Terminado que está o campeonato mais fraco dos últimos anos, onde as surpresas foram inúmeras devido à parca qualidade e pouca consistência do futebol apresentado pelas equipas, o final ditou algo tão impensável quanto improvável para aqueles que estavam a par das potencialidades dos concorrentes ao titulo no início da competição. À partida para este campeonato, os três clubes dito grandes apresentaram três caras novas para as comandar. Duas delas chegaram ao fim sendo que uma chegou mesmo a sagrar-se campeã, uma outra acabou em terceiro lugar e finalista da segunda maior competição europeia, e a outra voltou ao país de origem ao final de um mês, depois de uma vitória sobre o que viria a ser finalista da liga dos campeões. Pois bem, depois de maus jogos à frente dos clubes, depois de muitos lenços brancos envoltos em polémica, só o segundo treinador do FCP foi substituído, após a conquista de mais uma supertaça Cândido de Oliveira, frente ao novo campeão, e da segunda vitória da história do clube na taça intercontinental. A entrada do novo treinador para o FCP foi apoiada por mim, já que apesar de ter deixado o FCP em segundo lugar a uma vitória do primeiro classificado, a equipa jogava um futebol ao nível dos seus mais directos adversários, ou seja, cheio de mediocridade, inconsistência e inconstância. José Couceiro pegou numa equipa desfragmentada, descaracterizada e à deriva, dando-lhe um novo alento, um novo fulgor e uma arrumação que era necessária. No pouco tempo que por cá passou, José Couceiro mostrou melhores métodos, mas acima de tudo pulso, ânimo e coesão do grupo, bem fundamentadas pelas exibições mostradas na fase final deste campeonato. Foi o mesmo FCP de Couceiro que perdeu por 4 golos sem resposta no seu reduto, coisa que eu pessoalmente nunca tinha visto, pelo menos que me lembre, coisa que em nada belisca o trabalho efectuado, até porque esse jogo foi um dos primeiros da sua estadia no comando da equipa técnica dos dragões.
Esta época para o FCP foi estranha, anormal e inexplicável. Desde logo a quase totalidade do plantel que tinha ganho a taça Uefa foi a que ganhou a liga dos campeões e dessa equipa gloriosa, os jogadores mais influentes saíram, os que cá ficaram acharam que também era a altura de outros voos, e ao não verem consumados os seus desejos estiveram muitos furos abaixo do rendimento habitual, ou até mesmo com contrariedade em campo. Só assim se explica a transformação que alguns jogadores sofreram em tão pouco tempo. Outro factor de desunião, afastamento e astenia, foi a entrada de muitos jogadores novos, no clube e na idade, a auferirem ordenados principescos sem nada terem provado e sem créditos fundamentados, reflexo de má gestão ou de interesses particulares instalados. Outro factor ainda que poderá estar na falta de sucesso, consiste na falta de sorte latente em variadíssimos jogos, principalmente nos primeiros jogos da temporada, em que os primeiros ataques dos adversários eram transformados em golos muito cedo e sem justificação, e os ataques do FCP passavam perto da baliza, embatiam nos postes ou davam realce aos guarda-redes. Os primeiros embates no estádio do Dragão são bem exemplo disso. Poderão dizer que essas são as condicionantes e as vicissitudes do jogo, ao que eu concordo, mas que não contraria em nada um estado de ansiedade crescente, de alguma frustração pela falta de concretização e resultados, ainda por cima nos jogadores novos que tiveram de assumir a sua responsabilidade, aos quais não foram dados o tempo e a oportunidade para errarem e também para aprenderem com os companheiros. Se a equipa tinha muitos valores novos e os resultados não apareciam, é normalíssimo que alguns jogadores se descontrolassem e perdessem a noção do que era preciso fazer, com mais cabeça e menos coração. Para finalizar, situações que decorreram de alguma frustração e nervosismo de que falei anteriormente, deram azo a processos sumaríssimos. Ora, se nunca me opus a que os jogadores que praticam actos de violência para com colegas de profissão fossem punidas, sempre contrariei a conduta que via única e exclusivamente as situações protagonizadas por jogadores do FCP. Poderão dizer-me que o FCP, pela equipa que é, não pode estar dependente de um só jogador, ao que eu digo que foram quatro os jogadores do FCP a serem castigados por processos sumaríssimos. Em quase todos os casos eu defendi que esses jogadores deveriam ter sido castigados, mas apresentei em devida altura muitos outros casos referentes aos mais directos adversários que passaram incólumes. Ora isto é inadmissível, pois os casos são julgados por juízes que não mantiveram a justiça cega como deveria ser. E se nos outros casos apresentados o FCP não soube lidar com questões internas, neste caso o FCP foi claramente prejudicado, por pessoas a quem não se lhes conhece a cara, o clube e a aptidão para julgar processos de futebol.
Por ora não vou falar de arbitragem, até porque a minha frustração em relação ao futebol apresentado pela equipa de futebol do clube do qual sou sócio e torço vivamente é tão grande, que nem com arbitragens tendenciosas chegávamos a ser campeões, ao contrário de outros.
Disse desde o início deste campeonato e em cada resultado menos favorável que tinha fechado um ciclo no FCP, e que estava preparado para a saída de jogadores, do treinador, da equipa técnica e para derrotas e resultados menos conseguidos. Assim me mantenho, firme às minhas convicções, a pensar pela minha cabeça e com os pés assentes na terra, e em nenhum minuto do jogo contra a académica, ou antes dele, eu acreditei que pudéssemos ser tri-campeões, nem mesmo com o anunciado golo do Boavista, o qual nem sequer festejei pela simples razão que nessa altura o FCP ainda estava empatado a zero, e de nada adiantava o empate ou a vitória do Boavista se o FCP não conseguisse ganhar o jogo. As minhas esperanças ficaram no resultado do jogo contra o Moreirense, embora a tarde de Domingo tenha começado bem e os desenvolvimentos tenham acompanhado, ou seja, na Escócia algo igual tinha acontecido, e depois Ibson marcou o primeiro e único golo pelo FCP até à data, vaticinando assim um desejo expresso dele em marcar o golo que daria o título. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Reconheço tudo o que se passou de mal este ano, imagino muitas outras coisas que não vieram a público e fico com a angústia de ter tido um FCP tão mau esta época que permitiu a uma equipa à qual não lhe vi nada melhor para ganhar o campeonato. Veja-se, o FCP tem a melhor defesa, o Sporting o melhor ataque a 12 golos do Benfica, o FCP perdeu vinte e quatro pontos só em casa, foi a melhor equipa fora, tem mais cartões vermelhos do que qualquer outro rival, aconteceu tudo aquilo que escrevi anteriormente, e ainda por cima conseguiu estar até à última jornada na expectativa de ser novamente campeão. O FCP teve uma prestação miserável, mas as outras equipas não lhe ficaram atrás, nenhuma!
Digo sinceramente que sou portista, tripeiro, do Norte e sócio do FCP, não sou “anti-nada” no que diz respeito a clubes, por isso, para mim é indiferente o campeão a partir do momento que não pode ser o FCP.
Gostaria de deixar aqui 50% de descrença na próxima época, já que vamos mudar quase tudo outra vez, quando estão contratados jogadores que não foram escolhas do próximo treinador, quando o próprio treinador é um quase desconhecido de todos nós, quando ainda existem tantos jogadores emprestados, quando beneficiamos estrangeiros ao invés dos portugueses, quando mudamos de equipa técnica e quando se mantêm os interesses de empresários, particulares e afins na gestão do meu clube.
Ao mesmo tempo deixo aqui a outra metade de confiança na mudança. Ninguém é perfeito e os erros cometem-se, por isso é preciso identificá-los, analisá-los e pensar e planear a forma de actuar no futuro, seguindo uma linha de vitória, sucesso, melhoria contínua e objectivos alcançados. Sou sócio do FCP desde o ano de 2000, precisamente aquando da não conquista do “bi-tri”, e nessa altura de tristeza não imaginava o grandioso sucesso atingido poucos anos depois.
Termino este meu comentário dizendo que o FCP é, e tenho a certeza que continuará a ser, o melhor clube português.
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