenta em factos já antigos, que envolvem pessoas que já nem estão ligadas aos dois clubes e, na minha visão, nada legitima a fervorosa antipatia entre os elementos das claques dos dois emblemas.



Entre os "três grandes" a rivalidade é levada ao extremo, com os adeptos a exibir cachecóis onde não só torcem pela sua equipa como também insultam um dos dois rivais. O mesmo acontece entre Braga e Guimarães, por exemplo...


E o pior? As direcções dos clubes estimulam estas guerrinhas.

Custa-me a crer que seja assim tão difícil haver uma rivalidade como em Itália (em que os clubes se dão tão bem que até combinam resultados, mas isso é uma outra história). Quantos jogadores já vimos representar Milan, Inter, Parma, Juve, Fiorentina, etc, saindo amigavelmente e não sendo insultados quando passam para outro clube? Ou pelo menos sendo tão insultados como os restantes colegas de equipa...

Em Portugal isso é quase impossível. Acho que tirando o caso da troca entre Rui Jorge e Bino por Peixe e Costinha (acho que foram estes os jogadores) não me lembro de outras trocas entre clubes rivais que fossem consensuais.

Neste país não nos basta ser deste clube ou daquele, temos de ser contra alguém. Aliás, é preciso ser contra todos os outros e especialmente contra um (e ás vezes até mais que um) clube.



Os clubes, respectivas direcções e adeptos, vivem não para o futebol mas para a rivalidade. Interessa mais que o outro clube tenha tido uma vitória polémica do que o próprio clube tenha feito um bom jogo.

Não sei se esta é uma ENTRADA PERIGOSA mas acho que não faz mal nenhum reflectir e decidir se é este o futebol que queremos...

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