A uma jornada do fim, sendo eu adepto fervoroso de outro clube e tendo o tão falado derbi acabado com uma vitória para o clube da casa, a minha sincera aposta é no Benfica. Digo isto com a maior sinceridade, já que é o Benfica que tem de perder na última jornada, o meu clube ganhar e assim poder sagrar-se campeão. Num fim-de-semana em que se falou muito por estes lados de provocações, esta é a minha. Era de facto engraçado ser o Benfica a dar-nos o campeonato. Mais engraçado ainda, neste caso para os benfiquistas, era o Benfica perder e o FCP não ganhar. Mais macabro ainda, era o cenário anterior com a vitória esperada do Sporting. Sem dúvida, dá que pensar. Como já aqui disse anteriormente, a situação mais favorável para o FCP era que o resultado do derbi acabasse com a vitória de uma das equipas, pois só assim o FCP ascenderia ao segundo lugar se ganhasse o seu jogo e só dependia dele para ter acesso directo à liga dos campeões. Ora, se fosse o Sporting a ganhar e visto que recebe um Nacional descaracterizado na última jornada, as coisas para o FCP eram muito mais difíceis em termos de vitória final, sendo que a presença na liga dos campeões estaria mais facilitada, conforme o cenário anterior. Pois bem, um empate no derbi só poderia trazer proveitos se os rivais, pelo menos, repetissem o feito na derradeira jornada, caso contrário, o FCP não teria hipóteses de chegar a primeiro, acrescentado do facto de que a presença na liga dos campeões passava por uma pré-eliminatória, numa fase prematura da preparação da época. Assim, resumindo e concluindo, em caso de vitória no derbi lisboeta, e sobre o ponto de vista de esperanças remotas no que diz respeito ao FCP, ela teria de sorrir ao Benfica, com o senão de o Benfica ter mesmo de perder no Bessa, o que me parece pouco provável, ainda por cima com o desfalque que Pedro Proença provocou na equipa da casa para esse jogo. O mais importante é o FCP ganhar o seu jogo contra a académica para assim conseguir chegar directamente à liga dos campeões, caso contrário a Europa iria estranhar.
Falando concretamente desta jornada, e pela vicissitude dos jogos que podiam interferir nas contas do título terem sido jogados à mesma hora, eu optei como é lógico por ver o encontro Rio Ave FCP, mas sempre com o comando na mão para ver as movimentações no jogo da Luz.
Dei por mim a ver quase a totalidade do primeiro jogo, tendo mudado de canal a espaços e somente quando a bola estava parada. Sendo assim, tenho para dizer que o FCP não entrou bem no jogo, fez uma primeira parte mediana, mas que mesmo assim justificava a vantagem ao intervalo, somente pelas oportunidades criadas. Entrou bem melhor na segunda, mais rápido sobre a bola, com mais profundidade e com um futebol mais apoiado, e chegou ao golo sem surpresas não obstante o ter conseguido num lance fulgurante de contra-ataque. O jogo foi inteiramente dominado pelos visitantes, e aquele Rio Ave que se mostrou tão forte em casa durante toda a época, que surpreendeu muita gente com o seu valor, que teve sempre poucos recursos para gerir, sucumbiu facilmente e cedeu a segunda derrota em casa, numa postura que me pareceu de tranquilidade, relaxante e conformado com o trabalho realizado durante toda a época. Isto não belisca em nada a vitória do FCP, até porque os visitados não se mostraram nada apáticos.
Do pouco que vi do jogo da luz e a espaços, vi um jogo equilibrado, sem domínio predominante de qualquer das equipas, sem o vigor do jogo da taça, por exemplo. Como é normal em equipas que se equivalem, os golos surgem de falhas ou de bolas paradas. Neste jogo, o golo que decidiu as coisas foi um misto, uma bola parada cobrada por Petit e um erro, para não dizer muito mais, de Ricardo, já que o Luisão nem toca na bola. A sorte sorriu à equipa da casa, muito embora, e repito que vi o jogo a espaços, o empate era o resultado mais ajustado.
Duas notas finais que nada têm a ver com futebol mas ainda sobre este jogo, a expulsão de Beto é mais do que justificada, e a mim só me surpreende que tenha sido preciso chegarmos ao final do campeonato para ele ser expulso, e também a atitude do jovem João Pereira nos seus festejos para com Tello, que mostra a infantilidade deste jogador, o ridículo e a sua hipocrisia, já que ele deve ser dos jogadores mais fracos do plantel benfiquista, que menos falta lá faz e que menos fez para esta vitória em particular. Enfim, este catraio é mesmo irritante, e ainda bem que eu não jogo futebol…
O outro jogo que vi na televisão foi o Guimarães Boavista, num jogo marcado pela violência dos jogadores. O Boavista de facto fez um erro enorme, no meu ponto de vista, ao mandar embora o Jaime Pacheco a tão poucas jornadas do fim. Pedro Barny vai acabar com três derrotas o campeonato, embora eu preferisse que ele acabe com duas derrotas e uma vitória.
Outro jogador que me enerva solenemente é o Paulo Turra, mas por outra razão, a violência, e mais uma vez eu digo que ainda bem que não jogo futebol…O árbitro Pedro Proença de facto não teve um trabalho fácil para fazer porque os jogadores não se portaram à altura, mas curioso é que repetiu dois vermelhos a jogadores do Boavista, coisa que só no Gil Vicente Boavista tinha feito, e o João Pinto foi reincidente.
Dos outros jogos não tenho muito para dizer, para além de que é estranha a derrota da académica por números tão expressivos, e também o resultado do Braga. Ainda sobre eles, fiquei extremamente contente com a vitória do Gil Vicente e com o empate do Estoril, permitindo assim a descida de divisão. Vão para a liga de honra sem salários em atraso e com o cofre um bocadinho mais cheio, mas não tão cheio como se ficasse na superliga ou se tivesse vendido o N´Doye, ao invés de rescindir contrato com ele.
Extra superliga, este foi um fim-de-semana negro para o desporto nacional e portista em particular. Perdemos o campeonato do mundo para a França, depois de termos eliminado na meia-final o Brasil em plena Copacabana, depois de termos estado a perder a final por 3-1 a 90 segundos do fim e termos empatado a 8 segundos de terminar a partida. Alan falhou o pénalti que ditou o falhanço na conquista do segundo campeonato do mundo para Portugal.
Outro acontecimento foi a perda por parte do FCP da liga dos campeões em hóquei em patins frente ao Barcelona. É incrível este estigma, são os nossos carrascos de eleição. Penso que são quatro finais disputadas e nenhum título contra eles. Depois de ter eliminado na meia-final a Oliveirense e as suas recuperações fantásticas nos penaltis, foi desta forma que entramos a ganhar na final, mas de facto o Barcelona é um colosso de clube, e no hóquei em patins nem se fala, são já 16 os títulos deste clube nesta prova.
Para acompanhar o hóquei, o Barcelona sagrou-se campeão em futebol, meia dúzia de anos volvidos. Tenho alguma simpatia pelo Barcelona, mas acho que foi indiscutivelmente a melhor equipa, embora os rivais do título tenham estado com fraca prestação, começando pelo Real Madrid, passando pelo ex-campeão Valência e no sempre perigoso Desportivo da Corunha.
Ainda sobre futebol, falta só Itália para sabermos o desfecho do campeonato, mas tudo está inclinado para a vitória final da Juventos, que aumentou a sua vantagem para 5 pontos, vencendo o Parma e usufruindo do empate do Milão.
As últimas palavras deste meu comentário seguem para a final da taça Uefa entre o Sporting e o CSKA desta quarta-feira.
Se no aspecto de adepto de futebol e de português eu quero que o Sporting ganhe esta final, trazendo assim para Portugal o ônus de ter conquistado três títulos europeus em outros tantos anos seguidos, coisa rara e não sei se igualada por qualquer outro país, na vertente de adepto do FCP eu quero uma resposta tão inequívoca quanto esperada às bocas de muitos dos adeptos de outros clubes, nomeadamente benfiquistas e sportinguistas, que numa primeira fase disseram que o FCP teve sorte no grupo em que calhou na liga dos campeões, mas que no fim, e devido à dificuldade em que se encontrava para passar à fase seguinte estavam a rir-se e à espera de um fracasso, torcendo mesmo por outras equipas em detrimento da portuguesa. Essa resposta que eu estou à espera e para dar a esses adeptos, e exclusivamente a eles, é a derrota do Sporting, pois só assim o CSKA, que estava no grupo do FCP da liga dos campeões e que era “fácil” para eles, pode repor a verdade, tendo eliminado primeiramente o Benfica e eliminando agora o Sporting, com a angústia de ser no seu próprio estádio.
Eu sei que estas palavras não se adequam a muitos dos leitores e atacantes deste blog e por isso estou a falar antes da hora e para os outros, mas deveria falar só no fim e se o meu desejo se concretizasse, mas é melhor dizer já para depois não ser acusado de nada. Resumindo, desde a altura da fase de grupos em que muitos adeptos do Benfica e do Sporting desejaram mal ao meu clube, eu já tenho metade da recompensa, falta-me a outra metade nesta próxima quarta-feira, assim o árbitro não anule 3 golos limpos. Para todos os outros e que são muitos, eu espero que o Sporting vingue o Benfica e deixe estar a taça em Portugal mais um aninho. Posso, para finalizar, dizer-vos que foi a maior alegria enquanto adepto ver o meu clube ter vencido a taça Uefa. Aquando da conquista da taça dos campeões europeus, da taça intercontinental e da supertaça europeia em 1987, eu ainda era um jovem adepto em que o gosto pelo clube começava a crescer. Esse gosto foi continuando e aumentando com títulos nacionais e com presenças em competições importantes no estrangeiro, mas o apogeu como adepto começou quando consegui um bilhete para a final na segunda-feira por volta da hora do almoço quando já não estava à espera, começando a partir daí a fazer telefonemas para tentar conseguir um voo para Sevilha, ao fazer a mala para seguir de carro sozinho em caso de não ter lugar no avião, ao receber a notícia que tinha a minha reserva efectivada na terça-feira à tarde, ao entrar no avião cheio de adeptos vestidos de azul e branco, ao chegar ao estádio com imensas caras conhecidas e com milhares de adeptos, ao presenciar o jogo ao vivo, ao vibrar intensamente com os golos do FCP, ao angustiar intensamente com os golos do Celtic, ao delirar com a vitória, ao vir embora no avião com o sentimento de alegria e de esforço compensado, ao cruzar-me à chegada com os jogadores e treinador da equipa vencedora que seguiu no avião imediatamente antes e ao passar na VCI e ver milhares de carros às 4.30 da manhã a dirigirem-se para o estádio das antas, com pessoas esfusiantes, emocionadas, com camisolas e cachecóis envergados, num sentimento compartilhado. Posso dizer-vos que não fui assistir à final da liga dos campeões ao vivo, mas não sei se por isso, ou se por ter vivido tantas alegrias nesses dois anos, a conquista da taça Uefa foi um momento verdadeiramente único. Por isso, e para os adeptos de futebol e do Sporting em particular, eu desejo que este meu sentimento que aqui testemunhei seja vivido por vocês nesta quarta-feira, para os outros, já disse tudo o que tinha a dizer.
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