segunda-feira, maio 02, 2005

No velho continente

Mais um fim-de-semana desportivo em grande, agora que os campeonatos de futebol dos diversos países da Europa se encontram a findar.
Primeiramente quero dar os parabéns ao Chelsea por ter-se sagrado campeão, coisa que nunca tinha visto.

Acho que claramente o mérito é da equipa técnica que assumiu o comando no início da temporada, mas tendo como principais actores os jogadores, como é óbvio. A lista de dispensas do Chelsea no início da época não deixava antever muito sucesso, mas como é seu apanágio, Mourinho e a sua equipa souberam escolher os jogadores que se moldaram melhor às suas formas de pensar futebol.

Já aqui disse muitas vezes desde os primeiros tempos de Mourinho no Porto, que a suas maiores características são o estudo detalhado da sua equipa e do adversário e o saber motivar e estar com os jogadores. Mourinho tem uma mentalidade ganhadora, imprópria para a maior parte da mentalidade portuguesa que teimam em chamar-lhe arrogante.

O treinador do Chelsea disse várias vezes frases não muito abonatórias em relação ao seu passado no FCP, e que eu pessoalmente poderia ficar melindrado, mas sei que Mourinho é assim na sua forma de saber estar com a equipa que representa actualmente. Acho também que esta “vulgar” arrogância faz com que os jogadores, o público afecto e os adeptos se unam em torno da equipa, e isso vê-se na face dos adeptos, mas principalmente na dos jogadores. John Terry e Lampard foram jogadores fulcrais nesta simbiose, já que são jogadores da casa e que gozam de imensa credibilidade no seio daquele grupo.

Gostaria de deixar aqui os parabéns a todos os portugueses campeões pelo Chelsea, principalmente a Paulo Ferreira, que embora tenha estado afastado destes últimos jogos que faz com que alguns comentadores e jornalistas tenham-no deixado para segundo plano, estou convicto que foi o português que mais jogos jogou e mais polivalente foi.


Na Alemanha o Bayern voltou ao título após ter mudado o mítico técnico bávaro e construtor de muitas e gloriosas vitórias, Hitzfeld.


Em França penso que não haverá muito a dizer e o Lyon deverá sagrar-se novamente campeão. Na Holanda o PSV e na Bégica o Brugges deverão seguir as pisadas dos seus confrontantes.
Em aberto continua o campeonato espanhol, embora faltando 4 jornadas para o fim, os seis pontos de vantagem do Barcelona em relação ao eterno rival Real Madrid parecem ser mais do que suficientes para chegarem ao título que anda arredado há alguns anos para os catalães.

Curioso, no mínimo, é o que pode dizer dos maiores rivais da história do futebol, pelo menos eu não conheço nenhum caso em que a rivalidade seja tão extremada como entre o Bétis e o Sevilha. Estão os dois a fazer duas campanhas espectaculares este ano. Talvez este ódio seja amor, já que andam quase sempre de braço dado nas classificações.
Em Itália para a semana joga-se o jogo que pode decidir o título, Juventos-Milan. Ambos venceram os seus adversários desta jornada e partem empatados para a próxima. A não perder as duas equipas mais representativas de Itália, mas também mais beneficiadas naquele país.
Apesar da vantagem pontual do Benfica no campeonato português, as coisas parecem estar longe de estarem decididas, já que a diferença pontual entre os dois primeiros classificados é de apenas 3 pontos, os mesmos que vão ser discutidos daqui a 15 dias, naquele que provavelmente será o jogo do título e que opõem aquelas equipas.


Se à partida o Benfica terá vantagem nesse jogo, pois um empate chega para continuar na frente, tendo também um estádio cheio de adeptos a apoiá-lo, o Sporting apresenta-se bem mais forte e convincente, pelo menos a julgar pelas últimas exibições.
Relativamente a esta última jornada, tenho a dizer que o Benfica foi claramente beneficiado pela arbitragem de Mário Mendes. Não sei se estará já a pensar na sua reforma para a arbitragem, e que isso faz com que seja parcial, faccioso e incompetente na sua função.

O pendor do jogo foi claramente para a equipa da casa, e se houvesse vitórias por mérito, então era claramente para o Benfica, mas todos sabemos que nem sempre ganha a melhor equipa. Se na primeira parte houve um pénalti sobre Nuno Gomes que não foi assinalado, o pénalti que o foi na segunda parte é de bradar aos céus, já que não há intenção do jogador tocar na bola com a mão, mas ao tocá-la não desvia a sua trajectória de maneira a influenciar seja o que for. A seguir há um pénalti sobre Lourenço feito por Ricardo Rocha, que para aqueles que reclamaram tanto o alegado lance do Belenenses – FCP, que é igual na sua essência, deveriam vir dar a mão à palmatória neste momento também. Ora, se até aqui as coisas ficam desequilibradas em termos do juízo dos lances por parte do árbitro, acrescenta-se ainda o lance em que o defesa Dos Santos rasteira o avançado do belenenses Paulo Sérgio, e que os jornais e a televisão teimam em esquecer, curiosa esta dualidade…Queria dizer ainda sobre isto e sobre o que vem hoje nos jornais, em que Luís Filipe Vieira diz duas coisas interessantes. Numa delas o presidente do Benfica diz que não discute a justiça da marcação do pénalti, interessa que o Benfica ganhou. Noutra diz que está a pensar em abandonar a presidência do clube antes do tempo. Bom, concluo que tendo vindo a fazer o papel do dirigente sério em Portugal, estas declarações serão sintomáticas do estado das coisas. Até Dias da Cunha já fala agora, só falta o presidente do Belenenses, mas como deve ter sido o primeiro a pagar a conta daquele interessante almoço, creio que o silêncio vai ser de ouro.


Relativamente ao jogo do FCP, dois factos marcaram o jogo. O golo do FCP que foi validado e o que foi anulado. O golo que valeu os três pontos está em nítido fora de jogo, e portanto é mal validado, e o segundo, que foi anulado, é mal anulado pois a bola embate no pé do defesa do marítimo e desvia a sua trajectória até entrar na baliza, estando os jogadores do FCP em posição irregular, não influenciam a jogada nem tiram visão ao guarda-redes adversário, como querem fazer passar a ideia na televisão. O pénalti pode ter sido mal assinalado, mas unicamente por haver dúvidas se é dentro ou fora da área. Diego não transformou o castigo e o FCP embora algo nervoso a partir desse momento continuou a dominar o jogo, ao invés do que as equipas que actuam nas distritais costuma fazer. Vitória justíssima e assegurada mais uma vez pela “enorme” defesa de Baía à cabeçada de Tonel, mais um jogador emprestado pelo FCP e que ia fazendo uma gracinha pouco engraçada contra o seu clube, numa das duas oportunidade de golo criadas pela equipa visitante.


Relativamente ao jogo do Sporting, do qual só vi a segunda parte, e ainda bem, penso que foi justa a vitória, na medida em que aproveitou da melhor maneira as oportunidades conseguidas, num jogo rápido, bem disputado, com boa entrega de parte a parte e com bons pormenores técnicos. Disse atrás neste comentário que o Sporting está com enorme potencial de exibições, e que o poderá fazer estar perto de conseguir o que o FCP conseguiu há dois anos, o título nacional e a taça uefa, repetindo assim um enorme feito para uma equipa portuguesa nos dias de hoje, e só depende dele para o conseguir, ao contrário do FCP, que poderá estar perto de uma das épocas mais áridas da sua história recente em termos de conquistas.
Acabo este meu comentário, sugerindo ao Estoril na pessoa do seu presidente, que ainda acredita na permanência (ele há loucos para tudo), que se dirija ao estádio do Braga para jogar este jogo.


A última nota vai para o presidente do Braga, que de uma forma particular e depois de certas declarações proferidas teve o que mereceu, uma derrota limpinha por números expressivos que o atiraram de cara para a lama acabando assim com o seu pequeno sonho.

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