quinta-feira, abril 05, 2007

Jogador Atacante da Semana: Esteban Cambiasso





PERFIL DO JOGADOR

Nome: Esteban Matías Cambiasso Delau
Data de Nascimento: 18/08/1980 (26 anos)
Clube: Internazionale de Milão
Nº da Camisola: 19
Posição: Médio Defensivo
Altura: 1,78 metros
Peso: 73 kg
Naturalidade: Buenos Aires – Argentina
Palmarés:

• 2 Campeonatos Sul-Americanos Sub-20 (1997 e 1999)
• 1 Campeonato Mundial Sub-20 (1999)
• 1 Vice-Taça das Confederações (2005)
• 1 Campeonato Clausura (2002)
• 1 Campeonato Espanhol (2003)
• 1 SuperTaça Espanhola (2003)
• 1 Campeonato Italiano (2006)
• 2 SuperTaças Italianas (2005 e 2006)
• 1 Taça Italiana (2005)
• 1 Taça Intercontinental (2003)
• 1 SuperTaça Europeia (2003)
• Melhor Jogador do Internazionale de Mião (2005)


AVALIAÇÃO DO JOGADOR


Estaban Cambiasso é um incansável médio do Inter de Milão, um jogador que faz do esforço, determinação, garra e bravura armas importantíssimas no seu futebol. É um médio defensivo, mas que pode jogar ligeiramente mais à frente do que o tradicional trinco, como “box-to-box”, mas as suas características ofensivas não lhe permitem ter um rendimento tão alto quando colocado nesta posição. Devido às suas qualidades defensivas, é como pivot recuado que expõe da melhor forma as suas potencialidades.
Tem a particularidade de ser esquerdino, o que, num esquema de losango, lhe pode servir para actuar também como interior esquerdo, mas raramente isso sucede. É tecnicamente razoável, sem que essa seja uma qualidade mor do argentino, e peca também pela fragilidade no jogo aéreo, fulcral a um médio defensivo. Mas, como já disse, compensa isso com uma entrega total ao jogo com uma inteligência táctica fora do comum e uma necessidade extrema de jogar em prol do todo. É com concentração e decidido a ganhar que Cambiasso entra para qualquer estádio e a sua personalidade ganhadora e grande vontade de jogar bem e ganhar dão-lhe forças extra para lutar em nome do colectivo. A resistência é, de resto, impressionante neste futebolista. Ele aguenta noventa minutos ao mais alto nível, competindo quase sempre de igual forma, e revelando uma enorme força física. Não é rápido, mas a forma como se posiciona e o conhecimento que tem no capítulo da táctica faz com que as adversidades a nível da velocidade sejam ultrapassadas. Tem uma qualidade de passe muito boa, consegue criar algumas jogadas interessantes, é muitas vezes ele o cérebro do colectivo e é ele que tem a missão de destruir, mas também de colocar o primeiro tijolo na construção das jogadas ofensivas. A forma como toma decisões, a rapidez de raciocínio e a visão de jogo apurada comprovam que Cambiasso tanto pode ser bom a defender como a atacar. Todavia, é mesmo nos envolvimentos defensivos que se destaca, pela facilidade de desarme e pela qualidade de marcação aos “10” adversários. Quando se joga contra um organizador de jogo fabuloso, contra um camisola 10 que costuma por a cabeça em água aos adversários, o melhor é mesmo ter Cambiasso na equipa, pois é ele que, como poucos, os consegue parar. Basicamente, é um médio defensivo cheio de classe, que passa e constrói muito bem mas que vê nas características defensivas maiores índices de aproveitamento. Além disso, o pulmão inesgotável, a entrega ao jogo e o profissionalismo que adopta ao jogar determinado e 100% empenhado fazem dele um jogador extremamente útil a qualquer plantel no Mundo.


BIOGRAFIA DO JOGADOR

Da Argentina para a Espanha e vice-versa; Selecções Jovens…


Uma coisa tenho em comum com Cambiasso: a dupla paixão por futebol e basquetebol. O argentino, aliás, começou por jogar basquetebol. Só mais tarde optou por enveredar somente pelos caminhos da bola no pé e trocou os lançamentos pelos remates, os cestos pelas balizas e os pontos pelos golos. O seu primeiro clube profissional foi o Argentino Juniors, clube da capital, onde actuavam os famosos Diego Placente e Juan Riquelme. Por lá permaneceu apenas uma época, 1995/96, dado que se transferiu imediatamente para os espanhóis do Real Madrid que viram nele uma grande promessa. Obviamente, dada a sua idade, 16 anos, foi para a equipa B do Real, o Real Madrid B.

Só em 1998 começou a treinar com os seniores mas chegou a haver um treino em que o pequeno jogador de 1,78m e 73kg foi dispensado por Fabio Capello, na altura treinador, por dizer que este era insuficientemente forte para acarretar com a carga física imposta pelo italiano. Com a finalidade de lhe atribuir uma maior experiência e para o fazer competir a sério, jogar e evoluir, os “merengues” emprestaram Cambiasso a um clube do seu país-natal, a Argentina. Os felizardos foram os argentinos do Club Atlético Independiente, onde permaneceu por 3 anos, de 1998 a 2001. Bom, mas já estou a ir depressa demais. Não vamos já para 2001. O que realmente importa na sua carreira é a sua carreira como internacional jovem da Argentina. Em 1997, não só foi campeão sul-americano de sub-20 como foi campeão do mundo na mesma categoria. No Chile, a Argentina bateu o Brasil na final e sagrou-se campeã sul-americana. No Campeonato do Mundo, numa edição que teve lugar na Malásia e em que brilharam mais Riquelme e Aimar do que propriamente Cambiasso, a Argentina venceu ao Uruguai na final e garantiu o 3º título da sua história (o 4º e o 5º foram alcançados em 2001 e 2005 respectivamente). Cambiasso foi titular nos três jogos da fase de grupos frente à Hungria (vitória por 0-3), ao Canadá (vitória por 2-1) e contra a Austrália (derrota por 3-4), que lhes roubou o primeiro lugar com 4 golos (!) de Salapasidis. Nos oitavos-de-final voltou a ser titular, quando passaram a Inglaterra com 1-2 (o Brasil, nesta ronda, derrotou a Bélgica por uns impressionantes 10-0). Os “canarinhos” viriam a ser eliminados nos quartos-de-final quando, novamente com Cambiasso a titular, perderam por 2-0 com a Argentina. Nas meias-finais ultrapassaram a República da Irlanda com um golo solitário de Romeo e na final o Uruguai foi batido, com Cambiasso a apontar um golo, no jogo mais importante, na vitória por 1-2. Cambiasso foi autor do primeiro dos argentinos. A Argentina ganhou, ainda por cima, o prémio Fair-Play. Dois anos mais tarde, a Argentina revalidou o título de campeã sul-americana e Cambiasso, por ter ainda idade, esteve presente. A final foi contra o Uruguai, como havia sido a do Campeonato do Mundo de 1997. Marcou ainda presença no Campeonato Mundial da categoria, mas desta vez a Argentina não conseguiu tanto e ficou-se pelos oitavos-de-final, quando perdeu contra o México por 4-1, depois de ter passado a fase de grupos em 3º (foi apurado como um dos melhores 3ºs). Retornando aos clubes, o Independiente teve a sorte de contar com Cambiasso por 74 vezes e de este futebolista ter marcado 9 golos com a camisola dos “diablos rojos”. Entretanto, foi pela primeira vez chamado à selecção principal. Que honra para um jovem de tão tenra idade! Em 2001/02, na sua última época de empréstimo, mudou para o River Plate, um clube com outra reputação e outras aspirações. As coisas correram bem e demonstrou mesmo alguma veia goleadora ao apontar 12 golos nos 37 jogos efectuados. Conseguiu o seu primeiro título ao nível de clubes com a Primera División Clausura, isto é, o segundo campeonato nacional da Argentina, em 2002. Ganhou a alcunha de “Cuchu” e voltou ao Real Madrid após uma Liga dos Campeões conquistada pelos “Galácticos”. O argentino regressou a Espanha para ajudar o Real a continuar na senda do sucesso e, com 22 anos e uma grande dose de experiência acumulada, parecia mais fácil vingar. Depois de títulos e internacionalizações pelos AA do país das pampas, tudo parecia bem encaminhado e Cambiasso assumia-se como uma forte possibilidade para o Real Madrid.

Ao serviço dos “merengues”…

Alinhou apenas duas temporadas com a camisola do Real Madrid, as épocas de 2002/03 e 2003/04. E se a primeira correu bem, da segunda já não se pode dizer o mesmo. Em 2002/03, numa altura em que estava intermitente na selecção argentina, Cambiasso impôs-se, jogou bastante a ajudou o Real a conquistar troféus atrás de troféus. A concorrência forte de Celades e Makelélé não o impediu de jogar como titular contra o Feynoord na disputa pela SuperTaça Europeia. O vencedor da Liga dos Campeões (Real Madrid) e o vencedor da Taça UEFA (Feynoord) mediram forças e acabaram por ser “nuestros hermanos” a conquistar o troféu. O resultado final foi 3-1. Em Dezembro, chegou a Taça Intercontinental e o Real Madrid sagrou-se campeão do mundo ao bater os paraguaios do Olímpia por 2-0 no Japão, em Yokohama. Além dos títulos internacionais, o Real Madrid sagrou-se campeão de Espanha e conquistou a Taça do Rey. Isto com a preciosa ajuda do argentino de que hoje falo, que marcou presença em 24 jogos do campeonato espanhol. O avanço foi de 2 pontos em relação ao outro Real, o de Sociedad, que ficou com 76 pontos contra os 78 dos madrilenos. Na Liga dos Campeões, onde Cambiasso jogou por 9 ocasiões, o Real Madrid tentou revalidar o título mas não foi suficientemente forte para o conseguir. Ganhou o seu grupo na 1ª Fase de Grupos onde AS Roma, AEK de Atenas e Genk eram os adversários e seguiu para a 2ª Fase de Grupos, onde se posicionou no 2º lugar do seu grupo, atrás do AC Milan (futuro vencedor da edição) mas à frente do Borussia de Dortmund e do Lokomotiv de Moscovo. Ainda ganharam ao Manchester United nos quartos-de-final, 6-5 no agregado (vitória por 3-1 no primeiro jogo e derrota por 3-4 no segundo). Nas meias-finais, a Juventus foi mais forte e bateu o Real Madrid por 1-3 na segunda mão, depois de ter perdido por 2-1 na primeira. Com a dobradinha, dois títulos internacionais e uma excelente campanha europeia, o Real Madrid teve uma das suas melhores épocas deste milénio. No ano seguinte, os títulos foram-se a as oportunidades concedidas ao jovem argentino também se dissiparam. Em 2003/04, num ano em que o FCPorto conquistou a Liga dos Campeões, o Real Madrid até ganhou a Fase de Grupos onde estava no mesmo grupo que os dragões, Marselha e Partizan. Aliás, passou aos quartos-de-final depois de bater o Bayern de Munique por 1-2 (1-1 e 0-1), mas nos quartos-de-final, uma inesperada vitória do Mónaco contra o Real Madrid deitou por terra as aspirações madrilenas em conquistar o troféu. Os espanhóis ganharam por 4-2 na primeira-mão mas perderam por 1-3 na segunda e a vantagem dos golos fora ditou a passagem dos gauleses. Cambiasso jogou apenas 5 jogos nesta edição da prova. Para o campeonato, jogou 17 jogos, numa época em que o Real Madrid ficou no 4º lugar, a 1 ponto do 3º, a 2 do 2º e a 7 do vencedor, Valência. A escassez de oportunidades com Carlos Queiroz fez com que o jovem (ainda tinha 23 anos) médio argentino procurasse um novo clube. A resposta veio de Itália.

Internazionale, de 2004 até à data…

Em 2004/05, Cambiasso trocou La Liga pela Série A e o Real Madrid pelo Inter de Milão. No Inter foi escolhido como o melhor jogador da equipa logo no ano de estreia, em que ajudou o clube a obter o 3º lugar na Série A com 30 jogos e 2 golos. Apesar do título italiano ter escapado aos “nerazzurri”, da Taça e da SuperTaça não se pode dizer o mesmo. Foram os dois primeiros títulos de Cambiasso no San Siro. Na Liga dos Campeões, a equipa chegou aos quartos-de-final mas foi eliminado pelos arqui-rivais do AC Milan com um esclarecedor 5-0 no agregado (3-0 e 2-0). Antes tinham eliminado o FC Porto de José Couceiro com um 1-3 em Itália após um empate a 1 no Dragão com golo de Ricardo Costa. Ainda antes disso, ganharam o grupo G onde estavam o Werder Bremen, o Valência e o Anderlecht. No fim do ano, deslocou-se à Alemanha para disputar a Taça das Confederações e foi aí que, definitivamente, ganhou a titularidade na formação azul celeste. Passaram juntamente com a Alemanha no grupo. Depois de bater a Tunísia (2-1) e a Austrália (2-4), empatou com a Alemanha a 2 e Cambiasso foi decisivo pois marcou o segundo golo dos sul-americanos. Ganharam ao México nas meias-finais depois dos penalties e na final houve o clássico Brasil contra Argentina. Foram os de Vera Cruz a ganhar, por 4-1, o que provocou uma tremenda desilusão aos argentinos. No ano seguinte, ou seja, na época passada, 2005/06, o Inter ficou novamente em terceiro, mas ao AC Milan e à Juventus foram-lhes retirados pontos, dando, deste modo, o “scudetto” ao Inter. Além disso, renovaram as conquistas da Taça de Itália (Cambiasso marcou um golaço na final contra a Roma) e da SuperTaça do mesmo país. Cambiasso teve uma tremenda importância no seio da equipa, efectuando 34 partidas para a Série A e marcou 5 golos. Na Liga dos Campeões, fez uma dezena de jogos, numa época em que o Inter voltou a ficar-se pelos quartos-de-final. Foram eliminados pelo surpreendente Villareal (que por pouco não foi à final), depois de baterem o Ajax e de ganharem o grupo onde estava o FCPorto (inesperadamente, ficou em último, a seguir ao Rangers e ao Artmedia). Esteve presente no Mundial e foi uma das peças importantes na equipa Argentina, jogando bastante mais do que o seu companheiro Lucho Gonzaléz. A Argentina foi parar ao “grupo da morte” com Holanda, Costa do Marfim e Sérvia e Montenegro. A estreia foi positiva, contra os africanos, com Esteban Cambiasso no onze inicial a jogar os noventa minutos na vitória por 2-1. Contra a Sérvia e Montenegro, Cambiasso marcou um grande golo (ver o vídeo do jogador) após uma jogada colectiva da Argentina absolutamente fantástica. Lucho lesionou-se aos 17 minutos e Cambiasso entrou para o seu lugar marcando um dos seis golos do 6-0 contra a Sérvia e Montenegro. No último jogo, empatou 0-0 com a Holanda e jogou os 90 minutos. Nos oitavos-de-final, o México assumiu-se como um forte adversário e foi preciso ir a prolongamento para ganharem por 2-1. Cambiasso, apesar de titular, deu lugar a Pablo Aimar aos 76 minutos. O último jogo foi contra a Alemanha, nos quartos-de-final, em que os anfitriões ganharam nos penalties. Esteban Cambiasso entrou aos 72 minutos para o lugar de Riquelme e marcou a 4ª grande penalidade, a decisiva, mas Lehmann defendeu. Como Ayala (autor do golo no tempo regulamentar) falhou o penalty e os alemães tinham concretizado sempre, o falhanço de Cambiasso deu a vitória aos germânicos. Foi adeus de Cambiasso ao Mundial, com uma prestação razoável. Já este ano, no Inter, de destacar a grande vantagem que o clube tem em relação à Roma na Série A e que garantirá, quase por certo, o segundo “scudetto” consecutivo à formação milanesa. Os “nerazzurri” têm 76 pontos, mais 18 do que a Roma. Ganharam a SuperTaça Italiana e estão na final da Taça e já foram eliminados da Liga dos Campeões, pelos espanhóis do Valência, depois de um 2-2 (2-2 e 0-0) favorável ao conjunto “ché”. Na Fase de Grupos, ficaram em 2º no grupo B, constituído pelo Bayern, Sporting e Lokomotiv. Com a entrada de Vieira no Inter, assim como a de Dacourt, a concorrência ficou bem mais feroz para o argentino. Porém, tem conseguido superar isso. Jogou no primeiro jogo da Série A contra a Fiorentina e marcou dois golos no triunfo por 2-3. Só regressou na jornada 12 e desde então tem actuado quase sempre, tendo apontado mais 2 golos. Na Liga dos Campeões, jogou em 3 ocasiões e marcou um dos golos contra o Valência na primeira-mão da eliminatória. Insuficiente, diga-se. Enfim, Cambiasso tem apenas 26 anos mas denota já uma enorme experiência pois começou a carreira “a sério” muito cedo. É um jogador de topo, tem tido sorte, mas o trabalho é sem dúvida o maior causador do sucesso.


VÍDEO DO JOGADOR



QUESTÕES SOBRE O JOGADOR

Titular num dos maiores clubes do mundo e numa das maiores selecções do mundo, a que mais poderá aspirar Cambiasso?

Será exagerado dizer que Cambiasso é um dos melhores médios argentinos dos últimos anos?

Que qualidades saltam à vista quando observamos o jogador do Inter?

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