O jornal Correio Da Manhã na sua edição de 2 de Janeiro apresenta a seguinte manchete: “FISCO ATACA SALÁRIOS DE FUTEBOLISTAS”.
Ao ler isto, caro leitor, até parece que o Estado já resolveu o problema para o deficit, confiscando por inteiro os salários dos jogadores de futebol. De facto, convenhamos, se assim fosse a dívida pública desceria substancialmente….
Porém, se lermos a pág.19 deste matutino, constatamos que a história não é bem assim, pois aquilo a que o governo se propõe é retirar as actuais regalias fiscais dos futebolistas, ou seja, fazer com que esta classe passe a pagar IRS sobre 100% dos seus rendimentos.
Quem não reagiu bem a estas novidades foi o Sindicato de Jogadores de Futebol, que não se conforma com as medidas que são impostas pelo Governo, acusando o Estado “de não ter sensibilidade para a matéria”. Os jogadores, por sua vez, até já ameaçaram fazer uma greve geral, o que, por conseguinte, levaria a uma paragem de todos os campeonatos nacionais.
Todo este processo acaba por ser uma comédia, uma vez que já há muito que os futebolistas dizem que são trabalhadores como todos os outros. Houve até um profissional desta classe com um dia proferiu a seguinte frase:
-Nós somos humanos como as pessoas.
Ah bom!
Então, se eles são trabalhadores iguais aos outros, e se são humanos como as pessoas, portanto, vão pagar impostos a 100% como todos os outros. Nada mais justo!
O Presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol já veio, por seu turno, dizer que estas medidas são injustas, porque, segundo este senhor, existem muitos jogadores que vivem em dificuldades financeiras. A verdade, meu caro, é que muitos portugueses não têm uma vida financeira de sonho, muitos deles recebem apenas o salário mínimo, e, mesmo assim, não obstante todos os problemas económicos, têm de pagar 100% de IRS sobre os seus rendimentos. Por que motivo os jogadores de futebol têm de ser diferentes do trabalhador comum? Há alguma razão viável para pagarem apenas 60% por cento de IRS, em vez dos 100% que pagam os trabalhadores normais? Ou será que a extrema burrice de alguns profissionais da classe faz com que eles não possam ser considerados trabalhadores normais?
Esta polémica vem no seguimento de outra semelhante, que aconteceu em Julho, aquando do Campeonato do Mundo de Futebol. Nessa altura, os escolhidos para representar o nosso país receberam um prémio monetário pela forma brilhante com que representaram Portugal. Até aí, tudo bem….
No entanto, o centro da polémica foi quando Figo e Companhia quiseram que esta quantia fosse isenta de impostos. E o que torna isto tudo ainda mais ridículo é que tal isenção é prevista na lei!
Se os jogadores de futebol passarem das ameaças aos actos, isto é, avançarem para uma greve, apenas teremos mais uma prova que o que interessa aos futebolistas é dinheiro, mais dinheiro, só dinheiro, e nunca um suposto amor à camisola ou até à própria profissão.
O Governo, depois desta perseguição aos futebolistas, devia agora perseguir os Barões do futebol. Mas em relação a isso, caro leitor, podemos esperar confortavelmente sentados.
P.S. Enquanto elaborava esta tentativa de farpa, comentei o assunto aqui referido com a minha mãe.
- Filho, nunca percebi por que razão os jogadores de futebol não pagam impostos como as outras pessoas.
Pois é, mãe, nem tu percebes, nem eu percebo, nem ninguém percebe!
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