quinta-feira, julho 12, 2007

Campeonato do Mundo de Sub 20 - Oitavos-de-Final


Ontem o Mundial iniciou uma nova etapa. Com ou sem justiça, independentemente do valor demonstrado pelas equipas, numa competição como esta o que contam são os números e já houve uns quantos a fazer as malas e retornar ao país-natal. A partir de ontem, é a eliminar. Os oitavos-de-final chegaram e trouxeram ainda mais emoção ao torneio, mais jogos interessantes e mais uns rabiscos nos blocos de notas dos ávidos olheiros dos grandes colossos mundiais. Dezasseis equipas em prova, oito continuam, oito ficam pelo caminho. Quatro já foram, quatro já garantiram presença nos quartos-de-final. Portugal ainda não conhece o seu destino. E foi assim que começou o “mata-mata”…

A Áustria derrotou a selecção da mbia por 2-1. Os europeus inauguraram o marcador mesmo no final da primeira parte com um golo do capitão de equipa Sebastian Proedl. O defesa do Sturm Graz facturou logo a seguir à expulsão do médio Tijan Jaiteh. Os africanos, estreantes nestas andanças, tentaram reagir e chegaram a acalentar esperanças com um golo de Pierre Gomez a meio do segundo tempo. Porém, o nº9 do Áustria Viena Erwin Hoffer, vindo do banco, encarregou-se de por um ponto final na partida aos 81 minutos. A Áustria, segunda classificada no grupo A derrotou a mbia, segunda classificada no grupo C, onde chegou a vencer a nossa selecção.

De resto, todos os outros jogos exigiram um prolongamento. Julgo que isto se pode considerar um sintoma do equilíbrio que tem sido emprestado a este Mundial. No jogo que opôs os Estados Unidos da América ao Uruguai, foram os do Norte que levaram a melhor em relação aos do Sul. Dias negros, estes, para Los Charruas, que viram as suas selecções serem eliminadas na Copa América e no Mundial Sub-20 quase ao mesmo tempo. O Uruguai estava numa situação semelhante à portuguesa – passou no 3º posto, enquanto que os norte-americanos venceram e convenceram no seu grupo amealhando 7 pontos. Assim, acabou por se confirmar o favoritismo que se atribuía aos Nats. De uma maneira geral, os EUA foram sempre mais perigosos, apesar do jogo ter tido uma vertente táctica e física muito intensa, mas acabou por ser Luís Suarez a marcar primeiro para os uruguaios. Contudo, Mathias Cardaccio marcou na baliza errada e levou o jogo para o prolongamento. Acabou por ser Freddy Adu, a estrela da companhia, desaparecido durante quase todo o desafio, a assistir Michael Bradley que fez o 2-1 final.

O jogo mais aguardado de ontem era a batalha entre as potências Espanha e Brasil. A Espanha, sempre fortíssima nos escalões mais jovens, acabou na liderança do grupo B e o Brasil, que na edição anterior tinha chegado à final, desiludiu um pouco na Fase de Grupos dado que se quedou pelo 3º lugar no grupo D. Porém, os Canarinhos são sempre apontados como favoritos à vitória final e Nuestros Hermanos idem aspas. Por este motivo, o jogo acabou por ser emocionante como se previa. Resultado final – vitória para Espanha. O reforço portista para esta época, Leandro Lima, foi o primeiro a marcar aos 39 minutos. Dois minutos depois, foi o prodígio Alexandre Pato a colocar a bola no fundo das redes e a fazer o 0-2. Todavia, a reação espanhola não tardou e ainda antes do intervalo o defesa Gerard Piqué reduziu a desvantagem. Só mesmo no final é que Javi Garcia conseguiu igualar, aos 84 minutos, dando novo alento à equipa de Melendez. No prolongamento, entre a expulsão de Leandro Lima e dois tentos espanhóis, o jogo pendeu definitivamente para um dos lados da balança. Alberto Bueno a abrir o tempo-extra e Adrian Lopez a fechar foram os autores dos outros dois golos. 4-2 para a Espanha, vitória suada. Os 50% de posse de bola para cada formação indicam que este foi um jogo disputado e vivo até à última.

No jogo que falta, o Japão dominou a República Checa mas acabou por perder o jogo e a possibilidade de marcar presença nos quartos-de-final. Os asiáticos começaram a ganhar por 2-0 com golos de Tomoaki Makino aos 22 minutos e Yasuhito Morishima, de grande penalidade, aos 47 minutos. Os europeus continuaram em busca da vitória e Ondrej Kudela, aos 74 minutos, e Jakub Mares, aos 77, ambos de penalty, conseguiram fazer voltar tudo à situação inicial. Incrível como em 4 golos, 3 foram obtidos da marca das grandes penalidades. Já reduzidos a dez unidades, os checos avançaram bravamente para o prolongamento e aguentaram 30 minutos até ao jogo cumprir a sua sina: os penaltys pareciam querer intrometer-se na decisão e depois de todos os que surgiram durante o tempo regulamentar, pareciam ser eles a querer determinar a sorte e o azar de cada equipa. O Japão teve 61% de posse de bola contra 39% dos checos. Isto reflecte um claro domínio Nipónico. Ainda assim, quem passou foi a República Checa. Depois de um 2-2 ao fim de 120 minutos, o 3-4 em grandes penalidades foi favorável aos pupilos de Miroslav Soukup.

O “mata-mata” começou. A sorte sorriu a austríacos, norte-americanos, espanhóis e checos. Pelo caminho ficaram as selecções da Gâmbia, do Uruguai, do Brasil e do Japão. Todos deram espectáculo, uns mais do que outros. Todos tiveram mérito e qualidade, uns mais do que outros. Os jogos a eliminar começaram. Agora vencem os mais fortes, os que têm mais argumentos técnicos, tácticos, físicos mas também psicológicos. A força mental e coesão de grupo vão ajudar a determinar o próximo vencedor do Mundial Sub-20, este ano no Canadá. O fim já esteve mais longe…

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