segunda-feira, abril 02, 2007

Águias Vs Dragões

Estádio: Estádio da Luz
Espectadores: 65.000
Árbitro: Pedro Proença da A.F. Lisboa

O jogo que muitos apelidavam de jogo do título, jogou-se ontem no Estádio da Luz repleto para uma grande decisão, que afinal não decidiu assim tanto. Aqui estão as versões de adeptos de ambos os lados:

Versão Benfiquista

Um ambiente simplesmente electrizante. Um jogo de futebol bem jogado, com emoção até ao fim. Uma (quase) festa de futebol, o que até parece mentira em dia 1 de Abril. Um jogo digno dos dois maiores candidatos ao título da Liga BWin.

O estádio estava completamente cheio, com um ambiente que sinceramente não me recordo de ver em muitos estádios de futebol. Por si só isso poderia entusiasmar a equipa do Benfica ou podia acontecer o que aconteceu na primeira parte do encontro. A equipa parecia nervosa, amedrontada, com medo da grande decisão.

O Porto entrou bastante bem no jogo, mandão, a anular as peças mais importantes do clube encarnado. Jesualdo Ferreira não teve desta vez medo e com a colocação de Jorginho acabou por ser o Porto a mandar no jogo nos primeiros 30 minutos de jogo.

O Benfica tentava reagir, timidamente, principalmente através de Karagounis, o jogador que mais tentava remar contra a maré. No entanto só de bola parada conseguia criar algum perigo.

Katsouranis é um jogador a "dar as últimas". Não esteve praticamente em campo e disso se ressentiu muito o meio campo do Benfica. Ainda por cima porque Simão esteve particularmente desinspirado, o que fez com que na primeira parte o jogo não fluísse e o Porto controlasse completamente o meio campo. Por outro lado, Anderson, na defesa, parecia querer assumir o papel de desastre completo. Alguns lances com muita insegurança pareciam mostrar um Anderson com a idade do seu colega ao lado, David Luiz, que era quase o pronto socorro da defensiva.

No Porto, Pepe esteve imperial na defesa e Jorginho foi muito importante na forma como foi anulando o possível balanceamento de Petit em aventuras no meio campo adversário.

Após a primeira meia hora de jogo, com 2 ou 3 boas oportunidades para marcar por parte do F.C. Porto, o Benfica parece querer tomar aos poucos conta do jogo, com 5 a 10 minutos de algum controle de meio campo, muito por força de alguns livres e cantos entretanto ganhos e por algum grito de revolta de Karagounis e Léo (excelente exibição). Fica na retina um remate perigoso do grego para boa defesa de Helton.

No entanto, por volta dos 40 minutos, na sequência de um livre apontado por Quaresma na esquerda, Pepe eleva-se mais alto que toda a gente e inaugura o marcador. Festa no Piso 3 da Bancada Coca Cola, onde os adeptos portistas faziam a festa. Quero desde já dizer que foi incansável o apoio dos adeptos azuis e brancos. Uma das partes positivas da festa da Luz.

Chegava-se pois ao intervalo com vantagem dos actuais campeões nacionais, uma vantagem justa por tudo o que se passou, com um Benfica apagado, sem ideias, com Katsouranis completamente apagado e por uma primeira vitória táctica de Jesualdo sobre Santos.

Ao intervalo Fernando Santos naturalmente tem que mudar, retira "Katso" e coloca o regressado Rui Costa em campo. Em 5 minutos verificaram-se logo mudanças no meio campo encarnado. O "maestro" é capaz de movimentos de ruptura e durante os primeiros 15 minutos da segunda parte o jogo é completamente do Benfica. Duas boas intervenções de Helton impedem o empate e mantêm o Porto na liderança do marcador. O guarda redes brasileiro começa a destacar-se...

Entre os 60 e os 75 minutos o Porto tem um quarto de hora de algum desafogo, com um Benfica a querer mas a não poder. No entanto, com a lesão de Meireles e com o abaixamento de Jorginho do ponto de vista físico o Benfica começa a encostar novamente o Porto e consegue o golo, através de um lance de infelicidade de Lucho Gonzalez que introduz a bola na baliza defendida por Helton, após cabeceamento fantástico de David Luiz ao poste. Estava dada justiça ao marcador aos 82 minutos.

O público empolga-se e catapulta o Benfica para 13 minutos (8+5 de descontos) de pressão constante sobre a equipa azul e branca. Duas grandes defesas de Helton, uma após um fantástico cabeceamento de Mantorras (provavelmente a defesa do ano) e outra a um remate acrobático de Derlei impediram que o Benfica conseguisse passar para a frente do marcador e consequentemente para a frente do campeonato. Mesmo a terminar a partida, aproveitando o balanceamento ofensivo, numa jogada de contra ataque protagonizada por Marek Cech, Renteria falha um golo na cara de Quim, um golo que seria um golpe muito duro para os encarnados.

Conclusão: na minha opinião o empate aceita-se, embora a haver um vencedor, pelo caudal ofensivo da 2ª parte, esse seria o Benfica. Um jogo muito bem disputado em que mais do que algumas exibições individuais de categoria, estiveram duas boas exibições colectivas, uma na 1ª parte do FCP, outra na 2ª parte, do SLB.

Arbitragem: Jogo difícil de arbitrar, com os jogadores a não facilitarem em nada. Também não era para menos, jogando-se o título. Penso que falhou em algumas mostragens de amarelos, não amostragens de outras, em faltinhas por marcar ou marcadas a mais, embora não tenha qualquer influência no resultado. No entanto, penso que nem portistas nem benfiquistas poderão massacrar o árbitro. Errou algumas vezes, mas, quem não erra?...

Melhor em campo: No Benfica teria 3 hipóteses de escolha. Léo, Karagounis e David Luiz. Léo foi fantástico a dinamizar o flanco esquerdo. David Luiz mostra uma categoria e personalidade fantásticas para um jovem de 19 anos. Mas para mim o melhor em campo foi Karagounis. Na primeira parte foi o grego que tentou remar contra a maré no pior período do Benfica.

E na segunda parte foi um dos jogadores que ajudaram a empurrar o Porto para o seu meio campo. É dos jogadores encarnados que se apresenta neste momento com melhores índices físicos e será muito importante para os próximos jogos decisivos.

Pontos positivos:

O ambiente: Absolutamente fantástico. De parte a parte todos os adeptos a torcer pelos seus clubes. Os adeptos portistas fantásticos no apoio, os do Benfica também, principalmente nos últimos 15 minutos. A coreografia inicial foi extraordinária e arrepiante. Se fosse só isto teria sido uma festa completa.

Pepe e Helton: Extraordinárias exibições dos dois jogadores. Pepe imperial na defesa. Helton essencial para aguentar o empate.

Entrada de Rui Costa: Incrível a diferença na qualidade do meio campo do Benfica com a entrada de Rui Costa. Dois ou três movimentos de ruptura logo no início da 2ª parte deram o mote para o resto da equipa. Foi um dos principais responsáveis pela mudança de atitude da equipa.

Pontos negativos:

Energúmenos nos estádios de futebol: Alguns supostos adeptos do futebol, do Porto e do Benfica, que insistem em transformar o nosso futebol em algo a que se assemelha uma guerra. O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, apela ao fair-play dos adeptos e as bestas dos nossos adeptos fazem o que fizeram (ver comunicado do F.A. no final do post. Alguns que se dizem adeptos do Porto lembram-se de atirar do piso 0 para o piso 3 cadeiras e petardos, ferindo simples adeptos do futebol, pessoas que provavelmente até gostavem de ir a um estádio e que tão cedo não irão querer entrar no mesmo. A par disto, uma desorganização completa na entrada da bancada do Porto e a Polícia que pouco fez para evitar estas situações. Isto não é futebol! Acordem!

Katsouranis: O grego jogou ou foi lá passear?...

Anderson: Incrivelmente mau. Espero que o Engº não se lembre de encostar o "miúdo" David Luiz quando voltar Luisão...

Conclusão Final: O campeonato continua em aberto embora tudo esteja nas mãos do Porto para o conquistar. No entanto, em Dezembro também já quase se andavam a encomendar faixas, como tal...




Versão Portista



Intitulado durante toda a semana pela imprensa como o jogo do título, a grande expectativa em torno deste jogo fez com que o final de tarde de Domingo fosse passado em frente ao televisor, à excepção daqueles que, em massa, se deslocaram ao estádio.
A novidade nas formações iniciais das equipas veio de Jesualdo, ao fazer alinhar um esquema de 4x4x2, incluindo Jorginho no meio campo e deixando o ataque para Adriano e Quaresma, voltando Bosingwa ao lado direito da defesa.
O FCP entrou mais forte, mais personalizado e assumindo o domínio do jogo, travando as subidas importantes de Petit e Katsouranis, anulando-os, fazendo com que o ataque benfiquista ficasse desapoiado e inconsequente. O ataque do Benfica incidia nas laterais e nas subidas esporádicas de Nelson, enquanto que o domínio do Porto era abrangente, quer pelas laterais, quer pelo centro do terreno, em ataques sucessivos que partiam da rápida recuperação de bolas na linha defensiva e da pressão exercida sobre o adversário que conduzia a bola. A mais flagrante ocasião de golo surgia sem espanto nos pés de Adriano, mas Quim respondeu com grande nível. O golo surge na cobrança de um livre junto à lateral, depois de Fucile ter sido derrubado, numa das suas muitas incursões no ataque portista. Quaresma cobra o livre, Pepe saiu da marcação de André Luiz e cabeceia para o golo já bem dentro da pequena área. O domínio do Porto era traduzido na vantagem de um golo, que se justificou até ao final da primeira parte.
Na segunda parte o cenário mudou de figura, pois Fernando Santos viu a marcação que os seus jogadores estavam a ser sujeitos e decidiu colocar em campo um homem mais avançado e com outras características, as de um número dez. Rui Costa entrou para revolucionar o meio campo e conseguiu-o, passando o Benfica a dominar o jogo nos 20 minutos subsequentes, aparecendo várias vezes perto da baliza de Helton que respondia em grande nível, com mais ou menos dificuldade. O Porto aguentou este ímpeto benfiquista sem sofrer golo, com muito empenho da defesa, mas também com alguma sorte em ter oponentes com imenso desacerto. Depois destes vinte minutos iniciais da segunda parte, o jogo ficou novamente equilibrado, podendo o Porto tentar também a sua sorte. As modificações efectuadas pelos técnicos não davam efeitos e o jogo parecia não ter mais alterações. No regresso de Anderson aos relvados, na primeira vez que toca na bola podia ter feito golo, o que não havia melhor maneira de voltar à competição. Nos últimos minutos o jogo ficou frenético, com imensos ataques do Benfica, não espantando portanto, que chegasse ao golo, Chegou numa grande oportunidade, é certo, mas da maneira mais injusta, num auto-golo. Teve outras oportunidades para marcar a seguir, mas aquela não podia ter entrado…
Já sobre o apito final, Rentería não teve a mínima classe para dar a vitória ao Porto.
Resumidamente, penso que o empate se ajusta. O Porto teve, a par do Benfica, várias oportunidades para marcar. O Porto tacticamente foi melhor, perdendo para o Benfica em garra e vontade.

Melhor em Campo.
Pela exibição poderia escolher mais jogadores, mas juntando esse factor ao golo apontado, penso que Pepe merece a distinção. Joga rápido, com serenidade, com grande sentido posicional e de entreajuda, numa condição física a roçar a perfeição. Penso que o único lance em que foi batido foi num lance junto à linha disputado com Micoli.

Arbitragem
Desastrosa disciplinarmente, beneficiando claramente os da casa, ele incluído.
Começou por mostrar um amarelo a Bruno Alves num lance em que este joga apenas a bola e, meio minuto depois, num lance em que isso não se verificou deixou no bolso a cartolina, nem sequer assinalando falta de Simão sobre Adriano.
Permitiu que Micoli passasse incólume ao arremessar a bola a Fucile, mostrou amarelo a Cech por não deixar marcar uma falta que era cinco metros atrás, mostrou amarelo a Lucho (capitão do FCPorto) por este pedir que deixasse entrar um jogador em campo quando, depois de o mostrar, deixou que isso acontecesse, avisou Fucile quando na realidade Simão é que o foi acicatar, permitiu que Karagounis reclamasse toda e qualquer falta cometida. Penso que já não é pouco.
Não li jornais hoje, apenas vi um resumo televisivo e peço desde já desculpa se o que vou escrever não corresponder à verdade: Continuo a pensar, pois ainda não vi alguém interessado em esclarecer, ou pelo menos colocar em dúvida que, a posição de André Luiz quando cabeceia a bola no lance do golo é irregular. A mim pareceu-me.

Positivo do jogo
O grande número de espectadores.
A emoção no resultado, fazendo com que fosse um jogo disputado e não enfadonho.
O fair-play dos jogadores no final do jogo, trocando as camisolas em ambiente amigável.
A incerteza criada quanto ao vencedor do campeonato, podendo aproximar o Sporting na corrida à conquista do mesmo.

Negativo do jogo
A segurança ao jogo.
É inadmissível que uma claque visitante, com tanta rivalidade, seja colocada num local superior aos adeptos da casa. Não é caso isolado, pois no passado já o fizeram e não aprenderam com esse erro. A revista aos adeptos foi insuficiente, como se viu, o que desde logo imputa culpas às autoridades responsáveis, mesmo que depois do jogo elas venham “sacudir a água do capote”.
As cadeiras e os petardos lançados em autênticos actos de vandalismo, fruto de pessoas inqualificáveis, que só merecem da sociedade a exclusão e a mão pesada da justiça.


COMUNICADO ANTI-VIOLÊNCIA DO FUTEBOL DE ATAQUE:

Este blog vem por este meio repudiar algumas situações ocorridas durante e após o jogo de ontem.
As atitudes de certos adeptos ditos do futebol envergonham TODOS os VERDADEIROS Adeptos de Futebol. Durante o jogo, petardos lançados do piso 3 do Estádio da Luz, atingiram simples adeptos de futebol, inocentes, que apenas se deslocaram ao Estádio para apoiar a sua equipa e ver um belo espectáculo futebolístico, ainda por cima pagando um bilhete que não é assim tão barato.

Após o jogo, João Ribas, um dos nossos fundadores, deslocando-se calmamente para o seu veículo que o traria de volta ao Porto, sem qualquer objecto identificativo sequer do seu clube, a 500 metros (!) do Estádio da Luz, em plena Segunda Circular, é alvo de agressões por um bando de energúmenos que também ao que parece seriam adeptos de futebol. Algo que temos a certeza que não são!... Um dos amigos do João que o acompanhava foi inclusivé esfaqueado num braço. Felizmente ambos estão bem, mas como devem calcular todos os nossos leitores o susto foi enorme. ISTO NÃO É FUTEBOL!... É CRIMINALIDADE!

O Futebol de Ataque, em conjunto, com VERDADEIROS ADEPTOS DE TODAS AS EQUIPAS DE FUTEBOL, quer por este meio denunciar estas barbaridades e solicitar a todas as autoridades deste país que deixem de assobiar para o lado e DEFENDAM OS ADEPTOS DE FUTEBOL!

Hoje foram uns, amanhã serão outros. Quando irá isto terminar?

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