quinta-feira, setembro 14, 2006

Análise Atacante - FCPorto - CSKA Moscovo



Estádio do Dragão
Assistência: 37123 espectadores
Árbitro: Tom Ovebro (Noruega)

O FCP entrou nesta edição da liga dos campeões com um extremo amargo na boca, próprio de uma “ressaca” de doces.
Jesualdo Ferreira fez actuar praticamente o mesmo onze que defrontou o Estrela da Amadora no passado Domingo, fazendo apenas entrar Paulo Assunção para o lugar do lesionado Raul Meireles e Ezequias para o lugar do “febril” Cech, continuando num esquema de 4x3x3. O adversário fez actuar um 3x4x3 com a defesa entregue aos centrais, o meio campo entregue as dois trincos e a dois laterais que fizeram todo o corredor, deixando o sector avançado para os brasileiros.
É verdade que a equipa da casa não entrou bem no jogo, sendo um pouco surpreendida pela velocidade e vontade demonstradas pela equipa adversária, mais experiente nestas andanças e fazendo valer um estado físico superior e rotinado face à fase avançada do campeonato nacional que disputa, mas não tardou a pegar no jogo a ser a única equipa com a iniciativa de jogo.
A equipa russa é muito forte tacticamente e possui um conjunto de jogadores que permite ter 5 jogadores com a iniciativa de defender (três centrais e dois trincos), dois alas que fazem todo o corredor – e que jogo fizeram Krazic e Zhirkov – e que ajudam o “maestro” Daniel Carvalho – na minha opinião o melhor jogador do CSKA – a servir Dudu e Wagner Love. Só assim conseguiram unir-se e anular muitos dos lances do ataque do Porto, conseguindo sair para o ataque ou contra-ataque de uma forma organizada e bastante “oleada”.
Por parte do Porto, Bruno Alves anulou por completo Wagner Love sem qualquer dificuldade deixando Pepe mais liberto para sair com a bola controlada e com tarefas de compensação que, face à sua velocidade resultou em pleno. Bosingwa e Ezequias deixados nas alas tinham como missão encostar aos adversários soltos ou apoiar no ataque, sendo que a tarefa defensiva saiu-lhes claramente melhor. Paulo Assunção foi “pau para toda a colher”, muito seguro a defender e no passe, ficando apenas a dever a Raul Meireles o aparecimento em zonas mais avançadas do terreno, mas isso é compensado pela segurança defensiva que o superioriza ao seu companheiro. Lucho na transição e recuperação ainda não se apresenta na melhor forma, ou pelo menos na que nos habituou, Anderson foi o “senhor” do encontro. A linha avançada esteve “manca” do lado de Tarik, mas compensou com os lances criados pela velocidade de Quaresma e aparecimento de Adriano perto da baliza.
Com a retoma das “rédeas” do jogo, o FCP fartou-se de atacar, pressionar, recuperar bolas, cruzar e rematar, mas sempre de forma infrutífera. Só à conta de Adriano contei 4 oportunidades de golo na primeira parte. Quando Adriaanse disse que faltam avançados com classe no FCP, este é claramente um desses casos. Adriano tem um dom que é o de aparecer quase sempre no sítio certo à hora certa, mas na altura de marcar falta-lhe a tal classe para finalizar. Se juntarmos a garra e o querer que demonstra, não é difícil de perceber por que razão é titular, só falta, talvez, ter menos pressão em marcar, ou então começar a marcar mais para despressurizar.
Na segunda parte a entrada de Postiga para o lugar de Tarik veio trazer mais movimentações no ataque e mais domínio, mas o jogo não ficou tão acutilante. A substituição de Quaresma por Alan veio criar mais domínio no ataque, a de Adriano por Lisandro, passando Postiga para ponta de lança também poucos frutos criou, já que Lisandro entrou desastrado. O FCP com as alterações ficou a atacar mais, com mais perigo e mais perto da área adversária, a sua capacidade de recuperação ficou diminuída pois a condição física foi-se desgastando, enfim, o jogo ficou mais partido e fez com que houvesse vários contra-ataques da equipa russa, ainda mais aquando da entrada de Olic para o ataque. De referir que antes, e face ao domínio exercido pelo FCP, Gazaaev já tinha feito entrar o irmão Berezutski para ajudar o outro na defesa.
A vitória não surgiu, apesar de Lisandro e Lucho permitirem defesas apertadas de Akinfeev, que se apresentou em grande nível.

Melhor em campo: Anderson
Parece que, há uns jogos a esta parte os adeptos do FCP não têm tido outra escolha, embirrando em escolher sempre este miúdo como o melhor jogador. Mas para quem viu o jogo de ontem não tem muita dificuldade em fazê-lo. Correu que se fartou à frente e atrás dos adversários, protegeu a bola como só talvez Daniel Carvalho, desembaraçou-se quase sempre dos adversários e rematou com o pé direito e esquerdo para duas grandes oportunidades de golo. Consegue aliar força, velocidade e técnica, mas aliado a estas características, o que o faz ainda mais talentoso é jogar com os colegas e a sua objectividade.

Arbiragem:
Esta foi uma arbitragem esquisita, pois sem ter influência no resultado, marcou faltas que não o foram e deixou de marcar muitas que o foram. O árbitro esteve sempre muito perto dos lances e penso que foi bem ajudado pelos auxiliares, que não tiveram problemas de maior.

Positivo do jogo:
O próprio jogo que, sem ser muito bem jogado teve muitas vezes espectáculo, entrega completa dos jogadores, emoção até ao fim e essencialmente fair-play.
As exibições de Anderson, Paulo Assunção, Bruno Alves durante todo o jogo, a de Quaresma na primeira parte.
As exibições de Akinfeev, Ignashevich, Krazic, Zhirkov e Daniel Carvalho.

Negativo do jogo:
O resultado, face ao que o FCP produziu o empate não se adequa. O resultado certo era a vitória.
A exibição de Wagner Love que nunca esteve em jogo para um bom jogador que é, isto por culpa de nunca se ter conseguido soltar de Bruno Alves, tão criticado por todos, ou quase, e defendido por mim.

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