quarta-feira, setembro 20, 2006

96 ANOS DE GLÓRIA INQUESTIONÁVEL - PARABENS MARITIMO


15 dias antes da implantação da Republica, nasce na Madeira aquele que viria a ser o maior clube das Ilhas Portuguesas, o Clube Sport Maritimo. Foi no dia 20 de Setembro de 1910, as duas equipas que originaram o Maritimo, fundiram-se e deram inicio à equipa verde rubra que deu os seus primeiros pontapés no campo D.Carlos. A equipa sedeou-se no Almirante Reis, onde ainda hoje mantém a sede principal.

Equipa com origem nas classes Marítimas, marinha mercante, oficiais e soldados da marinha militar e pescadores, juntaram-se para fazer frente às equipas de ingleses e turistas que se instalavam na ilha. Assim o Marítimo ganha uma identidade própria e começa a enfrentar os estrangeiros sempre com um lema presente, “jogarão sempre para ganhar, custe o que custar. Em nome da Madeira. E do seu Povo.”

A equipa das cores Republicanas, formada por Portugueses, tinha como principais rivais o “Madeira Xl” clube totalmente formado por Britânicos que posteriormente passou a chamar-se Club Sports Madeira e trajava de azul e branco à semelhança do FCP, ainda hoje em dia o clube ainda existe mas aboliu o futebol e é um dos maiores clubes de andebol do pais “Clube Sports Madeira” alem de ser o organizador do único evento, na actualidade, internacional de rally em Portugal “Rally vinho Madeira”.

Esta rivalidade entre Marítimo e Madeira Sports Clube dissipou-se com o aparecimento de outros clubes de futebol regionais de segunda linha.

Citação : “A única certeza de que o Club Sport Marítimo foi fundado a 20 de Setembro de 1910 advém dessa ter sido a data em que, logo a partir do segundo ano de existência, se passou a comemorar a passagem dos aniversários da colectividade. Não está identificado qualquer elemento de outra natureza que permita negar a veracidade dessa data, consolidada pelas tradições clubísticas” in Fascículo 1ª- Dos primórdios à Fundação.

Na capital do Pais, onde começam a se pontificar Benfica e Sporting, o nome Maritimo começa a aparecer associado a um bom futebol, equipa aguerrida e invencível. Os tripulantes dos barcos que passavam na ilha difundiam em Lisboa a fama desta magnifica equipa insular. Cosme Damião, capitão geral do Benfica financia a chamada do Maritimo ao continente para uma digressão futebolística, assim estava lançada a pedra basilar e a entrada do Maritimo naquilo que viria a ser o seu momento mais glorioso da historia Verde rubra.

1911, Maritimo vai para Lisboa e realiza 3 jogos, ganha o Lisboa F.C. por 3-1 mas depois foram derrotas atrás de derrotas, 3-1 e 5-2 frente ao Benfica e 1-0 com o Internacional, antes de regressar à Madeira o Maritimo realiza um jogo de despedida com a Associação de Futebol de Lisboa (misto de jogadores da região) e perde por 5-0.

O regresso ao Funchal, foi feito após uma breve passagem por Barcelona, a equipa chega mas é recebida em euforia, afinal, não são todas as equipas que são chamadas as jogar contra os melhores do pais.

O convite passou a ser anual e no segundo o ano o Marítimo melhorou a sua prestação com os seguintes resultados:

• Lisboa F.C., 2 - Marítimo, 3;
• Império Lisboa Clube, 0 - Marítimo, 2;
• Sporting C.P., 2 -Marítimo, 1;
• S.L. Benfica, 0 - Marítimo, 0;
• ‘Misto de Lisboa’, 5 - Marítimo, 0

Citação: "O team visitante, além dos seus recursos de jogadores, tem quase todos dotados de bastante rapidez, bom pontapé e robustez, o que os torna adversários perigosos, mas destacaremos, no entanto, as pontas, o half-center Barrinhas e a meia ponta direita (Jusa) como belos jogadores".in Diário de turno 1912.

Assim foi durante alguns anos, até que o Marítimo integra o Campeonato de Portugal.
Na época 1925/26, o Marítimo alcança o maior feito desportivo já alguma vez alcançado por uma equipa insular, foi CAMPEÃO DE PORTUGAL, o campeonato de então era disputado em playoffs, o Marítimo chegou à meia final e iria defrontar o F.C.Porto, num jogo difícil e em que alguns não acreditavam na vitoria insular, o Marítimo ganhou e goleou a equipa nortenha por 7-1.

A final disputou-se entre o Marítimo e o Belenenses na cidade do Porto por opção dos de Lisboa, um jogo duro e com pendor ofensivo de ambas as equipas, o Marítimo acabou por vencer a partida por 2-0 e sagrou-se campeão de Portugal, num jogo polémico em que os da casa reclamaram falta de isenção da arbitragem Portista.

O jogo na Madeira foi seguido com muita ansiedade por todos os adeptos dos verde-rubros, que puderam festejar este titulo durante dias seguidos, a chegada ao Funchal da equipa deu-se no dia 10 de Junho onde a equipa foi recebida em apoteose por milhares de pessoas.Curiosamente a noticia do resultado do jogo foi enviada por Telegrama.


Foi a consagração do Maior das ilhas.


Os anos que se seguiram, foram algo atribulados para as equipas Madeirenses, não só para o Marítimo mas para todas as restantes equipas que aspiravam integrar o campeonato Nacional de futebol, que passou a ter o formato actual a partir de 1930.
As restrições económicas e desportivas impostas pelo novo regime, bem como a II Guerra Mundial, obrigaram as equipas Madeirenses a integrar apenas o campeonato Regional de futebol e apenas estavam autorizados a disputar a taça de Portugal em termos de competições Nacionais.

Mesmo assim, na Madeira o Maritimo era invencível, somou infindáveis títulos Regionais, tanto em campeonatos como em taças entre torneios internacionais.
Não havia rival à altura, o União era a única equipa que dava um ar da sua graça e lá ia conseguindo ocasionalmente quebrar o domínio do Marítimo. Equipas como o Santacruzense, Nacional da Madeira, Sporting Clube da Madeira, Barreirense eram equipas que uma vez por outra imponham algum respeito mas nada como o verdadeiro rival, União da Madeira, a equipa de azul e amarelo que representavam as cores da Região chegou mesmo a conseguir 4 títulos consecutivos no campeonato regional, naquela que foi a época negra dos Verde Rubros.

Vieram os anos 60, e houve alguma abertura da parte do Governo Central, o Professor Oliveira Salazar abriu então a possibilidade das equipas regionais participarem nos Nacionais de futebol, então com 3 divisões. A decisão acabou por ser humilhante para os de cá, o decreto regulava que as equipas das regiões insulares periféricas, Madeira e Açores, poderiam integrar os nacionais de futebol, desde que pagassem as deslocações e alojamento das equipas visitantes às regiões.


Ficou assim adiada a participação do Marítimo nos Nacionais, até que com o 25 de Abril essas restrições foram abolidas, e ai foi o rugir do Leão, o Marítimo em 3 épocas sobe à primeira divisão Nacional, foi em 1976 que se sagrou campeão da 2ª divisão e passou a integrar o escalão maior do futebol Nacional, até onde está hoje em dia, apesar de até 2006 ter descido 2 vezes de divisão durante os anos 80, mas há 20 anos que este clube tem garantido a presença do seu clube sénior de futebol de pedra e cal na competição dos grandes clubes Portugueses.

Os voos Europeus do Maritimo também aconteceram por cinco vezes na Taça UEFA, uma fraca prestação se pensarmos que só por uma vez o Maritimo conseguiu chegar a terceira fase da competição, mas ficam na história jogos miticos contra a Juventus, Leeds United, os Rangers entre outros.Mas o futebol nem sempre é feito de glorias e o facto de estarmos entre os grandes da Europa é salutar, e no futuro lá estaremos novamente concerteza, quem sabe para discutir a competição ao mais alto nivel.

No futebol, nem tudo são rosas, durante 96 anos houve grandes mudanças no futebol, o Marítimo conseguiu acompanhá-las, com mais ou menos dificuldade e com muito custo mas cá estamos para encarar o futuro e viver com saudosismo o nosso glorioso passado. Na verdade, o nosso Marítimo que hoje comemora o seu aniversário, continua a ser a equipa insular com mais títulos, mais competitiva e acima de tudo e com muito orgulho a mais eclética, aquela em que todos nós podemos confiar a educação desportiva nas mais variadas áreas das nossas futuras gerações.

Muita contestação e desconfiança têm sido demonstradas por todos aqueles que amam o nosso Marítimo, eu não sou excepção, aos mais recentes investimentos levados a cabo pela actual direcção, uma coisa é certa!!!!! Só o futuro dirá quem tem razão, aqueles que se opõem ou aqueles que concordam o meu desejo é ficar cá muitos mais anos para assistir aquilo que nos reserva esta mui nobre instituição que muitas alegrias e tristezas já nos deu, mas, que no fundo todos aqueles que têm uma alma verde rubra nunca mais irão esquecer ou abandonar.

Por tudo isto,aquilo que virá, sou MARITIMO até que a morte nos separe. VIVA O MARITIMO.

Este texto é dedicado a todos aqueles que deram e dão tudo o que têm para que as nossas cores voem o mais alto possível na esfera desportiva a nível mundial, um grande abraço a todos aqueles que vestem e já vestiram as cores verde-rubras em todas as modalidades.

PARABENS MARITIMO que se prolongue por muitos anos com alegria e festa que é para isso que cá estamos.

E para terminar, nada melhor do que a nossa Marcha de saudação.
Lá vem, lá vem
Os nossos maravilhas
Os Endiabrados
Campeões das ilhas

Não há, não há
Não há outro igual
Como o Marítimo
O mais popular

Lá vêm, lá vêm
Os nossos campeões
O grande Marítimo
Clube das tradições

Vamos rapazes
Cantai com ritmo
Cantai com alma
Saudai o Marítimo

Ó Marítimo
Ó Marítimo
Soubeste honrar a Madeira
Com orgulho e altivez
Ó Marítimo
Ó Marítimo
Tens o nome à cabeceira
Do desporto português


Download da versão original em Vinil "Rufino Freitas"
http://www.csmaritimo-online.com/extra/downloads/mp3/Saudacao.ao.Marítimo.-.Rufino.Freitas.wma

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